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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
PERDIDO PAÍS DE SIÃO
sábado, 26 de dezembro de 2009
LUA NO POÇO
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
UM CONVITE INESPERADO
Releu o convite e pensou que seria melhor comprar um presente e fazer uma rápida visita. Quem sabe não estava se esquecendo de algum velho amigo, que estava a lhe pregar uma peça?! Melhor esclarecer tudo o quanto antes. Todos sabiam o quanto ela detestava essas brincadeiras que deixam as pessoas com cara de bobas.
A rua Belém de Judá não ficava longe dali, era até mesmo, fácil encontrá-la, pois os seus moradores haviam colocado à entrada, como enfeite natalino, uma enorme estrela dourada. Quanto ao casal, mesmo sem sobrenome, também seria muito simples. José e Maria existem em todo canto. É claro, a se notar pela delicadeza do convite, que este simpaticíssimo casal não levaria em conta se ela passasse por lá um pouquinho antes do previsto.
“Alguém, pensou Maria Luisa; está prestes a nascer... ou prestes morrer! Espero que seja um nascimento, um lindo nascimento. Se não é possível uma vida harmoniosa e feliz para todos; ao menos em época de Natal, fome e morte, poderiam não existir.”
Esta conclusão provocou-lhe um súbito desânimo que fê-la pensar em voltar para casa. Olhou para o céu, em busca de uma inspiração. À noite, apesar da lua, estava tão escura... então, viu a estrela brilhando, piscando, como que querendo chamar sua atenção O contentamento substituiu o desânimo, seguiria sua intuição. Assim, estacionou o carro, pegou o presente e seguiu a pé, sempre de olho na estrela Estranhamente, iam rareando os transeuntes, as casas e as praças e estaria na mais absoluta escuridão se não fosse a luz brilhante da estrela. Maria Luisa teve a certeza de que estava sonhando. Tentou não se incomodar com o que estava acontecendo. Continuou andando com o presente nas mãos e um leve temor no coração.
Maria Luisa, diante daquela cena familiar e antiga, lnão quis mais pensar se sonhava ou não, entregu-se e libertou sua alma cansada de todos os anseios e temores e, com lágrimas nos olhos, ajoelhou-se, junto a todos,
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
NATAL... NATAL... NATAL...
domingo, 20 de dezembro de 2009
OS SINOS
OS SINOS
Edgar Allan Poe
Tradução – Oscar Mendes
I
Escuta: nos trenós tilintam sinos argentinos
Ah! Que mundo de alegria o som cantante prenuncia!
Como tinem, lindo, lindo, no ar da noite fria e bela!
Vão tinindo e o céu inteiro se constela, florescente,
refulgindo com deleites cristalinos!
Dão ao Tempo uma cadência tão constante
como um único descante com os tintinabulares, pequeninos sons
bem finos que nascendo vão dos sinos
sim, dos sinos, sim, dos sinos.
II
Escuta: em núpcias vão cantando os sinos, áureos sinos!
Quantos mundos de ventura seu tanger nos prefigura!
No ar da noite, embalsamado, como entoam
seu enlevo abençoado!
Tons dourados, lentas notas, concordantes...
E tão límpido poema aí flutua para as rolas,
que o escutam, divagantes, vendo a lua!
Volumoso, vem das celas retumbantes todo um jorro
de euforia que se amplia! Que se amplia!
“O futuro é belo e bom!” – clama o som,
que arrebata, como em êxtases divinos,
no balanço repicante que lá soa, que tão bem, tão bem ecoa,
na vibrante voz dos sinos, sinos, sinos
carrilhões e sinos, sinos, no rimado, consoante
som dos sinos.
III
Escuta: em longo alarma bradam os sinos, brônzeos sinos!
Ah! que história de agonia, turbulenta, se anuncia!
