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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-APENAS UM DETALHE


APENAS UM DETALHE

Ainda dando asas ao meu melancólico estado de desencanto (me aguentem mais um pouco...) darei um exemplo de como somos tolos, ao deixar-nos levar pelo desânimo. Faço isto mais como um exercício... quem sabe me ajudando, me confessando, acabe, por fim a ajudar alguém? Espero que pro bem... Um tempo atrás, um pequeno acidente tomou para mim a proporção de um desastre gigantesco... uma coisinha de nada, de repente, virou um dragão, um bicho de sete –cabeças. Nós, “humanos”, temos essa mania besta de transformar tudo em algo medonhamente gigantesco, dramático e o pior, sem saída... Bom, não sei o que aconteceu, só sei que meu leitor de CD do meu notebook não funciona mais, apesar de, aparentemente, o programa não apresentar nenhum problema e o PC ser novo, nem um ano de uso... Não seria nada demais se as músicas que tinha gravado no computador, um vasto e variado repertório, simplesmente também não houvessem desaparecido sem deixar vestígios. Lá se foram os meus blues na voz do velho Big Bill Broonzy e alguns outros bluesmen de responsa... Na verdade, ter perdido as músicas foi somente um detalhe, um detalhe muiiiiiiiiiito chato, mas é claro que não estou chateada só por causa disso... Recomeçar, seja com o que for ou de que jeito for, é a nossa missão de todo dia, mas levando-se em conta tempo, satisfação e amor pelo que já estava em andamento, recomeçar é uma chateação, além de requerer coragem, esforço, determinação e paciência qualidades, que até tenho, e falo isso sem falsa modéstia, mas, não estou animada para nada, estou numa fase de plena insatisfação e olha que estou falando de um “probleminha”... Caso a se pensar... se estou agindo assim agora, o que será que farei diante dos “grandes problemas” ou direi, dilemas que a vida sempre nos apresenta? Não sei... ou melhor, eu sei, tenho umas regras as quais recorro quando me encontro nesse estado de espírito, regras preciosas que, aliás, já deveria ter assimilado e usado quase que por instinto. Em minha displicência, é fato notório de que talvez esteja de “mal a pior” comigo mesma. Isso me faz lembrar de um episódio de COLD CASE, uma de minhas séries prediletas, em que um psicopata colecionador assassino pegava suas vitimas, sempre mulheres, e as trancava em um quarto escuro.Todas estas mulheres, suas vitimas, tinham um motivo especial para viver, motivos estes que, em sua mente doente, justificava o seu crime: Uma tinha um lindo bebê, a outra uma voz maravilhosa com a qual louvava ao Senhor e a outra, um amor de verdade, daqueles que são pra vida toda, na alegria e na tristeza. O prazer do colecionador psicopata, e assim era o seu método de matar, era justamente tirar dessas mulheres a vontade de viver, tirar delas a fé, a esperança, até o ponto que nem o motivo que, antes, as mantinha presa a vida tivesse mais a menor importância. Em relação a elas, levá-las a desistência era o seu maior e principal objetivo. Sua primeira vítima morreu afogada em um poço, quando ele, adolescente ainda, ao passear pela floresta, ouviu pedidos de socorro e foi então que, recusando-se em ajudar, deparou-se com a cena que ele julgou a mais insólita, a mais linda, a mais sublime que já havia visto: Alguém, por total falta de esperança, por decepção, desistindo de viver. Ele ficou lá, à beira do poço, apenas ouvindo e observando, e em vez de ajudar, cuspiu na água, olhando fixamente nos olhos da moça, esboçando no rosto juvenil um sorriso sutil e feliz. Suas duas outras vítimas tiveram a mesma reação. A mãe se esqueceu do seu filho; a moça devota se esqueceu de seu Deus e, mesmo com todas as saídas, de forma proposital, facilitadas (não seria impedida se quisesse fugir) ainda assim; ela aquiesceu, e, deixou-se morrer, mas, a moça que encontrou seu amor verdadeiro todo dia recomeçava, na escuridão da cela úmida e infecta, ao som do badalo de um sino que todo dia, às mesmas horas, tocava o refrão de uma canção. Para não morrer de tristeza naquele lugar, a moça se agarrou a poesia desses instantes breves e mágicos, repletos de luz; ao soar do sino ela sabia exatamente o dia e a hora em que estava e acompanhava o badalo com sua voz fraquinha, baixinha, quase um murmúrio... Ela não se perdeu, nem esqueceu o seu amor... encheu de luz a escuridão e todo dia recordava a si mesma, todo dia recomeçava nem que fosse na solidão agonizante de uma espera longa e mortal. Hummmmm! Depois de ler o que escrevi, eu deveria me “tocar”... não? Recomece minha senhora, recomece já de onde e do jeito em que está... é tempo ainda... E, cá entre nós, tens muitos motivos, não citarei cada um, para continuares viva. Enche de luz a escuridão e recomeças a contar a tua própria história; nem que sejas tu mesma, a única ouvinte.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-DESENCANTO


