Um corvo, um cobre

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segunda-feira, 31 de julho de 2023

Poema de um cão 🐕

 



Via Facebook 
                  
Eu sou aquele que sempre te espera 
Seu carro tem um som especial que eu tenho impresso nos meus sentidos, eu posso reconhecê-lo em mil.
Seus passos têm uma campainha mágica
Sua voz é música para meus ouvidos.
Se eu vejo sua alegria, isso me faz feliz!
Seu cheiro é o melhor.
Sua presença é a que move meus sentidos.
Seu acordar me acorda.
Eu te contemplo dormir e para mim és o meu Deus, sou feliz vigiando o teu sono.
Seu olhar é um raio de luz.
Suas mãos sobre mim, tem a leveza da paz e a demonstração sublime de um amor infinito.
Quando você sai, eu sinto um vazio enorme no coração.
Volto a esperar por ti uma e outra vez.
Eu sou aquele que vai esperar por você toda a vida hoje, amanhã e sempre:
Eu sou seu cachorro!

( Autor desconhecido)

Ação pelos direitos dos animais


Via Facebook

O jornalista e poeta alemão Edgar Kupfer-Koberwitz, 1906 - 1991, que foi preso no campo de concentração de Dachau, disse de si mesmo:

"Eu me recuso a comer animais porque não posso me alimentar de outros seres vivos que sofreram e foram mortos. Eu me recuso a fazer isso porque eu mesmo sofri tão dolorosamente que, quando me lembro do meu próprio sofrimento, sinto a dor dos outros.

Eu me sinto feliz porque ninguém está me seguindo; por que eu deveria perseguir outros seres sencientes ou ser a causa de sua perseguição?

Sinto-me livre porque não sou um prisioneiro; por que eu deveria ser a razão para fazer outros seres sencientes prisioneiros e colocá-los na prisão?

Sinto-me feliz porque ninguém me prejudica; por que eu deveria causar sofrimento a outros seres sencientes ou ser a causa de causar-lhes sofrimento?

Sinto-me com sorte porque ninguém me machuca; por que devo ferir ou matar outros seres vivos ou fazer com que sejam feridos ou mortos para meu prazer e conforto?

Esses seres são menores e mais indefesos do que eu, mas você pode imaginar uma pessoa sã com sentimentos nobres que voluntariamente usa esse fato como uma razão, reivindicando o direito de explorar a fraqueza ou o tamanho menor?

Você não acha que é dever do maior, do mais forte, do mais poderoso proteger os seres mais fracos ao invés de persegui-los, ao invés de matá-los?".

Não faça parte dessa destruição em massa sem sentido e sem coração.🙏

domingo, 30 de julho de 2023

DAM RIGHT...

 

Hoje é um grande dia para os amantes do Blues e do Rock, assim como eu. Buddy Guy, uma das últimas lendas do gênero, completa 87 anos de vida. 

Nascido em Lettsworth, em 1936, Louisiana, em 30 de Julho, Buddy Guy aprendeu a tocar guitarra 🎸muito cedo e completamente sozinho, começando a carreira em clubes na área de Baton Rouge, na Louisiana. 

Em 1957, foi para Chicago, aliás é um dos expoentes do estilo Chicago Blues. Com a ajuda de Muddy Waters, foi tocar no 708 Club, conhecendo então os mais lendários bluesmen, como B.B. King e Willie Dixon. Emplacou vários sucessos, entre os anos de 1960/1967, para a Chess Record incluindo "Leave My Gir Alone" e "Stone Crazy" e trabalhando como sideman, para artistas de peso, tipo Koko Taylor, Little Walter, Howlin Wolf. Notável referência e influência para nomes como Jimi Hendrix, Eric Clapton e Stevie Ray Vaughan

https://youtu.be/1pDjpwOk9GA      

Buddy Guy foi dono de dois clubes de Blues, muito famosos em Chicago; o Checkerboard Lounge (1972/1985) e o Buddy Guy’s Legends (desde 1989 até os dias atuais). 

Ocupa o 23° lugar, na lista dos 100 maiores guitarristas de todos os tempos, da Revista Rolling Stones, com a música Stone Crazy, ficando em 78° na lista das 100 melhores canções de guitarra. Possui oito prêmios Grammy e um Lifetime Archievement Award, além da Nacional Medal Of Arts e do Kennedy Center Honors. 

Foi introduzido no Blues Hall Of Fame, no ano de 1985 e no Rock and Roll Hall of Fame em 2005.



Publicou em 2012, em parceria com David Ritz, uma autobiografia intitulada "When I Left Home: My Story.

Buddy Guy, despediu-se dos palcos ano passado, incluindo o Brasil em sua turnê despedida: Damn Right Farewell Tour. Em outubro do ano passado, foi lançado seu 34° e último álbum. 

Vida plena é isso. Parabéns 🎊 Buddy Guy. Longa vida a você e ao Blues/Rock.





Dylan, O Resistente


Há um mês, resgatei um cachorro em frente de casa, que parecia perdido. Aparentemente, estava bem; limpo, cheiroso, "impossível" alguém tê-lo largado ali de propósito? Com certeza fugiu, foi o que pensei. 

Mas, sem levar em conta os cuidados que devemos ter, quando se resgata um animal, (quarentena) e enganada pela boa aparência, deixei-o confraternizar com os cães de casa, tanto com os da minha casa, quanto com os da casa da minha mãe. Havia notado, já no primeiro contato, um tremor nos olhos (mioclonia), mas relevei, achando que podia ser apenas resultado de estresse. Infelizmente, de noite convulsionou ao todo, sete vezes. 


Dylan


Na manhã seguinte, eu e minha irmã, fomos ao veterinário, torcendo para que as convulsões fossem apenas, os sintomas de epilepsia, só que não… era cinomose. 

O médico prescreveu o tratamento com ribavirina e gardenal, dizendo que se Dylan (o nome que demos a ele) aguentasse quinze dias + cinco, ele sobreviveria, claro, com algumas sequelas, mas vivo. 

E, sim, tudo caminhava muito bem, sem gŕandes alardes, além do esperado, contudo, porém, todavia, passado o tempo, contrariando o médico, o cachorro arriou de forma violenta, é como se só agora, a doença estivesse a se manifestar de fato. Deve ser uma cepa mais potente. Quando convulsiona, Dylan demora horas a retornar. Quase nem durmo mais, porém, ainda não é hora de desistir. A pessoa que abandonou o Dylan, praticou o mal duas vezes: A primeira, foi quando o abandonou à própria sorte, sem dar-lhe uma chance, um modo leviano, egoísta, insensato de livrar-se de um problema e a segunda, foi ao fazer do animal, um "presente de grego", afinal, quem resistiria a um filhote fofo do tipo collie? A humanidade de minha família, não permitiu que o descartássemos como a peste, pois como diz o velho ditado: "Enquanto há vida, há esperança.", mas, ao agir com emoção, com o coração, pusemos a vida de nossos outros cachorros em risco.

