Pablo Picasso (25/10/1881-08/04/1973) Fase azul
BOM DIA, TRISTEZA
Hoje a tristeza veio me visitar. Não marcou hora nem nada me perguntou. Foi entrando sem pedir licença, sem presente de Natal, sem votos de felicidades para o Ano Novo. Incomodada, mesmo assim a cumprimentei. Dei-lhe um meio sorriso e “Bom dia” lhe disse. Com um olhar sombrio ela nada me respondeu, continuou calada enquanto vagueava pela sala mal pintada... Dirigiu-se à mesa pequena e desarrumada... Ouviu o silêncio vazio da casa... Balançou a cabeça em sinal de consentimento. Baixou os olhos, aprumou-se... passou a mão pelo cabelo negro em desalinho. Ajeitou o comprido vestido azul... Queixou-se da cansativa viagem e foi para o quarto; o meu quarto... Calmamente fechou portas e janelas, que, não por acaso estavam abertas, e por onde ainda teimava entrar alguma claridade; uma claridade fria e tímida de um sol amarelado e trêmulo, que logo se escondeu por detrás das nuvens. Por fim, puxou as cortinas, e então todo o meu mundo mergulhou de vez na penumbra. Pedi-lhe que se fosse; expliquei-lhe que, para ela, não havia lugar, pois bem-vinda não era, ao recesso de meu lar. Chorei, implorei... mas ela insistiu em ficar. E agora que aqui está, diz-me a pálida senhora, que muito sente, mas não sabe quando se irá embora, porém, não é sua intenção incomodar... Necessita apenas de um descanso para os pés, uma xícara de café, chocolate ou chá e um ombro pra se encostar...
Hoje a tristeza veio me visitar. Não marcou hora nem nada me perguntou. Foi entrando sem pedir licença, sem presente de Natal, sem votos de felicidades para o Ano Novo. Incomodada, mesmo assim a cumprimentei. Dei-lhe um meio sorriso e “Bom dia” lhe disse. Com um olhar sombrio ela nada me respondeu, continuou calada enquanto vagueava pela sala mal pintada... Dirigiu-se à mesa pequena e desarrumada... Ouviu o silêncio vazio da casa... Balançou a cabeça em sinal de consentimento. Baixou os olhos, aprumou-se... passou a mão pelo cabelo negro em desalinho. Ajeitou o comprido vestido azul... Queixou-se da cansativa viagem e foi para o quarto; o meu quarto... Calmamente fechou portas e janelas, que, não por acaso estavam abertas, e por onde ainda teimava entrar alguma claridade; uma claridade fria e tímida de um sol amarelado e trêmulo, que logo se escondeu por detrás das nuvens. Por fim, puxou as cortinas, e então todo o meu mundo mergulhou de vez na penumbra. Pedi-lhe que se fosse; expliquei-lhe que, para ela, não havia lugar, pois bem-vinda não era, ao recesso de meu lar. Chorei, implorei... mas ela insistiu em ficar. E agora que aqui está, diz-me a pálida senhora, que muito sente, mas não sabe quando se irá embora, porém, não é sua intenção incomodar... Necessita apenas de um descanso para os pés, uma xícara de café, chocolate ou chá e um ombro pra se encostar...
Um comentário:
Quando leio sinto vontade de chorar, são poucas as vezes que sinto esta vontade na leitura, mas em "BOM DIA, TRISTEZA" lagrimei, tão singelo, tão adorável!
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