DESENCANTO

Desencanto... hoje sou, estou puro desencanto... desencantado com tudo... com o meu futuro, o futuro do mundo... A causa disso deve ser o tempo... chuvoso e sempre apressado... não encontro um jeito de fazê-lo ficar ao meu lado... corro com ele, contra ele, mas nunca ao seu lado... Mas isso são coisas de gente que desencantou; quem desencanta desperta para outra realidade, talvez, desencantado, abra os olhos para a verdadeira realidade da vida. Não temos chance com aqueles que estão surdos, mudos, cegos... “Em terra de cego quem tem olho é rei? É, certamente, mas com poucas chances de exercer o seu poder de modo eficiente... Conheço alguns reis que nunca tem suas ordens acatadas, pois os cegos além de cegos, são surdos, ou melhor, ouvem o que querem e quando querem, sendo também poucas vezes mudos, falam quando deveriam calar... Acho que esta minha apreciação faça jus a mim... deveria estar agora de boca fechada, vedado os pensamentos, predisposto a inação... deveria eu simplesmente estar quieto no meu canto, curtindo a minha solidão, o mau tempo e o meu mau-humor... mas, infelizmente para uns e felizmente para mim, enxergo, ouço e falo bem demais e me recuso a deixar passar tudo em brancas nuvens...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

SEGREDOS QUE PERMEIAM A NOSSA IGNORÂNCIA




Clarice Lispector


Há muitos segredos, Clarice, que permeiam a minha, a nossa, ignorância, que, por vezes, a sinto de forma por demais brutal. Ignorância cheira sempre a omissão, tens razão, é obvia a sensação de mal-estar, de ignorância... enfim, é mesmo uma horrível sensação. E, se cresce, como a escuridão, até se tornar palpável, como dizes, chega a ser uma ofensa descomunal, sem tamanho... a ignorância que nos é imposta (e aceita por nós) é propositalmente sustentada por aqueles que deveriam nos abrir os olhos e a mente, realmente é uma ofensa impar, imperdoável a qualquer um de nós enquanto seres pensantes. Ainda estamos como na Idade Média, pois o que me ofende mesmo é o descaso com que somos tratados cotidianamente. Somos patos, bobocas, prato cheio para políticos mau-intencionados que nos roubam no maior cinismo e disfarçam tudo com discursos floreados, distorcidos, de suas pretensas boa vontade inexistentes. E nós sem entendermos nada, porque sempre somos "vítimas" e até parecemos gostar dessa posição... pobre de nós, pobre povo... sempre vítima das situações. O que nunca entendemos, é que nós, como povo, temos poder, mas sempre intimidados, deixamos de usá-lo. O povo é roubado, espoliado sempre em sua própria época, seja lá em que espaço de tempo for. Coitado do povo. Porém, entenderia o povo se soubesse que é tão poderoso? O que falta ao povo... discernimento? Será que essa ignorância precisa ser permanente... precisa perdurar para sempre... por que não termos um povo sábio, ciente e condutor de seu próprio destino? Será que isto nunca será possível? Será que os segredos físicos e psíquicos, o sumo bem, estão velados ao povo?... bom... há um ditado que diz “que toda maioria é burra”... Será? Nos tratam como crianças tolas, incultas, nada modestas com a alegria, embevecidas, comovidas, com a piedade e os “cuidados” de quem nos humilha, e o fio de esperança realizáveis, quase invisível, que por Deus nos é estendido, não por piedade, mas, por nos ser de direito, este fio de esperança, dádiva divina, matéria do qual são feitos os sonhos, passa por nós “quase” desapercebido... “quase” nunca é visto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MAIS QUE FÁBULA, VIDA REAL...


