Um corvo, um cobre

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-DORIAN GRAY




DORIAN GRAY


Tradutor fiel de mim mesmo... sou um esboço imperfeito que em linhas tortas... amargas... quase apagadas... procura manter uma imagem... forte... sábia... e tenta sobressair-se... entre tantos outros esboços... com os mesmos defeitos... Auto-retrato... claro... de um Dorian Gray deturpado... Juventude... beleza... e perfeição... em sépia ou preto-acinzentado... restos de nada... pura ilusão... de ótica... de olhos que não vêem... além... de ambições malfadadas... de almas e corações... do impossível nunca dito... do fato nunca consumado...Tudo passa... sim... tudo se perde? Não... tudo se transforma...! É a natureza... o não aceitável... das coisas... e das situações... impermanência... ponto... e mais pontos... mutação... Por onde andará minha sorte...? Encolhida... Perdida por entre tantos descaminhos...? Adormecida no cimo de um monte... ou esquecida... escondida... no fundo de um abismo... mera lembrança... levada... lavada... misturada... nas águas de um rio que corre... célere... para o mar... Lá aonde se encontram as águas... ou... as mágoas... doces e salgadas... Violenta... e/terna... pororoca... de sentimentos e tormentos... amor e/terno... de rio e mar... deixa passar... deixa navegar... em águas tranqüilas... contente... feliz da vida... Mas... e eu... meu Deus... Por onde andei...? Em que falhei...? Que pontos não observei...? Que fiz eu... de meus sonhos...? Que fiz eu... de meus enganos...? Quantas chances... desperdicei... deixei passar? Quantas escolhas... ao azar...? Tudo fora de lugar... peixe preso no anzol... não há como escapar... Estou aqui... agora... só... do lado de cá... mais adiante... olá... não consigo enxergar... Meus olhos arregalados não me adiantaram... só fizeram chorar... e meus ouvidos atentos... apurados... deram crédito somente as mentiras... as ilusões... contadas pelos desafortunados... pobres... “caçadores de emoções”... maus atores... em apuros... vestidos de andrajos... em frangalhos... no papel... amarelado... imoral... da virtudesvirtuada... tratada como coisa normal... banal... pedaços desconexos de peças escritas às pressas... mal ajambradas... desajeitadas... mediocrementes... mentes... pensadas... representadas... pavorosas colagens... des/construções... da arte... no palco... em ruínas... do teatro... da vida... e na platéia... os vermes... à espera... longa mas não interminável... do banquete ambicionado... pausa... atos entre atos... Abomináveis... são... não?... Todos os pecados... perdoáveis... são... não...?! Junte as mãos... então... em oração... talvez assim... preocupado... rezes... e encontres... finalmente... a verdade... aquela... que salva... e liberta... na hora certa... a quem... alguém que... certamente... bem merece viver bem... em paz... com o “coração tranqüilo”... a bater no peito... desapertado... “a espinha ereta”... “a alma quieta”... para sempre... digo... Amém.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DIA ETERNO



Enquanto o tempo não nos fere em desventura, ousemos por bem aproveitar o dia, gozemos então da mocidade, que, por vezes, muito cedo, desfaz-se em agonia.


E a aurora, que agora desponta, clara e radiante, em um instante, se fará noite escura, enquanto a lua crescente, serena, límpida, brilhante, penderá bendita por sobre a terra nua!


E as estrelas... Ah, belas e etéreas, dispersas pelo vento, serão meros enfeites a adornarem os semblantes dos viventes...


Outra manhã nascerá e com ela virá o silêncio e a solidão... Os sonhos serão herança apenas daqueles que herdarão a terra.


