Um corvo, um cobre

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sábado, 24 de maio de 2008


Partiu a caravana dos sonhos.
Não importa o destino, somente a viagem
Pelo caminho os peregrinos misturam-se à poeira e ao brilho das estrelas,
mas eles partem em busca do sol!

***

Dia cinzento!
Gosto dele assim, quando me sento
em uma velha cadeira, no sossego do jardim,
para ouvir cantarem os passarinhos.

***

Voam os pombos no céu. Fim de tarde.
Na rua vazia, o sol deita seus últimos raios.
Alguém sentado à soleira de uma porta... espera!

***

Noite escura!
No telhado
o soluço da chuva.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

JURUPARI [1] O PODEROSO SENHOR DO MEDO


Jurupari passeia pela noite.
Jurupari passeia pelo terreiro.
Jurupari é o poderoso senhor do medo que chega para assustar pequeno guerreiro.
Devagar, a grande sombra entra na oca, escurecendo a taba por inteiro.
Pequeno guerreiro não consegue adormecer.
Jurupari é espírito sem forma.
Jurupari é espírito mau
Mas pequeno guerreiro é valente
E a grande sombra olha de frente
Jurupari se encolhe, pra longe foge, a grande sombra desaparece!
Jurupari, o poderoso senhor do medo, tem medo de pequeno guerreiro, que depois, exausto da cansativa batalha, em paz adormece, iluminado pela vigilante luz da lua.


***

[1] JURUPARI: Do tupi Iuru-Pari que quer dizer boca fechada, mistério, segredo. Entidade tida pelos indígenas como “filho do sol”, o legislador, o gênio da música, temido e respeitado pelos povos da selva, que, porém, com a chegada dos missionários jesuítas foi rebaixado a categoria de “diabo”, o espírito malévolo que rondava a floresta.

Do livro MORONETÁ-Crônicas Manauaras; Virgínia Allan; Editora Valer

quinta-feira, 22 de maio de 2008


Quisera que meus versos fossem leves como a pena e que tivessem a candura das cantigas de roda
Quisera que fossem belos como as noites amenas e que possuíssem
o agradável perfume dos botões de rosa
Quisera ainda poder calar-me Quisera mesmo, meu Deus, nada querer e assim não lamentar-me
dos meus versos que choram.

***

Certa vez, há muito tempo, assistindo a um filme antigo, vi uma ponte que, não sei por que, deu-me a sensação de infinito. Era uma pequena ponte, por onde um casal caminhava, mas, para mim, ficou a impressão de que a ponte nunca acabava.

***

Dormiram os anjos que velavam os sonhos. Esquecida ao pé de alguma nuvem ficou a felicidade embrulhada pra presente.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

TARDE DE DOMINGO


A irritação dominou a minha tarde de Domingo; tarde de Domingo quente e abatida, sem água e sem luz.
Não estou só. Na sala está também um cachorro velho que em seu cochilo inquieto, talvez esteja a sonhar com ilhas perdidas e arcas cheias de ossos.
No quarto, minha mãe; minha sobrinha e minha filha montam um rosário de histórias que enfeitam as horas ociosas.
A tarde vai passando devagar, deixando-me com a desagradável sensação de que não aproveitei o dia.
Lá fora, chama o vendedor de doces, mas, irritada, ignoro estes detalhes que poderiam me fazer feliz!

terça-feira, 20 de maio de 2008

ABANDONO



I

Num sítio abandonado, à beira de um igarapé, sentei-me um dia a meditar. Outrora, aqui havia uma cachoeira, ou será que ainda há? Daqui, eu não ouço nada, nenhum barulho de queda d’água, somente o murmúrio do igarapé, num lento passar.
De minha infância, recordo, quando ficava n’ água a brincar e entre botos e mães d’água, a cachoeira cantava, deixando a meninice voar.
Hoje, em meio aos dejetos no igarapé espalhados, ficam também minhas lembranças. Já não há botos, nem mães d’água; resta apenas um sítio, com um triste igarapé de águas maltratadas; sem cachoeiras, sem poesia, sem nada.

