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quinta-feira, 27 de julho de 2023

O CORPO É POLÍTICO E TUDO O MAIS TAMBÉM


Quando alguém perguntar em forma de protesto, se tudo é política, pode responder sem medo que SIM, tudo é politica, porque a Nação é um corpo politico e porque um corpo individual também o é. Nem adianta dizer que não.

A HISTÓRIA DE MUSHKIL GUSHA




Le Père Jacques (The Wood Gatherer)
Artista: Jules Bastien-Lepage, 1881
Período: Pintura do realismo


A HISTÓRIA DE MUSHKIL GUSHA, O DISSIPADOR DE TODAS AS DIFICULDADES!

Dizem que, quando determinado número de pessoas se encontram reunidas e entre elas reina a harmonia, temos o que chamamos um acontecimento, embora nas culturas contemporâneas, geralmente, não seja entendido assim, já que para essas culturas um “acontecimento” é algo que acontece e impressiona a todos por meio de impactos subjetivos. Isto seria o que alguns tratariam como um “acontecimento inferior”, pois ocorre num “mundo inferior”; o das relações humanas, facilmente produzidas, sintetizadas e comemoradas. 

O verdadeiro acontecimento, do qual o acontecimento inferior é somente uma útil semelhança (nem mais nem menos), é aquele que pertence ao domínio superior, que, por sua vez, não pode ser interpretado adequadamente mediante uma representação terrestre convincente sem deixar intacta a exatidão. Algo de imensa importância em um domínio superior, jamais poderá ser expresso, por completo, em termos literários, científicos ou dramáticos, sem que se perca o seu valor essencial. Entretanto, certos relatos, sempre que contenham elementos da área do conhecimento superior, por mais que possam parecer absurdos, inverossímeis, improváveis, ou, até mesmo, defeituosos, podem – junto à presença de certas pessoas – comunicar o acontecimento superior em questão a região apropriada da mente. É importante que seja assim, porque a familiaridade com o “acontecimento superior” como quer que isso ocorra, capacita a mente do indivíduo a operar no domínio superior. 

O conto de Mushkil Gusha é um exemplo. A “falta de nitidez” no tema, a própria “ausência de plenitude nos acontecimentos e também de fatores que estamos acostumados a esperar em uma história são, neste caso, indicações do paralelismo superior”.

Era uma vez…

a menos de mil milhas daqui um pobre e velho lenhador viúvo que vivia com sua pequena filha.

Todas as manhãs, ele costumava ir à montanha cortar lenha, a qual trazia para casa, depois de atá-la em feixes. Após a primeira refeição, o velho então, caminhava até a cidade mais próxima, aonde vendia a sua lenha e assim que descansava um pouco voltava para casa.

Um dia, ao chegar em casa, já muito tarde, a menina lhe disse: “Pai, algumas vezes eu gostaria de ter uma comida melhor para comer, com mais fartura e diferentes tipos de coisas”.

“Está bem, minha filha”, disse o velho, “amanhã me levantarei mais cedo do que o costume; irei mais longe nas montanhas, onde há mais madeira, e trarei para casa uma quantidade de lenha bem maior que a habitual. Chegarei cedo, pois assim poderei enfeixá-las mais depressa para ir até a cidade vendê-la, de modo que tenhamos muito mais dinheiro, e, ao regressar, trarei para ti toda espécie de coisas deliciosas”.

Na manhã seguinte, o lenhador se levantou antes do amanhecer e foi para as montanhas. Trabalhou duro, cortando e aparando lenha, que depois atou em um enorme feixe que carregou nas costas até sua casa.

Quando chegou em casa ainda era muito cedo. Ele pôs a carga de lenha no chão e chamou à porta, dizendo: “Filha, filha, abra a porta. Tenho fome e sede e preciso comer alguma coisa antes de ir ao povoado”.

Mas a porta continuou trancada. O lenhador estava tão cansado, que se deitou no chão e prontamente adormeceu ao lado do feixe de lenha. A menina tendo esquecido por completo da conversa da conversa da noite anterior, ainda dormia. Quando o lenhador despertou, o sol já ia alto. Bateu de novo a porta e disse: “Filha, filha, venha depressa, pois já passou muito da hora em que costumo ir ao mercado”.

Mas a menina tendo esquecido a conversa da noite anterior, se levantara, limpara a casa e saíra a dar um passeio. Fechara a porta, supondo, em seu esquecimento, que seu pai ainda estivesse no povoado.

