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domingo, 22 de junho de 2008

FESTA DO BOI BUMBÁ OU PAVULAGEM



A leste do Amazonas, precisamente a 325 Km de Manaus, se encontra, sob a benção de Nossa Senhora do Carmo, a padroeira, o município de Parintins, a ilha do folclore, assim conhecida por abrigar durante os dias 28,29 e 30 de junho a maior festa folclórica do estado, quiçá, do país. Perdendo apenas para o carnaval, a festa do boi-bumbá, é também conhecida por pavulagem, que no dizer do caboclo da região, significa gabar-se, contar vantagem.
A “ilha Tupinambarana” (falsos tupis) outro nome pelo qual Parintins é chamada, situa-se à margem direita do rio Amazonas e é formada por uma população de espírito moderno e empreendedor, vibrante, que detêm nos bois Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul), as suas maiores paixões. Divididas em torcidas, nos dias de festa, a rivalidade chega ao extremo de se pintar a casa ou só se vestir com roupas da cor do boi de sua preferência.
A festa de boi-bumbá veio do Maranhão, que lá era chamada por bumba-meu-boi, com os primeiros imigrantes que aqui na Amazônia vieram se instalar, tomando desde então, devido à miscigenação existente na região, características próprias. Mas, apesar de afluírem para a “ilha dos falsos tupis” grandes levas de turistas não é só em Parintins que se respira folclore ou brinca-se de boi-bumbá, em Manaus, ainda é viva e forte a tradição desta dança dramática preservada com muito carinho no seio das comunidades e nos bairros. A morte e a ressurreição do boi são os pontos altos dessa festa magnífica, encenada nas profundezas da Floresta Amazônica, é o canto do branco, do negro e do índio misturados aos cantos dos encantados, dos pássaros e outros bichos, pedindo passagem para que o mundo ouça a sua mensagem e que, ao volver o olhar para esse mítico “paraiso/inferno verde”, pense que é preciso e possível a preservação, é possivel um futuro promissor, "garantido" e "caprichoso", duradouro, para nós, para todos.

sábado, 21 de junho de 2008

AURORA [1]



“Ai, que dia mais quente!”. Assim dizia o menino consigo enquanto tirava a camisa.
Ele caminhava às margens de um riacho em que crianças nadavam aproveitando o calor da manhã. A água, limpa e fria, era um convite tentador.
Dali de onde estava podia ver as casas em construções, imitando os velhos estilos europeus. Eram bonitas. Algumas possuíam janelões, com sacadas cobertas de flores.
O menino tem uns dez anos de idade. É inteligente e imaginativo; observa as coisas com muita atenção, tirando por fim suas próprias conclusões. Ele está sempre aprendendo.
Naquele dia não foi à escola e seguiu em direção ao riacho. Estava quase pulando n'água, quando, de repente, o barulho de uma porta fê-lo olhar para os lados da casa mais bonita, e de pé, na sacada, viu uma linda menina; linda de um jeito que nunca vira na vida.
Trazia nas mãos um jarro com o qual pôs-se a regar as flores e ao se inclinar, os longos e finos cabelos cobriram, como um véu, o seu delicado rosto. Era a própria deusa Aurora, radiante, perante as portas do alvorecer.
O menino, não podendo mais suportar o calor, refugiou-se à sombra de um muro, porém, na verdade, a visão inesperada afetara-o mais que o sol abrasador. Ele queimava por dentro. Em seu coração sentiu uma sede que nunca, nada poderia aplacar e sentiu também uma imensa felicidade. Uma leve brisa soprou, espalhando um suave perfume que ele, atordoado, não soube dizer se vinha dela ou das flores que regava. Devagar fechou os olhos e saboreou a doçura da descoberta do primeiro amor.


***Inspirado em Saadi de Shiraz, El Jardín de las Rosas; Décimo quinto cuento

sexta-feira, 20 de junho de 2008

TAMBATAJÁ [1]


