Um corvo, um cobre

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domingo, 9 de novembro de 2008

TUA PRESENÇA






Amor, arrepios por minha pele sobem
Quando no sossego da noite me desejas
E se no aconchego de meus braços
em ardorosos prazeres te deleitas

Passa o dia lentamente
Se te demoras a chegar
Paira a tristeza em meu pensamento
Sombras turvam-me o olhar
E se é dia e o sol existe, ele não brilha, nem queima
E se é noite, não há lua, nem céu, não brilham as estrelas...
É noite fria, vazia e escura, em desencanto desfeita

Arroubos de impaciência me transtornam
e uma nuvem cinza meu rosto encobre
Tomam-me por ausente ou desvalido
Se teu nome repetidamente pronuncio

Quero tua presença, amor, constante, amante,
sempre ao meu lado, pois sem ti o que sou?
Um simples nada...coberto de nada
Um peixe fora d’água

Alma abandonada
Sem descanso, envelhecida
Semente fugidia
Destituída de esperança
Esquecida da lembrança

Ferida antiga, amiga, exposta no peito
O lamentoso pranto de uma dor doída

Um lago drenado
Uma flor que murchou
Um cântaro quebrado
A angústia que não passou

Um jardim fechado
Ai, ai... uma fonte que não jorrou
Um pássaro cativo, amor, descuidado
Que um dia voou e nunca mais voltou

sábado, 8 de novembro de 2008

EROS E PSIQUÊ


Eros e Psiquê, Antony Van Dick (1639/1640)


Quem amor, contou-te este segredo
Que do vulgo tento esconder
Quem amor me tirou o sossego
De te amar sem você saber

Quem amor contou-te este segredo
Que minha face de rubor encobre
Quem deixou-me o coração, célere a bater
Por ter te revelado quem tanto sofre

A tímida Paloma arribou para o norte
Foi fazer seu ninho em lugar escondido
Aonde nem a lua nem o sol
Possam descobri-lo

Assim como a Paloma é o amor que te tenho
Tímido, anseia voar...
Mas me impedem as asas cortadas
Que a esperança e a saudade, na verdade,
Desejam quebrar

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

REBANHO DESFALCADO



Detenha o tempo seu moço
Por favor, faça-o voltar
Detenha o tempo seu moço
Que eu não posso mais

Passivamente deixei passá-lo
Nem percebi crescer minha menina
Em mãos ignorantes deixei-a, em desamparo,
Refém nesse mundo de mentes aflitas

Meu amor transmudou-se em dor
O sorriso, ao meu rosto envelhecido não mais aflora
Pois cantigas de ninar, para ela, não posso mais cantar
Acalento ao seio d’alma a lembrança de uma filha morta

De meu coração sai apenas um réquiem distorcido
A oração já não me consola e minha alma despedaçada
Em um mar de transtorno se afoga. A dor é senhora...
Veio para ficar... nunca mais irá embora...

Tropecei... e em muitos momentos dessa jornada,
Deixei-me vencer pelo cansaço, omitindo-me
Nos momentos mais necessários, curvando-me a pressa e a vontade,
O viver dos condenados

Vitimas/cúmplices/displicentes
Somos sempre por livre, espontânea vontade
Dando sempre a outra face
Tratando bem a quem mal nos quer,
Driblando a angústia da miséria acomodada,
Concedendo aos diabos perdões disfarçados

Beijo de Judas nos rostos dos assassinos
Quando a vontade, em verdade
É gritar, é bater, matar ou morrer...

Então porque me calo?
Rebanho desfalcado
E há lobos que nem se disfarçam
Porque nos deixamos enganar?

Nem chorar mais consigo
Nó na garganta que me acabrunha a esperança
Que me adoece/adormece o espírito
Que me atormenta em febris delírios

E viver assim, com isso, seu moço, lhe digo
É o pior e o maior de todos os castigos...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

INCUBU



E ela sonhou que ambos se encontravam e conversavam uma conversa estranha, esquisita... Também só pode ser estranha, esquisita, uma conversa com um demônio.
Ele queria alguma coisa dela, mas, não queria dizer o que era e ela ficou pensando, imaginando... : “O quê, realmente, seria importante para um demônio? Os sonhos? A mente? A alma? O coração?”. Jamais poderia desconfiar que falava com um demônio apaixonado e o que realmente lhe importava era obter, com absoluta certeza, de que possuía um amor real, sincero, constante e o melhor de tudo, plenamente correspondido.
E ela perguntou a esse ser fascinante: “Um demônio pode amar? Um demônio sabe amar?”
E ele lhe respondeu: “O amor é um demônio, portanto, um demônio pode e sabe amar, por isso habita um inferno tomado pelas chamas, pois arde num fogo vivo, e, por toda a eternidade, nele será consumido, porém, não é a sua carne que queimará eternamente, mas, sim sua alma amaldiçoada pelo amor infinito; distorcido; amor carregado, que de tão pesado tornou-se um fardo”.
E ela ouve do demônio, que a acaricia e lisonjeia palavras que jamais ouvira ou ouvirá de homem algum e sem nenhum pudor ou cuidado, se entrega em seus braços.
Ao fim de tudo, ele lhe diz entre sussurros: “Durma bem, meu amor, estarei sempre com você, em seus sonhos”. E lentamente, ele sobre ela se inclina e em sua testa, deposita um longo beijo de boa noite.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-DESCONSERTO