Então, pensou o lenhador: “É tarde demais para ir ao povoado. Portanto, regressarei às montanhas e cortarei outro feixe de lenha que trarei para casa, e, amanhã, levarei uma carga dobrada ao mercado para vender”.

O velho lenhador trabalhou arduamente o dia inteiro, cortando e empilhando lenha. Já era noite quando chegou em casa com a lenha sobre os ombros. Depositou a carga de lenha no chão, atrás da casa e bateu a porta, dizendo: “Filha, filha, abre a porta; estou cansado e faminto. Tenho uma dupla carga de lenha que espero levar amanhã ao mercado. Devo dormir bem esta noite para recuperar minhas forças”.

Porém, não houve resposta, pois a menina, ao voltar para casa, sentia muito sono. Preparou a comida e foi se deitar. A princípio, preocupou-se com a ausência de seu pai, mas se tranqüilizou ao pensar que ele havia decidido passar a noite no povoado.

O lenhador, percebendo que não podia entrar em casa, cansado, com fome e sede, deitou-se ao lado dos feixes de lenha e adormeceu. Não pode se manter acordado, apesar do receio pelo que pudesse ter acontecido a sua filha.

Por sentir muito frio e fome e estar por demais cansado, o lenhador despertou na manhã seguinte antes mesmo do dia clarear. Sentou-se e olhou ao redor, mas não pode ver nada, então ocorreu algo estranho. O lenhador ouviu uma voz que lhe disse: “Depressa, depressa! Deixa tua lenha e vem por aqui. Se, necessitas muito e desejas pouco terás um alimento delicioso”.

O velho homem se levantou e caminhou em direção a voz. Andou, andou, mas nada encontrou. Estava agora com mais frio, fome sede e cansaço do que antes, e além de tudo, certamente perdido. Havia estado cheio de esperanças, mas isto não parecia tê-lo ajudado. Sentiu-se triste, com vontade de chorar, mas se deu conta que chorar tampouco iria lhe adiantar de modo que se deitou e adormeceu.

Pouco depois, despertou, pois fazia muito frio e tinha fome demais para continuar adormecido. Assim, decidiu contar para si mesmo, como se fosse um conto, tudo o que lhe havia acontecido desde que sua filha lhe dissera que desejava um alimento diferente.

Quando acabou de contar sua própria história, acreditou ouvir novamente a voz, vinda do alto, como que saindo do amanhecer, que lhe disse: “Velho homem, que fazes aí sentado?”.

“Estou a me contar a minha própria história”. Respondeu o lenhador.

“E como é?”.

E o velho lenhador repetiu toda a sua história, outra vez.

“Muito bem”. Disse-lhe a voz e em seguida, mandou que ele fechasse os olhos e subisse um degrau.

“Mas não vejo degrau nenhum”. Disse o lenhador.

“Não importa”, disse a voz, “faz o que te mando”.

“O velho fez o que lhe era mandado. Assim que fechou os olhos, encontrou-se de pé, e, ao levantar seu pé direito, sentiu que havia algo sobre ele; algo assim como um degrau. Começou a subir o que parecia ser uma escada. De repente, os degraus puseram-se a se mover muito rapidamente e então, a voz lhe disse: “Não abras os olhos até que eu te diga.” Quase em seguida, a voz ordenou que abrisse os olhos e ao fazê-lo, ele viu que se encontrava num lugar que se parecia a um deserto, como um sol ardente sobre sua cabeça. Estava rodeado por uma grande quantidade de pequenas pedras de todas as cores: vermelhas, verdes, azuis e brancas. Parecia estar só. Olhou ao redor e não viu ninguém, mas a voz recomeçou a falar: “Pega quantas pedras puderes, depois fecha os olhos e desce novamente os degraus”.

