
Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Acordado, não há suporte que acomode minha vida incomodada
Prefiro sonhar estranhos sonhos
do que encarar face a face a dura realidade
e os desenganos sem tamanhos
O sono, em cinza, acolhe-me em seus braços
E em sossego, adormeço, esquecendo os dissabores
Melhor que um bom vinho, que me faça falar a verdade
É adormecer em profundo sono
O sono, eu sei, é irmão gêmeo da morte
E talvez, mais valesse morrer de vez
Mas fraco, covarde, vil humano, ainda vacilo diante do encontro com a dama de negro
Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Há poucas flores a enfeitar-me o passo
As alegrias são fitas coloridas e fininhas que amarram
a inquieta quietude a surpreendente fatalidade escondida nos dias
As águas da chuva descem morro, serra, encosta
Levando gente, lembranças, tudo...
É água que mata, chuva desvairada, afogando as esperanças e um desejo de futuro
Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Não quero ouvir um réquiem para os mortos
Nem as preces dos humilhados e o choro dos desesperados
É Natal, é Ano Novo e deveria reinar a paz na Terra, mas,
só o que o que se houve sobre ela é “choro e ranger de dentes”...
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