Um corvo, um cobre

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

TRANSCENDENTE


Irei lembrar-me
De todos os detalhes
De momentos inteiros
De vidas entrelaçadas no tempo
Ocultas dentro do ser
Todas as ausências
Todas as presenças
Lanço ao vento minha oração
E as minhas pseudos-verdades
Soam como blasfêmias
Na boca de um santo
Mas digo amém a cada frase dita
Submissa a uma vontade maior
Limito-me a buscar o ilimitado
Vasculhando o alfabeto do cosmo
Do alfa ao ômega
A identidade de Deus
Se revela então numa estrela
Transcendente mistério
Que se cala em minh’ alma
O imenso espelho polido
Mostra agora todas as cores do Universo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COMO O DIABO FOI PARAR NA ENCRUZILHADA



EXU, O MENSAGEIRO – ENTRE A SOMBRA E A LUZ

O temido demônio dos cristãos e afins, perde o horror e a feiura quando visto pelo lado mitológico das raízes africanas.

Segundo a mitologia ioruba, Exu Legba Eleguá Bará era um dos mensageiros que fazia a ligação entre o mundo dos homens e dos deuses, buscando solucionar problemas que afligiam tanto a um quanto a outro, sem distinção.

Reza um mito ioruba, que, certa feita, vagando Exu por terras d¢África, ia ele de aldeia em aldeia, catando remédios e soluções para grandes e terríveis aperreios que atormentavam a todos naquele tempo.
Os deuses aconselharam Exu que ouvisse tudo o que se relacionasse aos homens, coisas e animais que vivessem aqui na terra; suas queixas, dramas e histórias, enfim, que ouvisse tudo, que nada lhe escapasse, mesmo aquilo que, aparentemente, não tivesse qualquer importância.
E assim foi! Assim ele fez!
Cumprida a missão, Exu, o mensageiro, viu-se detentor de um abrangente conhecimento, capaz de resolver os mais intrigantes mistérios que iam desde a origem e o governo do mundo; dos homens à natureza.  
Tanta sabedoria foi repartida com um sábio adivinho chamado Orumilá ou Ifá, que, por sua vez, transmitiu esses segredos aos seus discípulos, os denominados babalaôs, que quer dizer, pais do segredos
Os cultos aos outros orixás, só é possível com a presença de Exu, pois ele é o mensageiro, àquele que faz a intermediação entre deuses e homens. Sem a presença de Exu nada acontece. Sem a presença de Exu a vida pára.
Como foi comum de acontecer às diversas culturas com quem os cristãos tiveram contacto, Exu acabou rebaixado à categoria de demônio, ou seja, o próprio diabo.   

Conta-se que Exu era pobre, não possuía nada, nadinha, nem um vintém, nem um grão de farinha. Vagava pelo mundo feito um vagabundo, sem eira nem beira.
Um dia, resolveu ir à casa de Oxalá e assim passou a fazer todos os dias, pois lá passava horas distraído, vendo o velho orixá criar os seres humanos.  
Muita gente ia à casa de Oxalá, visitá-lo e ali ficavam por alguns dias, mas não aprendiam. Chegavam trazendo presentes, oferendas para o Deus, admirando a perfeição de sua arte.
Exu passou um longo tempo na casa de Oxalá, exatamente dezesseis anos passou Exu, prestando atenção em tudo que fazia Oxalá, como ele modelava os seres humanos, aprendeu direitinho. Exu estava pronto a ajudar Oxalá. Então, o velho deus mandou que Exu fosse se postar na encruzilhada do caminho que levava à sua casa, pra que ele não deixasse passar quem não lhe levasse oferendas. Oxalá estava muito ocupado na confecção de mais e mais seres humanos e não tinha tempo a perder recolhendo presentes; aliás, nem tempo pras visitas ele tinha...
Exu foi e postou-se na encruzilhada, a recolher os ebós que depois entregava a Oxalá. Tudo correu tão bem, tão ao gosto de Oxalá que ele resolveu recompensá-lo e decretou que quem fosse à sua casa teria que levar alguma coisa também a Exu e quem estivesse voltando, deveria fazer o mesmo. 
Exu tornou-se guardião da casa e dos mistérios de Oxalá. Tendo somente um ogó, uma espécie de porrete poderoso, afastava as pessoas nefastas e castigava a quem tentava enganá-lo e passar desse modo pela sua vigilância.
Exu trabalhava em tempo integral e na encruzilhada montou sua casa. Ninguém mais podia passar por ali sem deixar-lhe alguma coisa e foi assim que Exu ficou rico e muito poderoso. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010