Tradução Virgínia Allan
Era uma vez, não faz muito tempo, certo edifício infestado por ratos. Os administradores deste decidiram por bem exterminá-los, então, certa noite espalharam raticida de cima abaixo da construção, porém, na manhã seguinte o veneno tinha desaparecido, os ratos o haviam comido. “Trocaremos o veneno”, disseram os administradores e fizeram nova tentativa. Mas, também esta segunda dose mortal, foi gulosamente ingerida pelos ratos, que, ainda deram mostras de que muito haviam aproveitado a nova dieta.
Decidiram-se recorrer às velhas ratoeiras e para tentar aos ratos imunes a veneno, utilizaram como isca, suculentos pedaços de queijo. Entretanto, os ratos nem tocaram o queijo. Foi aí, que, um dos administradores, pensou: “Talvez os ratos tenham desenvolvido gosto pelo veneno, talvez lhes faça bem”. Assim supondo, comunicou aos outros e armaram um plano, que foi posto em execução na mesma noite: colocaram nas ratoeiras, queijo polvilhado com veneno. Na manhã seguinte, as ratoeiras estavam cheias de ratos fortes e saudáveis.

Desta história, pode-se extrair toda sorte de moral e ensinamentos, mas, a citamos aqui, por ser absolutamente verídica ou pensa você que as fábulas são meros produtos da imaginação, tolas fantasias, destinadas somente a divertir ou instruir? As melhores fábulas se extraem da vida real, da própria comunidade e dos processos mentais do individuo.

De uma notícia impressa no Daily Mail, Londres, 2 de Dezembro de 1967, pág. 9, col. 3... coletada por Idries Shah e posta como nota introdutória de seu livro REFLEXIONES, Edições PAIDOS.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

AFORISMOS


Tradução: Virgínia Allan


Otimismo/Pessimismo: Às vezes, um pessimista é tão somente um otimista com informação adicional.


Os fins e os meios: Estarão à deriva aqueles que crêem, todavia, que um meio possa ser um fim.


Oportunidade: As pessoas se esquecem que, quando se aceita uma oportunidade, esta não seja, talvez, o que crêem que seja. Um homem reconhece e aceita uma oportunidade de acordo com o grau de homem que é, e também se esta oportunidade é uma que realmente lhe corresponde.


Fama e esforço: O esforço torna famosos a alguns gandes homens. Um esforço ainda maior, permite que a outros grandes homens permaneçam desconhecidos.


Prejuízo: As gentes não podem manobrar o prejuízo porque tentam entender-se com o sintoma. O prejuízo é o sintoma, as suposições erradas são a causa. "O prejuízo é o filho da suposição.


Talento: O talento é a presença da habilidade e a ausência da compreensão sobre a fonte e funcionamento do conhecimento.


Conhecimento x Crença: O conhecimento é algo que tu podes utilizar. A crença é algo que utiliza a ti.


Sombra: Hás notado que quanta gente que caminha na sombra, maldiz o sol?


