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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E A VIDA É ASSIM?



E A VIDA É ASSIM?




Nelinho ajeitou o cabelo, puxou a blusa, deixando-a meio dentro, meio fora da bermuda, calçou os chinelos, saiu do quarto, abriu a porta, e, mal respondendo a pergunta da mãe, dirigiu-se a casa em frente. Com cuidado, rodeou-a e entrou pela janela aberta.
Ela já estava à espera em cima da cama, metida numa lingerie sexy, vermelha como sangue e mal esperou que Nelinho tirasse a roupa. O prazer do proibido é tanto maior quanto maior o perigo.
Elisa era casada com um sujeito trabalhador e meio marrento, um empresário de sucesso no ramo dos livros. Não era infeliz, mas gostava de abusar de seus atributos físicos e mentais, pois além de bonita era inteligente e como quase toda pessoa inteligente e narcisista, subestimava a inteligência de quem supunha estar a enganar.
Os comentários do romance entre Nelinho e Elisa, correram soltos e acabaram por chegar aos ouvidos do marido, que era corno-manso não por vontade própria, mas apenas por nada saber... Bom, até aquele momento... Não era a primeira vez que ouvia sobre Elisa esse tipo de comentário, claro que nunca comprovados posto que jamais fizera caso, entretanto, desta vez, “uma pulga atrás da orelha” estava a importuná-lo. Se tudo fosse verdade, o caso estaria com os dias contados. Debaixo de suas fuças, Elisa, nem ninguém, nenhum sujeitinho de m... iria fazê-lo de trouxa.
Pensando em dar o flagra, fez o que todo marido enganado costuma fazer. Disse que ia passar o dia todo fora e só voltaria ao anoitecer. Em vez disso, esperou na esquina, fingindo tomar um café. Quem o via ali, muito desconfiava o que estava prestes a acontecer e ficavam por perto, ressabiados, prontos para a consumação dos fatos.

Elisa foi que nem desconfiou de nada. Notara a mudança de humor e os olhares sombrios do marido, mas nada que abalasse sua fatal confiança em si mesma. Geraldo era assim de nascença. Conhecia-o bem. Cego de espírito, por isso tinha aquele jeito de olhar carregado, esquisito. Desde que o caso com Nelinho começara desdobrara-se em carinhos e cuidados com o marido, mas nada de consciência pesada, agia dessa maneira justamente pra não levantar suspeitas.

Bom, quanto aos buchichos da vizinhança (estava ciente deles) nada poderia fazer e depois ninguém podia provar nada. Caso chegasse aos ouvidos de Geraldo e ele viesse lhe perguntar, sorriria daquele jeito só seu e diria que era inveja, já que, por aquelas bandas nenhum homem tinha mulher mais bonita que a dele. Acontecera isso antes e Geraldo, graças a Deus, engolira a mentira e além do mais, não era homem de dar ouvidos aos boatos. O dito “onde há fumaça há fogo” só se aplicava aos negócios, nunca à vida prática.

Pensando assim, Elisa largou-se sem preocupações a enfeitar a cabeça do marido. Nelinho, seu jovem amante, não era pra qualquer uma. Era um deus grego. Forte, alto, saudável, louro... enfim, um deus. Quem, em sã consciência, e amadurecimento sexual, deixaria um cara como esse escapar...

Elisa possuía um furor que Geraldo não era mais capaz de conter. Elisa precisava algo mais do que amor. Elisa precisava de satisfação, com alguém satisfeito é mais fácil de se conviver, satisfação gera felicidade; felicidade pra ela, pra Geraldo e pra quem mais estivesse ao redor. Ser/estar feliz era a sua meta, a sua ambição e ser/estar feliz viria da satisfação. A vida era muito curta, então ela curtia a vida pra valer. Não queria o fim de seu casamento, queria apenas satisfação, estando satisfeita, Geraldo ficaria satisfeito também e tudo estaria sempre bem.

Nelinho por sua vez, oportunista nato, era o herói da turma por esta última façanha, Elisa era mulher troféu de deixar qualquer um com água na boca, precisando de babador. Nelinho enredou-se na aventura, mas pelo gosto de proibido, pra se mostrar pros amigos, do que propriamente pela paixão ou os atributos físicos de Elisa. Era bom pegar o que era de outro, claro, sem o outro saber... um cleptomaníaco de emoções e sentimentos humanos. Outros dariam nomes menos românticos, como, por exemplo, traição.

Nelinho e Elisa deleitavam-se nos prazeres da carne, entre gemidos e gritos que, Geraldo, do canto em que estava podia ouvir. Era vergonhoso demais.
Sem mais esperar, saiu do bar feito um louco e rumou para casa onde meteu o pé na porta, rapidamente dirigindo-se ao quarto.

Nelinho e Elisa assustaram-se com a súbita interrupção e olharam para Geraldo que, de arma em punho tencionava “lavar a honra com sangue” e foi o que fez. Disparou tiros, que foram, pelo menos dois, certeiros em Elisa, os outros perderam-se na intenção de matar Nelinho.

Nelinho, sem questionar a sorte de plantão, pegou a blusa e correu, nem tendo tempo de pegar a bermuda que ficara jogada em cima do criado mudo. Correu, mas não encontrava saída. Foi para a cozinha, onde uma cancela de madeira era a única barreira a separá-lo da liberdade.

Geraldo correu também, atrás do jovem e alcançou-o... largando a arma, que estava sem balas, pegou a faca peixeira do faqueiro em cima da pia e antes que Nelinho pudesse pular ou abrir a cancela, acertou- lhe uma facada nas costas. Nelinho caiu, enfraquecido pelo golpe, com o peito exposto, Geraldo desferiu-lhe mais uma facada, direto no coração.

Assim morreu o jovem deus grego, que era uma lenda entre os seus. Morreu aos 18 anos, por um capricho, nu, da cintura para baixo, no soalho da cozinha de um marido traído.

Elisa não morreu. Ficou paralítica da cintura pra baixo.
Geraldo foi levado a julgamento, mas absolvido pela alegação de que “matara em legitima defesa da honra”. Naquele tempo ainda se usava, e se aceitava, tal alegação.

Pouco tempo depois, Geraldo e Elisa tornaram a voltar, tornaram a viver juntos, outra vez como marido e mulher.

Um comentário:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

É... Tem gente que gosta de viver perigosamente.

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