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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E.A.P

Minha singela homenagem aquele que mais influenciou meus escritos e minha vida, tomou-me pela mão e levou-me por bom caminho.


E.A.P

Virgínia Allan


O poeta louco chorou ao ver seus versos escarnecidos
e que na fria solidão ninguém lhe seguia os passos
Somente a negra ave, que, numa noite sombria
apenas repetia  "ai, nunca mais"...
Sim! Nunca mais lhe deixaria a sensação de noite vazia 
que jamais, nada, ninguém preencheria, 
ai, nunca, nunca mais...!





<3

 


A Cidade do Mar


Allan Poe



Olhai! a Morte edificou seu trono
numa estranha cidade solitária
por entre as sombras do longínquo oeste.
Lá, os bons, os maus, os piores e os melhores,
foram todos buscar repouso eterno.
Seus monumentos, catedrais e torres
(torres que o tempo rói e não vacilam!)
em nada se parecem com os humanos.
E em volta, pelos ventos olvidadas,
olhando o firmamento, silenciosas
e calmas, dormem águas melancólicas.

Ah! luz nenhuma cai do céu sagrado
sobre a cidade, em sua imensa noite.
Mas um clarão que vem do oceano lívido
invade dos torreões, silentemente,
e sobe, iluminando capitéis,
pórticos régios, cúpulas e cimos,
templos e babilônicas muralhas;
sobe aos arcos templos magníficos, sem conta,
onde os frios se enroscam e entretecem
de vinhedos, violetas, sempre-vivas.

Olhando o firmamento, silenciosas,
calmas, dormem as águias melancólicas.
Torreões e sombras tanto se confundem
que é tudo como solto nos espaços.
E a Morte, do alto de soberba torre,
contempla, gigantesca, o panorama.
Lá, os sepulcros e os templos se escancaram
mesmo ao nível das águas luminosas;
mas não pode a riqueza portenhosa
dos ídolos com olhos de diamante,
nem das jóias que riem sobre os mortos,
tirar as vagas de seu leito imóvel;
pois, ai! nem leve movimento ondula
esse imenso deserto cristalino!
Nem ondas falam de possíveis ventos
sobre mares distantes, mais felizes;
ondas não contam que existiram ventos
em mar de menos espantosa calma.

Mas, vede! Um frêmito percorre os ares.
Uma onda... Fez-se ali um movimento!
e dir-se-ia que as torres vacilaram
e afundaram de leve na água turva,
abrindo com seus cumes, debilmente,
um vazio nos céus enevoados.
As ondas têm, agora, luz mais rubra,
as horas fluem, lânguidas e fracas.
E quando, entre gemidos sobre-humanos,
a cidade submersa for fixar-se no fundo,
o Inferno, erguido de mil tronos,
curvar-se-á, reverente.


Allan Poe

2 comentários:

Diana de Méridor disse...

Fico feliz em saber que Edgar Allan Poe foi uma grande influência para você, porque me lembro de quantas horas da minha adolescência passei lendo suas histórias fascinantes. Eu sempre gostei deste grande mestre.
É uma bela homenagem que você faz hoje.

Boa noite, madame

Bisous

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Com certeza, seu mestre merece essa homenagem. Os poemas dele, vão de encontro à alma.
Beijos.

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