II

Sentada à beira do igarapé, olhava a água correr mansamente. Mansamente passando por entre minhas mãos, brincando por debaixo de meus pés, passando, passando, passando, levando consigo minhas lembranças, não tão antigas, nem mais tão jovens; lembranças que, logo despencariam cachoeira abaixo. Ainda há uma cachoeira? Daqui, não ouço barulho de água caindo.
Quando era pequena, vinha muito aqui. Recordo-me de meu pai, sentado neste mesmo lugar, contando velhas estórias de botos e mães d'água.
Do outro lado da margem está um homem de chapéu. Olha-me de forma curiosa (quem sabe, tentando adivinhar meus pensamentos) talvez seja algum turista que também parou para apreciar a beleza do lugar, pois, apesar de tudo, ainda é belo. Torno a voltar minha atenção para o correr das águas e as lembranças de minha infância. Vejo meu pai, alegre, vir ao meu encontro, falando do tempo em que os encantados habitavam estas águas. Conta-me mais uma estória, desta vez, é sobre uma cidade afundada pelo boto
1!
''E tudo por causa de Dora, caboclinha bonita como nunca se viu. Foi há muito tempo. Aqui, neste mesmo lugar, em que calmamente agora conversamos, existia um pequeno povoado. Isso foi bem antes, porque depois o povoado cresceu e virou cidade; cidade grande: selva dura de asfalto e edifício. Isso foi muito antes! Dora vivia com seus pais. Dá para imaginar, filha, quantas e quantas vezes, ela veio lavar roupa nestas beiras? Cantando e batendo as roupas nas pedras, tomando banho e cantando. O pai de Dora era pescador; pescador dos bons, respeitador das leis da natureza. Já a mãe, era tantinho nervosa. A beleza de Dora deixava-a preocupada. Seu coração de mãe apertava-se sempre que a menina saía para banhar-se ou lavar a roupa, principalmente, depois que Dora havia ficado moça.
Era costume entre os pescadores, nas noites enluaradas, reunirem-se para festejar. Festejavam assim por qualquer coisa, qualquer coisa era motivo para cantar e dançar até o dia amanhecer. Sabe filha, era uma vida feliz, bastante feliz. Como disse, Dora era muito bonita e como toda moça bonita, gostava de freqüentar estas reuniões, a qual, sem pretensão alguma, aquela gente simples, chamava de 'baile', e assim que completasse quinze anos, teria a permissão de seus pais para namorar, e bonita do jeito que era, não lhe faltaria pretendentes. Este dia estava perto e como também era querida por todos, concordaram em dar uma festa com muitos comes e bebes; bandeirolas de papel, música e dança, muita dança!
Finalmente, a bendita noite, tão esperada, chegou. A lua cheia iluminando a escuridão. Que noite bonita filha! Acho que nunca mais haverá uma noite como aquela. O baile começou com o povo numa alegria sem fim. Dançaram a mais não poder. Estava tudo tão animado que não entendiam, porque Dora continuava sentada, afinal, era seu aniversário. Dora, na flor de seus quinze anos, toda de branco, parecia infeliz. Ansiosamente, olhava, para a porta de entrada. Parecia esperar por alguém, alguém que tardava em aparecer. Mas, de repente, seu rosto ilumina-se com um sorriso, e a mãe de Dora, que a essa altura, já se encontrava bastante apreensiva com o desânimo da filha, percebe a mudança. Volta-se para onde a jovem olha com tanto interesse, e o que vê a deixa transtornada e mais ainda, quando Dora levantando-se, vai ao encontro do estranho que acabara de chegar. É um belo homem, moreno, alto, vestido de branco, com um elegante chapéu de panamá