Idries Shah; REFLEXIONES, Ediciones Paidos


sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

NOTA DISSONANTE



No céu do Oriente, há tempos não brilha a luz da estrela de Belém. Ela foi empanada por outra espécie de brilho, certamente menos belo, menos amável, menos intenso... porém, certeiro, rápido e mortal. Hoje, o que brilha no céu do Oriente, não são os foguetes de festas, nem de felicidades, e a fumaça que sobe não é um sinal de paz... O brilho, no céu do Oriente, é traiçoeiro, medonho e voraz. Ultimamente, as crianças palestinas tem sofrido bastante... elas estão levando a pior... pais assustados, desesperados... famílias inteiras, há anos, raramente escapam dos bombardeios lançados ou do brilho de ódio que percebem nos olhos do estranho que mora ao lado; ódio acumulado, tanto de um lado quanto de outro, por décadas e décadas de uma guerra interminável. Acontece agora tal e qual aconteceu outrora, em tempos remotos, quando Jesus e sua família fugiam da ira assassina dos soldados romanos; a história se repete do mesmo modo, brutal e cruel, mas neste cenário atual, nos dois lados, não há reis magos, nem José e Maria, há apenas meninos Jesus assassinados, homens e mulheres, seres humanos massacrados, desamparados, que recebem de presente do mundo calado porções de mísseis, fuzis, bombas, mártires suicidas e granadas de indiferença; indiferença que campeia triunfante por entre os homens errantes desta terra, que exercem em seus domínios, em puro delírio, egoístico poder... infelizmente, parece não haver solução... irredutiveis sãos os dogmas, as ideologias apregoadas, o ensinamento religioso deturpado... A Jihad islâmica, certamente continuará, Israel resitirá e será assim, até a destruição total... até o fim dos dias... Tomara que não... Estamos todos a espera de um milagre e não do Juízo Final...

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

SE EU ADORMECER NÃO ME ACORDE


Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Acordado, não há suporte que acomode minha vida incomodada
Prefiro sonhar estranhos sonhos
do que encarar face a face a dura realidade
e os desenganos sem tamanhos

O sono, em cinza, acolhe-me em seus braços
E em sossego, adormeço, esquecendo os dissabores
Melhor que um bom vinho, que me faça falar a verdade
É adormecer em profundo sono

O sono, eu sei, é irmão gêmeo da morte
E talvez, mais valesse morrer de vez
Mas fraco, covarde, vil humano, ainda vacilo diante do encontro com a dama de negro

Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Há poucas flores a enfeitar-me o passo
As alegrias são fitas coloridas e fininhas que amarram
a inquieta quietude a surpreendente fatalidade escondida nos dias

As águas da chuva descem morro, serra, encosta
Levando gente, lembranças, tudo...
É água que mata, chuva desvairada, afogando as esperanças e um desejo de futuro

Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Não quero ouvir um réquiem para os mortos
Nem as preces dos humilhados e o choro dos desesperados

É Natal, é Ano Novo e deveria reinar a paz na Terra, mas,
só o que o que se houve sobre ela é “choro e ranger de dentes”...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ESTRANHO DIA




Foi num estranho dia
Que me chegaste
Quando a tristeza ainda me consumia
Porém, com um olhar me alegraste
E nele vi o quão me querias
Revelando-me um amor antigo
Por anos e anos recolhido

Desde então, querido, de minha vida fazes parte
E é um tormento quando não te vejo
Lamentos saem da boca que anseia beijar-te
E os olhos fecho em puro desassossego

Velhas mágoas ao meu peito afloram
E meu canto de esperança eu desafino
Incerto do amor que me devotas
Incerto do rumo do meu próprio destino

Mas, quando surges
Belo e esplendido como o sol
O temor me foge, rápido, veloz
E sou novamente surpreendido pela alegria
Bufão atrapalhado ao teu sorriso acorrentado

