Um corvo, um cobre

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

INTELECTUAL?! QUEM?EU?!...



INTELECTUAL... Eis aí uma palavra pela qual não gosto de ser chamada; muito menos, definida. Incomoda-me profundamente. Não sou intelectual, nem literata.... Quando alguém possuidor de um vasto conhecimento ou muito “inteligente” quer elogiar outro alguém, chama-o de INTELECTUAL querendo este dizer com isso, que ele e o “elogiado” estão em um mesmo pé de igualdade em se tratando de inteligência ou os mais diversos interesses, incluído nessa diversidade a leitura como ponto de partida.. Assim, chamar outrem de INTELECTUAL é para o “amigo em questão”, o máximo dos elogios.
Bem, para um melhor esclarecimento, comecemos como começam tantos outros ao escreverem um artigo ou dar a sua opinião sobre qualquer assunto que, para maior efeito, exija-se primeiro uma clara definição, sem complicações... comecemos portanto, pelo dicionário, pejorativamente alcunhado de pai dos burros - e aqui faço uma ressalva; uma alcunha duplamente ofensiva já que para um dicionário (embora não seja uma criatura pensante) ser tachado dessa maneira diminui o seu valor enquanto livro de consultas, e, para quem a ele precisa recorrer, ser chamado de burro por causa disso é muito injusto, posto que nem todos nós somos tão burros assim...
Segundo o dicionário Aurélio; em edição revista e ampliada, INTELECTUAL é palavra originada do latim intellectuale, ou seja, relativo ao intelecto; ou seja, aquele que possui ou é, de modo predominante, predisposto aos dotes de espírito, de inteligência. Entretanto, aquele que se diz INTLECTUAL, aquele que se diz amante das coisas do espírito, nem sempre é um verdadeiro amante das coisas do espírito, nem sempre é simplesmente inteligente, no mais simples sentido da palavra, e nem sempre faz um bom uso dessa tão apregoada inteligência e conhecimento.
Clarice Lispector, uma de nossas maiores, delicadas mas, acima de tudo inteligentes escritoras não se considerava uma intelectual e quando alguém a chamava assim ela costumava dizer que não era não. Sua opinião sobre si mesma não era por modéstia e sim por achar que não fazia uso da inteligência. Usava a intuição, o instinto, mas a inteligência... Para Clarice, em sua crônica INTELECTUAL? NÃO. do livro APRENDENDO A VIVER (2004, Editora Rocco) um INTELECTUAL, em sua concepção, além de saber usar a inteligência, é detentor de uma vasta cultura. E é verdade... mas, às vezes, O INTLECTUAL despeja em cima de nossa ‘ignorância” a sua “vasta cultura” e “profundo conhecimento”, que mais parece uma central de informação, de tudo sem entretanto fazê-lo com a devida aplicação e sapiência, pois, certo é, que nem todo aquele que possui conhecimento possui sabedoria. Um sábio, diferentemente do intelectual, alia a inteligência do intelecto à intuição do espírito e ao instinto, colocando cada um, considerada as devidas proporções e naturezas, em seu devido contexto. Um sábio não precisa ser um intelectual ou disso ser chamado já que sabe empregar com sabedoria a inteligência e o conhecimento que tem. Ele aprendeu com o coração, e é exatamente aquilo que é.
INTELECTUAL? QUEM? EU? Eu não...! E se não sou intelectual, se não sou literata, então, afinal, o quê ou quem sou? Ainda não sei, mas, quero antes de tudo ser como Clarice que, descrita por suas próprias palavras é “uma pessoa que por vezes percebe, uma pessoa que pretende por em palavras um mundo ininteligível e palpável, mas sobretudo ser uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa da vida humana ou animal”.

terça-feira, 6 de maio de 2008


RALO ABAIXO: Um momento de distração.... e lá se foi a vida pelo ralo.

***

SOFREGUIDÃO: Sorvia a vida em altas doses e era tanta a pressa, que se engasgou...

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GRAVIDEZ: Estava grávida... de idéias... e seu corpo inteiro, por dentro e por fora, da cabeça aos pés, era só aflição.

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AVULSO: Fez uma grande bola de seus pensamentos e jogou-a na cesta... de lixo.

