Um corvo, um cobre

Se quiser jogar um cobre a um corvo pobre, será muito bem vindo: chave pix: 337.895.762-04

Quem sou eu

Minha foto
Manaus, AM, Brazil

Translate

Wikipedia

Resultados da pesquisa

Pesquisar este blog

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

PIPA NO CÉU



Rodopia no céu
A pipa de papel
Rabiola enrola
Pega, corta e apara
Menino corre atrás
Pula cerca, pula muro
Engole vento
Come tempo
E a pipa de papel
Ponto colorido
No céu
Cai...cai...cai...Lentamente...
Passa nuvem...passa fio...passa passarinho...
Tinha uma árvore no meio do caminho...


terça-feira, 2 de setembro de 2008

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO...

Para Clarice

Confesso-te, Clarice. Eu já roubei...Tenho experiência no assunto. Sou uma ladra de corações. Tenho muito deles em minha caixa e sem falsa modéstia, alguns estão partidos até hoje. É uma pena... Coração remendado, assim como as flores, não duram, então eu posso te entender Clarice, muito bem, embora as flores, as rosas principalmente, nunca tenham me apetecido...tinha pena de colhê-las, doía-me quebrar-lhes o talo, pois, sabia que, se isso fizesse, elas não durariam, mesmo com minha redobrada atenção e carinho, tão efêmero se lhe afiguram os seus dias, gostava mesmo era de colher corações...! Como te disse, embora as flores não tenham sido os objetos preferidos de meus anseios sei o que é ficar completamente perdida, embevecida, encantada diante de algo que está anos luz de qualquer explicação, e, que, por um estranho e impertinente sentimento, você se julga no direito de pegá-lo, de tomá-lo para si, simplesmente porque, por obra e graça de Deus, este objeto é, ou deve ser, seu, somente seu; estava destinado a você, só a você e a mais ninguém. E, para acalmar o espírito e o absurdo da situação, você arranja todo tipo de desculpas para si mesmo, que vão desde as mais esfarrapadas às mais justas, desculpas estas que agem no espírito, apaziguando-o, e que, acabam por te convencer de que você não fez realmente nada de errado e, aí, a partir desse teu convencimento, tenta convencer aos outros de que agiu guiado pelas mais íntegras, nobres e sinceras intenções. Quando criança, roubei uma boneca e uns anos depois um berloque de Papai Noel de uma exposição que fizemos no colégio. O berloque era tão insignificante e a dona dele tão descuidada, que com a ajuda de uma amiga, me achei no direito de pegá-lo; pensei que ninguém daria falta, mas, deram... Resultado...Tive que devolver o brinquedo, pedir desculpas, engolir o vexame, agüentar pacientemente a bronca de minha mãe e ouvir um interminável discurso sobre os Dez Mandamentos, dando-se sempre maior ênfase ao “Não roubarás”. O discurso, Clarice querida, fez efeito e a culpa e o medo me fizeram recuar diante de várias situações "interessantes", digamos assim, e, durante algum tempo me contentei com aquela brincadeira de criança de “esse lado é teu, esse é meu”...que fazíamos em todo lugar, fosse em casa ou nas ruas, a caminho da escola, até mesmo quando folheávamos revistas, “essa página é minha essa é tua”...numa disputa tola, porém divertida. Contudo, não perdi totalmente a mania de “dar conta do alheio”. Continuei roubando coisinhas sem qualquer importância, como um ou outro bombonzinho, folhas de árvores, uma fruta...Só um pouco mais tarde é que fiquei saliente outra vez e roubei alguns corações. Todavia Clarice, numa dessas curvas do caminho, depois de tanto roubar, eu é que fui roubada, despojada de meu coração, do meu amor e por pouco de minha vida. Deparei-me um dia com um jovem ladrão que surrupiou meu coração num momento de distração. O ladrãozinho era mais jovem do que eu e não tinha muito a oferecer, mas ofertou-me uma flor; uma flor que de tão rubra e perfumada metia medo, dado o brilho intenso de suas pétalas aveludadas, e, quando o sol incidia sobre ela, era como se fosse inflamada por um fogo divino. Sim, Clarice, uma rosa, não uma bela “rosa cor-de-rosa apenas entreaberta”, mas uma rosa, com alguns espinhos, de um vermelho vivo, resplandecente, puro ardor, louca paixão. Porém, mesmo fascinada e boba pelo objeto ofertado e pelo gesto ousado do jovem ladrão, recusei a rosa vermelha e com a recusa o amor tornou-se ainda mais violento / sedento / tormento. Ah, como eu queria Clarice, aceitar aquela flor...a linda flor que me ofertava o ladrão, “que nem homem feito era ainda”, não passava de um menino. Eu queria do fundo do meu coração aceitar a flor. Eu queria, mas não podia...Ele não se contentou com a recusa. Perseguia-me. Não desistia, confrontando-me nas horas mais silenciosas, pegando-me desprevenida, justamente naqueles momentos em que a paixão acaba se sobrepondo a razão. E em atos de exagero ao extremo, jogava-se aos meus pés, lamentava-se de sua dor e prometia-me amor, amor, infinito amor...Foi em um momento de total fragilidade/fatalidade, ele se aproveitou e me pegou, roubando de vez meu coração. Cedi, enfim, a tentação e cai nos braços do ladrão. Emocionada pela insistência, pela querência, pela carência, desafiei os fados que desde o inicio me foram desalentadores e prometiam-me inconstâncias, sofrimentos e ressentimentos, mas sem pensar duas vezes aceitei o jovem ladrão tresloucado. Todos nos vigiavam e com olhares reprovadores se forçaram a aceitar nossa união. Para nós pouco importava. Tínhamos “nossa” casa, canteiros de rosas, músicas, crianças, sol e chuva e o mais importante, tínhamos um ao outro e por alguns anos muita felicidade com pouquíssimas nuvens ameaçadoras, chegava a ficar tonta de tanta alegria. Tive esperança, perdão e vontade de perdoar. Meu coração se engrandeceu, a alma se aqueceu e o espírito se aquietou. Mas, para nossa desdita, ele já conhecia, antes mesmo de me conhecer um ladrão maior, mais hábil e mais forte, já que tinha o dom de farsante e sabia iludir, que o tiranizava, sem compaixão, pairando, como uma sombra sobre sua / nossas cabeças. E este ladrão audaz roubou-lhe de todas as maneiras, tanto material quanto espiritual. Roubou-lhe a paz, a vontade, até, por fim, levá-lo por inteiro, mas não de livre e espontânea vontade, pois muito ele resistira. O meu jovem ladrão, cujo amor era como uma rosa de um vermelho vivo, vermelho paixão, foi-se, misturando-se à poeira do infinito, voltando a fazer parte da grande rosa que é o Universo. Agora está por aí, alma encantada, tocando a música das esferas. Falo Clarice, em inconstância, sofrimento e ressentimento, mas não passam de palavras, pois a inconstância não foi tanta, o sofrimento não foi tanto e os ressentimentos dissiparam-se com o tempo. Tudo se dissipou com o tempo. Tudo passa, não? O que me restou? Restou o amor; as lembranças, a saudade, as duas crianças e uma solidão desmedida...Mas, ainda roubo corações, acreditas!? Ah...E alguns livros...Eu já tive pressa, muita pressa de viver, pois sentia que logo tudo iria terminar e estabanada, fazia como tu, que, ao meter a mão na sebe com o propósito de recolher as pitangas que se escondiam, na pressa de apanhá-las, sem querer, acabava por esmagar alguma, amadurecida demais. Eu, nessa pressa de viver, passei por alto alguns momentos, me esquivando, nunca percebendo a real importância das coisas e o que poderia fazer a diferença. Eu, ladra que fui talvez tenha, do meu “pequeno príncipe”, lhe roubado algo também, quem sabe a juventude, a energia e o juízo. Ele roubou-me, eu o roubei, mas no que diz respeito a minha vida com ele ou a vida em si, como um todo, o certo e o errado, o justo e o injusto, ainda não sou capaz de separar. Entretanto, não tenho do que me queixar. Ele só queria amar e ser amado. Eu só queria amar e ser amada. O amor, como uma flor ou um fruto, como disseste, pedia para ser colhido. Não queria crescer; amadurecer e depois morrer num galho seco qualquer, velho, virgem e solitário, não é este o destino do amor. Ganhei uma rosa de um vermelho vivo, intenso, vermelho paixão, que de tão forte o brilho iluminou tudo ao redor, rosa em vaso de cristal, singela, mas, ao mesmo tempo, tão preciosa, da qual cuidei e amei, até que um dia, como tudo na vida, ressecou e morreu. Mas, a essência das coisas nobres Clarice, esta sim sabemos que nunca morre e no mistério profundo onde repousa a verdade absoluta há sempre lugar para o perdão, perdão para todas as fraquezas, leviandades e misérias, há perdão, inclusive para o amor demais, há perdão para sempre, há perdão para tudo e todas as coisas, há perdão, enfim, Clarice, até para o “ladrão que rouba ladrão...”

