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sábado, 13 de março de 2010

CRÔNICA CHUVOSA DE UMA MELANCÓLICA MANHÃ DE MARÇO


 

Uma crônicazinha bêsta, chorosa/chuvosa. Poderão vocês, amigos leitores, ponderarem e dizerem: "Iiiihhh... lá vem ela nos encher os ouvidos outra vez sobre as  melancolias de um dia de chuva". Talvez tenham razão, mas por mais que eu me repita, gosto de falar sobre o que me rodeia... mesmo que  provoque  em alguns a sensação de "deja-vu" ou até mesmo soe banal.  Banais são todas as coisas, raras fogem dessa constatação. Falar da chuva, para mim, é falar de um pranto entrecortado de tristezas e alegrias. O céu chora, a humanidade chora. A chuva é  o pranto da natureza e da humanidade, ainda tão perdida de si. Choram ambos, juntos, por  vários motivos,  a chuva é "uma crônica" de mortes e ressurreições anunciadas e andar sob ela nos dá uma incrível sensação de bem-estar... (outra vez, não vou generalizar, tem quem não goste) entretanto, falando do meu ponto  de vista, é um prazer caminhar debaixo de um céu acinzentado,  sob uma chuva torrencial, sem pensar em nada, sem o perigo de raios ou barulho de trovão pra nos assustar. Somente a chuva, grossa e benfazeja, lavando... levando tudo... desde alma (no caso, a minha) às mazelas físicas da cidade, o vento ventando, vergando os galhos das pouquissmas árvores que ainda resistem de pé, desafiando o tempo. Alguns inconvenientes porém, fazem-nos muitas vezes, desistir desse privilégio pois as ruas, mal pavimentadas com as calçadas quebradas, e sem um sistema de escoamento adequado, tornam-se verdadeiras piscinas rasas de águas sujas (em minha opinião creio sermos um pouco assim, que nem essas ruas inundadas quanto as nossas questões intimas que costumamos chamar de problemas...) Assim, os carros passam, os ônibus passam e alguns, de forma proposital, ou te atropelam (eu quase fui) ou te dão outro banho, desta vez com a água da rua/piscina contaminada por toda espécie de detritos. Ao sair de casa, peguei um guarda-chuva, objeto execrável, mas necessário nesse momento, já que estava a caminho da escola pra buscar minha filha, a proteção era para ela, não para mim... mas, meu guarda-chuva, o bendito guarda-chuva, não nos guardou de nada... Mal sai e com a força do vento, virou do avesso e o vento era tão forte que entortou-lhe o esqueleto... humm... não se fazem mais guarda-chuvas como antigamente. Hoje em dia, são objetos como tantos outros, sem cabo de madeira trabalhada ou marfim, são totalmente descartáveis... basta sair na chuva uma vez, no máximo três... pronto... era uma vez... Bom, não faz mal... “ossos do oficio”, “quem está na chuva é pra se molhar” e eu praticamente, devido às circunstâncias, fui “obrigada” a isso, mas a verdade, é preciso dizer, que, andar na chuva requer todo um preparo, um despojamento físico, espiritual e mental. Andar na chuva, não é mesmo pra qualquer um, fiquem, portanto, aqueles que tremem/temem molhar a roupa, borrar a maquiagem, atrasar em seus compromissos, que se quedem a perder o tempo, ilusoriamente protegidos debaixo de marquises ou dentro de prédios e casas, esperando pela hora da chuva passar... Minha filha e eu vamos prosseguindo, livres, leves e soltas em nosso caminho, pela manhã chuvosa, sem  nos deter nos contratempos, pois sabemos muito bem que temos muita sorte e tempo de sobra; nossa única preocupação é chegarmos logo em casa e “quem vai pra casa”, como bem diz o ditado, “não se molha”.     

2 comentários:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite, Virgínia.
Pelo jeito aí deve chover muito...
Há momentos em que a chuva é boa, até pra gente dormir, pelo barulhinho. Eu tenho medo de trovão e relâmpago. Tudo quando é demais, causa dano. Se o sol e a chuva fizessem um rodízio, seria bom, né?

Beijos.

Renato Paiva disse...

Muito bom ! Muito bom!

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