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-BLUE MODE



BLUE MODE


Hoje a melancolia me invade... isso costuma acontecer muito comigo, sou naturalmente melancólica, faz parte de minha natureza. Pra piorar, chove, (novidade...?!) e logo pela manhã o barulho do rádio do vizinho invadiu o meu quarto... no noticiário as noticias de sempre. Antes costumava acordar com o canto de pássaros, mas já faz tempo que o quintal do meu vizinho deixou de ser uma pequena floresta onde a noite sumia por dentro... Apesar de tudo, ainda há canto de pássaro... Não consegui mais dormir... Agora, decorrida metade da manhã, diante do meu notebook, escrevo, e, enquanto escrevo, vou escutando um velho blues na voz de Big Bill Broonzy... Cansaço! Eu, mesmo sem estar longe de minha terra natal, me sinto com “banzo” também... Minha saudade é outra, mas não menos amarga. Foi nas vozes de lamento, que subiam das plantações de algodão, no sul dos Estados Unidos, que nasceu o Blues, que, no modo comum de falar do Delta do Mississipi, em sua tradução, quer dizer “melancolia”; melancolia que passava das almas e dos corações para as vozes dos seres transformados em escravos que então procuravam amenizá-la, cantando... eu não canto, mas, escuto... e me sinto com “banzo”. Arrancados de sua terra, pelo uso extremo da força, viajando em precárias condições, amontoados nos porões em navios apelidados de “tumbeiros”, para virem plantar e colherem algodão, milho e tabaco para os brancos em estados de Nova Orleans, Mississipi, Alabama, Louisiana e Geórgia os “negros” eram puro desalento... Quanto sofrimento! Nos campos, sob a claridade do sol, punha-se um deles a entoar um verso, que era, em seguida, repetido em coro, pelos outros. As “work-songs” (canções de trabalho) só eram permitidas pelos fazendeiros por imprimirem um ritmo, uma cadência, ao ato de plantar e colher e assim deixar o “negro” menos triste. A princípio as canções eram entoadas nas línguas nativas como o banto e yoruba; mas, com o tempo, elas foram se misturando ao idioma inglês, e, invocando sempre a ajuda de DEUS, a música acabou servindo como um canal, para expor e “curar” seus males, não só a saudade da terra natal, mas, também, as dores de amores e da sua miserável condição. Eu também tenho um blues dentro de mim, e, sai assim, como as antigas “work-songs”; começa aos poucos, num murmúrio e se alonga com a respiração e o pensamento, um lamento... Meu blues sai de meus dedos, salta nas palavras, nas páginas em que escrevo, nasce das histórias que leio; renasce nos contos que reconto vive nos contos que invento e no dia a dia que reinvento. Meu instrumento é o teclado de meu computador, onde pulsa, em descompasso, o meu coração.






segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-BOM DIA, TRISTEZA







Pablo Picasso (25/10/1881-08/04/1973) Fase azul




BOM DIA, TRISTEZA

Hoje a tristeza veio me visitar. Não marcou hora nem nada me perguntou. Foi entrando sem pedir licença, sem presente de Natal, sem votos de felicidades para o Ano Novo. Incomodada, mesmo assim a cumprimentei. Dei-lhe um meio sorriso e “Bom dia” lhe disse. Com um olhar sombrio ela nada me respondeu, continuou calada enquanto vagueava pela sala mal pintada... Dirigiu-se à mesa pequena e desarrumada... Ouviu o silêncio vazio da casa... Balançou a cabeça em sinal de consentimento. Baixou os olhos, aprumou-se... passou a mão pelo cabelo negro em desalinho. Ajeitou o comprido vestido azul... Queixou-se da cansativa viagem e foi para o quarto; o meu quarto... Calmamente fechou portas e janelas, que, não por acaso estavam abertas, e por onde ainda teimava entrar alguma claridade; uma claridade fria e tímida de um sol amarelado e trêmulo, que logo se escondeu por detrás das nuvens. Por fim, puxou as cortinas, e então todo o meu mundo mergulhou de vez na penumbra. Pedi-lhe que se fosse; expliquei-lhe que, para ela, não havia lugar, pois bem-vinda não era, ao recesso de meu lar. Chorei, implorei... mas ela insistiu em ficar. E agora que aqui está, diz-me a pálida senhora, que muito sente, mas não sabe quando se irá embora, porém, não é sua intenção incomodar... Necessita apenas de um descanso para os pés, uma xícara de café, chocolate ou chá e um ombro pra se encostar...

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...