Um corvo, um cobre

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domingo, 28 de fevereiro de 2010

ABSINTO




Subversivo é o meu pensar...
Suspiro/respiro
Concentro sonhos em uma garrafa de absinto
Açúcar e láudano pra refrear a dor

Treme em meu rosto um sorriso furtivo
Viva o absinto!
Agora, apenas a “fada verde” me consola
e mais que qualquer droga ajuda-me a des/afogar a solidão

A noite é suave e melancólica...
A lua se esconde na nuvem mais próxima...
Sob o efeito do absinto
Só tu e eu existimos
E entre uma e outra dose do licor
Vou me perdendo/enganando de amor

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MINHA NOITE NA TAVERNA



Tenho sono!
Procuro descanso no contorno crescente da lua
O cântaro está vazio
O vinho derramado, desperdiçado sobre a mesa
escorreu e misturou-se a água esparramada no chão
Esquecido de mim, te procuro... um rosto por trás do véu...

Mas, meus amigos já se foram ou adormeceram
A taverna está solitária
E a rua deserta

Nem o jovem servente resistiu ao cansaço
Acobertado pela escuridão
Agarrou-se a noite sem estrelas
E por uns instantes pediu...
Silencio!




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS



 Cabeça de velho 
(Candido Portinari)


Dizem que o lar de um homem é onde está seu coração. Mas onde está meu coração? Já não sei... Porém, de onde estou posso ver o céu... melancólico, tristonho... Nenhum vestígio de sol, nenhuma prece a se estender sobre o veludo azul celeste, agora acinzentado, em que passam nuvens arrastadas, carregadas d’água...Tudo me parece velado, distante, estranho... quase um sonho e sinto a tristeza a pairar no espaço feito grande pássaro agoniado de asas largas, abertas, medonhas, infinitas... tão sombrias... a acolher ao seio os contos desfeitos e as agruras comprimidas de mais um dia. "Dois pesos, duas medidas"... lida cotidiana... leviana. Impressiona-me o silencio! Não mais ouço a tua voz... E longe vai a ânsia de te encontrar, sobrevoar o porto, cruzar o mar e descansar no cimo do monte bem perto de teu olhar. Deixar na curva do rio o cansaço, também o rosário e a oração que desfiava em horas de aflição. Absorto em meu pensar, procuro ar... um relâmpago corta devagar a amplidão do céu, entorpece-me a escuridão... sinto olhos a me observarem no escuro, tenho estranhas sensações, fantasmagóricas visões... Porém, imperturbável, deito minha cabeça no travesseiro e durmo o sono dos justos. Meus pecados vão ficando pelo caminho minhas faltas, aceito-as, como prerrogativa de redenção.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

INTERLÚDIO



Fugiram-me as palavras
Amanheci vazia de idéias
Vazia de tudo...
Prodiga em abandonos
Pobre de esperanças

Balouçante, vacilante 
O apanhador de sonhos
Vigia-me do teto

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

EM SUSPENSO... LONGA ESPERA...




Enquanto espero, faço versos, 
mas a noite também é longa e eu me canso... 
Deito-me em um chão de estrelas 
e me aconchego com a lua... 
Perdemo-nos, ela e eu, noite adentro... 
alheios ao caminho, como dois bêbados 
abandonados à própria sorte, que em sua necedade, 
vão pregando verdades absolutas e eternas, 
para paus e pedras e velhos lapidados muros...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

SEM PRETENSÃO




Monótonas paragens
Remotas paisagens
Lúgubres pensamentos
Ternos sentimentos
Tristeza no falar
Incerteza no andar
Desgosto no olhar
Onde está a alegria?
Onde dorme a poesia?
Retira-se a fantasia
Consome-se o pranto
Desfaz-se o encanto
Onde está o sábio chinês
Que me disse uma vez
Dorme a fera
Dentro da bela
Ou será a bela
que dorme dentro da fera?
Tudo não passa
De mera fábula
Uma nuvem
Uma quimera
Quem me dera
Perceber a ilusão
Por trás das coisas
Perceber a ilusão
Por trás de tudo
O tempo passa
Os rostos envelhecem
Os sonhos morrem
Desaparecem
Nada permanece

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

DEPOIS DO CARNAVAL...

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Foi depois do carnaval... Tantos sonhos, tantos planos... mas, apenas para depois do carnaval; depois do carnaval tudo seria diferente. Pedro iria mudar de vida. Tinha para isso um bom motivo... dinheiro guardado no banco, poderia viver bem em qualquer lugar... recomeçar e se possível, com ela ao lado, a sua “branquinha”. Por ora, nada com que se preocupar... logo o baile vai começar e seria sua despedida... despedida do Pedro folgado, mundano, despedida de sua rotina de malandragem, despedida do desamor... 

Quem não gostou nada da história, foi a mulata Valmira... que vivia com fogo nos olhos e no corpo carnudo que ele, Pedro., já não queria mais desfrutar. Mulata Valmira, agora era  só consumição, possuída apenas pelo ódio... ódio de tudo: dos comentários, dos risinhos debochados, do pouco caso dele, de Pedro. “Se ele pensava que ia ser fácil  sair assim”... ah... não perdia por esperar...

Valmira. era paciente e determinada.  Não abriria mão de Pedro. seu único e verdadeiro amor... e não seria uma “branquela, azeda e magricela” que iria roubá-lo, levá-lo dali... pra longe do seu colo quente e dos seus afagos. Não... isso não seria tão fácil assim...          

Pedro, voltou pra casa de manhã e, cambaleando, foi direto para a cama. Sem despir a fantasia, e ainda coberto de purpurina e confete, acendeu um cigarro e ficou devaneando... devaneando, fechou os olhos, devaneando deixou o cigarro aceso cair... Em seu devaneio, viu V. se aproximar, com fogo nos olhos... num instante, cresceram as chamas no seu olhar e pularam na cama e as labaredas não demoraram a tomar conta do quarto e do corpo de Pedro. Subitamente,  a casa inteira, ardia, num fogo crescente e destruidor.

Pedro, em seus últimos momentos, não soube distinguir o sonho da realidade... achou que sonhava e enquanto era devorado pelas chamas, pensava em sua branquinha e em sua nova vida e V. iria entender...

No clamor que se seguiu do lado de fora, apenas Valmira. permanecia insensível, com o filho nos braços. Sem lágrimas, viu a casa de sua família desaparecer para sempre, levando com ela o seu grande e único amor... “que descuidado.... imagina, dormir segurando um cigarro... aceso, ainda por cima... Oxalá, meu pai... Pedro pensou o quê?; pensou que seria fácil assim? iria me deixar assim, sem mais?... Tudo o que Deus faz é bem-feito... muito bem-feito... não existe ditado mais justo”.

Pedro realmente mudou de vida, mas não de acordo com suas expectativas. E o dinheiro guardado no banco serviu apenas para lhe financiar as despesas... as despesas que tiveram de fazer para o seu enterro.

Ironicamente, Pedro, morreu como viveu; vestido de fantasia, coberto de confete e purpurina, perdido entre os limites da realidade e do sonho... mas, o fogo, vermelho, violento e brilhante, não deixou que ninguém o percebesse.    

Cantilena do Corvo

DEMÔNIOS... OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

  Sempre indaguei da vida, se ela presta mesmo, apesar de, lá no fundo de mim, acreditar que sim, “a vida presta”, apesar de tantas barbarid...