Amasuru, índio da tribo Macuxi, além de grande guerreiro, era belo e inteligente, pois os deuses o haviam agraciado com todas as graças que pudessem ser concedidas a um mortal. Mas um dia, enredado pelas artimanhas de Rudá, o deus do amor, o guerreiro apaixonou-se perdidamente por Jaciara, a filha do pajé.
Realmente, em todo Imenso Vale Verde não havia beleza igual. Cabelos longos, negros e brilhantes, emolduravam um rosto que de tão rosado parecia besuntado de urucum
[1].
Para felicidade de Amasuru, Jaciara também o amava e diante desse fato, foi acertado o casamento.
Depois de casados, marido e mulher viviam felizes, devotados que eram um ao outro.
O tempo passou e tudo ia bem até que o guerreiro precisou se ausentar. Uma sangrenta batalha o aguardava. Amasuru, que não queria saber de matanças desde que conhecera o amor, chorou bastante. Mas, por questões de honra, sendo ele o mais bravo e o mais forte, precisava ir.
Pegando as armas de guerra, subiu na ygar
[2] juntando-se aos outros, rapidamente desaparecendo nas curvas do rio.
Jaciara lamentava-se noite e dia. Perdeu o rosado do rosto e caiu doente. O que seria dela se Amasuru não voltasse?
No clamor da batalha distante, o guerreiro lutou com a força do desespero, matando muitos, pois queria, o quanto antes, voltar para casa.
Numa noite de lua cheia, o povo da aldeia Macuxi, ouviu ao longe o canto do inybi-á
[3]. Eles voltaram, mas Jaciara, doente como estava não pôde levantar-se. Amasuru, ao procurar sua amada e não encontrá-la em meio à gente, acorreu rapidamente à sua oca. Lá estava ela, ainda deitada e ardendo em febre. Seu pai, o velho pajé, desistira de suas pajelanças e procurava acalmar os delírios da filha.
Preparou-se uma festa, onde Amasuru seria o maior homenageado. Não compareceu, o que apenas lhe importava era ficar ao lado de Jaciara.
Naquela mesma noite, pela madrugada, Jaciara melhorou e ao contemplar o amado, as cores e o sorriso lhe voltaram, e durante algum tempo, o casal tornou a ser feliz. Para não mais deixá-la só, enquanto se recuperava, Amasuru teceu uma tipóia, onde a colocou, amarrando-a as costas, levando-a assim para todos os lugares.
Mas o contentamento teve a duração do tépido calor da manhã.
Certa feita, Amasuru, sempre carregando a tipóia, resolveu dar um passeio num lugar bonito, cheio de beija-flores, que só ele conhecia. Pelo caminho foi conversando com Jaciara, enquanto ia recolhendo água, flores e alguns frutos. Porém, ao chegarem no dito lugar e ao desamarrar a tipóia, o jovem índio constatou que Jaciara estava morrendo. Só teve tempo de retirá-la e ampará-la nos seus braços.
Tomado pela dor carregou seu corpo, embrenhando-se por dentro da floresta. Parou à beira de um riacho, onde, com suas próprias mãos, cavou uma sepultura. Depois, baixando o corpo da esposa, deitou-se ao seu lado, lá permanecendo até o fim.
Grossas chuvas despencaram, empurrando a terra que, aos poucos, foi cedendo e cobrindo os amantes. Amasuru olhou uma última vez para o céu. Um raio iluminou a escuridão, e o coração do jovem guerreiro se aquietou. Tupã havia aceitado seu sacrifício.
No retorno da lua cheia, em cima da sepultura, brotou um pé de planta, de folhas triangulares, de cor verde escuro; trazendo em seu verso uma outra folha de menor tamanho. É o tambatajá, a qual os índios e os caboclos da região atribuem poderes místicos.
Nas casas em que há amor, a planta cresce viçosa. Se na folha grande não existir a pequena é sinal de que não há amor, e se acaso apresenta mais de uma folhinha, então é porque há infidelidade entre o casal.

*********
[
1] urucum: fruto do urucunzeiro, em que, da polpa, se extrai um corante vermelho.
[2] ygar: canoa
[3] inibi-yá: espécie de cornetim

Do livro MORONETÁ-Crõnicas Manauaras, Virgínia Allan, Editora Valer

quinta-feira, 19 de junho de 2008

DESABAFO


Gerei meu assombro ao divisar teu rosto entre um açoite de lembranças esquecidas. Dominou-me a amargura, cansado que estava em chamar teu nome. Aborreceu-me, então, o silêncio da noite.
Pensei em começar uma nova história em que fosses tu o principal personagem, porém teus atos traíram tuas palavras e dei-me conta, de repente, que, outra vez, mergulharia na mais banal das situações.
Letargia! Estou cansada dos rostos que se escondem sob as máscaras que não escondem nada... Será possível, meu Deus, que não haja, neste mundo, um ser real, um ser de verdade? Que não seja de plástico? Serão mesmo todos iguais...?! Decepção... Ó mundo, maldita fábrica humana de bonecos.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

PROSA



Acho que alguém já disse que escrever é como tecer um tapete ou coser uma roupa... É bela e romântica a comparação...
Descobri outro dia, entre velhos papéis dobrados, rascunhos de desenhos e textos esquecidos, uma bela história escrita num antigo caderno de escola. A minha história... Nossa... fazia tanto tempo que o caderno estivera ali escondido que por pouco não o rasguei e joguei-o fora, quase ignorando a voz insistente, mas amiga, que não cansava de sussurrar em meus ouvidos para que não fizesse isto... Cedi, é claro, à minha intuição seria, realmente um gesto insensato, mas agora estou em dúvida se a conto ou não... A minha história é tão bonita, tão rica de detalhes e tão transparente... só não lêem os segredos revelados nas entrelinhas aqueles que nunca amaram ou nunca se libertaram de conceitos estereotipados...

