Hoje a melancolia me invade... isso costuma acontecer muito comigo, sou naturalmente melancólica, faz parte de minha natureza. Pra piorar, chove, (novidade...?!) e logo pela manhã o barulho do rádio do vizinho invadiu o meu quarto... no noticiário as noticias de sempre. Antes costumava acordar com o canto de pássaros, mas já faz tempo que o quintal do meu vizinho deixou de ser uma pequena floresta onde a noite sumia por dentro... Apesar de tudo, ainda há canto de pássaro... Não consegui mais dormir... Agora, decorrida metade da manhã, diante do meu notebook, escrevo, e, enquanto escrevo, vou escutando um velho blues na voz de Big Bill Broonzy... Cansaço! Eu, mesmo sem estar longe de minha terra natal, me sinto com “banzo” também... Minha saudade é outra, mas não menos amarga. Foi nas vozes de lamento, que subiam das plantações de algodão, no sul dos Estados Unidos, que nasceu o Blues, que, no modo comum de falar do Delta do Mississipi, em sua tradução, quer dizer “melancolia”, melancolia que passava das almas e dos corações para as vozes dos seres transformados em escravos que então procuravam amenizá-la, cantando... eu não canto, mas escuto... e me sinto com “banzo”. Arrancados de sua terra, pelo uso extremo da força, viajando em precárias condições, amontoados nos porões em navios apelidados de “tumbeiros”, para virem plantar e colherem algodão, milho e tabaco para os brancos em estados de Nova Orleans, Mississipi, Alabama, Louisiana e Georgia os “negros” eram puro desalento...Quanto sofrimento! Nos campos, sob a claridade do sol, punha-se um deles a entoar um verso, que era, em seguida, repetido em coro, pelos outros. As “work-songs” (canções de trabalho) só eram permitidas pelos fazendeiros por imprimirem um ritmo, uma cadência, ao ato de plantar e colher e assim deixar o “negro” menos triste. A principio, as canções eram entoadas nas línguas nativas, como o banto e yoruba, mas, com o tempo elas foram se misturando ao idioma inglês, e, invocando sempre a ajuda de DEUS, a música acabou servindo como um canal, para expor e “curarem” seus males, não só a saudade da terra natal, mas, também, as dores de amores e da miserável condição humana. Eu também tenho um blues dentro de mim, e, sai assim, como as antigas “work-songs”, começa aos poucos, num murmúrio e se alonga com a respiração e o pensamento, um lamento... Meu blues sai de meus dedos, salta nas palavras, nas páginas em que escrevo, nasce das histórias que leio, renasce nos contos que reconto, vive nos contos que invento e no dia a dia que reinvento. Meu instrumento é o teclado de meu computador... onde pulsa, em descompasso, o meu coração.
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quinta-feira, 17 de abril de 2008
BLUE MODE
Hoje a melancolia me invade... isso costuma acontecer muito comigo, sou naturalmente melancólica, faz parte de minha natureza. Pra piorar, chove, (novidade...?!) e logo pela manhã o barulho do rádio do vizinho invadiu o meu quarto... no noticiário as noticias de sempre. Antes costumava acordar com o canto de pássaros, mas já faz tempo que o quintal do meu vizinho deixou de ser uma pequena floresta onde a noite sumia por dentro... Apesar de tudo, ainda há canto de pássaro... Não consegui mais dormir... Agora, decorrida metade da manhã, diante do meu notebook, escrevo, e, enquanto escrevo, vou escutando um velho blues na voz de Big Bill Broonzy... Cansaço! Eu, mesmo sem estar longe de minha terra natal, me sinto com “banzo” também... Minha saudade é outra, mas não menos amarga. Foi nas vozes de lamento, que subiam das plantações de algodão, no sul dos Estados Unidos, que nasceu o Blues, que, no modo comum de falar do Delta do Mississipi, em sua tradução, quer dizer “melancolia”, melancolia que passava das almas e dos corações para as vozes dos seres transformados em escravos que então procuravam amenizá-la, cantando... eu não canto, mas escuto... e me sinto com “banzo”. Arrancados de sua terra, pelo uso extremo da força, viajando em precárias condições, amontoados nos porões em navios apelidados de “tumbeiros”, para virem plantar e colherem algodão, milho e tabaco para os brancos em estados de Nova Orleans, Mississipi, Alabama, Louisiana e Georgia os “negros” eram puro desalento...Quanto sofrimento! Nos campos, sob a claridade do sol, punha-se um deles a entoar um verso, que era, em seguida, repetido em coro, pelos outros. As “work-songs” (canções de trabalho) só eram permitidas pelos fazendeiros por imprimirem um ritmo, uma cadência, ao ato de plantar e colher e assim deixar o “negro” menos triste. A principio, as canções eram entoadas nas línguas nativas, como o banto e yoruba, mas, com o tempo elas foram se misturando ao idioma inglês, e, invocando sempre a ajuda de DEUS, a música acabou servindo como um canal, para expor e “curarem” seus males, não só a saudade da terra natal, mas, também, as dores de amores e da miserável condição humana. Eu também tenho um blues dentro de mim, e, sai assim, como as antigas “work-songs”, começa aos poucos, num murmúrio e se alonga com a respiração e o pensamento, um lamento... Meu blues sai de meus dedos, salta nas palavras, nas páginas em que escrevo, nasce das histórias que leio, renasce nos contos que reconto, vive nos contos que invento e no dia a dia que reinvento. Meu instrumento é o teclado de meu computador... onde pulsa, em descompasso, o meu coração.
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Um comentário:
E senti o compasso do teu coração nas tuas sublimes palavras...
Doce beijo
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