Nos tempos do jardim de infância, também fiz um destes testes para saber se podia passar para a sala do primeiro ano, afinal já sabia ler e escrever. Naquele tempo, Clarice, ainda existia a distinção “primeiro ano A forte; primeiro ano B fraco”, e, assim, sucessivamente... Pode uma coisa dessas? Nem me lembro do resultado em si, mas, daí um pouco, para minha confusão, tinha abandonado a salinha agradável que era o jardim de infância, para começar a verdadeira vida escolar.
Não tive a tua sorte e não havia amigo nenhum pra me consolar ou proteger dos medos que, em minha mente infantil, ganhavam proporções exageradas; não possuía vivacidade, aliás, minha timidez era gritante, nem possuía a graça necessária para livrar-me das situações que a mim tornavam-se alarmantes. Chorava por qualquer motivo e por isso tome a ouvir os ralhos de minha mãe que toda vez me ameaçava pôr-me de castigo. Consolo mesmo só havia em meu pai, meu grande amigo e protetor.
Das amizades Clarice, o que dizer? Apenas que são “engraçadas” ou um completo mistério. Amizades vêm, vão e nem sabemos, às vezes, direito, como ou porque começaram ou terminaram. Vejamos: Tem quem tenha um melhor amigo desde o inicio de sua vida, uma amizade que segue a pessoa estrada afora. Outras têm um amigo que, por qualquer peripécia do destino, levou-os a separação, mas, quando este amigo retorna, volta, reaparece, parece até que nunca tinha ido a lugar nenhum tão constante o sorriso e o solidário “ombro amigo”, ou, então, tornam-se, um para com o outro, completos desconhecidos, estranhos, esquisitos... inimigos. Outros Clarice, nunca viram fulano ou sicrano na vida, porém, basta uma só troca de olhares, uma só troca de palavra... eis que surge “o melhor amigo de infância”. Minha modesta opinião Clarice, é de que as amizades como os amores são atordoantes mistérios, e, para finalizar, te digo que eu apesar de ter crescido e possuir um bom número de “amigos”, não parei ainda de chorar por qualquer motivo.
Um corvo, um cobre
Quem sou eu
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quarta-feira, 17 de setembro de 2008
OS TORMENTOS DE UM JARDIM DE INFÂNCIA
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
FÁBULA
SOLITÁRIO NO FIO...
Ao cair da noite
Solitário no fio
Canta um passarinho
Voa por um instante pra lá e pra cá
Ao redor do velho poste
Que de tão carcomido quase não mais se sustenta
Abandonado, meio tombado para o lado
Cheio de fios amarrados
Mas passarinho não quer saber da miséria humana
acumulada que invade casas, ruas e calçadas
Que invade toda a gente...
Quer mais é cantar seu canto
Sem espanto
Sossegado solitário no fio
Um canto de passarinho
domingo, 14 de setembro de 2008
VISÃO DUPLA
“Como, meu pai, pode ser?” retrucou então o menino “se tal fosse verdade, me pareceria que em vez de duas luas no céu haveriam quatro”.
***
sábado, 13 de setembro de 2008
ECOLÓGICOS
SEM BRINCADEIRA
Urutau[1] pousado no pau!
Todo empertigado, para o céu aponta o bico
Pássaro sério!
Pássaro feio!
Arredio urutau
pousado no pau.
***
EHE, EHE...FUMACÊ, AHA, AHA... FUMAÇÁ
Ah, essa fumaça que me rodeia, me chateia, deixa-me sem ar!
Tudo nublado... Sem vida, nem fado...
Eterno emaranhado que por enquanto é verde
mais tarde, quem sabe, marrom ou preto carvão,
de onde brota a fumaça, mas o verde não!
[1] Urutau: (Nictíbius grandis) Ave noturna, cujo canto, de tão triste, é considerado de mau agouro.
DEZ MOTIVOS
O sol nasce
O sol se põe
O homem impõe
Deus dispõe
Dois pra cá
Dois pra lá
Dois patinhos na lagoa
Duas gaivotas no ar
Dois pássaros na mão
Um pássaro voando livre no céu
Um amor
Uma paixão
Um pote de mel
Um pote de fel
Três casas em uma rua pacata
Três versos em uma linha exata
Direita, volver...
Os quatro cantos do mundo
Quatro velhinhos sentados
Quatro estrelas piscando no escuro
Quatro rosários rezados
Cinco crianças jogando bola
Cinco pessoas à mesa
Seis tocadores de viola
Seis indiozinhos na canoa
Seis jacarés de cartola
Sete cores do arco-íris
Sete dias da semana
Sete frutas madurinhas
Sete anos de lembranças
Esquerda, volver...
Oito amigos brindando a esperança
Oito elefantes na roda gigante
Oito carros passando na estrada
Oito noites encantadas
Nove contos de fadas
Nove duendes na floresta
Nove canções decoradas
Dez pasteis com recheio
Dez anos de solidão
Dez dias buscando abrigo
Dez pedaços de pão
Destino desfaço desordem...
A única ordem é: Descansar...
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
A FORMIGUINHA, UM CONTO SEM FIM DO FOLCLORE POPULAR
Mas, a neve ainda era tanta que a formiguinha não pode andar,
e, ao se perceber aprisionada ao lado da parede de uma casa,
pensou então em quem poderia lhe ajudar...
“Ó neve, tu que és tão macia e formosa deixa que me vá....
por favor desprende meus pezinhos pra eu poder passar,
olê, lê, olá, lá”...
mais forte do que eu é o sol que me derrete, espera um segundo,
ele nunca esquece, já já aparece”.
“que derrete a neve, desprende meus pezinhos pra eu poder caminhar,
olê, lê, olá, olá”...
mas a parede desta casa está a me empatar, por isso ela é mais forte,
pois impede de eu te alcançar”.
desprende agora meus pezinhos pra eu poder ir-me embora,
olê, lê, olá, lá...”
e não me deixa descansar. Lá vem ele, apressado,
com seus dentinhos afiados pronto a fazer seu trabalho”.
“Ó rato de dentes afiados que rói a parede que empata o sol que derrete a neve,
desprende os meus pezinhos pra eu poder passar,
olê, lê, olá, lá...”
que sem piedade me caça por todo lugar. Dentro da parede me escondo,
pois pelo buraco o gato não pode passar. Espera um pouco e antes que seja tarde
verás que falo a verdade”.
se és tão grande e majestoso prova tua coragem e desprende os meus pezinhos
pra eu poder caminhar,
olé, lê, olá, lá”...
e ele corre muito pra me pegar.... Sinto não poder te ajudar...
Espera um instante, ele não vai demorar”.
“Ó cachorro que pega o gato, que pega o rato, que rói a parede que impede o sol
que derrete a neve, és capaz de me ajudar?
Olé, lê, olá, lá....”
Cantilena do Corvo
EE-SE BLUE HAVEN
Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...
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