DESCONSERTO

Apago o sonho que até por uns instantes
Deixou-me tonto
Largo a mala na sala
E despeço-me do nada
Ando para frente
Olho rapidamente para trás
Não há sossego
Na fragilidade do novo dia que surge
Deslumbrante, radiante
Mas muito além de mim
Suspiro profundamente
E deixo no rastro dos meus passos
Palavras caídas, perdidas no fim da linha
Hoje fechou-se o tempo
Em querelas, desavenças
Vou eu na gangorra da vida
Sem brincadeiras
Num sobe e desce
Em versos nus, a descobertos
Desconsertado tento consertar o mundo...
Do meu lado...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

SUCUBU




Ela surgiu-me assim, envolta em brumas, mas, aos poucos foi tomando forma. Primeiro em minha mente, depois em meu coração. Cada parte de meu ser, físico e espiritual, foi dominado por esta arrebatadora visão. Adoeci. A escuridão avançou rapidamente sobre mim.
As noites mal dormidas eram repletas de sonhos confusos e de pesadelos medonhos, porém, neles, sempre estava a bela mulher, cujo corpo, sensual e lascivo, deixava-me ardendo de um desejo até então, por mim, desconhecido.
No começo, os ignorei... os sonhos... ignorei-os, com toda a força possível... Ignorei tudo que me remetesse à lembrança daquela mulher, ao mesmo tempo terrível e inesquecível. Pensei que, desta forma, simplesmente ignorando, mais cedo ou mais tarde, me livraria desses sentimentos libidinosos, despertados por algo intangível e inconcebível. Pensei que logo, logo, eles iriam desaparecer, deixando-me livre outra vez para agir e pensar de maneira sensata. Entretanto, tal não sucedeu e à medida que o tempo passava, pior ficava minha situação.
Ela se insinuava; me roubando o sossego e a concentração, me jogando num poço profundo de pura solidão. Para ela, já não bastava o silêncio da noite, quando, gemendo de prazer, cavalgava-me, faminta, minando minhas forças, fazendo-me desfalecer a cada gozo; o corpo arrepiando de tanto deleite e tão faminta estava que passou então a invadir-me os dias, sussurrando meu nome, chamando-me à perdição; surgindo a minha frente nua; etérea, oferecendo-me a boca e os seios, pequenos; arredondados, cujos mamilos arrebitados, deixavam-me tonto. Eu sabia o quê ela era, mas, estava muito além de mim, desvencilhar-me de sua presença inebriante, malignamente sedutora. Sentia sua língua, penetrar-me os ouvidos, lamber-me o rosto, descendo, suavemente pelo pescoço, sentindo, pelo corpo inteiro, o seu perfume e sua respiração.
Com pressa e sem jeito, afastava-me de todos e nos recantos mais obscuros a procurava, tremendo de paixão. Meu sangue fervia, meu coração batia loucamente e eu explodia num gozo insatisfeito, pois sempre queria mais e mais... Ela estava me levando à loucura, mas, não só ela, assim como também minha fraqueza, avidez e passividade, numa entrega total. Doei-me em sacrifício em troca de um prazer sem limites... prazer este, que no final, não me satisfazia completamente. Minha vida virou um caos.... a culpa me consumia, mas, não era mais senhor de mim... ela possuía o controle e queria tudo, queria não, exigia tudo... tudo o que fosse possível ser pesado numa balança. A balança de Maat condenou-me, já que meu coração havia se levantado “como testemunha contra mim”... Ela, ela, eu... destruíram-me... e ansiei desesperadamente pelo meu próprio fim
.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-PARTIDA



PARTIDA

Ainda não é chegada a hora de partir
por favor, amor, não vá
que farei eu sem ti
sem teu calor para me ajudar a caminhar

Nas incontáveis horas de dias
idos e vindos, desde o raiar da real
fatal existência
foi a ti que tanto esperei
e por isso estranha agora me soa a tua ausência

Às vezes pego-me absorta
mergulhada em tristeza sombria, infinda
sob a pálida luz do fim do dia

Afugento o sonho vadio
que rodeia minha alma inconstante
Desconsolada esposa amante
musa viúva de um poeta louco delirante

E no mais profundo silêncio
repenso os meus pensamentos
Descarto o meu ansioso hesitar
retiro a tristeza do olhar...
Descuido da beleza vazia
e prossigo, com paciência, a feitura do dia


Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...