Emoções à parte, violetas em flor me aliviam o sentimento... Das nuvens, caem gotas coloridas de chuva que desaparecem no ar prontamente, antes mesmo de tocarem o chão. A terra consome rapidamente essa água, pois agora parece estar sempre com sede. Depois deste pensamento ecologicamente equilibrado e correto, penso em algo sem importância... Sem importância? Pra quem? Pra mim, pra você, meu bem... o que é que tem? Sem importância são todos os meus pensamentos neste dado/exato momento, até aquele da terra sempre com sede... Emoções à parte, violetas em flor me aliviam o sentimento... As nuvens se foram, mas o sol não voltou. Será meu coração, se pesado na balança de Maat mais leve que a sua pena? Creio que não... é meu coração, com certeza, um vil traidor. O gato me espreita. Um aviso da deusa? Quem sabe... Emoções à parte...
Hoje sonhei contigo Vi em detalhes o teu rosto querido E de tão nítido, nem sonho parecia Estavas vivo
Senti tua mão na minha Teu corpo de encontro ao meu Ai, tanta saudade sentia Queria mesmo tudo outra vez
Mas logo rompeu a alba E desfez-se em fumaça A doce lembrança... Vi-me, na cama fria, triste, cansada e só
Não foi um sonho bom afinal, consolo divino vigiado pelos anjos Nem atroz, infernal pesadelo preparado por mil djins Foi peça cruel, armadilha fatal e silenciosa, maquinada pelo vil demônio do amor sem fim
Minha alma triste socorre-se de pequenos prazeres e doces sorrisos pra não se atormentar
Fragmentos de felicidades que, no calmo cotidiano, ajudam-me a sentar-me à mesa e ouvir as mesmas notícias, as mesmas velhas histórias que só parecem novas porque um novo dia despontou
Arranco de dentro de mim a vontade de prosseguir e não penso nos perigos
e infortúnios que aguardam a cada um
Como enquanto alguém é esmagado, extirpado da vida
Como enquanto mil desgraças acontecem
Como enquanto as boas notícias não são notícias
Como ouso dar de ombros?
Não é comigo toda esta agonia
Se eu estivesse lá talvez me importasse mais
Se eu estivesse lá talvez nem dormisse
Notícias boas ou ruins são apenas notícias
Por enquanto não faço parte de nenhuma delas
A minha casa é uma ilha no oceano, um oásis num deserto
Já me importei tanto... outrora julgava-me a palmatória do mundo
Hoje, o que faço? Dou de ombros...
E dou de ombros não por indiferença e sim com certa pena
E como, tomo café e brinco com minhas filhas
"Conformada" ao destino do mundo
E aguardo, traçando com fios de ouro em tecido de sonhos o meu caminho
À espera de uma resposta mais clara ao sentido da vida