Uma crônicazinha bêsta, chorosa/chuvosa. Poderão vocês, amigos leitores, ponderarem e dizerem: "Iiiihhh... lá vem ela nos encher os ouvidos outra vez sobre as melancolias de um dia de chuva". Talvez tenham razão, mas por mais que eu me repita, gosto de falar sobre o que me rodeia... mesmo que provoque em alguns a sensação de "deja-vu" ou até mesmo soe banal. Banais são todas as coisas, raras fogem dessa constatação. Falar da chuva, para mim, é falar de um pranto entrecortado de tristezas e alegrias. O céu chora, a humanidade chora. A chuva é o pranto da natureza e da humanidade, ainda tão perdida de si. Choram ambos, juntos, por vários motivos, a chuva é "uma crônica" de mortes e ressurreições anunciadas e andar sob ela nos dá uma incrível sensação de bem-estar... (outra vez, não vou generalizar, tem quem não goste) entretanto, falando do meu ponto de vista, é um prazer caminhar debaixo de um céu acinzentado, sob uma chuva torrencial, sem pensar em nada, sem o perigo de raios ou barulho de trovão pra nos assustar. Somente a chuva, grossa e benfazeja, lavando... levando tudo... desde alma (no caso, a minha) às mazelas físicas da cidade, o vento ventando, vergando os galhos das pouquissmas árvores que ainda resistem de pé, desafiando o tempo. Alguns inconvenientes porém, fazem-nos muitas vezes, desistir desse privilégio pois as ruas, mal pavimentadas com as calçadas quebradas, e sem um sistema de escoamento adequado, tornam-se verdadeiras piscinas rasas de águas sujas (em minha opinião creio sermos um pouco assim, que nem essas ruas inundadas quanto as nossas questões intimas que costumamos chamar de problemas...) Assim, os carros passam, os ônibus passam e alguns, de forma proposital, ou te atropelam (eu quase fui) ou te dão outro banho, desta vez com a água da rua/piscina contaminada por toda espécie de detritos. Ao sair de casa, peguei um guarda-chuva, objeto execrável, mas necessário nesse momento, já que estava a caminho da escola pra buscar minha filha, a proteção era para ela, não para mim... mas, meu guarda-chuva, o bendito guarda-chuva, não nos guardou de nada... Mal sai e com a força do vento, virou do avesso e o vento era tão forte que entortou-lhe o esqueleto... humm... não se fazem mais guarda-chuvas como antigamente. Hoje em dia, são objetos como tantos outros, sem cabo de madeira trabalhada ou marfim, são totalmente descartáveis... basta sair na chuva uma vez, no máximo três... pronto... era uma vez... Bom, não faz mal... “ossos do oficio”, “quem está na chuva é pra se molhar” e eu praticamente, devido às circunstâncias, fui “obrigada” a isso, mas a verdade, é preciso dizer, que, andar na chuva requer todo um preparo, um despojamento físico, espiritual e mental. Andar na chuva, não é mesmo pra qualquer um, fiquem, portanto, aqueles que tremem/temem molhar a roupa, borrar a maquiagem, atrasar em seus compromissos, que se quedem a perder o tempo, ilusoriamente protegidos debaixo de marquises ou dentro de prédios e casas, esperando pela hora da chuva passar... Minha filha e eu vamos prosseguindo, livres, leves e soltas em nosso caminho, pela manhã chuvosa, sem nos deter nos contratempos, pois sabemos muito bem que temos muita sorte e tempo de sobra; nossa única preocupação é chegarmos logo em casa e “quem vai pra casa”, como bem diz o ditado, “não se molha”.
Um corvo, um cobre
Se quiser jogar um cobre a um corvo pobre, será muito bem vindo: chave pix: virginiallan@hotmail.com
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sábado, 13 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
MULHER
Não vou dizer-te mulher,
O que és e tão pouco dizer-te o que deves ser,
o que fazer, ou sequer por onde ir
São teus todos os caminhos
São teus todos os caminhos
Onde é teu lugar?
Não há véus a te cobrirem...
Não há grilhões a te prenderem os pés
E visíveis estão tua cabeça e teus olhos
És livre de corpo, alma e coração
Novas te são sempre as estações
Repletas de surpresas e indagações
O futuro é sempre um sonho a se alcançar
Não importa!
Mulher, rainha de tudo e de nada
Dona de tudo e de todos
Não és criança, nem jovem, nem velha,
Nem morres em morna, imprecisa espera
Não há frio ou calor, não há dor
Há somente amor a pavimentar a estrada
Por onde passas a plantar flores perfumadas, nunca solitárias
A serem colhidas em tempo in/certo
É fato jurado, sacramentado determinado pelos fados
quinta-feira, 4 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
WILLIAM BLAKE
William Blake
(Quadro by Thomas Phillips)
###
Ao ver Deus pela janela
pensou ter enlouquecido ou mesmo se
nas ruas escuras e frias de Londres
encontrava os profetas bíblicos
Deus livrou-o da pena de sua mente
em trevas mergulhar
Sonhos e visões, desde então,
em poesia se traduziram
Os véus rasgados, em trapos transformados
nada restando enfim há não ser a certeza
de Deus ter encontrado
Se era louco ou visionário,
pouco importa, os homens julgam de maneira torta
e sofrem com seus ais!