Há pouco entendimento dos próprios médicos em relação a essa doença maldita. As leis da vida são as que nem do Universo, mutáveis, e quem dá sempre a última palavra é Deus; Deus, seja como lá como você imagina, seu conceito, crença ou percepção que tem sobre, mas, de uma coisa eu sei: "Não cairá um fio de cabelo de sua cabeça, sem que Ele queira"; agora, estou argumentando em relação à minha fé, em questões pessoais, e não é por ter fé na Vontade Daquele que nos fortalece, que deixo tudo em suas mãos; na verdade, até deixo, mas consulto médicos, uso remédio natural e de farmácia, e creio na ciência, nas pesquisas e nas vacinas. Eu faço a minha parte. Se seguirmos direitinho o calendário vacinal, raramente ficaremos doentes. Então, vacinem-se, vacinem seus filhos, e vacinem seus pets. A saúde em dia agradece em corpo e espírito e o mal que nos ataca e desgasta, com os cuidados necessários, ficará cada vez mais afastado, mente sã em corpo são. Saúde é tudo de bom. Um respiro profundo de sanidade nesse deserto dominado pelo caos.



sábado, 29 de julho de 2023

O Triângulo de Penrose

 

Via Fernanda Gomides (Facebook)

O triângulo de Penrose é um objeto intrigante criado pelo artista sueco Oscar Reutersvärd em 1934, que se tornou popular na década de 1950 quando o físico Roger Penrose o redescobriu e descreveu como "impossibilidade na sua forma mais pura". 

O triângulo é composto por três trechos retos de seção quadrada que se encontram unidos formando ângulos retos nas extremidades do triângulo que se compõem, parecendo ser um objeto sólido. No entanto, essa combinação de propriedades não pode ser satisfeita por nenhuma figura tridimensional em um espaço euclidiano comum.

Em outras palavras, o triângulo de Penrose é um objeto impossível. Apesar disso, é possível construir uma figura semelhante em certas variedades tridimensionais mais complexas. 

O triângulo de Penrose é um exemplo fascinante de ilusão ótica.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

RANDY MEISNER, O ÚLTIMO VOO DA ÁGUIA 🦅

 


Randy Meisner, vocalista, baixista e cofundador da banda Eagles – Foto: Divulgação



Randy Meisner é autor de uma das mais famosas canções do mundo, Hotel Califórnia, lançada em 1976, quem nunca ouviu? Quem nunca curtiu? 

Meisner começou a brilhante carreira como vocalista e baixista na Stone Canyon Band, de Rick Nelson. Tempos depois, em 1960, juntou-se à banda de country rock Poco, como baixista, antes de formar os Eagles, em 1971, com Glenn Frey (já falecido), Don Henley e Bernie Leadon.

Além de "Hotel Califórnia", Meisner contribuiu ainda para algumas das mais icônicas canções dos Eagles: “Try and Love Again”, “Take it to the Limit” e é creditado por excelentes trabalhos em álbuns como “Eagles”, “Desperado”, “On The Border" e “One of These Nights”. 

Meisner, lançou-se em carreira solo em 1977 e foi introduzido, juntamente com o Eagles, no Rock and Roll Of Fame, em 1988. Faleceu na quarta-feira à noite (27 de Julho), aos 77 anos, de complicação pulmonar obstrutiva crônica.

Uma curiosidade numerológica: Nesse pequeno texto que escrevi, notei ao menos umas 4 coincidências, na vida de Randy Meisner, girando em torno do número 7, tal como o início da carreira solo, 1977, o falecimento, aos 77 anos, em 27 do mês 7. 
Repouse em paz, Randy Meisner 




quinta-feira, 27 de julho de 2023

POR ENTRE PEDRAS E ARMAS


Escrito e publicado no dia 02 de Fevereiro de 2018-Imagem gerada por IA. 

para Emily Sophia e Jeremias e tantas outras crianças da periferia, que já se foram, por causa da violência e de uma arma de fogo

"in memorian"

*** 

Por entre pedras e armas, uma criança passa, indiferente aos homens estranhos, vestidos de negro.

Ela não percebe que o céu não é mais azul, é cinza, e que os anjos não mais existem, pois morreram sufocados pelas nuvens que, um dia, foram de algodão, mas que agora pesam como o chumbo.

De repente, um grito de alerta e ela procura um abrigo da violenta chuva que logo vai desabar; chuva de balas.

Na sôfrega busca pelo paraíso perdido ela não tem a mínima chance e corre de peito aberto de encontro ao perigo.

Na boca aberta um pedido de socorro é sufocado e nos olhos arregalados uma pergunta não respondida...

No pequenino coração, em meio de esperanças estraçalhadas, uma bala perdida faz morada e a cor cinzenta de seu cotidiano, dissolve-se no terror de mais uma morte inútil.

O CORPO É POLÍTICO E TUDO O MAIS TAMBÉM


Quando alguém perguntar em forma de protesto, se tudo é política, pode responder sem medo que SIM, tudo é politica, porque a Nação é um corpo politico e porque um corpo individual também o é. Nem adianta dizer que não.

A HISTÓRIA DE MUSHKIL GUSHA




Le Père Jacques (The Wood Gatherer)
Artista: Jules Bastien-Lepage, 1881
Período: Pintura do realismo


A HISTÓRIA DE MUSHKIL GUSHA, O DISSIPADOR DE TODAS AS DIFICULDADES!

Dizem que, quando determinado número de pessoas se encontram reunidas e entre elas reina a harmonia, temos o que chamamos um acontecimento, embora nas culturas contemporâneas, geralmente, não seja entendido assim, já que para essas culturas um “acontecimento” é algo que acontece e impressiona a todos por meio de impactos subjetivos. Isto seria o que alguns tratariam como um “acontecimento inferior”, pois ocorre num “mundo inferior”; o das relações humanas, facilmente produzidas, sintetizadas e comemoradas. 

O verdadeiro acontecimento, do qual o acontecimento inferior é somente uma útil semelhança (nem mais nem menos), é aquele que pertence ao domínio superior, que, por sua vez, não pode ser interpretado adequadamente mediante uma representação terrestre convincente sem deixar intacta a exatidão. Algo de imensa importância em um domínio superior, jamais poderá ser expresso, por completo, em termos literários, científicos ou dramáticos, sem que se perca o seu valor essencial. Entretanto, certos relatos, sempre que contenham elementos da área do conhecimento superior, por mais que possam parecer absurdos, inverossímeis, improváveis, ou, até mesmo, defeituosos, podem – junto à presença de certas pessoas – comunicar o acontecimento superior em questão a região apropriada da mente. É importante que seja assim, porque a familiaridade com o “acontecimento superior” como quer que isso ocorra, capacita a mente do indivíduo a operar no domínio superior. 

O conto de Mushkil Gusha é um exemplo. A “falta de nitidez” no tema, a própria “ausência de plenitude nos acontecimentos e também de fatores que estamos acostumados a esperar em uma história são, neste caso, indicações do paralelismo superior”.

Era uma vez…

a menos de mil milhas daqui um pobre e velho lenhador viúvo que vivia com sua pequena filha.