Treme a noite, com pavor, quando os ouve
em seu bramido assustador! Tanto é o medo que,
incapazes de falar se limitam a gritar em tons frouxos,
desiguais, clamorosos, apelando por clemência ao surdo fogo,
contendendo loucamente com o frenesi do fogo,
que se lança bem mais alto, que em desejo audaz estua de,
no empenho resoluto de algum salto
(sim! agora ou nunca mais!), alcançar a fronte pálida da lua!
Oh! os sinos, sinos, sinos!
De que lenda pavorosa, de alarmar, falam tanto?
Clangorantes, ululantes, graves, finos, quanto espanto vertem
quanto, no fremente seio do ar!
E por eles bem a gente sabe – ouvindo seu tinido, seu bramido –
se o perigo é vindo ou findo.
Bem distintamente o ouvido reconhece pela luta, na disputa,
se o perigo morre ou cresce, pela ampliante ou decrescente
voz colérica dos sinos, badalante voz dos sinos
sim, dos sinos, sim, dos sinos,
carrilhões e sinos, sinos, no clamor e no clangor que vêm dos sinos!
IV
Escuta: dobram, lentamente, os sinos, férreos sinos!
Ah! que mundo de pensares tão solenes põem nos ares!
Na silente noite fria, quanto a alma se arrepia à ameaça desse canto
melancólico de espanto!
Pois em cada som saído da garganta enferrujada
há um gemido!
E os sineiros (ah! essa gente que, habitando o campanário solitário,
vai dobrando, badalando a redobrada voz monótona
e envolvente...), quão ufanos ficam eles, quando vão
tombar pedras sobre o humano coração!
Nem mulher nem homem são, nem são feras: nada mais
Do que seres fantasmais.
E é seu Rei quem assim tange, é quem tange, e dobra, e tange.
E reboa triunfal, do sino, a loa!
E seu peito de ventura se entumesce com os hinos funerários
lá dos sinos; dança, ulula e bem parece ter o Tempo
num compasso tão constante qual de rúnico descante
pelos hinos lá dos sinos! ha! dos sinos!
leva o Tempo num compasso tão constante
como em rúnico descante, pela pulsação dos sinos, a plangente
voz dos sinos, pelo soluçar dos sinos!
Leva o Tempo num compasso tão constante
que a dobrar se sente, ovante, bem feliz com esse rúnico descante
com o reboar que vem dos sinos, a gemente voz dos sinos
o clamor que sai dos sinos, alucinação dos sinos, o angustioso,
lamentoso, longo e lento som dos sinos!
domingo, 29 de novembro de 2009
O FAVORITO DO REI
Agora que o sol se pôs, não quero namorar a lua. Vesti-me de azul e afrontei o mar. A arrogância rogou-me piedade, mas eu a calquei sob os pés, como São Jorge ao dragão. Um trapo de gente, que pensa ser o que não é; ser inacabado, desavisado, retirante do mundo. Há um não-lugar comum, invisível aos olhos, mas, não tão distante do coração, aonde o falcão favorito do rei costuma fazer seu ninho. De lá, ele sai, ao alvorecer, mal ouve o chamado do soberano, a pousar no seu pulso. O vento dança alegre, ao redor dos gentis companheiros e o medo se esvai, nas asas puras do amor e da liberdade. Sombras vêm e vão sobre esta terra, enquanto uma rosa procura o calor do sol em plena manhã de outono. Por que sempre me entristeço? Mesmo na felicidade sinto esse aperto no peito. Seria bom que uma chuva torrencial, vinda não sei de onde, molhasse o meu rosto, levando as lágrimas, desfazendo as sombras que me assombram, e, assim, me curasse o espírito, ou, então, seria bom que uma nuvem passageira me arrebatasse para outro espaço, outra dimensão. Dói falar e se expor demais. Às vezes a vontade é de calar e tudo abandonar; pois, às vezes, as palavras soam-me completamente inúteis, absurdamente vãs. Há muito escolhi o caminho do silêncio, mas ainda falo demais e por isso peço que me perdoem, uma vez que não desejo o sono de ninguém perturbar com meus discursos desordenados ou minhas estranhas e longas histórias; chegará o