Versão de uma das mil e uma histórias de Nasrudin
Por Virgínia Allan
Um dia lá bateu a porta da casa do Zé um compadre chegado do interior e para agradá-lo, o compadre lhe trouxe um pato e Zé, muito agradecido, mandou a mulher fazer um pato cozido.
O compadre não demorou em sua visita e logo se foi arrepiando caminho de volta.
No dia seguinte, Zé acordou com novas batidas na porta. Era um amigo do compadre do Zé que tinha lhe trazido o pato.
Zé mandou que entrasse e lhe ofereceu o que comer.
Na manhã seguinte, novas batidas na porta... e novamente na manhã seguinte e outra vez na manhã da manhã seguinte.
A casa do Zé virou restaurante, ponto certo de quem vinha de fora da cidade, sempre um amigo do amigo do compadre do Zé que tinha lhe trazido o pato de presente.
A mulher estava para largar o coitado, pois já não agüentava mais viver na cozinha, quando novas batidas soaram na porta da casa do Zé e o estranho com a cara mais lambida do mundo se apresentou como o amigo do amigo do amigo do seu compadre que tinha lhe trazido o pato.
O Zé se apoquentou, mas mesmo assim mandou entrar o dito cujo. Sentaram-se à mesa e Zé pediu à mulher que lhes trouxesse a sopa.
O visitante já lambia os lábios e esfregava as mãos, pensando na delicia que logo saborearia, porém, mal deu a primeira colherada fez cara de desgosto: “Ó meu amigo, que tipo de sopa é esta? Isso não passa de água quente”.
“Ora, tá reclamando do quê?” disse o Zé tranquilamente. “Essa, meu amigo, é a sopa da sopa da sopa do pato que o meu compadre e parente me trouxe de presente”.
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