Todas as manhãs, ele costumava ir à montanha cortar lenha, a qual trazia para casa, depois de atá-la em feixes. Após a primeira refeição, o velho então, caminhava até a cidade mais próxima, aonde vendia a sua lenha e assim que descansava um pouco voltava para casa.

Um dia, ao chegar em casa, já muito tarde, a menina lhe disse: “Pai, algumas vezes eu gostaria de ter uma comida melhor para comer, com mais fartura e diferentes tipos de coisas”.

“Está bem, minha filha”, disse o velho, “amanhã me levantarei mais cedo do que o costume; irei mais longe nas montanhas, onde há mais madeira, e trarei para casa uma quantidade de lenha bem maior que a habitual. Chegarei cedo, pois assim poderei enfeixá-las mais depressa para ir até a cidade vendê-la, de modo que tenhamos muito mais dinheiro, e, ao regressar, trarei para ti toda espécie de coisas deliciosas”.

Na manhã seguinte, o lenhador se levantou antes do amanhecer e foi para as montanhas. Trabalhou duro, cortando e aparando lenha, que depois atou em um enorme feixe que carregou nas costas até sua casa.

Quando chegou em casa ainda era muito cedo. Ele pôs a carga de lenha no chão e chamou à porta, dizendo: “Filha, filha, abra a porta. Tenho fome e sede e preciso comer alguma coisa antes de ir ao povoado”.

Mas a porta continuou trancada. O lenhador estava tão cansado, que se deitou no chão e prontamente adormeceu ao lado do feixe de lenha. A menina tendo esquecido por completo da conversa da conversa da noite anterior, ainda dormia. Quando o lenhador despertou, o sol já ia alto. Bateu de novo a porta e disse: “Filha, filha, venha depressa, pois já passou muito da hora em que costumo ir ao mercado”.

Mas a menina tendo esquecido a conversa da noite anterior, se levantara, limpara a casa e saíra a dar um passeio. Fechara a porta, supondo, em seu esquecimento, que seu pai ainda estivesse no povoado.

Então, pensou o lenhador: “É tarde demais para ir ao povoado. Portanto, regressarei às montanhas e cortarei outro feixe de lenha que trarei para casa, e, amanhã, levarei uma carga dobrada ao mercado para vender”.

O velho lenhador trabalhou arduamente o dia inteiro, cortando e empilhando lenha. Já era noite quando chegou em casa com a lenha sobre os ombros. Depositou a carga de lenha no chão, atrás da casa e bateu a porta, dizendo: “Filha, filha, abre a porta; estou cansado e faminto. Tenho uma dupla carga de lenha que espero levar amanhã ao mercado. Devo dormir bem esta noite para recuperar minhas forças”.

Porém, não houve resposta, pois a menina, ao voltar para casa, sentia muito sono. Preparou a comida e foi se deitar. A princípio, preocupou-se com a ausência de seu pai, mas se tranqüilizou ao pensar que ele havia decidido passar a noite no povoado.

O lenhador, percebendo que não podia entrar em casa, cansado, com fome e sede, deitou-se ao lado dos feixes de lenha e adormeceu. Não pode se manter acordado, apesar do receio pelo que pudesse ter acontecido a sua filha.

Por sentir muito frio e fome e estar por demais cansado, o lenhador despertou na manhã seguinte antes mesmo do dia clarear. Sentou-se e olhou ao redor, mas não pode ver nada, então ocorreu algo estranho. O lenhador ouviu uma voz que lhe disse: “Depressa, depressa! Deixa tua lenha e vem por aqui. Se, necessitas muito e desejas pouco terás um alimento delicioso”.

O velho homem se levantou e caminhou em direção a voz. Andou, andou, mas nada encontrou. Estava agora com mais frio, fome sede e cansaço do que antes, e além de tudo, certamente perdido. Havia estado cheio de esperanças, mas isto não parecia tê-lo ajudado. Sentiu-se triste, com vontade de chorar, mas se deu conta que chorar tampouco iria lhe adiantar de modo que se deitou e adormeceu.

Pouco depois, despertou, pois fazia muito frio e tinha fome demais para continuar adormecido. Assim, decidiu contar para si mesmo, como se fosse um conto, tudo o que lhe havia acontecido desde que sua filha lhe dissera que desejava um alimento diferente.

Quando acabou de contar sua própria história, acreditou ouvir novamente a voz, vinda do alto, como que saindo do amanhecer, que lhe disse: “Velho homem, que fazes aí sentado?”.

“Estou a me contar a minha própria história”. Respondeu o lenhador.

“E como é?”.

E o velho lenhador repetiu toda a sua história, outra vez.

“Muito bem”. Disse-lhe a voz e em seguida, mandou que ele fechasse os olhos e subisse um degrau.

“Mas não vejo degrau nenhum”. Disse o lenhador.

“Não importa”, disse a voz, “faz o que te mando”.

“O velho fez o que lhe era mandado. Assim que fechou os olhos, encontrou-se de pé, e, ao levantar seu pé direito, sentiu que havia algo sobre ele; algo assim como um degrau. Começou a subir o que parecia ser uma escada. De repente, os degraus puseram-se a se mover muito rapidamente e então, a voz lhe disse: “Não abras os olhos até que eu te diga.” Quase em seguida, a voz ordenou que abrisse os olhos e ao fazê-lo, ele viu que se encontrava num lugar que se parecia a um deserto, como um sol ardente sobre sua cabeça. Estava rodeado por uma grande quantidade de pequenas pedras de todas as cores: vermelhas, verdes, azuis e brancas. Parecia estar só. Olhou ao redor e não viu ninguém, mas a voz recomeçou a falar: “Pega quantas pedras puderes, depois fecha os olhos e desce novamente os degraus”.

O lenhador fez o que lhe foi dito e quando a voz ordenou e ele tornou a abrir os olhos, eis que se encontrava diante da porta de sua casa. Chamou, e desta vez, sua filha veio atender. Ela lhe perguntou aonde ele havia estado e o lenhador contou tudo o que lhe tinha acontecido, ainda que a menina dificilmente pudesse compreender, pois tudo lhe parecera tão confuso…

O velho lenhador entrou em casa, e ele e sua filha compartilharam o último alimento que tinham; um punhado de tâmaras secas. Quando terminaram, o lenhador ouviu uma voz que lhe falava: “Ainda que não o saibas, foste salvo por Mushkil Gusha. Lembra-te que Mushkil Gusha está sempre aqui. Assegura-te, a cada noite de quinta-feira, de comeres algumas tâmaras e dares outras a algum necessitado a quem hás de contar a história de Mushkil Gusha ou então, em nome de Mushkil Gusha, dê um presente a alguém que ajude aos necessitados. Faça com que a história de Mushkil Gusha jamais seja esquecida. Se assim o fizeres e o mesmo for feito por aqueles a quem contares a história, as pessoas que tiverem verdadeira necessidade haverão de encontrar o seu caminho”.

O lenhador colocou todas as pedras que trouxera em canto de sua cabana. Pareciam simples pedras e ele não sabia o que fazer com elas.