tempo em que deixarei de contá-las... Mas, por ora, não nos enganemos e despertemos o quanto antes das suaves, vis e belas mentiras, que, cotidianamente, pomos a nos contar; entendamos nós de uma vez, que, um dia, tudo o que agora nos enche o olhar, desaparecerá como um límpido/terrível/doce sonho. Mas, quando isso acontecer, certamente será primavera e tornaremos a despertar nos braços do amigo/esposo/amante, lá, no não-lugar comum, invisível aos olhos, mas não tão distante do coração e, perplexo, diante deste sol brilhante, perceberemos, finalmente, que éramos nós, tu e eu, os favoritos do rei.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
CALMARIA
As sombras do jardim entraram pela casa
A claridade luminosa do dia perdeu-se dentro da escuridão
Perderam-se também minhas ilusões, minhas canções, minhas paixões
Sobra-me agora apenas o tédio de uma longa espera
No começo da noite vou à procura de um refúgio
Estou sempre à procura de um refúgio
E desfruto as caricias do vento, os anseios do mar, tão longe
Mas não há tormentos, não há sonhos
De manhã, sabiá me chama pousado no varal de roupa
Depois voa, atrás de outros céus
Quisera eu também poder voar
Soletrar teu nome com pedaços de nuvem
domingo, 22 de novembro de 2009
VELHA CIDADE
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-SERINGAL MIRIM
Baseando-me na pesquisa de Robério Braga (*) sobre o Seringal Mirim, posto que a memória traiçoeira de alguns moradores daquele tempo, ainda vivos, não me permitiu levar tudo em consideração, fiz um resumo dos acontecimentos relevantes que culminaram, enfim, com o desaparecimento do lugar em questão.
De acordo com minhas próprias lembranças, o Seringal Mirim de minha infância já estava em franca decadência, sem o colorido festivo do boi bumbá Mina de Ouro, pouco restando das seringueiras que por um longo período foi a semente mágica enriquecedora que engrandeceu e enobreceu a cidade, elevando-a a categoria de Paris dos Trópicos no auge da Belle Epoque.
Assim como um segredo que não se sabe se deve ser espalhado, aberto a todos, o bairro de São Geraldo guarda em seu seio, como um conto de amor, a bonita história do Seringal Mirim, que juntamente com a Praça 14 e o Boulevard Amazonas, é considerado um dos primeiros redutos de escravos fujões, escravos estes que deram inicio de modo um tanto conturbado, devido ao percalço da vida de perseguidos a comunidade afro-brasileira na região, que trazia consigo, como bagagem, além da coragem, apenas seus santos, suas festas, suas brincadeiras e todas as suas mais diversas formas de manifestações. Oxossi, Senhor das matas, orixá da caça e da abundância, certamente sabia o que estava fazendo quando os encaminhara para cá com a promessa de segurança e bem-estar. No Amazonas, a compra e venda de escravos era um processo assaz esporádico.
Em 24 de Maio de 1884 foi feita uma declaração pública de Libertação dos Escravos em Manaus e no mesmo ano, em 10 de Julho, são declarados livres os escravos no estado do Amazonas.
Sabe-se que por um longo período de tempo, a base de nossa economia foi à extração e comercialização da borracha, assim todos os esforços possíveis eram empregados no sentido de promover e fortalecer cada vez mais nossa única fonte econômica.
Com este propósito, após um apurado estudo para o plantio da seringueira, promovido pela Associação Comercial do Amazonas, (fundada em 1871) sob o incentivo do então comendador José Cláudio Mesquita, foi criado o Campo Experimental do Seringal Mirim, em que foram plantados mais de cem pés de seringas. Ficou estipulado o dia 24 de Junho como o dia da seringueira e todo ano, nessa mesma data, se faria o plantio de uma muda.