PAUSA para pensar hummm... Pensando... Pensando...?!?!....Huuuummmm!

Não.... para o desconsolo de todos que apreciam conhecer um segredo, decidi-me por não contá-la , é pessoal demais para espalhá-la por aí, aos quatro ventos, então, sinto muito, mas a guardarei para mim... Por enquanto, porém, para que não morram de curiosidades, ou de inveja, limitar-me-ei aqui, apenas a contar sobre o tipo de material do qual é composta (a sua descrição, por si só, já garante uma boa dose de encantamento) um material especial do qual são tecidos todos os sonhos, como diria um famoso poeta inglês, uma vez que a minha história transpôs o papel e ficou pairando no mundo irreal (ou ideal?) e um tanto frágil da inevitabilidade das idéias...
Primeiramente, a fim de chamar a atenção, um fino e brilhante revestimento de palavras e frases de gentilezas vê-se logo na introdução, a costura, feita a mão, de um modo raro, entra e sai num alinhave de letras perfeito, unindo e reforçando os pontos de ação que não podem nunca ficar separados para dar boa impressão.
No meio do tecido, um bordado de suspense e romance, mesclado a um bom reforço com as fortes linhas do drama, entrecortado pelas finas linhas coloridas do riso, e justamente neste exato momento uma lágrima furtiva se aproveita, e perfurando o bloqueio anti-sensibilidade, escorre, manchando o tecido onírico, levemente amarelecido.
De uma linha a outra, na continuidade da costura cuidadosa, um perfume de lembranças, saudades ignoradas, nos assaltam e, pegos desprevenidos, somos obrigados a fechar os olhos e parar, outra vez, por mais um longo instante a fim de ouvir e entender o silêncio, e, como é uma costura comprida e ainda sem fim está repleta de pontas soltas.
O mistério da perfeição do tipo e modelo do tecido, se encontra nos pontos de exclamação e interrogação... para se poder entendê-lo, deve-se antes lapidá-lo como se faz com a pedra preciosa, pois, é somente depois desse árduo trabalho, que o entendimento reluz como as luzes maravilhosas de um glorioso dia de sol; é exatamente deste mistério que são feitos os preciosos botões mágicos que enfeitam o tecido, levemente amarelecido de minha história, que abrem e fecham as casas de nossas ilusões e doces pensamentos...

domingo, 15 de junho de 2008

FRAGILIDADE



Meu coração teima em ficar feliz só de ouvir a tua voz.
As aflições que me perseguem desfazem-se ao som de tua voz
O vento, a chuva, o sol, perdem a força, a importância e a cor ao som de tua voz.
Tua poesia misturada a minha melancolia elevam o meu ser até a uma fonte real de poder.
Sou menina, sou mulher ao som de tua voz.
Se não te ouço; se não te vejo, cai em mim o anoitecer. E muda não me satisfaço, pois somente em ti tenho prazer.
Arranca o gemido de minha boca e o segredo de meu coração. Minha alma implora por tua alma. Meu corpo implora por teu corpo, não apenas pelo gozo ansiado, mas pelo toque há tanto esperado onde alguém, único, desfaria para sempre as cortinas de ilusão.
Ainda cruzo um deserto e talvez sejas tão somente uma miragem ou então seja apenas o pálido reflexo dos meus desejos mais recônditos que me é devolvido pelo negro espelho da noite, ou o frio desse deserto que nunca me abandona, resolveu me assombrar e mandou-te, demônio, em forma de homem, sedutor e distante.
Sim... creio agora, que sejas mesmo tão somente um demônio ou uma miragem para que eu, na ânsia em fugir de ti ou de alcançar-te, vá cada vez mais para longe... de mim.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

QUIS BRINDAR-TE COM UMA CANÇÃO



Quis brindar-te com uma canção e deixei que o coração a começasse.
O coração rimou com a paixão, que desesperadamente voou para o aconchego dos teus braços.
Teus braços a envolveram, mas não suportaram a angústia de viverem entrelaçados e relaxando o abraço, deixou-a solta, vagando perdida no espaço.
A paixão muito chorou, mas sumiu, misturada à poeira do infinito!

