Um corvo, um cobre

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

"PASSOU... PASSARÁ"


Lá estava a velha árvore tombada no chão, as raízes à mostra, folhas espalhadas, e uma flor, tímida, que jamais se tornaria fruto. Os galhos, secos e retorcidos, alguns partidos, davam ao meu velho quintal um aspecto ligeiramente sombrio. O sol já declinava, e o lento cair do escuro da noite ajudavam a dar ao lugar uma maior e triste impressão. Ainda podia-se ver, de forma nítida, as letras A e S gravadas dentro de um coração desenhado no tronco... Meu Deus... há quanto tempo? Os amores vêm.... os amores vão... os amores permanecem... para sempre, há uma eternidade para cada situação. Um aperto no coração, uma saudade doída, sofrida... e a árvore tombada no chão lembrava-me e ao mesmo tempo, me devolvia toda a minha infância e juventude misturada a uma grande dose de desilusão ... mas, a pouca luz do fim de tarde, que insistia em não desvanecer-se, clareou-me o escuro que ameaçava se fazer por dentro de mim e de súbito a calma e a docilidade das coisas que me rodeavam me encheram de compaixão.
O céu continuava branco, de uma brancura incomum, carregado de nuvens, porém a melancolia cedeu a uma ternura sem fim e nem a saudade “não –sei –de –quê”, estranho sentimento, teve o poder de expulsá-la ... Respirei fundo e afastei-me do quintal... logo se fez noite de vez, mas, só do lado de fora... não dentro de mim.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

UMA VELHA SENHORA


Hoje, por uns breves momentos, me esqueci de ti!
Encontrei pela manhã uma velha senhora, antiga vizinha de meus tempos de infância. Perguntou como eu estava, iniciando, deste modo, uma conversação que me provocou alívio, ternura e compaixão.
Ela é uma mulher forte e sábia, tornou-se assim por causa das dificuldades que teve de enfrentar ao longo da vida, para muitas pessoas a vida é realmente difícil, mas, segue em frente, contente de si e do mundo. Possuí uma grande família, porém, sabe que é só, sabe ser só.
Falamos da brevidade da vida, de como ela se apaga num abrir e fechar de olhos.
Foi uma linda manhã, e por uns breves momentos, me esqueci de ti, esqueci de mim!
Alguém que conheço está à morte. Ela sofre nesta linda manhã, ela sofre na beleza da tarde, ela sofre ao cair da noite; está tão magra e não tem mais forças para lidar com a doença que lhe consome, entretanto, ainda se apega a um resto de vida, que aos poucos se esvai, tal qual um relógio de areia que verte seus últimos grãos.
Estava começando a ficar deprimida, quando hoje, logo pela manhã, esta velha senhora me devolveu a irmandade das coisas.
Falamos da vida, da morte, falamos de seu filho morto, de meu pai morto, e de como eles continuam vivos na lembrança; sabemos que estão bem, sabemos com o coração, e por uns breves momentos, me esqueci de ti, esqueci de mim!
Olhei para o céu e pensei que talvez não fosse tão triste morrer num dia lindo tão lindo assim.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O SAMBISTA


O sambista e suas roupas coloridas.Cor de céu, cor de mar, cor de melancia partida.A pele negra, retinta, brilha como o sol! Sol negro,
negro sol que a todos aquece com seu calor.
Girando, girando, em passos cadenciados.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

HISTÓRIA ALEGÓRICA-AMOR DE MÃE, AMOR DIVINO [1]


