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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SABEDORIA DE JARRO



Idries Shah, mestre da Tradição Sufi nascido em  16/06/1924 e morto em 23/11/1996) 


Do livro EL MONÁSTERIO MAGICO; Idries Shah; Traduç. Virgínia Allan


Já ouviste falar da tragédia que sucedeu ao pobre jarro?
Tratava-se de um pequeno jarro que ouviu um homem sedento pedir água aos gritos do seu leito de enfermo.
O jarrinho sentiu tal compaixão pelo homem que, fazendo um supremo esforço de vontade, conseguiu arrastar-se até bem perto, cerca de uma polegada, da mão do doente.
Ao abrir os olhos o homem viu o jarro ao seu lado e sentiu-se perplexo e aliviado. Alcançou o jarrinho e levou-o aos lábios, então, comprovou que o jarro estava vazio.
Com o que ainda lhe restava de força, o moribundo atirou o jarro contra a parede, donde, ao quebrar-se, fragmentou-se em numerosos e inúteis pedaços de barro.   

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

VALE PENSAMENTO




Dentro do vale pensamento
Escondi os meus tormentos
Lá também guardei as pequenas/grandes alegrias
E naveguei em mar de plena calmaria

Arrendei meu coração
A quem me desse mais
Inventei minhas razões
Pra que pudesse viver em paz

Calei a conversa das estrelas
Com meus estranhos sentimentos
Desfiz os sonhos, as fábulas, as quimeras
E acomodei-me a uma longa espera

Mas, cobriu-me o desassossego
Na desarrazoada razão de um dia
Que deixei, a pairar, perdido, silencioso,
por sobre as dobras azuis de minha solidão infinda


sábado, 16 de janeiro de 2010

MÓNOLOGO "A VIDA É SONHO"



Foto da peça A Vida é Sonho/Texto: Calderón de la Barca/Adaptação e Direção: Edson Bueno
http://aldicelopes.blogspot.com/2008/11/vida-sonho.html

por Calderón de la Barca



"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga.
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"



***



Texto retirado do filme Tempos de Paz, filme brasileiro baseado em teatro, parte do monólogo espanhol, A Vida é Sonho, de Calderón de la Barca, página 39, fala de Segismundo para Rosaura.






sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Martin Luther King último discurso



Um dia antes de ser assassinado, Martin Luther King faz um discurso profético, mas cheio de positividade e incentivo.

***
Dizeres de Martin Luther King:

"Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos."

***

"Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero."

***
"Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: 'O que fiz hoje pelos outros?'"

***

"Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização."



POEMA INACABADO






Surge o sol
Clareia a terra
A vida volta cresce se regenera
Acaba começa se transforma
Nunca pára, está sempre
em linha reta
Li certa vez que
“O sol não guarda luto*”
Sensatez que a lua e o  mar não possuem




"O sol não guarda luto" (Némer Ibn el Barud)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-CINZA OPACO



CINZA OPACO

Manhã
De um cinza opaco
Te vejo no retrato
E pedaços de uma vida

“Flash backs” em branco e preto

Cubro o rosto com o véu cinza
Dessa manhã
Divagando em mágico pensar

Espanto o gato preto
Tranco as portas e janelas
Bato três vezes na madeira

Invoco teu nome
Em frente o espelho
Mas tua presença iluminada
Não surge diante de mim

Vou ao jardim e pela palmeira mais alta subo até o céu
Afasto as nuvens e roubo então um raio de sol
Pra espantar a solidão




terça-feira, 12 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-MEU BAIRRO ERA ASSIM...



MEU BAIRRO ERA ASSIM... 




Era assim o meu bairro... Um bairro imperfeito, meio sem jeito... 
Lembro-me bem de seus moradores e suas conversas de calçadas, em frente das casas, com flores nas janelas e portas abertas, escancaradas... 

“Ciranda, ó ciranda”... 
Foram todos cirandar?
“Roda, roda, roda criança mas, quem te ensinou a nadar?...” 
No igarapé de águas rasas, que passava lá embaixo,  
acompanhando a cantiga do peixe miúdo, que nadava muito seguro, 
nas mãos em forma de concha do moleque festeiro... 
Eheeê...caboclinho maroto, perdeu-se por este mundo?