No dia seguinte levou seus dois enormes feixes de lenha ao mercado e os vendeu facilmente por um alto preço. Ao voltar para casa, levou para sua filha toda espécie de coisas deliciosas as quais, ela, até então, jamais havia provado. Quando terminaram de comer, o velho lenhador disse: “Agora vou te contar a história de Mushkil Gusha, o dissipador de todas as dificuldades. Nossas dificuldades foram dissipadas por Mushkil Gusha e devemos sempre lembrar-nos disso”.

Ao longo da semana seguinte, o velho lenhador seguiu sua vida como de costume. Ia às montanhas, trazia lenha, comia alguma coisa, levava a lenha ao mercado e a vendia, sempre encontrando comprador, sem dificuldade.

Quando chegou a quinta-feira seguinte, como é comum entre os homens, o velho lenhador se esqueceu de contar a história de Mushkil Gusha. Nessa noite, apagou-se o fogo na casa dos vizinhos e eles não tinham nada com que o reacender. Assim, foram à casa do lenhador e lhe disseram: “Vizinho, vizinho, dê-nos, por favor, algumas destas tuas maravilhosas lamparinas”.

“Que lamparinas?” Perguntou o lenhador.

“Vem aqui fora e verás”. Responderam os vizinhos.

Então o lenhador saiu e viu, através de sua janela, que, realmente, de dentro de sua casa, partia uma imensa quantidade de luz. Tornou a entrar e constatou que as luzes saiam do monte de pedras que havia deixado em um canto de sua cabana. Mas, os raios de luzes eram frios e era impossível usá-los para acender fogo, de modo que saiu e disse aos vizinhos: “Sinto muito vizinhos, mas não tenho fogo” e então lhes fechou a porta na cara.

Os vizinhos ficaram aborrecidos e confusos e voltaram resmungando para casa, mas aqui eles abandonam a nossa história.

O lenhador e sua filha cobriram rapidamente as brilhantes luzes com quantos panos puderam encontrar, com medo de que alguém pudesse ver o valioso tesouro que possuíam.

Na manhã seguinte, ao retirarem os panos, descobriram que as pedras eram preciosas gemas luminosas e uma por uma, levaram-nas às cidades vizinhas onde venderam-nas por um ótimo preço.

Então, o lenhador resolveu construir um palácio para ele e sua filha. Escolheram um lugar que ficava bem em frente ao castelo do rei daquele país. Em pouco tempo, um maravilhoso edifício havia tomado forma.

Esse rei tinha uma linda filha que ao despertar, certa manhã, deparou-se com um castelo que parecia saído de um conto de fadas bem em frente ao de seu pai, e ficou muito surpresa. Perguntou aos servos: “Quem construiu esse castelo? Que direitos tem essa gente para fazer algo assim tão perto de nosso lar?”.

Os servos saíram e foram averiguar e ao retornarem contaram à princesa o que haviam descoberto.

A princesa mandou chamar a filha do lenhador, pois estava muito zangada com ela, mas quando as duas meninas se encontraram e conversaram, logo se tornaram boas amigas. Reuniam-se todos os dias e iam juntas brincar e tomar banho no regato que o rei mandara construir para a princesa.

Alguns dias depois do primeiro encontro, a princesa tirou de seu pescoço um lindo e valioso colar e o pendurou em um galho de uma árvore, à margem do riacho. Esqueceu-se de pegá-lo ao sair da água e, quando chegou em casa, pensou que o tivesse perdido. Pouco depois, porém, a princesa pensou melhor e chegou à conclusão de que a filha do lenhador o tinha roubado. Contou ao seu pai, que então mandou prender o lenhador; confiscou o castelo e assim como todos os seus bens. O velho lenhador foi jogado em um calabouço e sua filha, internada em um orfanato.

Como era costume naquele país, depois de um certo tempo, tiraram o lenhador do calabouço e o prenderam a um poste em praça pública, com um cartaz pendurado ao pescoço, no qual se lia: “Isto é o que acontece àqueles que roubam aos reis”.

A princípio, as pessoas se reuniam ao seu redor, zombando e lhe atirando coisas. O lenhador se sentia muito infeliz. Entretanto, em pouco tempo, como é comum entre os homens, se acostumaram a vê-lo ali, sentado junto ao poste. Já quase não lhe prestavam atenção. Algumas vezes lhe atiravam restos de comida, outras vezes esqueciam-se dele completamente.

Um dia, o velho lenhador escutou alguém dizer que era tarde de quinta-feira e de súbito, lembrou-se de que logo seria noite de Mushkil Gusha, o dissipador de todas as dificuldades, a quem ele havia se esquecido de comemorar a tanto tempo. Tão logo esse pensamento lhe veio à mente, um homem que por ali passava jogou-lhe uma pequena moeda, então o lenhador o chamou e disse: “Generoso amigo, dás-me dinheiro que, para mim, de nada serve. Entretanto, se tiveres a bondade de comprar umas tâmaras e vir comê-las comigo eu te ficarei eternamente grato”.

O homem foi e comprou algumas tâmaras. Sentaram-se e comeram-nas juntos. Quando terminaram, o lenhador lhe contou a história de Mushkil Gusha.

“Acho que deves estar louco”. Disse o homem. Mas, era uma pessoa bondosa que, por sua vez, também passava por grandes dificuldades, mas ao chegar em casa, naquela noite, percebeu que todos os seus problemas haviam desaparecido e isto fez que começasse a pensar muito a respeito de Mushkil Gusha, mas aqui ele abandona a nossa história.

Na manhã seguinte, a princesa voltou ao regato onde costumava se banhar. Quando ia entrar na água, viu lá no fundo o que parecia ser o seu colar. Ao mergulhar para pegá-lo, espirrou, voltando a cabeça para trás e percebeu que aquilo que tomara pelo seu colar, era apenas o seu reflexo na água. O colar estava pendurado no galho da árvore onde o havia deixado há muito tempo. A princesa pegou o colar e rapidamente foi até seu pai contar o que tinha acontecido.

O rei ordenou que libertassem o lenhador e lhe fossem pedidas desculpas públicas. A filha do lenhador foi tirada do orfanato e todos viveram felizes para sempre.

Estes são alguns dos incidentes da história de Mushkil Gusha. É um conto muito longo e que nunca termina. Tem muitas formas e algumas delas nem são chamadas de “história de Mushkil Gusha” e por isso, as pessoas não a reconhecem; mas, é por causa de Mushkil Gusha que sua história, em qualquer uma de suas formas, será sempre lembrada, de dia ou de noite, em qualquer lugar do mundo, onde quer que haja pessoas. Assim sua história será sempre contada e continuará sendo, para todo o sempre.

Querem repetir a história de Mushkil Gusha nas noites de quinta-feira e assim ajudá-lo em seu trabalho?