Lá vem Maria, remando em sua canoa para lavar a roupa às margens murmurantes do rio.
Maria não vem só. Traz ao colo o seu bebê, que adormece no doce balanço.
Todo o dia é assim, pois Maria, mãe amorosa, não descuida do menininho.
Chegando à margem, atraca a canoa num velho tronco de árvore, e com paciência começa a labuta.
Por um instante, ela sai da canoa e não percebe que o laço, dado com tanto cuidado no velho tronco, desfaz-se, e aos poucos a canoa se afasta, levando o menino.
Na canoa, o pequeno acorda e olha curioso para o espelho de água escura e ao ver de dentro dela saltar um peixe de escamas brilhantes, tenta pegá-lo com as mãozinhas rechonchudas. Porém, o peixe mágico mergulha de volta para a água e o pequeno, fazendo beiço, mergulha atrás do “brinquedo”.
O menino ainda não sabe nadar e em seu desespero bate os braços e as pernas.
Maria está paralisada!
''Depressa, Maria, acode. A água é forte e para longe leva o teu rebento''.
A canoa, cada vez mais distante, e a criança bem-amada rolando, rolando pela superfície da água. Como ela desejava estar naquela canoa...
''Anda Maria, o tempo passa...''
E Maria, angustiada, se atira dentro d'água; nada, nada, nada! Finalmente, alcança o seu bebê, trazendo-o são e salvo de volta às margens do rio, e então, sentindo-se segura, descobre o seio e o alimenta com seu leite, apertando-o com amor e alívio de encontro ao peito.

***
[1] Inspirado em História Alegórica, Farid ud-Din Attar; O Parlamento dos Pássaros, Attar Editorial .

sábado, 10 de maio de 2008

MÃE


Mãe! Em teu regaço deito minha cabeça, descansando das tarefas de um árduo dia de trabalho. Sim, árduo, pois cada dia é uma batalha travada no campo íntimo de nosso ser e nas ruas da cidade.
Procuro esquecer das dores do mundo, quando ao teu lado me sento para conversar amenidades, saber se vovó passa bem, ou mesmo ainda no ato infantil de apanhar as goiabas maduras, naquele velho pé de goiabeira no fundo do quintal. É! É um velho pé de goiaba que teima em manter-se vivo apesar dos maus tratos do tempo.
Queixo-me muitas vezes de teu mau humor, das preocupações excessivas, e dos resmungos de impaciência quando encontras as coisas fora de lugar, ao falar das incompreensões de teus filhos e do quanto gostarias que fossem diferentes.
Mas, logo tudo passa e aquela mágoa, antes tão doída, transmuda-se numa sensação de paz diante de teu sorriso, e com calma, retomo meu processo de libertação, no qual me ajudas sem saber, talvez até o saibas e finges que não sabes para não me amedrontar e assim eu poder firmar meus passos.
Sou novamente um bebê aprendendo a andar e sinto muito medo, mas quando isso acontece, corro de volta para casa e em teu regaço deito minha cabeça, descansando das tarefas de um árduo dia de trabalho, procurando esquecer das dores do mundo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

