Um silêncio rubro cai sobre a tarde descorada
Sobe o tédio junto com os passos na escada
dos estranhos que passam
As vozes abafadas misturam-se as conversas animadas,
das gentes em frente das casas, sentadas em cadeiras nas calçadas
Romaria dos aflitos, dos cansados, dos perdidos, dos malditos
Seres... humanos...natureza sobrecarregada, alada mistura
Metade demônios metade anjos, incompreensíveis
Carregam eles consigo a marca obscura do desconhecido
A solidão de não saber o que, realmente, poderiam ser e há na dor dessa incômoda solidão o doce alívio dos esquecidos
Um corvo, um cobre
Quem sou eu
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terça-feira, 30 de setembro de 2008
INSONDÁVEL FIM
terça-feira, 23 de setembro de 2008
TUDO ESTÁ BEM QUANDO ACABA BEM
Quando o vento soprava, dependendo da direção de onde vinha; as paredes dessas casas, de tão arruinadas, se inclinavam ora para a direita, ora para a esquerda. Para completarmos a descrição, estes casebres possuíam duas ou três (?) janelas baixas, mas, que, com exceção apenas de uma, estavam bastante emperradas. O forno, enterrado na parede, lembrava uma barriga grande, redonda e gorda. Do lado de fora, uma madressilva trepava sobre a cerca; espalhando seus galhos, protegendo com sua sombra uma linda e tranqüila lagoa de patos. Um cão de guarda latia sem cessar, se, por um acaso, alguém se lembrasse de passar por ali.
“Ahá...eis aí uma bela criatura” pensou consigo o lavrador. “Esta é uma ave espetacular. Tanta gordura! E que penas maravilhosas! Em nossa casa, minha esposa acharia um modo de deixá-lo ainda mais gordo. Ele poderia comer todas as sobras e então, de que tamanho ele não ficaria...? Lembro-me de que ela constantemente me dizia: ‘Ah! Como seria bom se tivéssemos um ganso. Ele ficaria muito bem junto aos nossos patos’. “Sim”, continuou a pensar o velho lavrador; “ele ficaria muito bem junto aos nossos patos. Talvez, esta seja a nossa oportunidade de ter um ganso; mas não um ganso qualquer; um ganso que, certamente, valerá por dois!”
“O que eu daria? A galinha, é claro! Não achas que está bom?”
O rapaz aceitou a troca prontamente. Em seguida, o velho lavrador entrou na estalagem com o saco, que pôs, com muito cuidado, perto do fogão, que, aliás, estava muito quente, 'fato, porém que o velho lenhador nem percebeu. Pediu um trago e o tomou avidamente.
Repentinamente, do fogão partiu um estranho ruído: ssss-ssss!.. “O que foi isso?” Perguntou um dos franceses. Pois não é que eram as maçãs que estavam começando a cozinhar?
“Ótimo, querido. Teremos um gordo ganso assado para Natal. Você não existe. Sempre tão gentil; nunca se esquece de mim. Você sabia que um ganso muito iria me agradar. Daqui até o dia de Natal, ele ficará mais gordo e bonito.”
“Sinto muito, minha velha”, disse o lavrador, “porém já não tenho mais o ganso; eu o troquei por uma galinha.”
“Bastam-nos apenas algumas moedas”. Disse o velho, para a surpresa dos franceses.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
O GOLFINHO
Que inveja me dá o teu alegre navegar
Sabes ao certo aonde irás
Pois segues, por instinto, a corrente do destino
Que em segurança te conduzirá
Aonde deves ficar
Encantadora criatura das águas salgadas, solitárias
Eu que nem sei nadar, perdido fico
afogado em soluços e mágoas
No cais da saudade que é o meu lugar...
domingo, 21 de setembro de 2008
NUVEMOVENTE
Quero...
O que eu quero?
Queria um pouco de tudo
Ou quem sabe
apenas um copo de suco
Sei lá...
tem hora que não dá.
Nem sei o que penso
Estou vazia de mim
Fujo talvez...
de possíveis tormentos...
mas, sem pressa...
com a alma aberta...
correndo solitária
na esteira do mundo
Dou a volta e torno
ao ponto de começo
Recomeço
Tropeço
Caio
Levanto-me...
sigo adiante...
nuvemovente...
silente...
Passageira...
Eu...
Viajante das estrelas...
sábado, 20 de setembro de 2008
TEIA DE ARANHA OU VÉU DE ROSA?!
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
ARTE, ARTE, Ó ARTE...
Se as cordas arranham um violão ou
Se uma agulha cai ao chão
Se o vento sopra
Se a lua brilha
Se a tarde morre
Se a noite cai
Poema rima coração
Bela canção!
Pintura
Xilogravura
Fotografia
Grafite
Colagem
Perfeição?!
Cascas de laranjas
cacos de vidros
corpos divididos
tênis velhos
Confusão?!
Instalação?!
Deterioração?!
“Arte” ou judiação?!
Eis aí a questão!
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
A CRIAÇÃO, MITO IORUBA
No principio era o Caos sem forma. Não havia terra; não havia mar, havia apenas uma fria e estranha solidão a pairar, desoladora, sobre um pântano.
Lá, no alto do céu mais alto, acima do pântano, vivia Olorum, o Ser Supremo. Ao redor de Olorum, outros deuses, sempre prontos a servi-lo e a atender seu chamado, inclusive Oxalá, o Grande Deus.
Um dia, chamou Olorum a Oxalá à sua presença e mandou-lhe que criasse um mundo com terra firme e para isso, para que Oxalá fosse bem sucedido em sua missão, deu-lhe uma concha de caramujo com uma porção de terra mágica, um pombo e uma galinha de cinco garras.
