Por entre pedras e armas, uma criança passa, indiferente aos homens estranhos, vestidos de negro.
Ela não percebe que o céu não é mais azul, é cinza, e que os anjos não mais existem, pois morreram sufocados pelas nuvens que, um dia, foram de algodão, mas que agora pesam como o chumbo.
De repente, um grito de alerta e ela procura um abrigo da violenta chuva que logo vai desabar; chuva de balas.
Na sôfrega busca pelo paraíso perdido ela não tem a mínima chance e corre de peito aberto de encontro ao perigo.
Na boca aberta um pedido de socorro é sufocado e nos olhos arregalados uma pergunta não respondida...
No pequenino coração, em meio de esperanças estraçalhadas, uma bala perdida faz morada e a cor cinzenta de seu cotidiano, dissolve-se no negror de mais uma morte inútil.
2 comentários:
Só as crianças são felizes e não sabem o quanto...BeLo texto Virgínia
Obrigada Jordan pelo comentário. Espero que sua visita seja constante.
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