Foto da peça A Vida é Sonho/Texto: Calderón de la Barca/Adaptação e Direção: Edson Bueno http://aldicelopes.blogspot.com/2008/11/vida-sonho.html
por Calderón de la Barca
"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga. E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade? Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"
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Texto retirado do filme Tempos de Paz, filme brasileiro baseado em teatro, parte do monólogo espanhol, A Vida é Sonho, de Calderón de la Barca, página 39, fala de Segismundo para Rosaura.
Um dia antes de ser assassinado, Martin Luther King faz um discurso profético, mas cheio de positividade e incentivo.
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Dizeres de Martin Luther King:
"Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos."
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"Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero."
*** "Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: 'O que fiz hoje pelos outros?'"
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"Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização."
Um homem sábio tinha a reputação, amplamente difundida, de ter-se tornado irracional em sua apresentação de fatos e argumentos. Asssim, decidiu-se fazer um teste para que as autoridades do lugar decidissem enfim, se era uma ameaça para a ordem pública ou não.
No dia do teste, passou montado no lombo de um burro diante de todos. Ia montado de tal forma: com o rosto voltado para a parte traseira do burro. Ao chegar o momento de defender-se, ele perguntou a corte.
- Ao verem-me há um momento atrás, para onde olhava eu?
Os juízes, apostos, disseram- lhe então: - O senhor estava a olhar para o lado errado.
- Pois bem, isto exemplifica exatamente o que quero demontrar - respondeu o homem sábio - já que eu, segundo um ponto de vista, estava a olhar para o lado certo. O burro é que olhava na direção contrária.
As pessoas insistem em ver as coisas somente do modo em que se acostumaram a vê-las. Tomam-na como a maneira "correta". Ao isolar esta tendência em uma simples demonstração, o homem sábio ilustra o fato de que todos nós, todo dia, vemos uma quantidade de coisas de uma forma habitual, o que causa uma enorme limitação em nosso possível pensar, como se fossemos completos idiotas.
Impaciente, rompo em prantos, quebrando o silêncio.
Logo a noite se fará dia, revolvo-me em doída, mortal agonia
e temo ao raiar da aurora não mais te encontrar.
Morre o teu sorriso em meu olhar;
saem de minha boca palavras sem sentido
e nem tu compreendes o que digo.
Num instante, serás miragem à luz fugaz
que cobre a paisagem, pois já desponta a manhã sobre este voraz,
sufocante deserto.
Peixe fora d’água,
Longa é a distância que nos separa.
Onde estou?
Onde estás?
Pra onde vou?
Pra onde vais?
Com quem irei?
Com quem irás?
Continuaremos a vagar, tu e eu, por caminhos que não sei?
Perdidos, amortecidos, solitários em cada estação?
Pergunto e repondo a mim mesma.
Há negligência em nossos passos
e tentamos, através de atalhos, chegar a algum lugar.
Mas pra que tanta pressa?
O destino final pouco interessa.
Já dizia o sábio que se o esforço é demasiado,
corre-se o risco de ficar atolado.
Melhor, quem sabe, é esperar por companhia, talvez um guia,
e a hora certa pra continuar a viagem, já que, perigo há
em atravessar sozinho o grande mar.
Nesse discurso inconstante de amor forjado, desenfreado,
roubado do tempo, não te enganes por um só momento (uma vez que, nele, nada há que não esteja impregnado de tua Presença) que nessa ânsia desmedida que ultrapassa o desencanto, o desamor, entendas que Tu, somente Tu és meu bálsamo consolador
É tua imagem querida que refrigera e sossega-me a alma, se estranhas, ensimesmadas amarguras toldam-me a clareza perfeita do dia.
Salpicado de manchas roxas e marrons, dissera-me que já a tinha visto, que, claro, jamais a poderia ter esquecido, pois presente estava em algum momento
Quase sempre, vinha no vento ou no canto dos pássaros
e deixava-se ficar por um longo tempo, observando
a paisagem do alto dos prédios ou mesmo por cima dos galhos
das árvores ou ainda por sobre as campas do cemitério
Claro, não poderia jamais tê-la esquecido
pois, presente estava em algum momento
Fosse na paz, no sossego de um domingo, fosse num dia
de tumultuosa, ruidosa alegria
Era tão discreta, silenciosa, que sempre achavam que havia ido embora
Entretanto, cedo ou tarde alguém a via de relance e ao procurá-la no salão da alma, cujo corredor conduz direto ao coração, seu lugar preferido, é que reparavam no que dizia o letreiro, tão antigo, pendurado à porta:
“A Saudade, às vezes vai lá fora, sai mas volta, nunca vai embora. A Saudade é senhora. Ela ainda mora aqui.”