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SOBRE HOMENS, CRÂNIOS E TIGRES: Do crânio esfacelado salta um tigre faminto.

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VORACIDADE: O mar voraz vomita na praia os restos da refeição indigesta.

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Ele podia não saber "como havia chegado até ali", mas eu sabia... Estava cansado da casa vazia, das noites insones, do abandono, da solidão, da loucura generalizada, da repetição dos dias... A indiferença, a desesperança, o desamor e o auto-engano foi o que, então, o levaram até ali, uma longa jornada... Primeiro um passo, depois outro, outro e mais outro... para ele não restava mais nada, apenas o asfalto, lá embaixo, só... às vezes, a vida, para alguns, não é apenas difícil, é extremamente insuportável... Primeiro um passo, depois outro e mais outro e ele, ignorante de tudo, mesmo dos motivos da própria morte, "nem sabia como havia chegado até ali"... mas, eu sabia... Primeiro um passo, depois outro, outro e mais outro...

domingo, 4 de maio de 2008

SOTURNO


KAMIKAZE

Uma certa tristeza no jeito de olhar trai a tranqüilidade que tenta passar. Impossível se controlar o desespero de uma alma sobrecarregada. O odor da bebida, no bafo quente é a dor que sai pelos poros em forma de suor.
Onde dói?
Doem os dentes; doem os olhos; doem os ouvidos; dói a mente...
****
Onde dói?
Dói a garganta; dói o peito; dói o coração; dói o pulmão...
****
Onde dói?
Dói a barriga; doem as pernas; doem os braços; doem as mãos; doem os pés...
****
Enfim,
Dói o corpo inteiro; dói a vida; dói a morte; dói a alma; dói o amor; dói a dor; 1;2; 3; inspirar; 1;2; 3; expirar; inspirar;expirar; devagar... para não enlouquecer. Se adiantasse - ou tivesse coragem!? - arrancaria a cabeça; se adiantasse - ou tivesse coragem!? – se faria em pedaços; se adiantasse - ou tivesse coragem !?- lançar-se-ia janela afora e se estatelaria no chão, lá embaixo, feito fruta madura que ninguém mais quer, cujo único e possível destino é apodrecer na solidão.
E uma vez, diante da tragédia consumada, a pergunta que todos se farão (será...?) será a mesma de sempre: “O que foi que aconteceu...!?”.
Como epitáfio, por piedade ou brincadeira, (que importa...;... quem se importa?) apenas uma frase escrita às pressas num velho pedaço de papel: “Aqui jaz um grandíssimo F.D.P. Perdôo a quem disser ou pensar o contrário”.

sábado, 3 de maio de 2008

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-DESEJOS - UM CONTO REGIONAL SOBRE O PODER MALÉFICO DA NEGRA SENHORA DAS ÁGUAS