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Descaminhos de Sinéad O'Connor





https://youtu.be/MXyGEw8lHG8

https://ihu.unisinos.br/categorias/630975-como-sinead-o-connor-ensinou-um-padre-catolico-a-rezar

Em 2016,  Sinéad O' Connor publicou pela última vez, nas redes sociais. Em uma imagem sua em preto e branco, ditou a seguinte legenda: 'ame a vida que tens e agradece o que és!!!' — Foto: Reprodução

Enquanto uns fazem aniversário com todo brilho, como Míck Jagger, outros partem em silêncio, que nem Sinéad O' Connor. Cantora polêmica e trágica, ousou usar a voz como forma de protesto. Como irlandesa, tinha na fé católica um ponto de rebeldia e insurreição, denunciando os abusos cometidos ao longo do tempo pela Igreja, chegando a rasgar a foto do Papa João Paulo II em pleno palco, o ato de rebeldia, rendeu-lhe a excomunhão. Ativista dos Direitos Humanos, era persona "non grata" para muitos. Ano passado, perdeu o filho mais novo, 17 anos, para a depressão. Processou o hospitaĺ, onde o rapaz se tratava. Converteu-se ao Islã, assumindo uma nova identidade: Shuhada Davitt. 



"Eu não sou uma estrela pop. Sou apenas uma alma perturbada que precisa gritar em microfones de vez em quando."

Sinéad O' Connor, foi uma mulher em busca de redenção como ser humano. Com certeza, não foi feliz, mas ao menos, podia dizer a si mesma, que não tinha tempo a perder em busca dessa tal felicidade, que, talvez, lhe parecia ser um caminho egocêntrico e solitário, contudo, viveu em solidão, lutando com seus demônios. Hoje enfim, aos 56 anos, sua luta acabou. Que descanse em paz.

Batendo palma para o Mick dançar


Mick, aos 80

Hoje, 26 de Julho de 2023, é aniversário de Mick Jagger, um dinossauro ainda a andar livre, leve e solto sobre a terra. Sempre a cantar e pular, mesmo agora, aos 80 anos, com essa energia raríssima a espalhar por aí. Se fosse eu, já estaria desconjuntada e, desse modo, aposentada. Que Deus o abençõe e para este tipo de maluco, continuarei a bater palma só para vê-lo dançar. 



MATÉRIA ESCURA, SÓ POR CURIOSIDADE


Você sabe o que é "matéria escura"?! Eu também não sei, então, fui pesquisar. Gosto muito de Astronomia, gosto de tudo o que se refere ao espaço, ao Cosmo, essa imensidão "flutuante" de sonhos reais, da qual o homem não têm lá definições precisas, porque o Universo está sempre em mutação, não direi expansão, posto que não possuem mais certeza alguma sobre essa teoria. A vida é assim. Surpreendente! Afirmar que as leis do Universo são inflexíveis ou que, teorias "absolutas" são absolutas, é se firmar no lugar de Deus e duvidar da própria existência. Hoje, "teorias absolutas" são simplesmente descartadas e logo substituídas por outras, o que, em algum momento de nossa história, tal coisa seria considerada simplesmente impensável, mas, há, sempre houve, quem duvide e que continuará a duvidar, que impossibilidades sejam empecilhos de fato ou complicados e frágeis pontos finais. 





Mapeamento da matéria escura
Foto: ACT Collaboration

As partes laranjas, é onde há mais massa; roxo, onde há menos ou nenhuma. A faixa em branco, mostra a luz contaminante da poeira em nossa galáxia, a Via Láctea, medida pelo satélite Planck, que tudo obscurece, impedindo assim uma visão mais profunda.

Bem, voltemos à "definição" de matéria escura, uma definição, aliás, inexata, inconclusa, como tudo o que se refere ao Universo. 

Para começar, matéria escura é uma grande quantidade de matéria sem origem definida, mas que sem a qual, a vida na Terra, não seria possível, enfim, ela seria uma hipótese que explicaria a existência e a forma das galáxias, que, sem ela, não poderiam girar. Então, podemos dizer categoricamente, que, a nossa existência só é possível por causa da existência da matéria escura. A matéria escura, que nem o buraco negro, não emite luz e não se pode detectar, isto é, "até ontem", agora, talvez seja possível, por causa do telescópio James Webb, o mais poderoso já construído e lançado no espaço no dia 25 de Dezembro de 2021. 

O telescópio conseguiu registrar evidências da matéria escura, que, acredita-se, seja composta de axions ou axião - um bóson não bariônico, partículas subatômicas, bem menores que prótons, nêutrons e elétrons. 









terça-feira, 25 de julho de 2023

EU TOMO CONTA DO MUNDO



Clarice Lispector

                    Eu tomo conta do mundo

Clarice Lispector

Sou uma pessoa muito ocupada: tomo conta do mundo. Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar, e vejo às vezes que as espumas parecem mais brancas e que às vezes durante a noite as águas avançaram inquietas, vejo isso pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras de minha rua. Presto atenção se o céu de noite, antes de eu dormir e tomar conta do mundo em forma de sonho, se o céu de noite está estrelado e azul-marinho, porque em certas noites em vez de negro parece azul-marinho. O cosmos me dá muito trabalho, sobretudo porque vejo que Deus é o cosmos. Disso eu tomo conta com alguma relutância.

Observo o menino de uns dez anos, vestido de trapos e macérrimo. Terá futura tuberculose, se é que já não a tem.

No Jardim Botânico, então, eu fico exaurida, tenho que tomar conta com o olhar das mil plantas e árvores, e sobretudo das vitórias-régias.

Que se repare que não menciono nenhuma vez as minhas impressões emotivas: lucidamente apenas falo de algumas das milhares de coisas e pessoas de quem eu tomo conta. Também não se trata de um emprego pois dinheiro não ganho por isso. Fico apenas sabendo como é o mundo.

Se tomar conta do mundo dá trabalho? Sim. E lembro-me de um rosto terrivelmente inexpressível de uma mulher que vi na rua. Tomo conta dos milhares de favelados pelas encostas acima. Observo em mim mesma as mudanças de estação: eu claramente mudo com elas.

Hão de me perguntar por que tomo conta do mundo: é que nasci assim, incumbida. E sou responsável por tudo o que existe, inclusive pelas guerras e pelos crimes de lesa-corpo e lesaalma. Sou inclusive responsável pelo Deus que está em constante cósmica evolução para melhor.

Tomo desde criança conta de uma fileira de formigas: elas andam em fila indiana carregando um pedacinho de folha, o que não impede que cada uma, encontrando uma fila de formigas que venha de direção oposta, pare para dizer alguma coisa às outras.

Li o livro célebre sobre as abelhas, e tomei desde então conta das abelhas, sobretudo da rainha-mãe. As abelhas voam e lidam com flores: isto eu constatei. Mas as formigas têm uma cintura muito fininha. Nela, pequena, como é, cabe todo um mundo que, se eu não tomar cuidado, me escapa: senso instintivo de organização, linguagem para além do supersônico aos nossos ouvidos, e provavelmente para sentimentos instintivos de amor-sentimento, já que falam. Tomei muita coisa das formigas quando era pequena, e agora, que eu queria tanto poder revê-las, não encontro uma. Que não houve matança delas, eu sei porque se tivesse havido eu já teria sabido. Tomar conta do mundo exige também muita paciência: tenho que esperar pelo dia em que me apareça uma formiga. Paciência: observar as flores imperceptivelmente e lentamente se abrindo.

Só não encontrei ainda a quem prestar contas.