2 na cabeça. Dona Francisquinha, assim se chamava a mãe de Dora, não se engana. Ela sabe quem ele é, e no desespero que lhe assalta, começa a gritar: 'É ele, é ele, o encantado, o excomungado, o maldito, o coisa ruim. Não, ajudem-me, ajudem-me, não deixem que ele leve a minha menina! Minha filha, minha filhinha... Acordem, por favor, acooordem'.
Sai correndo, esbarrando nos casais, que nem dão conta do que está acontecendo. A música, cada vez mais alta, impede que dona Francisquinha se faça ouvir. Ninguém a escuta nem o marido, o pai de Dora, pescador dos bons, respeitador das leis da natureza, parece compreender o que se passa. Continua encostado a um canto, pitando o cigarrinho de palha, indiferente a tudo. O povo está enfeitiçado e dona Francisquinha, isolada em sua aflição, cai, derrotada enquanto Dora, a linda Dora, rodopiando nos braços do estranho, vai, cada vez mais para longe da proteção de sua mãe.
O baile continuou noite adentro, era tão grande o encantamento, tão boa a diversão que ninguém sentiu a terra cedendo; afundando, afundando, afundando, até ser completamente coberta pelas águas. Somente dona Francisquinha, num derradeiro esforço, conseguiu salvar-se e aqui ficou, sem afastar-se dessas margens, sempre à espera de Dora. Porém, Dora não mais voltou. Apenas ele, o maldito, aprecia para fazer troça de dona Francisquinha e ela, tomada de fúria sobre-humana, entrava n'água, e tentava matá-lo, mas ele, o maldito, o excomungado, o coisa ruim, nadando numa velocidade fabulosa, facilmente escapava-lhe. Deitando água pelo furo que há em sua cabeça, era como se gargalhasse daquela que achava que podia enfrentá-lo.
E dona Francisquinha, cansada, nadava de volta às margens, onde se sentava, esperando a noite cair. E quando escurecia, lá embaixo o baile recomeçava, com Dora toda de branco, eternamente na flor de seus quinze anos, dançando nos braços do boto''.
Assim que terminou de contar-me a estória, meu pai me disse: “Filha; preciso ir. Logo será noite, e não é bom que a escuridão te surpreenda aqui sozinha. Dizem que até hoje a cidade submersa festeja a chegada de algum visitante”. Deu-me um beijo e desvaneceu-se na luz dos últimos raios de sol.
Eis que um barulho chama-me de volta à realidade. Na outra margem, o turista de chapéu já não está. De dentro d'água salta um boto brincalhão; espirrando água pelo furo. Engraçado! Parece uma despedida, com se estivesse dizendo-me adeus, como se soubesse que está sem lar; com igarapés e rios poluídos, sem belas cachoeiras e sem velhas estórias.
Por um momento, sinto-me como dona Francisquinha, desesperada por não conseguir salvar o que ama, sentada para sempre nestas margens, esperando o retorno do que não mais podia retornar.
O boto seguiu no rumo da cachoeira, levando consigo meus lugares de infância, o amor de meu pai e as velhas estórias. Lembranças que logo despencariam cachoeira abaixo.
Segui o conselho de meu pai e parti antes do anoitecer, levando nas mãos o chapéu branco que o turista, talvez por distração, deixara cair na água e que o boto em sua brincadeira trouxera para junto de mim. Prestes a entrar no carro, julguei ter ouvido algo; mas, longe, muito longe, parecia música?
E por que não! Quem sabe, fosse somente o recomeço do baile na cidadezinha submersa em que Dora morava, eterna menina-moça, ou então, fosse apenas o suave barulho da cachoeira que, a despeito de tudo, ainda conseguia cantar.