O lenhador fez o que lhe foi dito e quando a voz ordenou e ele tornou a abrir os olhos, eis que se encontrava diante da porta de sua casa. Chamou, e desta vez, sua filha veio atender. Ela lhe perguntou aonde ele havia estado e o lenhador contou tudo o que lhe tinha acontecido, ainda que a menina dificilmente pudesse compreender, pois tudo lhe parecera tão confuso…

O velho lenhador entrou em casa, e ele e sua filha compartilharam o último alimento que tinham; um punhado de tâmaras secas. Quando terminaram, o lenhador ouviu uma voz que lhe falava: “Ainda que não o saibas, foste salvo por Mushkil Gusha. Lembra-te que Mushkil Gusha está sempre aqui. Assegura-te, a cada noite de quinta-feira, de comeres algumas tâmaras e dares outras a algum necessitado a quem hás de contar a história de Mushkil Gusha ou então, em nome de Mushkil Gusha, dê um presente a alguém que ajude aos necessitados. Faça com que a história de Mushkil Gusha jamais seja esquecida. Se assim o fizeres e o mesmo for feito por aqueles a quem contares a história, as pessoas que tiverem verdadeira necessidade haverão de encontrar o seu caminho”.

O lenhador colocou todas as pedras que trouxera em canto de sua cabana. Pareciam simples pedras e ele não sabia o que fazer com elas.

No dia seguinte levou seus dois enormes feixes de lenha ao mercado e os vendeu facilmente por um alto preço. Ao voltar para casa, levou para sua filha toda espécie de coisas deliciosas as quais, ela, até então, jamais havia provado. Quando terminaram de comer, o velho lenhador disse: “Agora vou te contar a história de Mushkil Gusha, o dissipador de todas as dificuldades. Nossas dificuldades foram dissipadas por Mushkil Gusha e devemos sempre lembrar-nos disso”.

Ao longo da semana seguinte, o velho lenhador seguiu sua vida como de costume. Ia às montanhas, trazia lenha, comia alguma coisa, levava a lenha ao mercado e a vendia, sempre encontrando comprador, sem dificuldade.

Quando chegou a quinta-feira seguinte, como é comum entre os homens, o velho lenhador se esqueceu de contar a história de Mushkil Gusha. Nessa noite, apagou-se o fogo na casa dos vizinhos e eles não tinham nada com que o reacender. Assim, foram à casa do lenhador e lhe disseram: “Vizinho, vizinho, dê-nos, por favor, algumas destas tuas maravilhosas lamparinas”.

“Que lamparinas?” Perguntou o lenhador.

“Vem aqui fora e verás”. Responderam os vizinhos.

Então o lenhador saiu e viu, através de sua janela, que, realmente, de dentro de sua casa, partia uma imensa quantidade de luz. Tornou a entrar e constatou que as luzes saiam do monte de pedras que havia deixado em um canto de sua cabana. Mas, os raios de luzes eram frios e era impossível usá-los para acender fogo, de modo que saiu e disse aos vizinhos: “Sinto muito vizinhos, mas não tenho fogo” e então lhes fechou a porta na cara.

Os vizinhos ficaram aborrecidos e confusos e voltaram resmungando para casa, mas aqui eles abandonam a nossa história.

O lenhador e sua filha cobriram rapidamente as brilhantes luzes com quantos panos puderam encontrar, com medo de que alguém pudesse ver o valioso tesouro que possuíam.

Na manhã seguinte, ao retirarem os panos, descobriram que as pedras eram preciosas gemas luminosas e uma por uma, levaram-nas às cidades vizinhas onde venderam-nas por um ótimo preço.

Então, o lenhador resolveu construir um palácio para ele e sua filha. Escolheram um lugar que ficava bem em frente ao castelo do rei daquele país. Em pouco tempo, um maravilhoso edifício havia tomado forma.

Esse rei tinha uma linda filha que ao despertar, certa manhã, deparou-se com um castelo que parecia saído de um conto de fadas bem em frente ao de seu pai, e ficou muito surpresa. Perguntou aos servos: “Quem construiu esse castelo? Que direitos tem essa gente para fazer algo assim tão perto de nosso lar?”.

Os servos saíram e foram averiguar e ao retornarem contaram à princesa o que haviam descoberto.

A princesa mandou chamar a filha do lenhador, pois estava muito zangada com ela, mas quando as duas meninas se encontraram e conversaram, logo se tornaram boas amigas. Reuniam-se todos os dias e iam juntas brincar e tomar banho no regato que o rei mandara construir para a princesa.

Alguns dias depois do primeiro encontro, a princesa tirou de seu pescoço um lindo e valioso colar e o pendurou em um galho de uma árvore, à margem do riacho. Esqueceu-se de pegá-lo ao sair da água e, quando chegou em casa, pensou que o tivesse perdido. Pouco depois, porém, a princesa pensou melhor e chegou à conclusão de que a filha do lenhador o tinha roubado. Contou ao seu pai, que então mandou prender o lenhador; confiscou o castelo e assim como todos os seus bens. O velho lenhador foi jogado em um calabouço e sua filha, internada em um orfanato.