Mas, para o nosso consolo, na hora do crepúsculo que chega, prisioneiros, nunca mais haveremos de ser... Unidos na alegria e na tristeza, entregues estaremos à beleza do dia eterno que nos vem

domingo, 9 de novembro de 2008

TUA PRESENÇA






Amor, arrepios por minha pele sobem
Quando no sossego da noite me desejas
E se no aconchego de meus braços
em ardorosos prazeres te deleitas

Passa o dia lentamente
Se te demoras a chegar
Paira a tristeza em meu pensamento
Sombras turvam-me o olhar
E se é dia e o sol existe, ele não brilha, nem queima
E se é noite, não há lua, nem céu, não brilham as estrelas...
É noite fria, vazia e escura, em desencanto desfeita

Arroubos de impaciência me transtornam
e uma nuvem cinza meu rosto encobre
Tomam-me por ausente ou desvalido
Se teu nome repetidamente pronuncio

Quero tua presença, amor, constante, amante,
sempre ao meu lado, pois sem ti o que sou?
Um simples nada...coberto de nada
Um peixe fora d’água

Alma abandonada
Sem descanso, envelhecida
Semente fugidia
Destituída de esperança
Esquecida da lembrança

Ferida antiga, amiga, exposta no peito
O lamentoso pranto de uma dor doída

Um lago drenado
Uma flor que murchou
Um cântaro quebrado
A angústia que não passou

Um jardim fechado
Ai, ai... uma fonte que não jorrou
Um pássaro cativo, amor, descuidado
Que um dia voou e nunca mais voltou

sábado, 8 de novembro de 2008

EROS E PSIQUÊ


Eros e Psiquê, Antony Van Dick (1639/1640)


Quem amor, contou-te este segredo
Que do vulgo tento esconder
Quem amor me tirou o sossego
De te amar sem você saber

Quem amor contou-te este segredo
Que minha face de rubor encobre
Quem deixou-me o coração, célere a bater
Por ter te revelado quem tanto sofre

A tímida Paloma arribou para o norte
Foi fazer seu ninho em lugar escondido
Aonde nem a lua nem o sol
Possam descobri-lo

Assim como a Paloma é o amor que te tenho
Tímido, anseia voar...
Mas me impedem as asas cortadas
Que a esperança e a saudade, na verdade,
Desejam quebrar

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

REBANHO DESFALCADO



Detenha o tempo seu moço
Por favor, faça-o voltar
Detenha o tempo seu moço
Que eu não posso mais

Passivamente deixei passá-lo
Nem percebi crescer minha menina
Em mãos ignorantes deixei-a, em desamparo,
Refém nesse mundo de mentes aflitas

Meu amor transmudou-se em dor
O sorriso, ao meu rosto envelhecido não mais aflora
Pois cantigas de ninar, para ela, não posso mais cantar
Acalento ao seio d’alma a lembrança de uma filha morta

De meu coração sai apenas um réquiem distorcido
A oração já não me consola e minha alma despedaçada
Em um mar de transtorno se afoga. A dor é senhora...
Veio para ficar... nunca mais irá embora...

Tropecei... e em muitos momentos dessa jornada,
Deixei-me vencer pelo cansaço, omitindo-me
Nos momentos mais necessários, curvando-me a pressa e a vontade,
O viver dos condenados

Vitimas/cúmplices/displicentes
Somos sempre por livre, espontânea vontade
Dando sempre a outra face
Tratando bem a quem mal nos quer,
Driblando a angústia da miséria acomodada,
Concedendo aos diabos perdões disfarçados

Beijo de Judas nos rostos dos assassinos
Quando a vontade, em verdade
É gritar, é bater, matar ou morrer...

Então porque me calo?
Rebanho desfalcado
E há lobos que nem se disfarçam
Porque nos deixamos enganar?

Nem chorar mais consigo
Nó na garganta que me acabrunha a esperança
Que me adoece/adormece o espírito
Que me atormenta em febris delírios

E viver assim, com isso, seu moço, lhe digo
É o pior e o maior de todos os castigos...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