1 boto; (Inia geofrensis-Boto branco); (Steno tucuxi-Boto vermelho); cetáceo delfinídeo do gênero Sotália. Golfinho popular em toda a bacia Amazônica. É também chamado de PIRAIAUARA, ou peixe-cachorro. Contam as lendas que o boto é um doutor em assuntos do coração, gabando-se de ser o pai dos curumins, dos quais não se sabe, com certeza, a descendência. O povo diz que o boto branco é amigo dos náufragos, e que o boto vermelho, ou segundo Jacques Costeau, boto cor de rosa, denominado pelos índios de UIARA (“Senhor das Águas”) é o grande sedutor, aquele que não perdoa moça bonita que anda sozinha pelos barrancos em noites de luar. (Altino Berthier Brasil; Coisas de Boto; pág. 91; Amazônia Legendária; Poesanato, Arte e Cultura).2 panamá: Chapéu leve feito com tiras de folhas de um arbusto semelhante a palmeira.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

BOIÚNA, A SENHORA DAS ÁGUAS


Nos profundos e escuros rios da Bacia Amazônica, repousa a Boiúna, a terrível senhora das águas. A palavra boiúna é de origem tupi e significa “cobra negra”. No aspecto simbólico, a boiúna encarna ambos os princípios, isto é, tanto o masculino quanto o feminino, o bem e o mal, possuindo os mesmos atributos da Cobra-Grande e talvez, por isso mesmo, as duas acabem confundidas em uma só. Segundo o mito Dessana, a cidade de Manaus, como tantas outras foi gerada dentro do ventre da cobra. Na longa viagem que faz, Manaus é a 13ª cidade a sair e se erguer de seu bojo. Vale ressaltar algumas das lendas que desde então, vive no imaginário popular, enriquecendo a cultura e o folclore.
Sobre a Cobra-Grande, existe uma estória de que, há muito tempo, numa certa tribo de nossa terra, vivia uma mulher feia e má; devoradora de carne humana; nutrindo especial interesse por crianças. Quanto mais tenra a carne, mais lhe apetecia o gosto. Assim, a tribo vivia em constante pavor e para acabar com tamanha aflição, resolveram jogá-la no rio para que, dessa forma, morresse afogada. Porém, o astuto Anhangá, o espírito do mal, que tudo faz para enfraquecer e contrariar a vontade dos homens, não a deixou morrer, resgatou-a e casou-se com ela. Juntos tiveram um filho.
Anhangá encantou o menino em cobra para que ele pudesse viver livre nas águas do rio. Mas, eis que o que é pequeno se faz grande e logo o rio não pode mais contê-lo. Os peixes desapareceram, pois a cobra, em busca de comida, os engolira. O rio empobreceu e a cobra faminta, cresceu os olhos para além, emitindo uma luz fosforescente que tudo vasculhava.
Um dia, a mãe da Cobra-Grande morreu e seu ódio e dor foram inimagináveis. De seus olhos, lágrimas não jorraram. Contorcendo-se, disparou em direção ao céu flechas de fogo e desde então, para alivio de todas as nações indígenas, recolheu-se às profundezas das águas, levantando-se de lá somente para anunciar a chegada do verão ou para clarear com a luz dos relâmpagos que chispam de seus olhos em noites de tempestades.
Os ribeirinhos contam que já cansaram de se deparar com ela na forma de embarcação fantasma, vagando perdida pela noite, fazendo um barulho de enlouquecer; os olhos, como dois faróis penetrando a escuridão... Nestas horas, é preciso ter cuidado, pois a encantada engole tudo o que vê pela frente. Transforma-se em qualquer coisa, iludindo os mais desavisados.
Para alguns, a Cobra-Grande seria Tuluperê, uma serpente vermelha e preta; misto de sucuriju e jibóia. Era muito cruel, Tuluperê. Afundava embarcações e comia gente. Tal monstro vivia no rio Paru de Leste, na divisa com o rio Axiki. Certa feita, os índios da nação Wayana, foram pedir ajuda ao Xamã, a fim de matá-la, fato que conseguiram após desferirem nela muitas flechas, porém, ficaram embevecidos com os desenhos de sua pele, guardando-os na memória, os reproduziram depois na arte da cestaria.
O caboclo da região, ora acredita em sina, encantamento que pode vir a ser quebrado; ora acredita que a serpente é a pura encarnação do mal. Sob estas formas temos a estória do jovem Honorato, que seria filho da boiúna com uma índia.