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

UM SOM DE CLARINETA



Um som de clarineta
Que não sai de minha cabeça
Por onde andará a pequena Julieta?

Foi em um fim de tarde
Um passeio no parque

Julieta dançava
E a clarineta tocava
E minha cabeça...
ai minha cabeça...Rodava...

O vento quis bailar também
E soprou por todo o parque...
Arrepiou e tanto se empolgou
Que pela pequena Julieta se apaixonou

Era um lindo dia...
E Julieta deixou-se em suas asas levar
Ponto colorido no céu pairando livre no ar
Feito pipa de papel
até lentamente por entre as nuvens desaparecer
Tocando a clarineta sem parar

Toca toca toca clarineta
Martela tuas notas em minha cabeça
Já que eu perdi a pequena Julieta...

Foi um dia um sonho uma ousadia pura magia...
Acho que Julieta e a melodia da clarineta
Só existem em minha cabeça...

Enlouqueci?

domingo, 31 de agosto de 2008

MULHER À JANELA

Mulher à janela -Salvador Dali


Mulher à janela
Olha ela
Vive sem graça
A olhar a gente que passa
Ela espera
O amor que tem
e que a contêm
Horas de puro desassossego
contadas nas pontas dos dedos
rosário improvisado no oratório ao pé da janela
desajeitado como ela
Agonia espelhada em cada canto
da casa solitária despida do brilho
falso enganador mas radiante de dona esperança

sábado, 30 de agosto de 2008



As imperceptibly as grief 

The summer lapsed away, 

Too imperceptible at last, 

To seem like perfidy. 

 A quietness distilled,

 As twilight long begun 

Or Nature, spending with herself 

Sequestered afternoon. 

 The dusk drew earlier in, 

The morning foreign shone, 

- A courteous, yet harrowing grace, 

As Guest, who would be gone. 

 And thus, without a wing. 

Or service of a keel, 

Our summer made her ligth escape 

Into the beautiful. 

(1865) 

Tão despercebido quanto a aflição,

Passou o verão... 

Tão despercebido, enfim, 

Que de traição deixou a sensação. 

 A isolada quietude 

Estendeu-se ao anoitecer 

Aonde a Natureza, presenteou a si mesma 

O que roubou do entardecer. 

 O anoitecer prematuramente 

Arrancou de si uma estranha e luminosa manhã 

Que se dobrou graciosa em reverência dolorosa, 

Ao ingrato visitante que se foi. 

 Embora em desamparo, 

O divino oficio se refez, 

Nosso verão se fez luz 

E dentro da beleza foi se esconder.