(*Crônica de Clarice Lispector, publicada originalmente no ‘Jornal do Brasil, 4 de março de 1970)

– Clarice Lispector, do livro “Aprendendo a viver”. Rio de Janeiro: editora Rocco, 2004.

"EU TOMO CONTA DO MUNDO" Parte 2"


Para Clarice


Clarice Lispector 

Publicada em meu perfil do Facebook, em 06 de Março de 2012, inspirada em uma crônica de Clarice Lispector intitulada "Eu tomo conta do mundo". Para ler a crônica original, abra o link: 



Ficar vigilante me causa imensa aflição. Olho para tudo; presto atenção, mas olho e presto atenção com certo receio. Temo Clarice, deparar-me com o absurdo de uma situação e não poder nada fazer. Mas, mesmo assim, mantenho-me de vigia. Cuido do céu, do rio, das matas, cuido das crianças e da vizinhança. Reparo nas árvores, no canto dos pássaros, no coaxar dos sapos. Cuido do manto estrelado da noite que cai, se o sol está frio ou quente demais. Dou-me conta da aflição e tristeza do pobre, da miséria material e espiritual que ronda a terra. Realmente o Cosmo dá muito trabalho, Clarice, e principalmente se o reconhecemos como nossa casa ou a casa de Deus, ou, se reconhecemos o cosmos como o próprio Deus e de Deus é difícil mesmo tomar conta.

Rostos inexpressivos, corpos sem alma, estão cada vez mais comuns. Gente que vive automaticamente, sem sequer dar-se conta de si mesmo ou de sua existência. Falo lucidamente, ou assim penso eu... é que são tantas as coisas para se tomar conta... inclua-se nisso tudo a floresta Amazônica, tão profunda e misteriosa, mas não infinita como pensam tantos, os arrogantes e gananciosos. O dinheiro que eu não ganho “tomando conta do mundo”, ganham eles tentando destruí-lo.

As estações estão enlouquecidas mal dá tempo de mudarmos com elas, o que ontem era de um jeito, hoje está de outro. O gelo, que se derrete nos polos e enche os mares, a camada de ozônio que está cheia de buracos, os rios que também se enchem demais, causando enchentes, ou secam, rapidamente, criando desertos e matando de sede o povo e os animais.


segunda-feira, 24 de julho de 2023

DUAS ESTRELAS QUE SE APAGAM

 

Leny Andrade 


Doris Monteiro


Hoje, duas grandes estrelas deixaram de emitir seu brilho, Doris Monteiro e Leny Andrade partiram daqui, a encantar outros céus e engrossar o coro dos anjos celestiais 

Duro ver as luzes da ribalta se apagarem bem diante de nossos olhos. Um mundo tão familiar desaparece, junto a suspiros, lágrimas de saudade e emoção. A vida não cessa, pois legados esquecidos podem ser revividos, atualizados em qualquer esfera do tempo. O legado de quem semeia luz e amor, fica, por toda a eternidade ou seja lá o que for, que a palavra eternidade realmente significa.




QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

 

Marielle Franco no traço de Jean Okada

Quem mandou matar Marielle?

Finalmente, a pergunta está prestes a ser respondida. Logo chegaremos ao mandante deste crime hediondo, porque quem matou já sabemos quem foi, Ronnie Lessa, apagado como queima de arquivo, e os motivos, por ora imaginados, mas ainda não declaradamente confirmados. 

Não preciso relembrar a trajetória da vereadora Marielle Franco, cuja luta contra as milícias do Rio, acabaram levando-a à morte prematura. Os tiros disparados contra ela e seu motorista, Anderson Gomes, em uma noite após uma palestra dirigida às mulheres, quando dirigia-se para casa, foram feitos por Ronnie Lessa, que na época era vizinho do então presidente, Jair Bolsonaro, e pai de uma ex-namorada de um de seus filhos, conhecido por 04. Hoje, a denúncia foi confirmada pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; em delação premiada, o ex-policial militar, Elcio Queiroz, admitiu participação no crime, juntamente com o ex-bombeiro, Maxwell Simões.

Repararam como todos são ex? Ex em quase tudo, menos no fracasso; ex na profissão, na vida pública e privada e até na vida como vida… por exemplo, Ronnie Lessa, que é ex-vivo. 

Bom… que tudo se esclareça, quem sabe assim Marielle e Anderson, possam ter o descanso que merecem.




domingo, 23 de julho de 2023

O DIREITO ARRANCADO À PONTA DE FACA

 



Crime aconteceu na Rua Argélia, no bairro Petrovale, em Betim — Foto: Vagner Tolendato/TV Globo


Quando um funcionário, geralmente mal remunerado, toma as dores da empresa ou do patrão, para o qual trabalha, deve haver algo de muito errado com ele, lógico, poderíamos dizer, que lhe falta amor próprio. Para quê, como funcionário, se exaltar com terceiros, clientes ou não, por conta de serviços disfuncionais de uma empresa, que deveriam ser por direitos e deveres, relegados apenas ao patrão ou patrões?! Para quê chegar a extremos, como brigas e assassinatos, por conta de quem muitas vezes, como empregador, usa e abusa da pessoa como funcionário? 

Em Betim, na grande BH, uma mulher, funcionária de uma padaria, exercendo a função de balconista, encheu-se de fúria ao ver um comentário depreciativo de certa conhecida sua em uma rede social, sobre o lugar em que trabalhava, a padaria no caso. Provavelmente, já deveria haver um ranço, uma antipatia entre as duas, ranço este que a acusada resolveu selar com um assassinato.

O crime se deu quase um mês depois dos comentários depreciativos terem sido postados por Ana Paula, a vítima, que disse ter comprado "pão com carrapato" e criticado o grau de limpeza do lugar. A acusada, rebateu, dizendo não ser verdade, e que o ambiente era limpo com frequência, sendo, inclusive, dedetizado, e, para completar numa típica atitude infantil, daquelas bem mimizentas, disse que ia falar para a "Lene" - a dona da padaria" - e, palavras dela, "que isso não vai ficar assim."

A acusada, pessoa deprimente e nefasta, guardou no coração a mágoa feita nem diretamente a ela própria, mas sim a um estabelecimento no qual trabalhava e que a vítima, como cliente, estava no direito de expor seu desgosto, ainda mais se achou que foi ferida em seu direito de consumidor. Atualmente, ninguém quer reconhecer que o outro também tem direitos e que o mundo não gira ao redor do próprio umbigo do Narciso, que exige, grita, xinga e bate o pé para que apenas o seu direito deva ser mantido, observado e reconhecido.

E foi então, que, decorridos os dias, a acusada avistou Ana Paula, a vítima, em uma confraternização em um bar; imediatamente foi lá e começou com a mesma uma violenta discussão que acabou em morte por ataque com arma branca. Ana Paula, foi atingida nos braços, tórax e ombro e ainda chegou a ser levada pela irmã ao hospital, porém, não resistiu. A acusada fugiu, mas foi pega em uma base comunitária. Estava com os pés, roupas e rosto sujos de sangue. Fiquei pensando se ninguém no bar conseguiu ou quis ajudar a moça. Será que tentaram alguma coisa ou ficaram apenas observando, agarrados uns nos outros, aos gritos e prantos? Quiçá, muitos tenham saído correndo, receio, né, de uma mulher sozinha armada com faca (contém ironia).