quinta-feira, 12 de junho de 2008



Querido,

Espero que, onde quer que tu estejas, de alguma forma, possas zelar por nós. Meu amor, custa-me ainda aceitar seguir a vida sem ti. Eu não entendo (e talvez, jamais entenda) os motivos que te levaram a concluir teu destino de uma forma tão prematura e insensata. Penso que se tivesses resistido mais um pouco, um pouquinho que fosse, cairias em ti, e as nuvens negras que nos atormentavam passariam ao largo, levando para longe a violenta tempestade que ameaçava desabar sobre nós. Porém, as nuvens negras permaneceram, e a tempestade, enfim, desabou, mas somente sobre a minha cabeça. Ninguém mora mais em nossa casa; cortaram nossa roseira e tudo ficou frio e sem cor. Sinto tanto a tua falta... tuas filhas também. Os dias passam; e o tormento do qual tento me livrar sem muito sucesso, ainda é o mesmo, tudo me lembra você... e o que fazer com tanta dor? Todos diziam que isso iria passar, era só dar tempo ao tempo, mas, infelizmente, não sinto isto acontecer.
Anna Clara, a Danda, o nosso baby sol/baby soul está tão engraçada... Cada dia mais inteligente. Luisa, cada vez maior, bonita e esperta. Com o tempo, administrará sua vida (se Deus quiser) no caminho que lhe indicamos e de uma maneira melhor e mais produtiva que a nossa. Vê-la crescer dessa forma me tranqüiliza, pois além de poder cuidar de si mesma, saberá cuidar também de sua irmã.
Quase nada se modificou desde que te foste. O Brasil, e o resto do mundo continuam turbulentos e as perspectivas de um futuro não são nada animadoras. Tento deixar de lado meus sombrios pensamentos, mas não tem sido nada fácil. Sei que nunca terei respostas para o teu gesto insensato, todavia, indago-me o porquê dessa tua atitude todo santo dia. Algumas vezes sinto-me traída e custo a te perdoar... deixaste-me sem esperanças, com duas crianças pra cuidar e um caminho solitário a percorrer.. de qualquer forma,feliz dia dos namorados. Peço a Deus, Senhor dos Mundos, que me dê aceitação, pois somente assim eu terei um pouco de paz. Para ti, peço apenas que Ele te complete e te ilumine; para que, enfim, de volta ao caminho correto, possas obter o Seu perdão.

Com Deus
Com amor
Daquela que não te esquece

quarta-feira, 11 de junho de 2008

LAYLA E MAJNUN [1]



Desde que te perdi, não sou mais a mesma. Tu te foste, e tudo escureceu ao meu redor. Para mim, não há mais dia ou noite. Tanto faz se o sol brilha lá fora ou se desaba uma tempestade. Nada vejo.
Lembra-te de como éramos felizes? Muitas vezes ficávamos em silêncio, estudando o vôo dos pássaros ou observando os campos floridos ao nosso redor; brincando com os pequenos animais que passeavam sob o sol, o mesmo sol que te acariciava e te enchia de graça e beleza.
Minha vida sem ti, não é vida. Perdi-me de mim, pois só conseguia reencontrar-me diante de ti. Minha paz repousava em teus olhos; em teus meigos e amados olhos; tão castanhos... Neles, somente neles, é que eu podia contemplar a razão da verdadeira existência, pois vendo a ti via também a mim.
Dói-me saber que não posso mais de ti me aproximar. O amor ainda me queima; sou como uma vela cuja chama teima em não se apagar... Procuro acalmar esta dor com a música de minha flauta. Os animais, ao ouvirem o tom queixoso que dela sai, tomados pela compaixão, vêem e deitam-se aos meus pés e escutam com especial atenção nossa breve história de amor.
O vento balança as folhas das árvores que me cercam, mas o vento nunca me perturba, é sempre bem-vindo, pois me traz notícias de ti e o aroma de teu perfume... e depois ele dança...dança...dança... dança num alegre compasso a triste melodia.
Estou louca? Estou... Já que digo e repito que tu eras o próprio amor, e eu, apenas uma amante desvairada. Soubeste amar muito mais do que eu. Trazias-me trancada dentro de ti; em teu coração; nas profundezas de tua alma. Amavas em silêncio, enquanto eu impunha ao mundo o meu completo desespero e agora, o meu espírito não suporta mais a tua ausência.
Ainda somos um?
*****[1] Texto alusivo a uma história de amor, célebre no Oriente, do poeta sufi Nizami. Layla significa “noite” e Majnun, em árabe, “louco”.

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...