Dijo el profeta de Allah

Quien ayuda a las viudas y a los huerfanos
es como si hiciera el yihad por la causa de Allah
o como si ayunara todo el dia
y estuviera despierto adorando a Allah toda la noche

(Sahih al Bujari)


Disse o profeta de Allah:
Aquele que ajuda as viúvas e os órfãos
É como se, todo dia, pela causa de Allah, travasse uma guerra santa
Ou é como, se, todo dia, praticasse o jejum
E assim, desperto, estivesse por toda noite, em adoração! 




http://lenguarabe.blogspot.com/search?updated-max=2008-11-24T03:41:00-08:00&max-results=20




quarta-feira, 3 de novembro de 2010

GRANDE E SILENTE MISTÉRIO





Vontade imensa de chorar
Vontade de gritar “pára o mundo que eu quero descer”
Mas, quando olho para os lados
Pra frente ou para trás
Percebo que não posso
E murmúrios de anjos mandam-me continuar
Ainda resta uma longa estrada
Não sei se deserta até o fim... por enquanto sim
No momento
Não há nenhum passante
Nenhum discreto, sereno viajante
Que possa me acompanhar
À estalagem mais próxima
De qualquer forma
A viagem é perigosa
Há lobos e bandidos ao longo do caminho
A morte sempre à espreita
Poucos abrigos
Poucos amigos
Poucas esperanças
Confesso
Tenho medo
São muitos os receios
Acalmo o coração
E acomodo-me ao tronco da palmeira
Que cresce no Oasis distante, meu refúgio
Que, para o meu alivio
Conheço bem o destino
Lá, o sol é tolerante
A água refrescante
O vento faz seu discurso delirante
E a lua me reanima
Com seus segredos
Penetra-me com sua luz
E embala-me na rede do crescente
Durmo tranqüila entre as nuvens
Povoadas de sonhos
A realidade então não me parece mais tão brutal, tão cruel,
tão importante, tão caprichosa...
E apreendo, por curtas horas que equivalem à eternidade
A natureza íntima, a essência única e divina do grande e silente mistério




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

REVERSO

Não me incomodavam teus arroubos de impaciência
Nem teus modos impossíveis ao falar
Fechava-me em copas
Agarrando-me aos poucos sonhos que
ainda guardava dentro de mim
Tempestade que logo amainava
Na absoluta quietude da paz de um entardecer
Agora, displicente, a vida passa, com a certeza
De que não irei mais encontrar-te em meio a tantos rostos estranhos
Roda desesperança... sobe e desce
De anseios/devaneios 
Taças de tristezas misturadas a gotas de alegrias
Nunca secam o meu pranto
Universos paralelos... onde estás?
À distância, tudo parece tão romântico, tão diferente
Foste um dia, como um príncipe encantado de um conto de fadas
À lutar pela mulher bem amada
Sofrendo, porem,  na seqüência
Pela dura lida de um viver apreensivo
Partiste, enfim, em uma longa jornada
Pra não mais voltar
Levando quase tudo contigo   
E na história inacabada
Sobrou apenas o encanto de duas jóias raras
Duas princesas abandonadas
A mercê de ogros, lobos e vampiros 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010