REFLEXÕES DE UMA ALIENIGENA SOBRE O INTRIGANTE COMPORTAMENTO DOS SERES HUMANOS PARTE IV



Bom... me desculpem, mas a velha depressão voltou. As férias na lua não foram o sossego esperado, como antes... Há muito lixo à deriva no espaço (tive que me desviar de uma porção)e há terráqueo e máquinas demais indo para lá e para cá Universo afora, afim de descobrir os seus "mistérios insondáveis". Assim, estou novamente no “olho do furacão”, de volta à Terra, solidária em espírito, já que não posso estar lá, em carne e osso, ao povo de Mianmar, antiga Birmânia, no Sudeste Asiático, conhecida também como “terra dos templos”, que, além da recente devastação provocada pela natureza, sofre ainda o descaso das autoridades, uma junta militar ditatorial desumana, que governa o país e impede que a ajuda das nações estrangeiras chegue ao povo mais rápido, bloqueando o acesso, inclusive de funcionários da ONU - Organizações das Nações Unidas.
Há uma loucura generalizada tomando conta da Terra... pervertendo as mentes, deixando o mundo de pernas para o ar... e a banalidade toma conta de tudo. Por todos os quatro cantos, perigo, guerra, destruição, violência, morte e dor... nem as crianças são poupadas, em nenhum sentido... lágrimas incessantes que descem dos olhos de quem fita o ar, o rio ou o mar... lágrimas incessantes de quem não tem a proteção, nem o consolo dos seus, e que vive inseguro e infeliz dentro de seu próprio lar... realmente algo não vai bem por sobre a superfície do planeta, já disse isso antes, estou sendo repetitiva... Os monstros dizem que não são monstros, pois, aparentemente, sob a aparência humana, invertem situações e expressões, querendo, tentando enganar aos que ainda possuem alguma sanidade e bom senso (como podem ver, nós, os E.Ts, não somos os únicos a recorrerem a este estratagema). Portanto, cuidando com o que você pensa, cuidado com o que você diz, cuidado com quem você anda e principalmente, cuidado, mas muito cuidado mesmo com o que você deseja. Desejos costumam se realizarem das formas mais inesperadas e muitas vezes, de um jeito tão surpreendente, que chegam a deixarem arrependidos aqueles que o desejaram tão ardentemente,pois acabam soando como um castigo, um “karma” a ser pago... um favor a ser cobrado...
Aqui, no lugar onde moro, na vasta e cobiçada, região Amazônica, “celeiro do mundo”, chove muito, chove sem parar... Agora mesmo, por exemplo, está chovendo. De vez em sempre, as casas são arrasadas pelas chuvas torrenciais e as pessoas perdem tudo, até a vida. Embarcações lotadas que navegam pelos rios caudalosos, vão a pique com uma facilidade inacreditável. De uns anos para cá, tais “acidentes” têm sido bastante comuns, o que não deveriam ser. Das noticias do dia a dia, de dez, nove são pura tragédia, sobra uma para te dar algum conforto, assim como a sensação de que nem tudo está perdido, e o sentimento de que o que é bom existe, o “normal” acontece, e o impossível é possível.Como a tocante história do taxista que devolveu a um músico distraído,o seu instrumento, um Stradivarius avaliado em seis milhões de reais, esquecido no assento de seu carro. Infelizmente, estou numa fase em que não consigo apreciar o romantismo das coisas... não vejo graça nem beleza no tamborilar da chuva, não me enche de paz e leveza o pôr do sol, não me enchem de esperanças as boas atitudes... Não pensem que, apesar de mim e desse meu pessimimo, nada está sendo feito a respeito dos problemas humanos... Não... os sábios guardiões, zeladores incansáveis do bem e da evolução consciente que é oferecida ao seres, estão sempre atentos a cada detalhe... Há um chamado para que os humanos olhem e busquem a si mesmo, um chamado que quase sempre é ouvido, mas, propositalmente ignorado pela mioria, seja por descuido, seja por excesso de orgulho ou ignorância. Eu, embora sofra em meu mal-estar costumeiro,ainda assim procuro fazer algo a respeito... Talvez eu deva trocar meus óculos ou então mudar a posição usual pela qual vigio/avisto o planeta. Acho que uma cibercadeira giratória, na verdade, me cairia muito bem...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DESOLAÇÃO



Guardarei o amor. Guardarei a saudade. Guardarei a dor...
No silêncio da noite, procuro me recompor e diante da tv esqueço-me de você.
O tempo vai passando. As crianças vão crescendo. E eu, aos poucos, vou morrendo...
É necessário que assim seja. Para que o pranto não perdure e o encanto não desvaneça.

***

Na ponta de uma caneta um pálido sentido; do impossível que insiste em ser dito.
Na televisão, as notícias de todo dia. Cansaço. Há no cotidiano um quê de desengano.
A chuva miúda cai lentamente e meus pensamentos se dispersam na estranha quietude de um tedioso fim de tarde.
O silêncio é o morador constante desta casa. Indisponho-me com a vida, mergulhando num louco sentimento de saudade de momentos não vividos.

***

Mas um dia se passa e eu aqui, de pé, à janela do meu quarto. Não há cantos de pássaros; nem de cigarras; não há murmúrio de vento em meio às árvores.
Desolação!
O silêncio que paira sobre a tarde só é cortado pelos arrufos de impaciência do homem que chega e se deita, inconsolável.
Logo a noite cai e então, o simples gesto de fechar a janela, pesa-me imensamente. Por fim a fecho e ela se fecha sobre mim como a tampa de um túmulo e tal qual um moribundo, dirijo-me à cama e deito-me também.

Cantilena do Corvo

DEMÔNIOS... OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

  Sempre indaguei da vida, se ela presta mesmo, apesar de, lá no fundo de mim, acreditar que sim, “a vida presta”, apesar de tantas barbarid...