Por essa época ainda não se cogitava a quebra total do mercado e nem o esvaziamento da cidade, fatos estes que se sucederam algum tempo depois. Mas, antes disso, o Seringal floresceu e permaneceu ativo por muitos anos, mesmo depois do falecimento do comendador Cláudio Mesquita (embora este fosse oriundo de terras lusitanas, foi um grande incentivador dos estudos e do plantio da hévea brasiliensis) ocorrido em 06 de Novembro de 1923.
Em 1937, o Seringal Mirim esbanjava beleza e exuberância e dois anos depois, em 1939, tentando obter a benção do Ministério da Cultura, o governo do Estado pensou em dele tomar posse.
Mas, saltemos alguns anos adiante e cheguemos logo em 1943, já na jurisdição de Álvaro Maia. Neste mesmo ano, em 19 de Abril, foi criada a Escola de Seringueiros José Cláudio Mesquita, passando esta, desde então, a integrar o Serviço de Fomento Agrícola do Estado, sob a direção do agrônomo Lourenço Faria de Mello, passando o Seringal a funcionar como uma Escola de experiência de látex.
As dificuldades, como sempre, acossavam os mais pobres e as lavadeiras e viúvas da região eram amparadas pela família do conhecido político Ruy Araújo, a saber, sua esposa Helena Cidade de Araújo, e seu irmão André Vidal de Araújo, assim não tardou que o governo acabasse por criar a Vila Assistencial da Praça Liberdade que não ficava exatamente no Seringal, mas sim em uma área vizinha.
Em 18 de Junho de 1979, via decreto 4590, graças a motivos apresentados pelo historiador Robério Braga a Comissão do Patrimônio Histórico, a área do Seringal foi transformada em reserva fundiária estadual e destinada à instalação do Museu do Seringueiro, infelizmente, tal projeto, que chegou a ser desenvolvido, sequer saiu do papel.
No ano seguinte, em 1980, o asfalto chegou à região, expulsando, de vez, através da exploração imobiliária o espírito do Seringal Mirim.
A avenida Djalma Batista, antiga Cláudio Mesquita, iniciada na administração do prefeito Jorge Teixeira, dividiu o Seringal, intensificando-se as invasões de terra.
Hoje, em lugar das árvores, há prédios, casas, praças, escolas, Bancos e a Central de Energia Elétrica que ainda, segundo Robério Braga, na época em que era vereador de Manaus (1989-1982) juntamente com outros parlamentares, tentou interditar a construção para que houvesse uma preservação da memória, porém, nada foi possível fazer devido à falta de documentação.
Do antigo Seringal Mirim resta-nos doce lembrança do cordão das lavadeiras e da presença marcante do “Batuque” Ilê de Santa Bárbara, como um coração vivo; pulsante, localizado à rua João Alfredo, seguindo duas linhas religiosas, primeiro o Candomblé e depois a Umbanda, dando, dessa maneira, maior ênfase ao sincretismo religioso que une a todos e que perdura até aos dias de hoje. Toda a cultura afro-brasileira, com seus cultos e folguedos, lá foram representados e reverenciados.
Há poucos anos atrás, os tradicionais festejos em honra aos orixás, identificados para proteção de sua religião com alguns santos do panteão Católico Apostólico Romano, como Santo Antonio, São Benedito, São João, São Cosme e São Damião, São Jorge, Santa Bárbara, Santa Luzia, eram comemorados com tamanha efusão que era quase impossível, não deixar de passar no terreiro, que, antes, estava sob os cuidados de Maria Estrela, mas, que depois passou as mãos de Joana Papagaio em seguida à mãe Margarida, e, por último, a Ribamar.
O Boi-Bumbá Mina de Ouro tinha o seu curral em frente à esquecida praça da Liberdade, em um terreno vizinho ao Seringal e a dança do Papagaio (muito tempo depois do bumbá) foram destaques nos festejos que aconteciam em plena rua.
(*) RB é historiador, ex-presidente da Academia Amazonense de Letras presidente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Secretário de Estado da Cultura, Turismo e Desporto.
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