Há um peso a segurar a porta
É para o vento não empurrá-la com força
E não acordar a quem está adormecido!
Quieto, até o gato parece adivinhar meus pensamentos
Então, fecha os olhinhos e encolhe as patinhas
Comodamente deitado na almofada da cadeira de balanço
Uma saudade antiga se me insinua no coração
Tristeza infinda, indefinida
Nas minhas letras, nas minhas frases
Estende-se um sol dourado
Mas, nuvens escuras logo se formam
E grossas gotas de água caem do alto dos olhos
Avexa-se minh’alma
Com tantos tormentos
A aparente calma
É desânimo constante
Abrem-se as cortinas
Mais um dia!

sábado, 23 de outubro de 2010

MANAÓS



Manaus de muitas cores 
Manaus de mil amores
Icamiaba
Valente
Amazona
Guerreira 
Onça pintada
Moleque Saci
Mapinguari
Jurupari
Curupira 
Makuna-imã
Trapalhão atrapalhado pajé 
Muiraquitã talismã
Des-corado boto cor de rosa paixão
Tucuxi
Coração
Garantido
Caprichoso
Toada
Vermelha
Azulada
Cidade
Céu verde
Esmeralda
Adormecida
Contida
Esperança
Dança
Dança
No bojo da Caninana
Cobra malvada
Indiscreta Senhora das Águas
Mãe da cidade sagrada
Guardada pela Yara
Nas profundezas do rio
Escondem-se mistérios
Espelho secreto
Onde
Serena surge
A lua Jaci
Menina/moça/mulher
Cabocla morena
Vistosa
Cunhãporanga
Nua  
Cheirosa
Brejeira
Perdida na feira
Casas de palafitas
Amantes do velho Cais do Porto
Seguro
Rodway flutuante
Pr’além do rio
Uirapuru verde oliva
Se disfarça
Em meio à fumaça,
Em meio à tinta
Em meio à resina
Em meio ao quase
Esquecido passado
Uma Manaus moderna
Quase psicodélica
Teima em se sobressair
E pra sempre existir
Mas, no coletivo in-consciente
Persistem os temas
Renovam-se os poemas  
Recontam-se as lendas
Histórias inventadas
Desconhecidas
Descabidas  
Nunca contadas
Nunca sabidas
Ecoam
No silencio
Cantigas
Perdidas
Luzes cintilantes de fogo-fátuo
Olhos mágicos e medonhos de M’boy tatá
Um pedaço do teatro trazido da Europa
Papagaios
Verdes
Azuis
Araras
Vermelhas
Amarelas
Se projetam na tela
Salve, salve ela...
Mon amour, tres joli
A Paris das Selvas
Ainda é aqui!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

GATITO MIO











Gatito pula da cadeira
Senhora dona acabou de chegar
Grande pátio à espera lá fora
Correr é sempre hora
Brincar até cansar

Lua não apareceu no céu, bela preguiçosa
Noite escura, venta sem parar
Ora, ora senão é a chuva
Que já, já vai despencar

sábado, 16 de outubro de 2010

O MESTRE


O Mestre

 


Naqueles tempos, em que a escuridão dominava a terra, José de Arimateia, acendeu uma tocha feita de pinho e desceu das colinas até ao vale. Tinha algo que fazer na sua própria casa.
E viu, ajoelhando-se sobre as duras pedras do Vale da Desolação, um jovem nu que se lamentava. Os seus cabelos eram da cor do mel e o seu corpo como uma flor branca, mas tinha-se ferido e colocado cinzas no cabelo, como se de uma coroa se tratasse.
Ele, o que tanto possuía, disse para o jovem que estava nu, a chorar: «Não me surpreendo que o teu desgosto seja tão imenso, pois Ele era certamente um homem justo».
Nesse instante, o rapaz respondeu: «Não é por Ele que choro, mas por mim próprio. Eu também transformei a água em vinho e curei o leproso e dei vista ao cego. Caminhei sobre as águas, e dos túmulos que tinham por esconderijos, expulsei demónios. Alimentei esfomeados em desertos onde nada existia que se pudesse comer, e ressuscitei mortos das suas estreitas habitações, e à minha ordem, diante de uma grande multidão, uma figueira estéril frutificou. Todas as coisas que esse homem fez, também eu as fiz. E, contudo, ninguém me crucificou.»

