Um corvo, um cobre

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terça-feira, 30 de junho de 2009

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-LÍDIA



Dona Lídia era a calma em pessoa e, por demais católica, temente a Deus, a exemplo de São Francisco, resignava-se diante das situações que não conseguia mudar, o que equivale a dizer uma vida atribulada, seis filhos e um marido insensível. Mas, não havia nesse mundo nada que a abalasse, D. Lídia em vez de Lídia, devia chamar-se “Amélia, a mulher de verdade” que nem a canção do Ataulfo Alves e letra de Mário Lago... marido chegava bêbado, xingando Deus e o mundo, lá estava ela, a postos, pronta a tirar-lhe a roupa, as meias, os sapatos e ainda colocá-lo na cama, limpa e arrumada, ao mesmo tempo, balbuciando uma oração, a pedir perdão por ele, seu tosco marido, por citar o Seu Santo Nome em vão... Se as crianças aprontavam, Dona Lídia sorria ou fingia-se de brava a impor respeito... O marido, mau-humorado até a unha do dedão do pé, que detestava ser perturbado, levantava do seu sossego, brigava, e até metia a peia nas coitadinhas... mas ela, Dona Lidia, não... não brigava com ele... nem com as crianças, nem com ninguém! Esperava com paciência a tempestade dos humores passar... não se intrometia nos castigos impostos aos filhos, há não ser ser em última instância.
Aos domingos, nunca faltava à missa e quando voltava para casa, comungada de alma lavada, e livre dos pecados, absolvidos na confissão, estava pronta para qualquer situação. Era inconcebível para quem estava do lado de fora da vida de Dona Lídia, compreender tanta resignação / mortificação. Mulher bonita ainda, de cabelos negríssimos custava-se a entender porque agüentava aquela vida. Ela sorria, brincava, cantava, mas de uma coisa todos tinham certeza; ela não era feliz... não poderia ou então não sabia o que era felicidade... E o que vem a ser essa tal felicidade? De uma forma ou de outra, fato é que essa mulher que se dizia feliz, apaixonada por seu marido, sua casa e seus filhos, resignada, católica praticante, temente a Deus e submissa à Sua vontade, adoeceu gravemente e nenhum médico conseguiu fazer um diagnóstico correto. Sofria de uma doença degenerativa que a fazia arrastar-se, dependendo da caridade dos filhos ou dos vizinhos para poder se alimentar... O marido já nem se dava ao trabalho, agora mais do que nunca, não parava em casa, e, nem assim, acreditem ou não, se ouviu ela o maldizer, ou levantar a voz para reclamar como injusta sua difícil situação. . . Foi-se D. Lidia, foi-se o marido, foi-se uma das filhas, que, matou-se num domingo de sol... foi-se o tempo desta história? Dona Lídia morreu jovem, se foi mártir, santa, acomodada, condicionada, feliz ou infeliz, eu não o sei dizer e ouso pensar que talvez nem a própria Dona Lídia o soubesse... De-lhe o céu a desejada recompensa, seja ele o seu mais justo e fiel juiz.

sábado, 13 de junho de 2009

SERENA


Serena
Alegrou o olhar
Reviu o mar
Roubou um beijo da lua
Sossegou o desespero
Acalmou o cansaço
Dobrou a compensação
De acordar da ilusão
Rumou em silencio
Para a rua de cima
Olhou com distancia
Para o rio do tempo
Sorriu com desembaraço
E juntou novamente os cacos
Não de um coração partido
Mas de um dia dolorido
Gesto de adeus, hora de partida
Momento de despedida
Pedaços de vida
Grãos de areia colorida levados pelo vento

   

sexta-feira, 12 de junho de 2009

PRINCESA PROMETIDA





Há um trovador que canta em meus ouvidos
A triste história de um amor perdido
Vai, assim, em turbilhão as batidas de meu coração
Por quanto tempo mais serei errante por esta terra?
Cavaleiro intrépido, escondido pelas trevas
Longe de tudo o que sempre almejei... Deprimido, inconstante...
Buscando somente um sossegado adormecer
Mas, ainda sinto as amarras invisíveis que me prendem...
Vou por este mundo com passos indolentes e vacilantes
E com pesar, analiso as horas e o tempo dissonante...
O suor me escorre pela testa... Árduo destino... Árdua tarefa...
Pois, na torre mais alta de um velho castelo
Na fabulosa montanha de um lugar distante
Se encontra a beleza que tudo encerra, promessa de vida, a paz na guerra
A donzela querida, princesa dos meus sonhos...
Guiado pela lua vigilante
Alcançarei o impossível antes de nascer o sol...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

LUTO COTIDIANO




Nascer, viver, morrer fazem parte do cotidiano
Do mesmo modo, as alegrias, os pesares e os enganos
Nunca saberemos quando será a nossa vez. 

Lembremos, que, todo dia, a todo momento, estamos por um fio...
Mas, nem por isso esqueçamos que, viver é bom
e fazer o impossível a meta a qual nos disponibilizamos
Compromisso com nós mesmos na não desistência da existência,
por mais angustiosa, sufocante, entristecida que nos pareça

Enfrentemos, com força e coragem
o que nos suceda, exercitando o desapego, amenizando o sofrimento, ouvindo o silêncio
Estando no mundo sem ser exatamente dele
Buscando, no mistério da vida que nos cerca, o equilíbrio, a paz,
a fonte do sossego...