Diz a lenda, que a jovem pariu um casal de gêmeos os quais chamou de Honorato e Maria Caninana, mas a mãe, temendo, na aldeia, pela vida das crianças, pois estas já começavam a apresentar as características dos ofídios, levou-as até às margens de um rio e abandonou-as a própria sorte.
As crianças se criaram, com Honorato tornando-se bom e forte e Maria ficando cada vez mais cruel. Finalmente, Honorato mata Maria e passa a vagar sozinho pela imensidão das águas, à espera que alguém o desencante.
Há uma versão de origem européia, onde Honorato é um jovem sedutor e irresponsável, filho de um português abastado dono de um seringal.
A lenda da Cobra-Grande encontra-se ainda ligada ao aparecimento da noite, quando sua filha, ao casar-se, pede ao marido que vá buscá-la nos domínios de sua mãe, no fundo das águas. Todavia, o moço, encarrega três amigos para cumprirem a delicada missão.
A boiúna entrega-lhes a noite presa dentro de um caroço de tucumã, selado com breu, recomendando-lhes expressamente que de modo algum cedessem a tentação de abri-lo, já que somente sua filha poderia fazê-lo. Os jovens, entretanto, no caminho de volta, encostam o ouvido ao caroço de tucumã e ouvem um barulhinho encantador... é a noite, cantando a sua canção. Não resistindo mais, os rapazes, de comum acordo, fazem fogo e derretem o breu. Rapidamente, a noite foge e como castigo, os três amigos são transformados em macacos.
No folclore, temos ainda M´boy, o deus serpente, filho de Tupã, o grande legislador, governante do mundo, assim acreditavam os índios caiagangues, habitantes das margens do Rio Iguaçu, e o boitatá, que na região Nordeste possui várias outras denominações, tais como: jã-de-la-foice, fogo corredor, baitatá e etc... é um mito quase todo de origem indígena; uma espécie de “cobra de fogo” que vadeia pelos campos, expulsando aqueles que o incendeiam inutilmente. Algumas vezes, o boitatá transforma-se em um grosso madeiro, em brasa viva, que mata os agressores por combustão, podendo até assumir a forma humana, mantendo, entretanto, a luminosidade que lhe é característica.
A Cobra-Grande, de uma forma ou de outra, está presente, enrodilhada desde o principio dos tempos, nos relatos de vários povos, na memória universal.
Esta introdução foi apenas uma breve apreciação do que é possível saber sobre um dentre os vários seres fabulosos, que habitam e instigam a nossa imaginação e aqui, em nossa casa, no seio da floresta, que também é a Casa da Mãe-Cobra, as recordações estão sempre presentes, envolvendo-nos em sonhos, nos preparando e devolvendo-nos ao mundo real.
É sina alegre de criança cabocla, da beira do rio, ouvir os cantos e os contos da floresta; é sina alegre de criança cabocla saber e recordar que antes de habitar a floresta, habitou primeiro o ventre acolhedor da Boiúna, a Mãe-Cobra, geradora de vidas, a nossa negra senhora das águas.


(Nota: Imagem da Cobra Grande desenvolvida para o portal do Pará opaidegua.com, desenhada pelo artista Fernando Brito)

domingo, 18 de maio de 2008



“O Uno permanece; o múltiplo muda e passa; A luz do céu brilha para sempre, as sombras da terra logo se esvaecem; A vida, como uma redoma de vidro multicolorido, tinge o branco esplendor da Eternidade, até que a Morte a faz em pedaços. – Morre, se queres estar junto aquilo que tens procurado! Segue adiante até que tudo desapareça!... Por que hesitar, retroceder, por que se contrair, meu Coração? Há tempos já não tens esperança... Não deixes mais a Vida separar o que a Morte pode reunir”.

(Adonais; Shelley, citado por Sirdar Ikbal Ali Shah, trad. Álvaro de Souza Machado)


*****

Um poema de Shelley para se pensar. A vida segue em frente e devemos deixar morrer todas as coisas, todos os sentimentos, para que o novo possa surgir. Não olhemos a vida, com os olhos do terror, mas sim com os olhos da renovação. Morte/Vida são palavras que vão além do literal e podem ser usadas e avaliadas em várias formas e sentidos. (V.A.)

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...