 

in Poemas em Prosa, Oscar Wilde
Traduzido por Possidónio Cachapa


terça-feira, 12 de outubro de 2010

UM MUNDO DO LADO DE FORA... UM MUNDO DO LADO DE DENTRO...


 Griot 

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         Era uma vez numa velha aldeia africana, um menino pequeno, franzino, miúdinho, miúdinho...

         Todo dia ele se levantava junto com o sol e ficava à espera... Lentamente o sol ia abrindo caminho, clareando tudo na silenciosa manhã. Mas o silêncio não tardava a desaparecer, perturbado que era por toda espécie de sons, ruídos e cheiros, tanto de homens quanto de animais... Êheheh!

         Logo a velha aldeia acordava e enchia-se de cores e num segundo, o menino, ao sentir no rosto a caricia amiga do vento, saia a correr desabalado, atravessando a aldeia, as campinas, as savanas, as florestas e as montanhas... até um deserto ele atravessou e chegou em casa antes que a mãe o chamasse para o almoço.

         Corajoso, passava perto das feras, pois, sabia que elas não o podiam deter; nada o podia deter. Era mais rápido que a chuva, mais veloz que o rio, mais ligeiro que o pensamento... o menino era um pé de vento... Pé de Vento seu apelido, Pé de Vento seu nome, Pé de Vento por todos na aldeia (e além da aldeia, conhecido)... Pé de Vento... só Pé de Vento.

         Muitas crianças da aldeia queriam ser como Pé de Vento, porém como não podiam alcançá-lo punham a culpa em qualquer parte do corpo, por exemplo: Os braços podiam ser maiores ou então bem que podiam ter um par de asas, que nem os pássaros, a cabeça devia ser mais redonda ou menos achatada, maior, menor, mais leve, nada pesada ou o nariz devia ser mais fino ou mais largo, mas, as pernas... não havia problemas com as pernas, não viam defeitos nelas... as pernas, não... as pernas nunca eram curtas demais...

         Pé de Vento tinha um mundo do lado de fora e um muno do lado de dentro. Via e ouvia o mundo pelo lado de fora... Via e ouvia o mundo pelo lado de dentro... percorria, nos dois, léguas e léguas, sem se cansar.

         Quem o visse quieto, já se punha a imaginar... Se não estava a voar pelo lado de fora, com certeza, estava a voar pelo lado de dentro... Pé de vento era assim, um menino muito sábio!

         No mundo do lado de fora Pé de vento espera o sol nascer e se deitar; no mundo do lado de dentro é o sol uma grande bola para brincar, mas também pode ser uma barcarola que percorre rio e o mar...
         No mundo do lado de fora, é a lua um disco de prata, dividido em quatro partes, no mundo do lado de dentro é a lua uma amável senhora que lhe conta histórias...

         Pé de Vento tem uma música dentro de si que começa na batida de seu coração e segue mundo afora... e se completa no ritmo da chuva e no silente passar da nuvens... no sorriso dos velhos e das crianças e nos suspiros dos enamorados...

         Pé de vento entende tudo; entende a linguagem cifrada do mundo... o de dentro e o de fora... pensa e dá-se conta de sua existência e saboreia com prazer o segredo de se andar em dois mundos... ah, se eles soubessem de quantos mistérios Pé de Vento é o único senhor e guardião... nem o xamã da tribo entende o menino Pé de Vento, sabe apenas que ele sábio... ah, como é sábio este menino...

         E o melhor de tudo é que Pé de Vento, mesmo sendo veloz como um raio, rápido como um tigre, ligeiro como um furacão, nunca tem pressa... Pé de Vento sabe esperar... Pé de Vento sabe aceitar... Pé de Vento sabe, sobretudo, amar... Ah, como é sábio este menino!

         Será, um dia, um belo homem com a força e a agilidade de um leão; um rei valente cuja grandeza nenhuma jaula será capaz de conter; será um homem com um eu de ouro, um homem que não esquecerá... Pé de Vento será, sobretudo, um homem que sabe amar.

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...