Um corvo, um cobre

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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

SE EU ADORMECER NÃO ME ACORDE


Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Acordado, não há suporte que acomode minha vida incomodada
Prefiro sonhar estranhos sonhos
do que encarar face a face a dura realidade
e os desenganos sem tamanhos

O sono, em cinza, acolhe-me em seus braços
E em sossego, adormeço, esquecendo os dissabores
Melhor que um bom vinho, que me faça falar a verdade
É adormecer em profundo sono

O sono, eu sei, é irmão gêmeo da morte
E talvez, mais valesse morrer de vez
Mas fraco, covarde, vil humano, ainda vacilo diante do encontro com a dama de negro

Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Há poucas flores a enfeitar-me o passo
As alegrias são fitas coloridas e fininhas que amarram
a inquieta quietude a surpreendente fatalidade escondida nos dias

As águas da chuva descem morro, serra, encosta
Levando gente, lembranças, tudo...
É água que mata, chuva desvairada, afogando as esperanças e um desejo de futuro

Se eu adormecer, por favor, não me acorde
Não quero ouvir um réquiem para os mortos
Nem as preces dos humilhados e o choro dos desesperados

É Natal, é Ano Novo e deveria reinar a paz na Terra, mas,
só o que o que se houve sobre ela é “choro e ranger de dentes”...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ESTRANHO DIA




Foi num estranho dia
Que me chegaste
Quando a tristeza ainda me consumia
Porém, com um olhar me alegraste
E nele vi o quão me querias
Revelando-me um amor antigo
Por anos e anos recolhido

Desde então, querido, de minha vida fazes parte
E é um tormento quando não te vejo
Lamentos saem da boca que anseia beijar-te
E os olhos fecho em puro desassossego

Velhas mágoas ao meu peito afloram
E meu canto de esperança eu desafino
Incerto do amor que me devotas
Incerto do rumo do meu próprio destino

Mas, quando surges
Belo e esplendido como o sol
O temor me foge, rápido, veloz
E sou novamente surpreendido pela alegria
Bufão atrapalhado ao teu sorriso acorrentado

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-BLUE MODE



BLUE MODE


Hoje a melancolia me invade... isso costuma acontecer muito comigo, sou naturalmente melancólica, faz parte de minha natureza. Pra piorar, chove, (novidade...?!) e logo pela manhã o barulho do rádio do vizinho invadiu o meu quarto... no noticiário as noticias de sempre. Antes costumava acordar com o canto de pássaros, mas já faz tempo que o quintal do meu vizinho deixou de ser uma pequena floresta onde a noite sumia por dentro... Apesar de tudo, ainda há canto de pássaro... Não consegui mais dormir... Agora, decorrida metade da manhã, diante do meu notebook, escrevo, e, enquanto escrevo, vou escutando um velho blues na voz de Big Bill Broonzy... Cansaço! Eu, mesmo sem estar longe de minha terra natal, me sinto com “banzo” também... Minha saudade é outra, mas não menos amarga. Foi nas vozes de lamento, que subiam das plantações de algodão, no sul dos Estados Unidos, que nasceu o Blues, que, no modo comum de falar do Delta do Mississipi, em sua tradução, quer dizer “melancolia”; melancolia que passava das almas e dos corações para as vozes dos seres transformados em escravos que então procuravam amenizá-la, cantando... eu não canto, mas, escuto... e me sinto com “banzo”. Arrancados de sua terra, pelo uso extremo da força, viajando em precárias condições, amontoados nos porões em navios apelidados de “tumbeiros”, para virem plantar e colherem algodão, milho e tabaco para os brancos em estados de Nova Orleans, Mississipi, Alabama, Louisiana e Geórgia os “negros” eram puro desalento... Quanto sofrimento! Nos campos, sob a claridade do sol, punha-se um deles a entoar um verso, que era, em seguida, repetido em coro, pelos outros. As “work-songs” (canções de trabalho) só eram permitidas pelos fazendeiros por imprimirem um ritmo, uma cadência, ao ato de plantar e colher e assim deixar o “negro” menos triste. A princípio as canções eram entoadas nas línguas nativas como o banto e yoruba; mas, com o tempo, elas foram se misturando ao idioma inglês, e, invocando sempre a ajuda de DEUS, a música acabou servindo como um canal, para expor e “curar” seus males, não só a saudade da terra natal, mas, também, as dores de amores e da sua miserável condição. Eu também tenho um blues dentro de mim, e, sai assim, como as antigas “work-songs”; começa aos poucos, num murmúrio e se alonga com a respiração e o pensamento, um lamento... Meu blues sai de meus dedos, salta nas palavras, nas páginas em que escrevo, nasce das histórias que leio; renasce nos contos que reconto vive nos contos que invento e no dia a dia que reinvento. Meu instrumento é o teclado de meu computador, onde pulsa, em descompasso, o meu coração.






segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-BOM DIA, TRISTEZA







Pablo Picasso (25/10/1881-08/04/1973) Fase azul




BOM DIA, TRISTEZA

Hoje a tristeza veio me visitar. Não marcou hora nem nada me perguntou. Foi entrando sem pedir licença, sem presente de Natal, sem votos de felicidades para o Ano Novo. Incomodada, mesmo assim a cumprimentei. Dei-lhe um meio sorriso e “Bom dia” lhe disse. Com um olhar sombrio ela nada me respondeu, continuou calada enquanto vagueava pela sala mal pintada... Dirigiu-se à mesa pequena e desarrumada... Ouviu o silêncio vazio da casa... Balançou a cabeça em sinal de consentimento. Baixou os olhos, aprumou-se... passou a mão pelo cabelo negro em desalinho. Ajeitou o comprido vestido azul... Queixou-se da cansativa viagem e foi para o quarto; o meu quarto... Calmamente fechou portas e janelas, que, não por acaso estavam abertas, e por onde ainda teimava entrar alguma claridade; uma claridade fria e tímida de um sol amarelado e trêmulo, que logo se escondeu por detrás das nuvens. Por fim, puxou as cortinas, e então todo o meu mundo mergulhou de vez na penumbra. Pedi-lhe que se fosse; expliquei-lhe que, para ela, não havia lugar, pois bem-vinda não era, ao recesso de meu lar. Chorei, implorei... mas ela insistiu em ficar. E agora que aqui está, diz-me a pálida senhora, que muito sente, mas não sabe quando se irá embora, porém, não é sua intenção incomodar... Necessita apenas de um descanso para os pés, uma xícara de café, chocolate ou chá e um ombro pra se encostar...

domingo, 28 de dezembro de 2008

AUSÊNCIA



Suprimo, meu amado,
as longas horas em que te espero
ardendo no fogo invisível do mais puro amor
E como a mariposa ao redor da lâmpada
ensaio minha última dança
E pelas esferas encantadas, escondidas,
vai meu espírito, livre, soberano
ao encontro da rosa mística...
Pois saibas amante adorado,
sobre esta terra,
somos nós como um sopro ou a chama vacilante de uma vela
sonho vago,
que, lentamente, se apaga
na mente daquele que desperta.

sábado, 27 de dezembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-A FLOR, A DOR E O AMOR



A FLOR, A DOR E O AMOR


Havia uma flor
Havia uma dor
Havia o meu amor
Esperava que uma supernova
surgisse resplandecente pela estrada
de minha vida afora
Havia o meu amor
Havia uma dor
Havia uma flor
Não devia carregar nenhuma bagagem
Esqueci-me dos conselhos dos antigos sábios
e entreguei-me a inúmeros perigos
Exposta a toda sorte de desatinos
Havia uma dor
Havia o meu amor
Não mais havia a flor
O jardim tão bem cuidado, mergulhado em sombras
Murchou... ressecou... perdeu a cor
Triste, tentei voltar sobre os meus passos
Mas era tarde... a longa estrada se estreitava a cada passada
Havia o meu amor...
Mas ainda havia a dor
Porém, a dor foi amenizando conforme o tempo decorrido
e o trabalho compreendido
Havia boa intenção e a vontade em dar as mãos
Havia compreensão
A alegria secreta tomou conta de meu ser
E entendi, finalmente, o por quê...
De repente...
Não mais havia a dor
Havia somente o meu amor


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-MIL RAZÕES PARA UM BLUES



TULIPA NEGRA


Graciosa rainha da noite,
que a lua enche de graças e infindáveis carinhos.