Como era costume naquele país, depois de um certo tempo, tiraram o lenhador do calabouço e o prenderam a um poste em praça pública, com um cartaz pendurado ao pescoço, no qual se lia: “Isto é o que acontece àqueles que roubam aos reis”.

A princípio, as pessoas se reuniam ao seu redor, zombando e lhe atirando coisas. O lenhador se sentia muito infeliz. Entretanto, em pouco tempo, como é comum entre os homens, se acostumaram a vê-lo ali, sentado junto ao poste. Já quase não lhe prestavam atenção. Algumas vezes lhe atiravam restos de comida, outras vezes esqueciam-se dele completamente.

Um dia, o velho lenhador escutou alguém dizer que era tarde de quinta-feira e de súbito, lembrou-se de que logo seria noite de Mushkil Gusha, o dissipador de todas as dificuldades, a quem ele havia se esquecido de comemorar a tanto tempo. Tão logo esse pensamento lhe veio à mente, um homem que por ali passava jogou-lhe uma pequena moeda, então o lenhador o chamou e disse: “Generoso amigo, dás-me dinheiro que, para mim, de nada serve. Entretanto, se tiveres a bondade de comprar umas tâmaras e vir comê-las comigo eu te ficarei eternamente grato”.

O homem foi e comprou algumas tâmaras. Sentaram-se e comeram-nas juntos. Quando terminaram, o lenhador lhe contou a história de Mushkil Gusha.

“Acho que deves estar louco”. Disse o homem. Mas, era uma pessoa bondosa que, por sua vez, também passava por grandes dificuldades, mas ao chegar em casa, naquela noite, percebeu que todos os seus problemas haviam desaparecido e isto fez que começasse a pensar muito a respeito de Mushkil Gusha, mas aqui ele abandona a nossa história.

Na manhã seguinte, a princesa voltou ao regato onde costumava se banhar. Quando ia entrar na água, viu lá no fundo o que parecia ser o seu colar. Ao mergulhar para pegá-lo, espirrou, voltando a cabeça para trás e percebeu que aquilo que tomara pelo seu colar, era apenas o seu reflexo na água. O colar estava pendurado no galho da árvore onde o havia deixado há muito tempo. A princesa pegou o colar e rapidamente foi até seu pai contar o que tinha acontecido.

O rei ordenou que libertassem o lenhador e lhe fossem pedidas desculpas públicas. A filha do lenhador foi tirada do orfanato e todos viveram felizes para sempre.

Estes são alguns dos incidentes da história de Mushkil Gusha. É um conto muito longo e que nunca termina. Tem muitas formas e algumas delas nem são chamadas de “história de Mushkil Gusha” e por isso, as pessoas não a reconhecem; mas, é por causa de Mushkil Gusha que sua história, em qualquer uma de suas formas, será sempre lembrada, de dia ou de noite, em qualquer lugar do mundo, onde quer que haja pessoas. Assim sua história será sempre contada e continuará sendo, para todo o sempre.

Querem repetir a história de Mushkil Gusha nas noites de quinta-feira e assim ajudá-lo em seu trabalho?

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Descaminhos de Sinéad O'Connor





https://youtu.be/MXyGEw8lHG8

https://ihu.unisinos.br/categorias/630975-como-sinead-o-connor-ensinou-um-padre-catolico-a-rezar

Em 2016,  Sinéad O' Connor publicou pela última vez, nas redes sociais. Em uma imagem sua em preto e branco, ditou a seguinte legenda: 'ame a vida que tens e agradece o que és!!!' — Foto: Reprodução

Enquanto uns fazem aniversário com todo brilho, como Míck Jagger, outros partem em silêncio, que nem Sinéad O' Connor. Cantora polêmica e trágica, ousou usar a voz como forma de protesto. Como irlandesa, tinha na fé católica um ponto de rebeldia e insurreição, denunciando os abusos cometidos ao longo do tempo pela Igreja, chegando a rasgar a foto do Papa João Paulo II em pleno palco, o ato de rebeldia, rendeu-lhe a excomunhão. Ativista dos Direitos Humanos, era persona "non grata" para muitos. Ano passado, perdeu o filho mais novo, 17 anos, para a depressão. Processou o hospitaĺ, onde o rapaz se tratava. Converteu-se ao Islã, assumindo uma nova identidade: Shuhada Davitt. 