Do livro Bairro de São Geraldo, Uma História em Duas Conjugações; Passado e Presente; Virgínia Allan; Edições Muiraquitã. 








sábado, 9 de janeiro de 2010

QUAL A DIREÇÃO CORRETA?

Um homem sábio tinha a reputação, amplamente difundida, de ter-se tornado irracional em sua apresentação de fatos e argumentos. Asssim, decidiu-se fazer um teste para que as autoridades do lugar decidissem enfim, se era uma ameaça para a ordem pública ou não.
No dia do teste, passou montado no lombo de um burro diante de todos. Ia montado de tal forma: com o rosto voltado para a parte traseira do burro. Ao chegar o momento de defender-se, ele perguntou a corte.
- Ao verem-me há um momento atrás, para onde olhava eu?
Os juízes, apostos, disseram- lhe então: - O senhor estava a olhar para o lado errado.
- Pois bem, isto exemplifica exatamente o que quero demontrar - respondeu o homem sábio - já que eu, segundo um ponto de vista, estava a olhar para o lado certo. O burro é que olhava na direção contrária.








As pessoas insistem em ver as coisas somente do modo em que se acostumaram a vê-las. Tomam-na como a maneira "correta". Ao isolar esta tendência em uma simples demonstração, o homem sábio ilustra o fato de que todos nós, todo dia, vemos uma quantidade de coisas de uma forma habitual, o que causa uma enorme limitação em nosso possível pensar, como se fossemos completos idiotas.


(Do livro SUFISMO NO OCIDENTE; Edições Dervish)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

PALIMPSESTO





Escrevo novamente sobre o mesmo papel amassado
Velhas/novas palavras que dizem muito ou quase nada
Desisti do poema em grego antigo que um dia pensei em escrever
Intraduzível seria, talvez até para mim

Porém, o poema em grego antigo, embora apagado, sobrevive no papel amassado
Onde velhas/novas palavras escritas não o conseguem esconder
Mas, não há confusão entre os textos, na verdade, parecem bem conviver

Somente eu, em minha inércia, não vejo pontes a ligar o espírito e o ser
Não há paixão ou entendimento nesse momento...
Quem sou eu agora... ? Pedaço de névoa, a pairar em obscuro pântano!  

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

INCONSTÂNCIA


Impaciente, rompo em prantos, quebrando o silêncio.
Logo a noite se fará dia, revolvo-me em doída, mortal agonia
e temo ao raiar da aurora não mais te encontrar.
Morre o teu sorriso em meu olhar;
saem de minha boca palavras sem sentido
e nem tu compreendes o que digo.
Num instante, serás miragem à luz fugaz
que cobre a paisagem, pois já desponta a manhã sobre este voraz,
sufocante deserto.
Peixe fora d’água,
Longa é a distância que nos separa.
Onde estou?
Onde estás?
Pra onde vou?
Pra onde vais?
Com quem irei?
Com quem irás?
Continuaremos a vagar, tu e eu, por caminhos que não sei?
Perdidos, amortecidos, solitários em cada estação?
Pergunto e repondo a mim mesma.
Há negligência em nossos passos
e tentamos, através de atalhos, chegar a algum lugar.
Mas pra que tanta pressa?
O destino final pouco interessa.
Já dizia o sábio que se o esforço é demasiado,
corre-se o risco de ficar atolado.
Melhor, quem sabe, é esperar por companhia, talvez um guia,
e a hora certa pra continuar a viagem, já que, perigo há
em atravessar sozinho o grande mar.
Nesse discurso inconstante de amor forjado, desenfreado,
roubado do tempo, não te enganes por um só momento (uma vez que, nele, nada há que não esteja impregnado de tua Presença) que nessa ânsia desmedida que ultrapassa o desencanto, o desamor, entendas que Tu, somente Tu és meu bálsamo consolador
É tua imagem querida que refrigera e sossega-me a alma, se estranhas, ensimesmadas amarguras toldam-me a clareza perfeita do dia.






Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...