(Um poema de Emily Dickinson por Virgínia Allan)

LADAINHA



Sou um grão de areia girando no ar
Sou um átomo dançando em torno do sol
Sou uma estrela que cai devagar
Sou a lua que ama o sol
Sou
Cometa que passa errante em solitária jornada rumo ao mar inconstante
Sou
Sou a senhora dos segredos
Sou a eleita dos deuses
Sou a dona das minas de prata e de ouro
Sou a favorita de todos
Sou
Jovem velha jovem senhora senhorita fênix bendita das cinzas renascidas
Sou
Sou o amante abandonado
Sou o amante que abandonou
Sou a tristeza que paira na tarde
Sou o silêncio que nunca calou
Sou
Um inábil tradutor de poucas palavras e mudas falas
Sou
Sou a brisa que logo se faz ventania
Sou a fugaz beleza de um dia
Sou noite fria e tardia
Sou alegria colorida e vazia
Sou
Alma resignada pela dor aniquilada
Sou
Sou a prece do moribundo murmurada
Sou a paz doce e solidária
Sou o remédio das horas amargas
Sou a fé que nunca falha
Sou
Pobre miserável enriquecido um tolo sabido uma espécie de rei mendigo
Sou
Sou o refúgio do fraco
Sou o escudo do forte
Sou o tormentoso vento norte
Sou aquele que lida com a sorte
Sou
Odioso mensageiro da guerra inabalável senhor da morte cavaleiro negro que toda a terra percorre
Sou
Sou a lágrima furtiva do pranto contido
Sou o poeta apaixonado embriagado entontecido
Sou o ombro amigo consolo dos desvalidos
Sou o homem novo renascido vivo
Sou
O perdão abençoado dado ao infeliz abandonado
Sou
Sou a canção de acalanto aprendida
Sou um conto uma historia esquecida
Sou o alivio da mão estendida
Sou a esperança que ilumina a vida
Sou
Resto de nada poeira assentada da esquecida estrada
Sou
Sou o amor que promete e nunca vem
Sou o amor de ninguém
Sou o rico que nada tem
Sou o mal que vem pra bem
Sou
O corpo sobrecarregado sina de um viver aprisionado semente pelo vento levada no campo espalhada
Sou
Sou um sonho uma quimera
Sou a ferida da fera
Sou a ânsia contida de uma longa espera
Sou em verdade a verdade que tudo encerra
Sou
Nada e nada sei que sou alma penada que por piedade implora e escondida do sol lamenta e chora por sobre as campas dos envelhecidos túmulos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A CRIAÇÃO


Da palavra “Seja”, pronunciada por Deus, surgiram todas as coisas; todas as coisas surgiram a partir da palavra “Seja”, pronunciada por Deus em sua nebulosa solidão.
Metade desta palavra saída da boca do Criador era feita de luz; metade desta palavra saída da boca do Criador era feita de escuridão.
Luz e escuridão permearam todas as coisas que existiam no Universo; todas as coisas que existiam no Universo foram permeadas por luz e escuridão, inclusive o barro do qual foi criado Adão. Portanto, o homem será aquilo que deve ser; aquilo que sua essência determinar. Se sua essência for de luz, esta então prevalecerá sobre a sua essência de escuridão, porém, se sua essência for de escuridão, esta prevalecerá sobre a sua essência de luz.
Do barro e da água, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança; a sua imagem e semelhança, do barro e da água, Ele o criou e nele, insuflou Seu espírito, pleno de sabedoria.
Quando a criatura de barro e água ficou pronta, Deus passou a mão por suas costas e separou o bem do mal; ao passar a mão por suas costas, o mal do bem Deus separou.
Das costas do homem feito do barro e da água, Deus fez sair os companheiros da mão direita, que se dirigiram para o lado direito; das costas do homem feito do barro e da água Deus fez sair os companheiros da mão esquerda, que se dirigiram para o lado esquerdo.
Assim é desde o princípio dos tempos. Não me perguntem o porquê, pois a isto não saberei responder e peca aquele que perguntar.
Cala-te!
A sabedoria está em toda a criação e ela se refletirá na nobreza de coração daquele que foi criado do barro e da água; sobre aquele a quem Deus estender a Sua paz e coroar com Suas benções.
O conhecimento e a compreensão de Deus, frutos da confiança e da fé, só nos são possíveis por causa de Sua imensa generosidade, já que somente por Sua infinita graça e misericórdia é que nos é dada a capacidade de alcançar, de ter e reter, enfim, de Seu rosto uma clara, mas, perturbadora, visão.


(Inspirado em Ibn el Arabi, El Árbol Del Universo)

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...