Um corvo, um cobre

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sábado, 30 de agosto de 2008

LADAINHA



Sou um grão de areia girando no ar
Sou um átomo dançando em torno do sol
Sou uma estrela que cai devagar
Sou a lua que ama o sol
Sou
Cometa que passa errante em solitária jornada rumo ao mar inconstante
Sou
Sou a senhora dos segredos
Sou a eleita dos deuses
Sou a dona das minas de prata e de ouro
Sou a favorita de todos
Sou
Jovem velha jovem senhora senhorita fênix bendita das cinzas renascidas
Sou
Sou o amante abandonado
Sou o amante que abandonou
Sou a tristeza que paira na tarde
Sou o silêncio que nunca calou
Sou
Um inábil tradutor de poucas palavras e mudas falas
Sou
Sou a brisa que logo se faz ventania
Sou a fugaz beleza de um dia
Sou noite fria e tardia
Sou alegria colorida e vazia
Sou
Alma resignada pela dor aniquilada
Sou
Sou a prece do moribundo murmurada
Sou a paz doce e solidária
Sou o remédio das horas amargas
Sou a fé que nunca falha
Sou
Pobre miserável enriquecido um tolo sabido uma espécie de rei mendigo
Sou
Sou o refúgio do fraco
Sou o escudo do forte
Sou o tormentoso vento norte
Sou aquele que lida com a sorte
Sou
Odioso mensageiro da guerra inabalável senhor da morte cavaleiro negro que toda a terra percorre
Sou
Sou a lágrima furtiva do pranto contido
Sou o poeta apaixonado embriagado entontecido
Sou o ombro amigo consolo dos desvalidos
Sou o homem novo renascido vivo
Sou
O perdão abençoado dado ao infeliz abandonado
Sou
Sou a canção de acalanto aprendida
Sou um conto uma historia esquecida
Sou o alivio da mão estendida
Sou a esperança que ilumina a vida
Sou
Resto de nada poeira assentada da esquecida estrada
Sou
Sou o amor que promete e nunca vem
Sou o amor de ninguém
Sou o rico que nada tem
Sou o mal que vem pra bem
Sou
O corpo sobrecarregado sina de um viver aprisionado semente pelo vento levada no campo espalhada
Sou
Sou um sonho uma quimera
Sou a ferida da fera
Sou a ânsia contida de uma longa espera
Sou em verdade a verdade que tudo encerra
Sou
Nada e nada sei que sou alma penada que por piedade implora e escondida do sol lamenta e chora por sobre as campas dos envelhecidos túmulos.

Um comentário:

Anônimo disse...

LADAINHA, OU LADAMINHA,és tudo isso , acrescenta: poeta, escritora, sábia, culta, inteligente és o meu vício, pão de tôdos os dias.CORVO abençoado,adorado.DE FLÔRES TE CURTO MUITO, LINDO!!!!!!

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