Agora, vejam só: uma pessoa, por conta de uma reclamação que nem foi dirigida a ela, de forma pessoal - e mesmo se fosse - toma por si, a decisão de matar, dando cabo de duas vidas, a dela própria e a da vítima, ao desferir várias facadas. O instinto de um funcionário para proteger o negócio, um bem que não é seu de forma nenhuma, mas sim do patrão, quase sempre acaba em tragédia. Nunca, jamais, troque sua vida por bens materiais, nem que seja o seu, imagine então se for de patrões. Os patrões têm que dar condições de trabalho para que o funcionário não coloque a vida, física ou mental, em risco. Foi-se o tempo, em que para manter um emprego, a pessoa tinha que pagar com a própria vida, ainda se paga, de certa maneira. Resta-nos um longo caminho a percorrer, para que possamos perceber e admitir que todos dependemos uns dos outros, e mais que patrões e empregados, somos seres humanos unidos por fios invisíveis e universais em busca de decência, justiça e tolerância dentre formas de viver mais humanas, para que o "sobreviver", não se torne um lugar comum inflamado de ódio e coberto de mágoas.



DA NECESSIDADE À BRUTALIDADE

O ser humano é o maior predador da terra, claro, também é o grande articulador de causas maravilhosas e boas ideias. Mas, se depender da parte do ser humano predador, iremos pro fim sem direito a recomeço. A barbárie humana é chocante. Nos países da Ásia, a culinária exótica atrai todo tipo de gente, em busca de experiências sensoriais. Lá é comum, o comércio de carne de gatos, cachorros, morcegos gigantes e etc. 


Vi um filme outro dia na Netflix, FOME DE SUCESSO, que se passa na Tailândia, sobre uma moça que almeja chegar ao patamar de "chef", reconhecida em todo o país. Ela obtêm uma chance, porém, passa por tão poucas e boas, que o fim é uma volta ao começo. Esse filme, fixa bem nas filmagens, o rosto de quem come, as contrações, as caras e bocas que fazem, ao sentir o sabor de um prato novo. Cada banquete contratado, é uma espécie de competição entre os "chefs" concorrentes e, quanto ao telespectador, observar a comilança, enche a alma de agonia, quer dizer, ao menos a minha. Achei um pavor. Mesmo com as melhores, maquiagens e roupas, não passavam de animais, reis do topo da cadeia alimentar, se deliciando com os exageros preparados para o repasto noturno. 

Meu sonho é parar de comer carne. Como bem menos hoje em dia, observar um churrasco já me causa enjoo. Depois da pandemia, meu paladar deu uma surtada, graças ao Covid, e meu apetite tornou-se de certa forma, caprichoso, portanto, o comer em demasia, dá-me uma sensação de que estou fazendo algo errado e assim como penso isso de mim, penso dos outros. O exagero no comer, causa-me dissabor.

Em países da Ásia em que é permitido o consumo de carnes de cães e gatos, já se acena a possibilidade, como acontece na Coreia do Sul, de acabarem com a prática. Na China, o escandaloso e grotesco Festival de Yuli, é combatido como algo ilegal pelo governo e pelas Ongs, onde ativistas da causa animal, chegam a ter até embates fisicos, para resgaterem animais que são roubados de seus donos, para serem abatidos a olhos vistos. Realmente um Festival de covardias e maldades. 


Na Indonésia, baixaram uma lei, em que fica proibida a venda de carne de cães e gatos para consumo, graças a Deus, mas, longe de mim, parecer ou ser hipócrita, é muito estranho se comer um ser que se trata muitas vezes, como amigo, companheiro, filho ou irmão. Sim.. eu sei.. as vaquinhas, ovelhas, vitelos, porquinhos e cordeiros, galos, galinhas, pombos e grande variedade de peixes e frutos do mar, do qual nos alimentamos, também não possuem o direito a nossa simpatia? Sim, possuem, por isso que penso que o ideal seria viver de luz, quem sabe assim o ser humano entraria em outra esfera de evolução, em outra espiral e deixaria de lado ao menos a malfadada brutalidade.  

A verdade é que vamos a passos lentos, mas temos conseguido ampliar a consciência em relação aos animais. Tem quem não entenda, que a interação, o convívio com os anjos de 4 patas ou duas asas, nos proporcionam bem-estar e proteção. Estamos aqui, para dividirmos a terra, nosso lar, também com eles e não só nos alimentarmos de sua fragilidade e inocência. Hoje, que percebo tão em voga, o canibalismo entre humanos, assusta-me a ideia de que sem mais nem menos, possamos virar a caça, a comida de um predador nas sombras, sempre à espreita.



sábado, 22 de julho de 2023

FOTOPINTURA: TÉCNICA FRANCESA, JEITINHO BRASILEIRO

 

Fotopintura: Minha mãe, aos 26 anos, 
imagem restaurada pelo artista, ilustrador 
Jean Okada.


A fotopintura é uma técnica francesa surgida em 1863, que consistia em usar a base fotográfica em baixo contraste, e assim reproduzia a imagem numa tela, claro, tudo feito a mão. O pai da invenção foi o fotógrafo francês André Adolphe Eugene Desderi, uma figura bastante popular de sua época. Essa técnica se espalhou pelo Brasil, principalmente pelo Nordeste brasileiro, tornando-se um meio de eternizar imagens de pessoas queridas e até de famílias inteiras. Tenho raízes nordestinas, por conta de pai e mãe, portanto ao menos um quadro desses tínhamos que ter. Um tempo atrás, algum familiar pegou o retrato e havia sobrado apenas umas cópias fotografadas através do vidro da moldura e minha mãe tinha muita vontade, de ela fosse restaurada mas ninguém deu jeito, até encontramos Jean Okada e o resultado é este… simplesmente maravilhoso; a imagem de minha mãe eternizada sem precisar de Inteligência Artificial. Tudo feito no velho esquema: mão, programa de computador e um hábil desenhista.


AQUECIMENTO GLOBAL, RESFRIAMENTO MORAL

Olá, como vai? Aceita um pouquinho de calor neste novo amanhecer?!



Estudos dizem que aquecimento global está encolhendo o cérebro humano ou seja a humanidade está emburrecendo. Daqui a pouco, a inteligência que já é rara entre nós, praticamente deixará de existir.



TICO E TECO, UMA FÁBULA 

Tico e Teco viviam em guerra, a atrapalharem-se mutuamente pelo uso do espaço que deveria ser comunitário. Mexe aqui, enterra ali, desenterra alá, corre pra acolá. Era assim todos os dias, todas as estações. Nem percebiam as mudanças que se sucediam após cada batalha descabida pela posse do pequeno espaço e como também isso impactava a vida de todos ao redor.

