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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS



 Cabeça de velho 
(Candido Portinari)


Dizem que o lar de um homem é onde está seu coração. Mas onde está meu coração? Já não sei... Porém, de onde estou posso ver o céu... melancólico, tristonho... Nenhum vestígio de sol, nenhuma prece a se estender sobre o veludo azul celeste, agora acinzentado, em que passam nuvens arrastadas, carregadas d’água...Tudo me parece velado, distante, estranho... quase um sonho e sinto a tristeza a pairar no espaço feito grande pássaro agoniado de asas largas, abertas, medonhas, infinitas... tão sombrias... a acolher ao seio os contos desfeitos e as agruras comprimidas de mais um dia. "Dois pesos, duas medidas"... lida cotidiana... leviana. Impressiona-me o silencio! Não mais ouço a tua voz... E longe vai a ânsia de te encontrar, sobrevoar o porto, cruzar o mar e descansar no cimo do monte bem perto de teu olhar. Deixar na curva do rio o cansaço, também o rosário e a oração que desfiava em horas de aflição. Absorto em meu pensar, procuro ar... um relâmpago corta devagar a amplidão do céu, entorpece-me a escuridão... sinto olhos a me observarem no escuro, tenho estranhas sensações, fantasmagóricas visões... Porém, imperturbável, deito minha cabeça no travesseiro e durmo o sono dos justos. Meus pecados vão ficando pelo caminho minhas faltas, aceito-as, como prerrogativa de redenção.

4 comentários:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia, Virgínia.

Nossa... menina!

Beijos.

Anônimo disse...

Hola Virginia!! Qué triste estás. No sé a qué se debe, pero deseo de corazón que recobres la alegfría amiga

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite, Virgína.

Passei aqui, para lhe dar um abraço apertado.

Déborah Carla disse...

Lindo querida, como sempre tocante, profundo, é como se fosse uma libertação do que está preso, querendo sair, querendo ir pra longe, passear, pairar pelo ar em cima de nossas cabeças, deixar a aflição sair nos faz voar leves como uma pena, te admiro, tenho imenso respeito pela tua coragem e principalmente por tuas palavras, teus poemas, teus escritos em geral me fazem muito bem. Afinal estamos aqui em Manaus, e o que nos resta além de trocarmos figurinhas aqui mesmo, mas em 2014 parece que isso aqui vai ferver, né. Fico pensando no que esta cidade vai se transformar depois de 2014, como no ciclo da borracha, uma cidade fantasma? São meus devaneios. Forte abraço, beijos...

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