TULIPA NEGRA
que a lua enche de graças e infindáveis carinhos.
Nenhuma canção, jamais, fará jus a tua beleza, pois, nenhum bardo, por mais sábio que seja,
conseguirá apreender o teu real significado.
Por mais que ele cante o amor,
as lágrimas teimarão em rolar
por seu rosto descontente,
já que o negror da tulipa é incognoscível,
e descrevê-la não é possível.
Do livro RÉQUIEM; Virgínia Allan, Editora Scortecci
e descrevê-la não é possível.
Do livro RÉQUIEM; Virgínia Allan, Editora Scortecci
MIL RAZÕES PARA UM BLUES
Misteriosa e fascinante é a flor Tulipa. Originária da Turquia, tulipan (que quer dizer, turbante) pertence à família dos lírios (liliáceas) e costuma florescer no fim da primavera. Reza uma lenda persa que, certa moça, Ferhad, apaixonou-se perdidamente por um rapaz, Shirin, que, entretanto, não correspondeu a essa louca paixão. Rejeitada, Ferhad fugiu para o deserto, aonde ninguém pudesse vê-la chorar... e Ferhad chorava constantemente, dia e noite, de saudade, tristeza e solidão e cada lágrima vertida, caída ao chão, mal tocavam a areia, transformava-se em uma linda flor, a tulipa. A tão decantada tulipa negra, que, na verdade, possui tonalidade marrom-escuro, é conhecida como “rainha da noite” e assim como diz o poema, descrever a sua beleza com exatidão, não é possível. Motivo de inspiração a poetas e escritores, a exaltada beleza maravilhosa desta flor, perde-se no imaginário da humanidade na vã tentativa em decifrar os seus mistérios. Símbolo de perfeição, oculta, dentro de nossas almas, está a sua essência, misturada a nossa, em um casamento feliz e possível. Entretanto, poucos são aqueles que se dão conta deste milagre interior, pois a busca eterna por nós mesmos está, muitas vezes, centralizada apenas nos aspectos externos, deixando-se de lado o retorno positivo proporcionado pela natureza das coisas. Dentro e fora de nós, está a verdade, revestida de vários modos, em variadas formas, seja na imagem de uma criança; de um quadro, de um poema ou na forma de uma flor, portanto, descobri-la não é algo tão distante, e é isto que nos diz a preciosa tulipa, de negras pétalas aveludadas, cuja criação o homem, ainda, não foi capaz, sequer, de igualar. Título igualmente de um livro de Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros, o romance A Tulipa Negra trata da realização de dois sonhos quase que impossíveis: a concretização de um amor e a produção de uma tulipa negra. A história se passa na Holanda, em pleno século XVII, entre os anos de 1672 e 15 de maio de 1673: Um médico, que também cultiva tulipas, Cornelius van Baerle, é preso, sob falsa acusação pelo crime de traição. Na cadeia, apaixona-se por Rosa, a belíssima filha do carcereiro. Um prêmio de cem mil florins é o que oferece a Associação Hortícola de Haarlem ao desafio proposto de se produzir uma tulipa totalmente negra este é o enredo da história, todavia não foi o belo e intrigante tema do romance de Alexandre Dumas; muito menos a lenda acima descrita, que originaram o nome da mais antiga banda de blues manauara... Fiz o relato acima apenas como uma curiosidade e afim de evitar especulações. Gostamos de ler e escrever, entretanto, nunca lemos o livro de Alexandre Dumas e, tampouco ainda, já chegamos perto de uma tulipa negra. A tulipa também não é uma flor regional, ou quiçá, nacional, além do quê, floresce no fim da primavera, estação que não temos em nosso estado, mas é um símbolo de recomeço e, pensamos, um sonoro e exótico nome para uma banda cujo gênero foge um pouco ao gosto do grande público... mas, retirando uma lição desse caldeirão, que alguns poderão chamar de "mistura estranha", é sempre bom imaginar a possiblidade do impossível; é sempre bom imaginar que podemos sim, realizar os sonhos. Temos não uma, mas mil razões para um blues, todas possíveis, realizáveis... Nossos sonhos e nossas razões, não são correr atrás de fama e fortuna, claro, seria ótimo que, de repente, elas viessem como enfeite do trabalho árduo, mas temos nós os pés no chão e não voamos nas asas da ilusão, voamos sim, como já dissemos na "razão de um blues", e o que estamos tentando fazer é deixar um legado para o futuro, um legado modesto, porém, digno de nota ou de todos os tons. Desejamos inpirar, promover e abrir novos horizontes... Só assim, nestas condições, é que conseguiremos todos escapar do horrendo estado em que somos jogados, muitas vezes, pela absoluta miséria espiritual, moral e material... Seres inacabados que somos, temos ainda muito o que fazer.
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