Todo mundo estranhou o jeito calmo de Raimundo. Era sempre tão nervoso; tão ansioso. Trabalhava duro. Queria ficar rico. De tanta ambição, Raimundo começou a modificar-se. Quem te viu e quem te vê! Largou os amigos e só pensava na realização de seus desejos mundanos: casa bonita com piscina, viagens pro estrangeiro, carro do ano, mulheres e mais mulheres. Por isso é que estranharam quando Raimundo voltou a freqüentar o velho bar do Osmar, onde podia encontrar todos os fins de tarde aqueles que; um dia, começara a esquecer.
Chegou; lépido e festeiro, como quem havia tirado um enorme peso de cima dos ombros. Pediu sua cervejinha com um pratinho de tira-gosto e sentou-se à mesa junto aos outros.
“O que te aconteceu Raimundo. Não era hora de estares trabalhando?”.
“Que trabalho o quê João. Eu agora vivo assim, de cara pra lua ou pro sol. Não quero saber mais de nada. E olha, sabe a tua dívida...?”
“Eu sei Raimundo, que ainda te devo, mas pretendo pagar”...
“Espera, homem! Nem acabei de falar; pois bem, a tua dívida está perdoada. O que eu quero mesmo são meus amigos de volta, tomar as minhas cervejas e apreciar o pôr-do-sol. Enfim, sossego. Quero sossego. Amigos, eu estava à deriva. Não há nada pior que confundir os meios com o fim”.
“Mas, o que é que te deu?” Perguntaram os outros, a uma só voz”.
“Vou contar. Aconteceu algo fora de série comigo, mas ouçam, o acontecido pouco importa já que tudo é passível de acontecer. Importante mesmo é o significado desta aventura que me fez ver a vida com outros olhos. Prestem atenção e vejam se não é coisa de doido”.
“Outro dia, cansado de tanto trabalhar, arrumei minhas tralhas de pesca e sai na pequena lancha que uso para estas ocasiões. Saí meio que sem rumo, adoidado, não pra muito longe. Eu estava começando a ficar acabrunhado. Os negócios; que iam bem, me deixaram ranzinza, pesado, obsessivo e desalentado. Só pensava em fazer dinheiro e me divertir. Sentimentos ruins, mesquinhos, começaram a tomar conta de mim, - tanto é que me esqueci o quanto era bom estar aqui com vocês - mas, acreditem ou não lutava contra isso. Então, larguei tudo naquele dia. Parei a lancha no meio do rio. Acontece que não tive paciência para pescar. Acabei me recostando, puxei o chapéu e tirei uma soneca”.
“Quando acordei, já era tarde, mas me incomodei. Estava tudo calmo demais”.
“A noite caíra e a lua; de bubuia, lançava sobre a escuridão delicados fios de prata”.
Apesar deste quadro magnífico que a natureza me oferecia, tive medo, pois para mim, só havia escuridão; a escuridão da noite; a escuridão da água e a escuridão de meu coração, esta mais tenebrosa e profunda que as outras. Meu Deu como ansiava pelo sol! Súbito um banzeiro leve; depois outro mais forte, e em seguida, o que vi jamais vou esquecer. De dentro d’água uma enorme cobra preta se levantou; seus olhos possuíam uma luz sobrenatural; uma luz amarela; cegante; apavorante. Não acreditei...Eis que diante de mim surgia a Boiúna, com chifre e tudo. Tremia sem parar; nunca tive tanto medo na vida. Em questões de segundo; vi a cobra engolir a lua. Seria mesmo verdade aquilo que estava vendo?; Ou seria apenas um surpreendente sonho maléfico?; Julguei que estava ficando louco, porém, uma segunda ondulação me fez acreditar e subitamente; ela abriu a bocarra e me engoliu também, com lancha e tudo. Fui escorregando garganta abaixo, até, finalmente, perder a consciência”.
