Um corvo, um cobre

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sábado, 26 de dezembro de 2009

LUA NO POÇO



De dentro do poço, vejo a lua e ela atingi-me com sua tênue luz esbranquiçada, que ilumina  somente uma pequena parte da escuridão profunda do poço em que me encontro. E eu estou lá, sozinha com meus demônios, buscando a sorte dentro das partículas de poeira que se soltam das estrelas ou procurando as cores do arco-íris nas gotículas de água que são tocadas pela luz, tênue luz esbranquiçada... De dentro do poço, quase nunca vejo a aurora chegar. Impede-me a visão ruim, que turva, distorce, tudo que me chega do éter. A verdade eterna nunca chegará intacta, inteira até mim... restam-me apenas os vestígios, os pedaços, confusas peças de retalho. Serei para sempre como um pobre andarilho, que incansavelmente bate a porta de estranhos à espera que esta lhe seja aberta e, por esse momento, aguarda, sentado à soleira, horas a fio... Medieval é a música que ecoa em meus ouvidos, e em sonhos, suavemente subo no dorso do dragão e suas gigantescas asas são como dois leques a abrandarem a chama de meu espírito, vou, por entre as nuvens, em busca de auxilio. Eu, prisioneiro do poço, vejo a lua pela lua do meu olho, janela aberta de minha alma, e anseio pela corda que há de me salvar e levar-me daqui, do limo e do lodo, para o campo minado de estrelas do céu...

Um comentário:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

A corda que sempre haverá de salva-la e sustenta-la no equilíbrio, é a sua intelectualidade... é a sua inspiração... é a sua alma boa!

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