Oxalá desceu do céu até o Caos e pôs-se a organizá-lo. Primeiro, procurou, e achou, naquele mar pantanoso um ponto seco onde jogou a terra mágica, em seguida, sobre ela, soltou o pombo e a galinha que logo começaram a ciscá-la e ciscaram tanto que a terra e o mar foram de uma vez separados.
Assim que Oxalá voltou à presença de Olorum, a fim de prestar contas de sua obra, um camaleão foi enviado para avaliá-la e o seu relato foi bastante alentador, enchendo Olorum de satisfação, o que fez que mandasse Oxalá de volta e terminasse o que havia tão bem começado.
O ponto seco localizado por Oxalá ficou conhecido como Ifé [1], mais tarde Ifê-Ilê [2] até hoje tida como cidade sagrada.
Oxalá levou quatro dias para fazer tudo e no quinto dia, descansou. Mas, outra vez Olorum chamou-o a sua presença e ordenou a Oxalá que baixasse a terra e criasse toda espécie de planta. De pronto surgiu a primeira dendezeira. Isto feito, Olorum ordenou a chuva que caísse e a chuva desceu, cantando, dançando, e molhou as sementes que então cresceram e formaram uma enorme floresta, cobrindo a terra.
Oxalá pôs-se a criar, a partir da terra, as primeiras pessoas, mas, precisou levá-las para o céu; pois somente Olorum, o Ser Supremo, poderia dar-lhes vida, insuflar-lhes o espírito, proporcionar-lhes o ritmo.
Oxalá foi e se escondeu na oficina de Olorum, ansioso por presenciar o misterioso encanto do surgimento da vida. Mas, dos olhos e do pensamento de Olorum, nada escapa e sabendo que Oxalá o espiava, o fez cair em um sono profundo.
Oxalá nada viu e o segredo da vida permaneceu com Olorum e até hoje Oxalá faz o corpo, através do amor que une um homem e uma mulher, porém, apenas o Ser Supremo, Olorum, pode dar-lhe vida [3].
[1]Ifê; em idioma ioruba significa “vasto”.
[2] Ilê; casa
[3] Mito Ioruba (África Ocidental) sobre a criação: J.F. Bierlein, MITOS PARALELOS; tradução: Pedro Ribeiro; 2003, Ediouro Publicações S.A.
RESPLANDECER
Pegando-me em hora tão desprevenida
Perguntas-me o que move a vida
E eu fico sem saber o que te dizer
De minha boca
saem somente doces palavras
para certeiras fazerem moradas
em teu coração bem-querer
onde em aconchego
calam-se em segredos
São elas ninhos macios
de pequenos passarinhos
Há dias que não descanso
As noites me consomem
Meus olhos ardem de espanto
Foi-se a primavera
Guardei-me em uma longa espera
Mas o amor finalmente resplandeceu
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
OS TORMENTOS DE UM JARDIM DE INFÂNCIA
Nos tempos do jardim de infância, também fiz um destes testes para saber se podia passar para a sala do primeiro ano, afinal já sabia ler e escrever. Naquele tempo, Clarice, ainda existia a distinção “primeiro ano A forte; primeiro ano B fraco”, e, assim, sucessivamente... Pode uma coisa dessas? Nem me lembro do resultado em si, mas, daí um pouco, para minha confusão, tinha abandonado a salinha agradável que era o jardim de infância, para começar a verdadeira vida escolar.
Não tive a tua sorte e não havia amigo nenhum pra me consolar ou proteger dos medos que, em minha mente infantil, ganhavam proporções exageradas; não possuía vivacidade, aliás, minha timidez era gritante, nem possuía a graça necessária para livrar-me das situações que a mim tornavam-se alarmantes. Chorava por qualquer motivo e por isso tome a ouvir os ralhos de minha mãe que toda vez me ameaçava pôr-me de castigo. Consolo mesmo só havia em meu pai, meu grande amigo e protetor.
Das amizades Clarice, o que dizer? Apenas que são “engraçadas” ou um completo mistério. Amizades vêm, vão e nem sabemos, às vezes, direito, como ou porque começaram ou terminaram. Vejamos: Tem quem tenha um melhor amigo desde o inicio de sua vida, uma amizade que segue a pessoa estrada afora. Outras têm um amigo que, por qualquer peripécia do destino, levou-os a separação, mas, quando este amigo retorna, volta, reaparece, parece até que nunca tinha ido a lugar nenhum tão constante o sorriso e o solidário “ombro amigo”, ou, então, tornam-se, um para com o outro, completos desconhecidos, estranhos, esquisitos... inimigos. Outros Clarice, nunca viram fulano ou sicrano na vida, porém, basta uma só troca de olhares, uma só troca de palavra... eis que surge “o melhor amigo de infância”. Minha modesta opinião Clarice, é de que as amizades como os amores são atordoantes mistérios, e, para finalizar, te digo que eu apesar de ter crescido e possuir um bom número de “amigos”, não parei ainda de chorar por qualquer motivo.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
FÁBULA
Cantilena do Corvo
EE-SE BLUE HAVEN
Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...
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Foto da peça A Vida é Sonho/Texto: Calderón de la Barca/Adaptação e Direção: Edson Bueno http://aldicelopes.blogspot.com/2008/11/vida-son...
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Nos profundos e escuros rios da Bacia Amazônica, repousa a Boiúna, a terrível senhora das águas. A palavra boiúna é de origem tupi e si...
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Hans Christian Andersen (02 de Abril de 1805/04 de Agosto de 1875) Um conto de Hans Christian Andersen Recontado por ...