"Eu não sou uma estrela pop. Sou apenas uma alma perturbada que precisa gritar em microfones de vez em quando."

Sinéad O' Connor, foi uma mulher em busca de redenção como ser humano. Com certeza, não foi feliz, mas ao menos, podia dizer a si mesma, que não tinha tempo a perder em busca dessa tal felicidade, que, talvez, lhe parecia ser um caminho egocêntrico e solitário, contudo, viveu em solidão, lutando com seus demônios. Hoje enfim, aos 56 anos, sua luta acabou. Que descanse em paz.

Batendo palma para o Mick dançar


Mick, aos 80

Hoje, 26 de Julho de 2023, é aniversário de Mick Jagger, um dinossauro ainda a andar livre, leve e solto sobre a terra. Sempre a cantar e pular, mesmo agora, aos 80 anos, com essa energia raríssima a espalhar por aí. Se fosse eu, já estaria desconjuntada e, desse modo, aposentada. Que Deus o abençõe e para este tipo de maluco, continuarei a bater palma só para vê-lo dançar. 



MATÉRIA ESCURA, SÓ POR CURIOSIDADE


Você sabe o que é "matéria escura"?! Eu também não sei, então, fui pesquisar. Gosto muito de Astronomia, gosto de tudo o que se refere ao espaço, ao Cosmo, essa imensidão "flutuante" de sonhos reais, da qual o homem não têm lá definições precisas, porque o Universo está sempre em mutação, não direi expansão, posto que não possuem mais certeza alguma sobre essa teoria. A vida é assim. Surpreendente! Afirmar que as leis do Universo são inflexíveis ou que, teorias "absolutas" são absolutas, é se firmar no lugar de Deus e duvidar da própria existência. Hoje, "teorias absolutas" são simplesmente descartadas e logo substituídas por outras, o que, em algum momento de nossa história, tal coisa seria considerada simplesmente impensável, mas, há, sempre houve, quem duvide e que continuará a duvidar, que impossibilidades sejam empecilhos de fato ou complicados e frágeis pontos finais. 





Mapeamento da matéria escura
Foto: ACT Collaboration

As partes laranjas, é onde há mais massa; roxo, onde há menos ou nenhuma. A faixa em branco, mostra a luz contaminante da poeira em nossa galáxia, a Via Láctea, medida pelo satélite Planck, que tudo obscurece, impedindo assim uma visão mais profunda.

Bem, voltemos à "definição" de matéria escura, uma definição, aliás, inexata, inconclusa, como tudo o que se refere ao Universo. 

Para começar, matéria escura é uma grande quantidade de matéria sem origem definida, mas que sem a qual, a vida na Terra, não seria possível, enfim, ela seria uma hipótese que explicaria a existência e a forma das galáxias, que, sem ela, não poderiam girar. Então, podemos dizer categoricamente, que, a nossa existência só é possível por causa da existência da matéria escura. A matéria escura, que nem o buraco negro, não emite luz e não se pode detectar, isto é, "até ontem", agora, talvez seja possível, por causa do telescópio James Webb, o mais poderoso já construído e lançado no espaço no dia 25 de Dezembro de 2021. 

O telescópio conseguiu registrar evidências da matéria escura, que, acredita-se, seja composta de axions ou axião - um bóson não bariônico, partículas subatômicas, bem menores que prótons, nêutrons e elétrons. 









terça-feira, 25 de julho de 2023

EU TOMO CONTA DO MUNDO



Clarice Lispector

                    Eu tomo conta do mundo

Clarice Lispector

Sou uma pessoa muito ocupada: tomo conta do mundo. Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar, e vejo às vezes que as espumas parecem mais brancas e que às vezes durante a noite as águas avançaram inquietas, vejo isso pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras de minha rua. Presto atenção se o céu de noite, antes de eu dormir e tomar conta do mundo em forma de sonho, se o céu de noite está estrelado e azul-marinho, porque em certas noites em vez de negro parece azul-marinho. O cosmos me dá muito trabalho, sobretudo porque vejo que Deus é o cosmos. Disso eu tomo conta com alguma relutância.

Observo o menino de uns dez anos, vestido de trapos e macérrimo. Terá futura tuberculose, se é que já não a tem.