INCUBU



E ela sonhou que ambos se encontravam e conversavam uma conversa estranha, esquisita... Também só pode ser estranha, esquisita, uma conversa com um demônio.
Ele queria alguma coisa dela, mas, não queria dizer o que era e ela ficou pensando, imaginando... : “O quê, realmente, seria importante para um demônio? Os sonhos? A mente? A alma? O coração?”. Jamais poderia desconfiar que falava com um demônio apaixonado e o que realmente lhe importava era obter, com absoluta certeza, de que possuía um amor real, sincero, constante e o melhor de tudo, plenamente correspondido.
E ela perguntou a esse ser fascinante: “Um demônio pode amar? Um demônio sabe amar?”
E ele lhe respondeu: “O amor é um demônio, portanto, um demônio pode e sabe amar, por isso habita um inferno tomado pelas chamas, pois arde num fogo vivo, e, por toda a eternidade, nele será consumido, porém, não é a sua carne que queimará eternamente, mas, sim sua alma amaldiçoada pelo amor infinito; distorcido; amor carregado, que de tão pesado tornou-se um fardo”.
E ela ouve do demônio, que a acaricia e lisonjeia palavras que jamais ouvira ou ouvirá de homem algum e sem nenhum pudor ou cuidado, se entrega em seus braços.
Ao fim de tudo, ele lhe diz entre sussurros: “Durma bem, meu amor, estarei sempre com você, em seus sonhos”. E lentamente, ele sobre ela se inclina e em sua testa, deposita um longo beijo de boa noite.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-DESCONSERTO



DESCONSERTO

Apago o sonho que até por uns instantes
Deixou-me tonto
Largo a mala na sala
E despeço-me do nada
Ando para frente
Olho rapidamente para trás
Não há sossego
Na fragilidade do novo dia que surge
Deslumbrante, radiante
Mas muito além de mim
Suspiro profundamente
E deixo no rastro dos meus passos
Palavras caídas, perdidas no fim da linha
Hoje fechou-se o tempo
Em querelas, desavenças
Vou eu na gangorra da vida
Sem brincadeiras
Num sobe e desce
Em versos nus, a descobertos
Desconsertado tento consertar o mundo...
Do meu lado...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

SUCUBU




Ela surgiu-me assim, envolta em brumas, mas, aos poucos foi tomando forma. Primeiro em minha mente, depois em meu coração. Cada parte de meu ser, físico e espiritual, foi dominado por esta arrebatadora visão. Adoeci. A escuridão avançou rapidamente sobre mim.
As noites mal dormidas eram repletas de sonhos confusos e de pesadelos medonhos, porém, neles, sempre estava a bela mulher, cujo corpo, sensual e lascivo, deixava-me ardendo de um desejo até então, por mim, desconhecido.
No começo, os ignorei... os sonhos... ignorei-os, com toda a força possível... Ignorei tudo que me remetesse à lembrança daquela mulher, ao mesmo tempo terrível e inesquecível. Pensei que, desta forma, simplesmente ignorando, mais cedo ou mais tarde, me livraria desses sentimentos libidinosos, despertados por algo intangível e inconcebível. Pensei que logo, logo, eles iriam desaparecer, deixando-me livre outra vez para agir e pensar de maneira sensata. Entretanto, tal não sucedeu e à medida que o tempo passava, pior ficava minha situação.
Ela se insinuava; me roubando o sossego e a concentração, me jogando num poço profundo de pura solidão. Para ela, já não bastava o silêncio da noite, quando, gemendo de prazer, cavalgava-me, faminta, minando minhas forças, fazendo-me desfalecer a cada gozo; o corpo arrepiando de tanto deleite e tão faminta estava que passou então a invadir-me os dias, sussurrando meu nome, chamando-me à perdição; surgindo a minha frente nua; etérea, oferecendo-me a boca e os seios, pequenos; arredondados, cujos mamilos arrebitados, deixavam-me tonto. Eu sabia o quê ela era, mas, estava muito além de mim, desvencilhar-me de sua presença inebriante, malignamente sedutora. Sentia sua língua, penetrar-me os ouvidos, lamber-me o rosto, descendo, suavemente pelo pescoço, sentindo, pelo corpo inteiro, o seu perfume e sua respiração.
Com pressa e sem jeito, afastava-me de todos e nos recantos mais obscuros a procurava, tremendo de paixão. Meu sangue fervia, meu coração batia loucamente e eu explodia num gozo insatisfeito, pois sempre queria mais e mais... Ela estava me levando à loucura, mas, não só ela, assim como também minha fraqueza, avidez e passividade, numa entrega total. Doei-me em sacrifício em troca de um prazer sem limites... prazer este, que no final, não me satisfazia completamente. Minha vida virou um caos.... a culpa me consumia, mas, não era mais senhor de mim... ela possuía o controle e queria tudo, queria não, exigia tudo... tudo o que fosse possível ser pesado numa balança. A balança de Maat condenou-me, já que meu coração havia se levantado “como testemunha contra mim”... Ela, ela, eu... destruíram-me... e ansiei desesperadamente pelo meu próprio fim
.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-PARTIDA