Subindo, almejando a beleza eterna
Aos mortais deixou em suas celas
Quando ao eterno uniu-se,
ao despertar de um sono intranqüilo,
ao despertar de um sono intranqüilo,
restou-lhe somente a vaga sensação
de que um dia, como homem, lançado ao abismo
criou asas e voando a alturas nunca d’antes imaginadas
viu a face de Deus e dos anjos
<3
Dante e Vigílio nos portões do Inferno
Gravura para A Divina Comédia (Dante Alighieri)
Por: William Blake***
[2]
ARGUMENTO
As Núpcias do Céu e do Inferno, William Blake, Tradução: Oswaldino Marques; Editora Francisco Alves
Rintrah ruge & brande seus fogos no ar carregado;
Nuvens famintas aluem-se sobre o abismo.
Outrora cheio de cordura, numa trilha arriscada,
O justo não se desviou do seu curso 5
Ao longo do vale da morte.
Onde crescem espinhos são plantadas as rosas,
E na charneca maninha
Cantam as abelhas inventoras do mel.
Depois, a vereda perigosa foi semeada
E fluiu um rio, uma fonte, 10
Em cada penhasco e sepultura;
E sobre os ossos alvacentos
Vingou a argila vermelha;
Até que o iníquo abandonou as vias da bonança,
Para palmilhar sendas inseguras 15
E tanger o justo a áridas plagas.
Agora a furtiva serpente caminha
Em suave humildade,
E o justo exaspera-se nos desertos
Onde vagueiam leões. 20
Rintrah ruge & brande seus fogos no ar carregado;
Nuvens famintas aluem-se sobre o abismo. 22
[3] Pois que um novo céu há começado, e faz agora trinta e três anos do seu advento, o inferno Perpétuo revive. E, olhai! Swedenborg é o Anjo sentado na tumba; seus escritos são a roupa branca bem dobrada. Agora é a dominação do Edon & o regresso de Adão ao Paraíso: vede Isaías, caps. XXXIV & XXXV.
Sem Contrários não há qualquer progresso. A Atração e a Repulsão, a Razão e a Energia, o Amor e o Ódio são necessários à existência Humana.
Destes contrários deriva o que os religiosos chamam de Bem & Mal. O Bem, segundo eles, é o ente passivo que obedece a Razão. O Mal é o ativo que brota da Energia.
O Bem é o Céu. O Mal é o Inferno.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
ABSINTO
Subversivo é o meu pensar...
Suspiro/respiro
Concentro sonhos em uma garrafa de absinto
Açúcar e láudano pra refrear a dor
Treme em meu rosto um sorriso furtivo
Viva o absinto!
Agora, apenas a “fada verde” me consola
e mais que qualquer droga ajuda-me a des/afogar a solidão
A noite é suave e melancólica...
A lua se esconde na nuvem mais próxima...
Sob o efeito do absinto
Só tu e eu existimos
E entre uma e outra dose do licor
Vou me perdendo/enganando de amor
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
MINHA NOITE NA TAVERNA
Tenho sono!
Procuro descanso no contorno crescente da lua
O cântaro está vazio
O vinho derramado, desperdiçado sobre a mesa
escorreu e misturou-se a água esparramada no chão
Esquecido de mim, te procuro... um rosto por trás do véu...
Mas, meus amigos já se foram ou adormeceram
A taverna está solitária
E a rua deserta
Nem o jovem servente resistiu ao cansaço
Acobertado pela escuridão
Agarrou-se a noite sem estrelas
E por uns instantes pediu...
Silencio!
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Cabeça de velho
(Candido Portinari)
Dizem que o lar de um homem é onde está seu coração. Mas onde está meu coração? Já não sei... Porém, de onde estou posso ver o céu... melancólico, tristonho... Nenhum vestígio de sol, nenhuma prece a se estender sobre o veludo azul celeste, agora acinzentado, em que passam nuvens arrastadas, carregadas d’água...Tudo me parece velado, distante, estranho... quase um sonho e sinto a tristeza a pairar no espaço feito grande pássaro agoniado de asas largas, abertas, medonhas, infinitas... tão sombrias... a acolher ao seio os contos desfeitos e as agruras comprimidas de mais um dia. "Dois pesos, duas medidas"... lida cotidiana... leviana. Impressiona-me o silencio! Não mais ouço a tua voz... E longe vai a ânsia de te encontrar, sobrevoar o porto, cruzar o mar e descansar no cimo do monte bem perto de teu olhar. Deixar na curva do rio o cansaço, também o rosário e a oração que desfiava em horas de aflição. Absorto em meu pensar, procuro ar... um relâmpago corta devagar a amplidão do céu, entorpece-me a escuridão... sinto olhos a me observarem no escuro, tenho estranhas sensações, fantasmagóricas visões... Porém, imperturbável, deito minha cabeça no travesseiro e durmo o sono dos justos. Meus pecados vão ficando pelo caminho minhas faltas, aceito-as, como prerrogativa de redenção.
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Cantilena do Corvo
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