Um corvo, um cobre

Se quiser jogar um cobre a um corvo pobre, será muito bem vindo: chave pix: virginiallan@hotmail.com

Quem sou eu

Minha foto
Manaus, AM, Brazil

Translate

Wikipedia

Resultados da pesquisa

Pesquisar este blog

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

POEMA INACABADO






Surge o sol
Clareia a terra
A vida volta cresce se regenera
Acaba começa se transforma
Nunca pára, está sempre
em linha reta
Li certa vez que
“O sol não guarda luto*”
Sensatez que a lua e o  mar não possuem




"O sol não guarda luto" (Némer Ibn el Barud)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-CINZA OPACO



CINZA OPACO

Manhã
De um cinza opaco
Te vejo no retrato
E pedaços de uma vida

“Flash backs” em branco e preto

Cubro o rosto com o véu cinza
Dessa manhã
Divagando em mágico pensar

Espanto o gato preto
Tranco as portas e janelas
Bato três vezes na madeira

Invoco teu nome
Em frente o espelho
Mas tua presença iluminada
Não surge diante de mim

Vou ao jardim e pela palmeira mais alta subo até o céu
Afasto as nuvens e roubo então um raio de sol
Pra espantar a solidão




terça-feira, 12 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-MEU BAIRRO ERA ASSIM...



MEU BAIRRO ERA ASSIM... 




Era assim o meu bairro... Um bairro imperfeito, meio sem jeito... 
Lembro-me bem de seus moradores e suas conversas de calçadas, em frente das casas, com flores nas janelas e portas abertas, escancaradas... 

“Ciranda, ó ciranda”... 
Foram todos cirandar?
“Roda, roda, roda criança mas, quem te ensinou a nadar?...” 
No igarapé de águas rasas, que passava lá embaixo,  
acompanhando a cantiga do peixe miúdo, que nadava muito seguro, 
nas mãos em forma de concha do moleque festeiro... 
Eheeê...caboclinho maroto, perdeu-se por este mundo?



Do livro Bairro de São Geraldo, Uma História em Duas Conjugações; Passado e Presente; Virgínia Allan; Edições Muiraquitã. 








sábado, 9 de janeiro de 2010

QUAL A DIREÇÃO CORRETA?

Um homem sábio tinha a reputação, amplamente difundida, de ter-se tornado irracional em sua apresentação de fatos e argumentos. Asssim, decidiu-se fazer um teste para que as autoridades do lugar decidissem enfim, se era uma ameaça para a ordem pública ou não.
No dia do teste, passou montado no lombo de um burro diante de todos. Ia montado de tal forma: com o rosto voltado para a parte traseira do burro. Ao chegar o momento de defender-se, ele perguntou a corte.
- Ao verem-me há um momento atrás, para onde olhava eu?
Os juízes, apostos, disseram- lhe então: - O senhor estava a olhar para o lado errado.
- Pois bem, isto exemplifica exatamente o que quero demontrar - respondeu o homem sábio - já que eu, segundo um ponto de vista, estava a olhar para o lado certo. O burro é que olhava na direção contrária.








As pessoas insistem em ver as coisas somente do modo em que se acostumaram a vê-las. Tomam-na como a maneira "correta". Ao isolar esta tendência em uma simples demonstração, o homem sábio ilustra o fato de que todos nós, todo dia, vemos uma quantidade de coisas de uma forma habitual, o que causa uma enorme limitação em nosso possível pensar, como se fossemos completos idiotas.


(Do livro SUFISMO NO OCIDENTE; Edições Dervish)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

PALIMPSESTO





Escrevo novamente sobre o mesmo papel amassado
Velhas/novas palavras que dizem muito ou quase nada
Desisti do poema em grego antigo que um dia pensei em escrever
Intraduzível seria, talvez até para mim

Porém, o poema em grego antigo, embora apagado, sobrevive no papel amassado
Onde velhas/novas palavras escritas não o conseguem esconder
Mas, não há confusão entre os textos, na verdade, parecem bem conviver

Somente eu, em minha inércia, não vejo pontes a ligar o espírito e o ser
Não há paixão ou entendimento nesse momento...
Quem sou eu agora... ? Pedaço de névoa, a pairar em obscuro pântano!  