PARTIDA

Ainda não é chegada a hora de partir
por favor, amor, não vá
que farei eu sem ti
sem teu calor para me ajudar a caminhar

Nas incontáveis horas de dias
idos e vindos, desde o raiar da real
fatal existência
foi a ti que tanto esperei
e por isso estranha agora me soa a tua ausência

Às vezes pego-me absorta
mergulhada em tristeza sombria, infinda
sob a pálida luz do fim do dia

Afugento o sonho vadio
que rodeia minha alma inconstante
Desconsolada esposa amante
musa viúva de um poeta louco delirante

E no mais profundo silêncio
repenso os meus pensamentos
Descarto o meu ansioso hesitar
retiro a tristeza do olhar...
Descuido da beleza vazia
e prossigo, com paciência, a feitura do dia


domingo, 2 de novembro de 2008

FÊNIX



O pássaro de fogo, no céu passa ligeiro, rasgando os véus que tudo encobrem, deixando nua a realidade das coisas, como elas realmente são.
Pássaro peregrino, partes em busca da perfeição.
Com tuas leves asas, em círculos voas, antes de tomares outra direção.
Teu caminho pela certeza traçado um desenho faz no espaço solitário. Desejos em forma de asas!
Pássaro de fogo; voas sem destino.
E daí? O destino pouco importa somente a paisagem queres ver com cuidado.
A curta viagem que no céu empreendes, leva-te a alçar vôos maiores; cada vez mais altos, em busca de outros céus.
E lá de cima, observas a pira acesa que arde e te chama e tu, pássaro de fogo, pela união final anseias. E como uma flecha, dos céus atirada por algum Deus consciente, mergulhas direto na pira ardente.
Quando penso que tudo está consumado, então, das próprias cinzas renasces e um outro vôo, recomeças, rasgando o céu em hora incerta, como uma flecha para os céus atirada, por algum Deus consciente.


*****




Segundo as lendas orientais, há um pássaro na Índia, a fênix, que, tal qual o cisne e o pelicano, é um símbolo de morte e renovação.
O temor da morte tem raízes profundas dentro de nossa alma, embora dela não possamos escapar. A lenda da fênix nos ensina a conviver com esse temor, um suave consolo para um fato que para muitos é inaceitável.
A história deste pássaro mítico é de origem grega, assim nos faz crer Garcin de Tassy, um escritor francês, tradutor do livro O Parlamento dos Pássaros, do mestre sufi Farid-ud-Din Attar.
Segundo ele, a fênix é um pássaro solitário, cujo bico, extraordinariamente longo e duro, é perfurado por muitos orifícios, que lembram uma flauta. Cada orifício produz um som diferente que revelam segredos profundos e sutis. Quando ela se faz ouvir, soltando seu canto, carregado de tristeza, tudo e todos os seres da natureza se afligem, subjugando, inclusive, as bestas mais selvagens. Depois, apenas o silêncio. Deste canto o sábio aprendeu a música.
O tempo de vida da fênix é longo, vive cerca de mil anos. Conhece também a hora de sua morte e, quando chega este momento, constrói para si uma pira, recolhendo lenho e folhas de palmeira. Então, após sentar-se no meio dela, canta tristes melodias. Ela treme como folha ao vento, pois a dor da morte penetra-lhe amargamente.
Todos os seres da terra, da água, do céu e do ar, aproximam-se, atraídos por seus lamentos. Através de seu exemplo, cada um, dentro de seu coração, se resigna a morrer, e muitos, de fato, morrem, pois a tristeza de vê-la assim é tanta que é impossível de se conter.
Quando só lhe resta somente um sopro de vida, o pássaro fabuloso bate suas asas, produzindo um fogo que rapidamente cresce e se espalha pelo lenho e pelas folhas de palmeira. A pira está acesa e o fogo arde agradavelmente. Logo o pássaro se torna brasa viva, e, instantes depois, apenas cinzas. Mas, para surpresa e alegria de todos, das cinzas, um novo pássaro renasce, mais perfeito e majestoso para viver por mais mil longos anos.



















Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...