Dentro da barriga daquele ser hediondo, dormi o sono da morte, tranqüilo e eterno. Quanto tempo durará a eternidade? Um segundo, uma vida inteira? Não sei dizer; não sei também porque ela me vomitou. Talvez restasse em minha essência algum tempero nocivo para o seu não muito exigente paladar.
Fui lançado no fundo do rio, e quando voltei à superfície, percebi que para salvar minha vida teria que lutar. Foi aí que me lembrei do punhal de prata presente de meu avô, de lâmina mais que afiada. Rezei para as forças não me faltarem. Mas, como acabar com um bicho daquele tamanho?
Aproveitando-se deste ligeiro instante de indecisão, pois vocês todos são testemunhas de que não desenvolvi este mau hábito, a maldita me pegou no seu abraço mortal, senti os ossos estalarem e comecei a gemer de dor. Não conseguia reagir. Entretanto, para minha sorte, ela afrouxou o abraço e rapidamente, puxei o punhal de minha cintura. Estava novamente, bem próximo à sua boca e podia sentir seu hálito quente e pestilento. Um arrepio gelado percorreu minha espinha. Era ela ou eu, e é lógico que optei por mim. Sem vacilar, com a mão segurando firme o cabo do punhal, enterrei-o em sua garganta, em seguida um outro golpe, depois outro, outro, outro e mais outro... Subitamente, os olhos, esbugalhados, voltaram-se para mim; não fugi; não chorei; não temi ficar cego ou ser consumido vivo; por aquela maldita luz. Estava desesperado e queria apenas sobreviver. O silvo lancinante que soltou fez a floresta inteira tremer. Ao longe pude ouvir o revoar de pássaros e os urros dos animais amedrontados. A Boiúna largou-me no mesmo instante e num segundo desapareceu nas profundezas das águas. Do meio do rio, nadei feito um condenado, torcendo para que ela, mais que enfurecida, não retornasse disposta a uma vingança.
Ao alcançar a segurança da margem, caí, exausto de sono e de cansaço. Por fim, sobre esta estranha madrugada desceu nova quietação.
Na manhã seguinte, fui encontrado pelos meus empregados, que acharam que a pesca estava demorando demais. Acordei sentindo uma terrível dor de cabeça. Minha testa estava ferida e na mão ainda segurava o punhal.
Ao meu redor, tudo estava normal outra vez, mas não igual. O banzeiro, provocado pela passagem dos barcos, os botos nadando ao longo do rio, a arara vermelha atravessando o céu, os gritos dos macacos, perdendo-se à distância. Tudo estava normal, mas não igual. Eu havia travado uma batalha e conquistado um troféu, um troféu que eu não poderia levar pra casa para enfeitar a minha sala ou para exibir pros amigos. Era um troféu merecido, resultado de uma guerra particular travada dentro e fora de mim. Isso tudo porque passei, gerara um homem novo, filho do sol e da lua. Um guerreiro com forças suficientes para combater e matar o seu dragão. Acreditem ou não, eu lutara comigo mesmo, lutara contra os pérfidos sentimentos que queriam me possuir. Percebi que tudo aquilo pelo qual ansiava, se não tomasse cuidado!... Meus desejos eram como a grande cobra a me envolverem num abraço mortal. Acreditem ou não, resolvi dar-me uma chance e, graças a Deus, estou aqui, renascido; livre e feliz sob este novo céu, sob este novo sol, sob esta nova lua, bem distante da goela e da barriga escura e fedorenta dos meus desejos mais delirantes. 