Nenhuma canção, jamais, fará jus a tua beleza, pois, nenhum bardo, por mais sábio que seja,
conseguirá apreender o teu real significado.
Por mais que ele cante o amor,
as lágrimas teimarão em rolar
por seu rosto descontente,
já que o negror da tulipa é incognoscível,
e descrevê-la não é possível


Do livro RÉQUIEM; Virgínia Allan, Editora Scortecci




MIL RAZÕES PARA UM BLUES


Misteriosa e fascinante é a flor Tulipa. Originária da Turquia, tulipan (que quer dizer, turbante) pertence à família dos lírios (liliáceas) e costuma florescer no fim da primavera. Reza uma lenda persa que, certa moça, Ferhad, apaixonou-se perdidamente por um rapaz, Shirin, que, entretanto, não correspondeu a essa louca paixão. Rejeitada, Ferhad fugiu para o deserto, aonde ninguém pudesse vê-la chorar... e Ferhad chorava constantemente, dia e noite, de saudade, tristeza e solidão e cada lágrima vertida, caída ao chão, mal tocavam a areia, transformava-se em uma linda flor, a tulipa. A tão decantada tulipa negra, que, na verdade, possui tonalidade marrom-escuro, é conhecida como “rainha da noite” e assim como diz o poema, descrever a sua beleza com exatidão, não é possível. Motivo de inspiração a poetas e escritores, a exaltada beleza maravilhosa desta flor, perde-se no imaginário da humanidade na vã tentativa em decifrar os seus mistérios. Símbolo de perfeição, oculta, dentro de nossas almas, está a sua essência, misturada a nossa, em um casamento feliz e possível. Entretanto, poucos são aqueles que se dão conta deste milagre interior, pois a busca eterna por nós mesmos está, muitas vezes, centralizada apenas nos aspectos externos, deixando-se de lado o retorno positivo proporcionado pela natureza das coisas. Dentro e fora de nós, está a verdade, revestida de vários modos, em variadas formas, seja na imagem de uma criança; de um quadro, de um poema ou na forma de uma flor, portanto, descobri-la não é algo tão distante, e é isto que nos diz a preciosa tulipa, de negras pétalas aveludadas, cuja criação o homem, ainda, não foi capaz, sequer, de igualar. Título igualmente de um livro de Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros, o romance A Tulipa Negra trata da realização de dois sonhos quase que impossíveis: a concretização de um amor e a produção de uma tulipa negra. A história se passa na Holanda, em pleno século XVII, entre os anos de 1672 e 15 de maio de 1673: Um médico, que também cultiva tulipas, Cornelius van Baerle, é preso, sob falsa acusação pelo crime de traição. Na cadeia, apaixona-se por Rosa, a belíssima filha do carcereiro. Um prêmio de cem mil florins é o que oferece a Associação Hortícola de Haarlem ao desafio proposto de se produzir uma tulipa totalmente negra este é o enredo da história, todavia não foi o belo e intrigante tema do romance de Alexandre Dumas; muito menos a lenda acima descrita, que originaram o nome da mais antiga banda de blues manauara... Fiz o relato acima apenas como uma curiosidade e afim de evitar especulações. Gostamos de ler e escrever, entretanto, nunca lemos o livro de Alexandre Dumas e, tampouco ainda, já chegamos perto de uma tulipa negra. A tulipa também não é uma flor regional, ou quiçá, nacional, além do quê, floresce no fim da primavera, estação que não temos em nosso estado, mas é um símbolo de recomeço e, pensamos, um sonoro e exótico nome para uma banda cujo gênero foge um pouco ao gosto do grande público... mas, retirando uma lição desse caldeirão, que alguns poderão chamar de "mistura estranha", é sempre bom imaginar a possiblidade do impossível; é sempre bom imaginar que podemos sim, realizar os sonhos. Temos não uma, mas mil razões para um blues, todas possíveis, realizáveis... Nossos sonhos e nossas razões, não são correr atrás de fama e fortuna, claro, seria ótimo que, de repente, elas viessem como enfeite do trabalho árduo, mas temos nós os pés no chão e não voamos nas asas da ilusão, voamos sim, como já dissemos na "razão de um blues", e o que estamos tentando fazer é deixar um legado para o futuro, um legado modesto, porém, digno de nota ou de todos os tons. Desejamos inpirar, promover e abrir novos horizontes... Só assim, nestas condições, é que conseguiremos todos escapar do horrendo estado em que somos jogados, muitas vezes, pela absoluta miséria espiritual, moral e material... Seres inacabados que somos, temos ainda muito o que fazer.

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...