No Jardim Botânico, então, eu fico exaurida, tenho que tomar conta com o olhar das mil plantas e árvores, e sobretudo das vitórias-régias.

Que se repare que não menciono nenhuma vez as minhas impressões emotivas: lucidamente apenas falo de algumas das milhares de coisas e pessoas de quem eu tomo conta. Também não se trata de um emprego pois dinheiro não ganho por isso. Fico apenas sabendo como é o mundo.

Se tomar conta do mundo dá trabalho? Sim. E lembro-me de um rosto terrivelmente inexpressível de uma mulher que vi na rua. Tomo conta dos milhares de favelados pelas encostas acima. Observo em mim mesma as mudanças de estação: eu claramente mudo com elas.

Hão de me perguntar por que tomo conta do mundo: é que nasci assim, incumbida. E sou responsável por tudo o que existe, inclusive pelas guerras e pelos crimes de lesa-corpo e lesaalma. Sou inclusive responsável pelo Deus que está em constante cósmica evolução para melhor.

Tomo desde criança conta de uma fileira de formigas: elas andam em fila indiana carregando um pedacinho de folha, o que não impede que cada uma, encontrando uma fila de formigas que venha de direção oposta, pare para dizer alguma coisa às outras.

Li o livro célebre sobre as abelhas, e tomei desde então conta das abelhas, sobretudo da rainha-mãe. As abelhas voam e lidam com flores: isto eu constatei. Mas as formigas têm uma cintura muito fininha. Nela, pequena, como é, cabe todo um mundo que, se eu não tomar cuidado, me escapa: senso instintivo de organização, linguagem para além do supersônico aos nossos ouvidos, e provavelmente para sentimentos instintivos de amor-sentimento, já que falam. Tomei muita coisa das formigas quando era pequena, e agora, que eu queria tanto poder revê-las, não encontro uma. Que não houve matança delas, eu sei porque se tivesse havido eu já teria sabido. Tomar conta do mundo exige também muita paciência: tenho que esperar pelo dia em que me apareça uma formiga. Paciência: observar as flores imperceptivelmente e lentamente se abrindo.

Só não encontrei ainda a quem prestar contas.

(*Crônica de Clarice Lispector, publicada originalmente no ‘Jornal do Brasil, 4 de março de 1970)

– Clarice Lispector, do livro “Aprendendo a viver”. Rio de Janeiro: editora Rocco, 2004.

"EU TOMO CONTA DO MUNDO" Parte 2"


Para Clarice


Clarice Lispector 

Publicada em meu perfil do Facebook, em 06 de Março de 2012, inspirada em uma crônica de Clarice Lispector intitulada "Eu tomo conta do mundo". Para ler a crônica original, abra o link: 



Ficar vigilante me causa imensa aflição. Olho para tudo; presto atenção, mas olho e presto atenção com certo receio. Temo Clarice, deparar-me com o absurdo de uma situação e não poder nada fazer. Mas, mesmo assim, mantenho-me de vigia. Cuido do céu, do rio, das matas, cuido das crianças e da vizinhança. Reparo nas árvores, no canto dos pássaros, no coaxar dos sapos. Cuido do manto estrelado da noite que cai, se o sol está frio ou quente demais. Dou-me conta da aflição e tristeza do pobre, da miséria material e espiritual que ronda a terra. Realmente o Cosmo dá muito trabalho, Clarice, e principalmente se o reconhecemos como nossa casa ou a casa de Deus, ou, se reconhecemos o cosmos como o próprio Deus e de Deus é difícil mesmo tomar conta.

Rostos inexpressivos, corpos sem alma, estão cada vez mais comuns. Gente que vive automaticamente, sem sequer dar-se conta de si mesmo ou de sua existência. Falo lucidamente, ou assim penso eu... é que são tantas as coisas para se tomar conta... inclua-se nisso tudo a floresta Amazônica, tão profunda e misteriosa, mas não infinita como pensam tantos, os arrogantes e gananciosos. O dinheiro que eu não ganho “tomando conta do mundo”, ganham eles tentando destruí-lo.

As estações estão enlouquecidas mal dá tempo de mudarmos com elas, o que ontem era de um jeito, hoje está de outro. O gelo, que se derrete nos polos e enche os mares, a camada de ozônio que está cheia de buracos, os rios que também se enchem demais, causando enchentes, ou secam, rapidamente, criando desertos e matando de sede o povo e os animais.


Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...