Bom, enfim, um dia, após uma violenta tempestade verão, com a luz do sol inclemente a passear, sobre tudo perceberam o caos que haviam provocado. Não era apenas o efeito da natureza naquilo tudo, havia na verdade, a ação de suas patinhas sujas de esquilos briguentos, preguiçosos e relapsos, que de tanto mexer onde deviam e não deviam, em nome do desgaste, da mesquinharia e da ambição, encontraram o jardim desabitado, com a grama ressecada, pequenas árvores tombadas, o riacho poluído, cheio de galhos, folhas e outros detritos… e, para coroar o desacerto final, todas as sementes de nozes que tantas vezes cairam em abundância das altivas nogueiras, encontravam-se jogadas, alienadas, e completamente encolhidas e ressecadas. 

Tico e Teco entreolharam-se espantados e em vez de unirem-se para a reconstrução, entraram em nova discussão a saber quem era o culpado do quê, mas, desta vez, deu curto-circuito e a raiva era tanta, que ambos caíram duros no chão. O vento veio, passou por cima deles, assobiou e se foi.










 




SÓ, MAS NÃO DESACOMPANHADA

Com o aumento da violência, especialmente contra os mais vulneráveis, tem sido difícil ficar pelas ruas até mais tarde, e foi pensando nisso, que a Eletromidia, desenvolveu esse projeto gentil e extremamente genial.



sexta-feira, 21 de julho de 2023

TONY BENNETT

 


Tony Bennett


Tony Bennett, pra mim, tem gosto de infância e sessão da tarde, do tempo em que era feliz, com meu pai e avós ainda vivos, tios jovens e mãe pragmática. Tem gosto de aconchego, casa arrumada e merenda da tarde. Dias ensolarados, tardes calmas e noites venturosas. Tony Bennett tem gosto de passado, presente e futuro,tudo junto, tem gosto de um outono sem percalços, sobre o qual ninguém fala ou sequer pensa, mas que um dia vem, com toda certeza.. Tony Bennett, seu nome é SER-EN-IDADE. Descanse em paz.   

Lovecraft

Muita leitura de Lovecraft, dá nisso. Para mim, o mundo anda muito Lovecraftiano.

 

NOVOS/VELHOS CONCEITOS SOBRE ARTE


Nos últimos anos, tenho tentado me expressar além da escrita, pois faz tempo que tenho me sentido aprisionada diante de todas as (im) possibilidades apresentadas. Tinha até ficado feliz com os resultados, que aplicativos e plataformas de NFTs poderiam proporcionar, ampliando a visão de mundo e conceito sobre arte. Como cidadã brasileira, um país que sofreu um grave retrocesso com um desgoverno proporcionado por um palhaço metido a ditador, sofri, como tantos outros de nós, ao ver nossa cultura, submergida em um mar de lama, porquê, imagine, se tínhamos um desgoverno, que não se preocupava com o mínimo, como iria querer que o povo se expressasse através da arte? A verdade é que não só em nosso país, mas, no mundo todo, sinto abrirem-se e se manifestarem, novas tendências e necessidades de pessoas que buscam um caminho individual e coĺetivo ao mesmo tempo e eu estou entre elas. As ferramentas estão aí, ao nosso dispor, mas é preciso saber onde procurá-las. Não encontrei muitas, infelizmente, nessa busca quase insana justamente para manter-me sã. Nada mais libertador do que a gente pensar, criar, inovar e sobretudo, poder compartilhar o conhecimento, contudo, tenho achado bastante difícil me organizar nessa desorganização.

 


NAVEGAR É PRECISO, VIVER NEM SEMPRE



https://youtu.be/dco5i_pzNns


Eu penso muito sobre a morte e sobre a vida, mas penso muito mais em como a morte muitas vezes chega assim, de surpresa, sem fazer alarde, sem se fazer anunciar. A morte está sempre ao nosso lado, todo dia, mas preferimos não pensar nela e seguimos assim pelo mundo meio que desatento de tudo. Os perigos estão sempre à espreita, contudo, se formos mergulhar assim, de cabeça, em pensamentos mórbidos, deixamos de viver. Existe um ditado dos povos originários americanos, que diz: "Hoje é um bom dia para morrer" e posso acrescentar ou um bom dia para viver; e como diz também o cantor Gilberto Gil: "Se a morte faz parte da vida e se vale a pena viver, então, morrer vale a pena" e como cereja do bolo, a frase de um poema de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso, viver não é preciso". Talvez, foi pensando assim, que quatro Nigerianos entraram furtivamente no pequeno compartimento que compõem a hélice de um navio, e desse modo lançaram-se ao mar, sem equipamento, praticamente sem água e sem comida. À noite era fria de rachar e de dia, era um calor desgraçado. Os quatro refugiados resistiram entre 11 e 14 dias, e foram resgatados quando o navio chegou ao Brasil. Estavam com fome e desidratados, mas felizes por, enfim, pousarem os pés em terra firme e ficaram mais felizes ainda, ao saber que tinham vindo parar em terra brasilis. Uma aventura e tanto, que só quem é capaz de engendrar é quem não tem mais nada a perder.


https://globoplay.globo.com/v/11793908/


Um velejador australiano  por  sua vez e uma cadela chamada Bella, foram resgatados após mais de dois meses à deriva no mar. Cansado, Tim Shaddock, 54 anos, e a cadela, estavam bem de saúde. Tim, estava muito agradecido, mas sentiu-se solitário em alto mar e só não foi terrivelmente atingido pela solidão, porque tinha Bella consigo, uma cadela das ruas do México, que o seguiu até o barco, seguindo com ele mar afora. Animais são anjos de quatro patas, acho que a missão de Bella era cuidar de Tim por todo esse tempo, embora Tim, mesmo grato à Bella, a doou a um de seus resgatadores. Achou melhor não levá-la com ele para a Austrália. Não quero julgar, mas, não sei como ele conseguiu deixá-la para trás, contudo, acho que a missão de Bella em relação a ele, acabou ali, afinal, "viver não é preciso".  


Gustavo e Gabriel, haviam chegado um dia antes à Alagoas, com a família


Duas histórias com finais felizes, que poderiam ter terminado muito mal. A última que contarei a vocês, infelizmente acabou mal. Em Alagoas, em Maragogi, exatamente na costa de corais, na praia de Peroba, um pai, dois filhos e um sobrinho, faziam uma trilha perto da praia, quando uma onda os atingiu, arrastando-os ao mar. O pai dos meninos conseguiu salvar o sobrinho, mas não os dois filhos, que, nas buscas, foram encontrados abraçados. Tinham 11 e 16 anos. As pessoas costumam dizer... ah.. a vida é assim... é... a vida é assim, mas poderia não ser, contudo, só me resta alegrar ou entristecer, com aquilo que chamam de "desígnios de Deus". Como cantava Gal: "É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte". Atento e forte, quase nunca estamos e a morte, e não tememos a morte mais que tudo, acho que a ideia ou a noção do que seja a morte, nos passa desapercebida, como se fossemos, de certa forma inatingíveis, eternos,  maiores que o tempo e contamos com a sorte para tudo... e daquele jeito, só mais um pouquinho e conseguiremos, mas a boa sorte, tem prazo de validade que não condiz com nossa vontade.                



Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...