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

INCONSTÂNCIA


Impaciente, rompo em prantos, quebrando o silêncio.
Logo a noite se fará dia, revolvo-me em doída, mortal agonia
e temo ao raiar da aurora não mais te encontrar.
Morre o teu sorriso em meu olhar;
saem de minha boca palavras sem sentido
e nem tu compreendes o que digo.
Num instante, serás miragem à luz fugaz
que cobre a paisagem, pois já desponta a manhã sobre este voraz,
sufocante deserto.
Peixe fora d’água,
Longa é a distância que nos separa.
Onde estou?
Onde estás?
Pra onde vou?
Pra onde vais?
Com quem irei?
Com quem irás?
Continuaremos a vagar, tu e eu, por caminhos que não sei?
Perdidos, amortecidos, solitários em cada estação?
Pergunto e repondo a mim mesma.
Há negligência em nossos passos
e tentamos, através de atalhos, chegar a algum lugar.
Mas pra que tanta pressa?
O destino final pouco interessa.
Já dizia o sábio que se o esforço é demasiado,
corre-se o risco de ficar atolado.
Melhor, quem sabe, é esperar por companhia, talvez um guia,
e a hora certa pra continuar a viagem, já que, perigo há
em atravessar sozinho o grande mar.
Nesse discurso inconstante de amor forjado, desenfreado,
roubado do tempo, não te enganes por um só momento (uma vez que, nele, nada há que não esteja impregnado de tua Presença) que nessa ânsia desmedida que ultrapassa o desencanto, o desamor, entendas que Tu, somente Tu és meu bálsamo consolador
É tua imagem querida que refrigera e sossega-me a alma, se estranhas, ensimesmadas amarguras toldam-me a clareza perfeita do dia.






terça-feira, 5 de janeiro de 2010

FAITHFULLY





Veio bater-me a porta
Cabisbaixa, sorrateira,
E não era velha, nem moça

Era bonita ao seu modo de ser
Num gesto cálido, sem nada dizer,
pegou-me nos braços e fez-me um afago

Depois, afastando-me um pouco
Olhou-me com olhos doces, de bondade
Uma mistura fatal de fadiga e irrealidade
Olhos de quem adormeceu, mas, não sonhou

Não a reconhecera de pronto
Porém, seu vestido preto acinzentado,
Salpicado de manchas roxas e marrons, dissera-me que já a tinha visto, que, claro, jamais a poderia ter esquecido, pois presente estava em algum momento

Quase sempre, vinha no vento ou no canto dos pássaros
e deixava-se ficar por um longo tempo, observando
a paisagem do alto dos prédios ou mesmo por cima dos galhos
das árvores ou ainda por sobre as campas do cemitério

Claro, não poderia jamais tê-la esquecido
pois, presente estava em algum momento
Fosse na paz, no sossego de um domingo, fosse num dia
de tumultuosa, ruidosa alegria

Era tão discreta, silenciosa, que sempre achavam que havia ido embora
Entretanto, cedo ou tarde alguém a via de relance e ao procurá-la no salão da alma, cujo  corredor conduz direto ao coração, seu lugar preferido, é que reparavam no que dizia o letreiro, tão antigo, pendurado à porta:

“A Saudade, às vezes vai lá fora, sai mas volta, nunca vai embora. A Saudade é senhora. Ela ainda mora aqui.”

Cantilena do Corvo

DEMÔNIOS... OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

  Sempre indaguei da vida, se ela presta mesmo, apesar de, lá no fundo de mim, acreditar que sim, “a vida presta”, apesar de tantas barbarid...