Do livro Moronetá-Crõnicas Manauaras, Virgínia Allan, Editora Valer 

quinta-feira, 1 de maio de 2008

REFLEXÕES DE UMA ALIENIGENA SOBRE O INTRIGANTE COMPORTAMENTO DOS SERES HUMANOS PARTE III


“E para não dizerem que eu não falei das flores” ou que vivo por aí, de baixo astral,“arrastando correntes” apontando-lhes, com o dedo em riste, constantemente as suas imperfeições, vou, já que estou de bom-humor, mudar de assunto... vou hoje falar de milagres... pois é, quer queiram quer não, quer acreditem ou não, milagres acontecem... estou sendo otimista? Bom... vivendo na Terra, sob essa aparência humana, respirando esse ar abafado, não sou basicamente uma otimista de nascença, como diriam vocês, não sou eu uma otimista por natureza, mas, sim por opção (ou,seria, talvez, por necessidade?) e, tomando como minhas as palavras de um amigo meu, membro da mais alta cúpula planetária “é difícil ser pessimisticamente otimista ou otimisticamente pessimista”. Mas, justamente para que eu possa fazer meu trabalho da melhor forma possível devo eu me exercitar nessa maneira peculiar de ser feliz e ter esperança da qual se servem os humanos. “Em Roma aja como um romano” adaptando o ditado, “Em Terra aja como um terráqueo”... Olhemos, portanto, o lado bom das coisas... e depois é meu dever ir além de minhas próprias opiniões e expectativas. Devo estar aberto a outras formas de pensar e ver este mundo. Pois bem, retornando ao nosso assunto, os milagres têm uma razão para acontecer dentro desse contexto humano, os milagres exercem uma função, são um ensinamento, uma influência sobre os seres, tanto física quanto psíquica, esta principalmente, ao lhe proporcionar, apresentar alternativas de pensamento. Porém, aqui... cuidado! Pois, como tudo que sucede aos humanos, o “miraculoso” por ser um evento fortemente atrativo, possui efeitos colaterais quando usado ou pensado de forma aleatória ou indevida. Lembrem-se, os milagres só impressionam a quem quer ser impressionado ou, quando não, seu efeito sobre alguns outros é de pura zombaria, escárnio, completo cinismo diante do acontecido. Alguns outros ainda... alguns nada, muitos, aqueles tidos por aqui como os “mais espertos”, aproveitam-se da “boa fé” equivocada de seus irmãos em seu próprio beneficio. Mas, posso dizer, entretanto, que, em se tratando de milagres, reações emocionais ou automáticas, comuns nesses estados, partem não da essência, não do eu real, mas, sim de um outro “eu” que opera em segundo plano e que, ao cumprir devidamente a sua função, impede aos seres humanos de obterem a percepção exata da verdade, impede que estes seres simplesmente possam ir além do que estão. Do mundo de onde vim, cuja sabedoria milenar é passada e estudada desde os mais tenros anos, trouxe comigo a certeza no coração de que o verdadeiro saber reside não no apego ao eu, mas sim na devoção a verdade. Escutem... não quero bancar a mestra, a psicóloga, nem a psicanalista, muito menos lhes ensinar a pensar... longe de mim... longe de mim fazer um diagnóstico da raça... imaginem... Não sou uma depreciadora da inteligência sem limites, da qual todos os humanos são possuidores... Quem sou eu? Um grão de poeira na imensidade do Cosmos... Deixo tais julgamentos para os mais evoluídos, mas comecei estas conjecturas porque hoje acordei menos infeliz ou, se preferem, um pouco mais feliz e quis repartir... hoje não estou desesperada, nem amedrontada, nem carente, então, quis falar de milagres e de como eles são passíveis e “comuns”de acontecer... Eu não ligo muito para o “extraordinário”, não dou a ele mais importância do que realmente deve ter, de onde vim milagre acontece todo o dia, desde o momento em que se respira pela primeira até a última vez, fazem parte de minha rotina, do meu dia a dia. Eu considero quase tudo um milagre, é milagre para mim até o fato de continuar firme em minha missão apesar de todos os percalços ao longo da jornada. No entanto, aqui na Terra a reação perante o "inexplicável" é diferente, aqui, os milagres são acatados como raros, embora ultimamente, as estátuas que derramam lágrimas de sangue ou soltam óleos curativos, pessoas com visões ou em conversas privadas com Jesus ou a Virgem Maria sejam “milagres” quase corriqueiros. Vejam... Li outro dia o caso de uma mulher, em um vilarejo, no Peru, que foi dada pelos médicos como clinicamente morta devido às complicações de um câncer generalizado. Notícia dada aos familiares... desligamento dos aparelhos... Tudo pronto para o enterro... No dia do velório, os parentes e amigos, inconsoláveis, choravam copiosamente, ao lado do caixão, a sua perda. Uma tristeza...! Entretanto, eis que, de repente, em meio ao sufoco de mais um dia de pesar, por entre velas acesas, flores, terços, santinhos e rezas a mulher, subitamente, se levanta, assustada, porém, vivíssima, assombrando a todos que estavam ali presentes. Conclusão de tanto barulho... A mulher, que hoje leva uma vida normal, deu graças aos céus por ter escapado de um enterro prematuro, e, além de ressuscitar, estava totalmente curada de sua grave doença. A quem lhe indaga; curioso, a respeito do caso, ela diz somente que foi “tirar um cochilo”. Três vezes abençoada, ela pouco se importa com o apelido que lhe deram no vilarejo, “La Muerta”, embora seu nome original de batismo, mais sonoro e mais bonito, seja mesmo Felicidade... Felicidade... apenas isso... Felicidade... ela sabe o que é isso.

"Um operário parte de um monte de tijolos, sem significação especial senão serem tijolos para - sob a orientação de um construtor que por sua vez segue os cálculos de um engenheiro obediente ao projeto de um arquiteto - levantar uma casa. Um monte de tijolos é um monte de tijolos. Não existe nele beleza específica. Mas uma casa pode ser bela, se o projeto de um bom arquiteto tiver a estruturá-lo os cálculos de um bom engenheiro e a vigilância de um bom construtor no sentido do bom acabamento, por um bom operário, do trabalho em execução. Troquem-se tijolos por palavra, ponha-se o poeta, subjetivamente, na quádrupla função de arquiteto, engenheiro, construtor e operário, e aí tendes o que é poesia". 

(Vinícius de Moraes)

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...