Assim, quando a morte, em qualquer lugar, por fim nos alcance,
seja antes, bem-vinda senhora ou doce criança, estejamos prontos...
Não partamos daqui chorando, pois, é nosso destino humano
sempre partir...


    

terça-feira, 26 de maio de 2009

UMA HISTÓRIA SEM FIM












Era uma vez um menino que saiu a passear... Sem olhar para trás, nem percebeu a longa fila de patos que lentamente subia a ladeira...

"Sim... vai daí..."
"Humm... Espera os patos subirem a ladeira...

"Sim... vai daí.."
"Espera os patos subirem a ladeira..."

"Sim... vai daí.." 
"Espera os patos subirem a ladeira.." 




quinta-feira, 30 de abril de 2009

SENTE-SE E FUME AO MEU LADO




 

 

Não... obrigada... eu não fumo mas, por favor, não se preocupe comigo... pode se sentar e fumar ao meu lado... não me sinto incomodada... ao contrário... vai meu pensamento disperso na fumaça do cigarro

Uma pausa, uma tragada... solte a baforada odiada por tantos no silêncio de minha solidão...

Gosto do cheiro que impregna o ar... incenso poderoso que pra longe espanta a dor de mal pensar... 

Um copo cheio de uma bebida qualquer e um fumante solitário é tudo de que preciso para inspirar-me e apaziguar meu coração

Não se preocupe comigo, não...

Sejamos bem-vindos ao paraíso almejado pra onde nos leva uma tragada de cigarro

É bom saber, na verdade, é um alivio, que estamos entre amigos

quarta-feira, 22 de abril de 2009

REFLEXÕES DE UMA ALIENIGENA SOBRE O ESTRANHO COMPORTAMENTO DOS SERES HUMANOS PARTE... E AMANHECI DE LUA, DÁ LICENÇA... ALIEN TAMBÉM TEM ESSE DIREITO..



Houve um tempo em que até fazia questão da companhia de outros humanos, nem que fosse pra passar o desassossego da solidão no balanço das horas, em longas conversas “sérias”, ou somente um bate-papo furado, com pessoas de verdade, nada de muito ousado... simples trocas de ideias, jogadas, descartadas, rapidamente deixadas de lado... Houve um tempo em que a gentileza de um sorriso, um olá, um agrado e um gesto desinteressado de amizade, daqui e acolá, me deixavam contente e com boa disposição para com toda gente... Mas, agora, reconheço, sem querer generalizar, na minha esfera de circunferência (conceito matemático... estarei sendo redundante... Hum! Provavelmente...) tirando uns e outros, tanto fez tanto faz, pouco se me apetece tal convivência ou a troca de gestos largos, amigáveis, gentis, espontâneos ou programados, estudados, friamente calculados nesta minha difícil missão sobre a Terra... Um mundo louco, palco de delírios, onde se vive um teatro, cujas armadilhas, infelizmente, muitas vezes (como qualquer armadilha bem ou mal camuflada) são tardiamente percebidas, lhes põem em cheque o amor e o equilíbrio... vão na corda bamba, feito “o bêbado e a equilibrista” e assim, banalizadas as emoções, os sentimentos, mantêm-se todos à superfície de tudo... Amores, amizades como dizia Allan Poe em seu poema O Corvo, “tudo se vai”... A mente humana não é estável, nem confiável as pessoas possuem humores variáveis e confundem “alhos com bugalhos” e pouco importa a idade... são tantos desencontros por coisas tolas, bobas, banais que a desistência de tentar me manter humano é quase iminente, uma verdadeira tentação... Enfim, porque não entregar de vez os pontos e ser como todos são? Esse algo indecifrável, enigmático, francamente acomodado e problemático... Não posso... apesar de tudo, gosto da minha posição de Alien em expansão e um Alien em expansão como eu, digo isso de coração aberto, sem arrogância ou falsa modéstia, é um Alien em expansão e nunca deixará de ser, sinto muito, um Alien da minha estirpe não pode desenvoluir (usei de um neologismo, eu sei)  e portanto, não vejo as coisas por este ângulo... Não, não estou amarga,  talvez decepcionada... porém, faço o que devo fazer e constatado o fato, e sempre surge um item a mais, o anoto no extenso relatório sobre a confusa, frágil estabilidade das relações humanas... É a minha função, o meu trabalho, afinal estou aqui para aprender. Ponto final. Na verdade, mais que decepcionante, tais atitudes, chegam a ser tragicamente engraçadas... Hoje eles conhecem e amam intensamente; amanhã odeiam e esquecem, ou então, simplesmente, tudo lhes é indiferente... “Normal” dizem eles (tudo lhes parece absolutamente normal e deve ser, em se tratando desses seres estranhos seres... Sem dúvida, são coisas da tal personalidade cambiante e manipulável, que neles age, atua conforme as fases da lua...
        

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...