Um corvo, um cobre

Se quiser jogar um cobre a um corvo pobre, será muito bem vindo: chave pix: 337.895.762-04

Quem sou eu

Minha foto
Manaus, AM, Brazil

Translate

Wikipedia

Resultados da pesquisa

Pesquisar este blog

terça-feira, 21 de julho de 2009

CANTARES DO SEM NOME E DE PARTIDA


Hilda Hilst

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.

domingo, 12 de julho de 2009

UM RAIO DE SOL NUM JARDIM...


Uma orquídea crescia no tronco da árvore mais alta de um jardim... Um jardim sombrio, um tanto estranho, de pouco encanto... Em meio à profusão de folhas, frutos, flores, sementes e raízes espalhadas por todo o chão, certamente não se perceberia a beleza de sua presença, se não fosse a presteza de um raio de sol brincalhão que, certa vez, na graça de um dia incomum, em que o astro-rei, luzia poderoso, soberano em todo o seu esplendor, caíra, perdido, por entre as pétalas macias da bela flor, lá adormecendo, em puro sossego.
Na manhã seguinte, em vez do sol, veio a chuva... E o raiozinho, assim tão bruscamente despertado, fugiu assustado, desaparecendo, num instante por detrás das cinzentas e carregadas nuvens... mas, na pressa, eis que sacudiu de si um halo de luz, que, magicamente, se estendeu sobre o jardim sombrio; halo de límpida e dourada luz, que a violência da chuva não ousou levar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-LÍDIA



Dona Lídia era a calma em pessoa e, por demais católica, temente a Deus, a exemplo de São Francisco, resignava-se diante das situações que não conseguia mudar, o que equivale a dizer uma vida atribulada, seis filhos e um marido insensível. Mas, não havia nesse mundo nada que a abalasse, D. Lídia em vez de Lídia, devia chamar-se “Amélia, a mulher de verdade” que nem a canção do Ataulfo Alves e letra de Mário Lago... marido chegava bêbado, xingando Deus e o mundo, lá estava ela, a postos, pronta a tirar-lhe a roupa, as meias, os sapatos e ainda colocá-lo na cama, limpa e arrumada, ao mesmo tempo, balbuciando uma oração, a pedir perdão por ele, seu tosco marido, por citar o Seu Santo Nome em vão... Se as crianças aprontavam, Dona Lídia sorria ou fingia-se de brava a impor respeito... O marido, mau-humorado até a unha do dedão do pé, que detestava ser perturbado, levantava do seu sossego, brigava, e até metia a peia nas coitadinhas... mas ela, Dona Lidia, não... não brigava com ele... nem com as crianças, nem com ninguém! Esperava com paciência a tempestade dos humores passar... não se intrometia nos castigos impostos aos filhos, há não ser ser em última instância.
Aos domingos, nunca faltava à missa e quando voltava para casa, comungada de alma lavada, e livre dos pecados, absolvidos na confissão, estava pronta para qualquer situação. Era inconcebível para quem estava do lado de fora da vida de Dona Lídia, compreender tanta resignação / mortificação. Mulher bonita ainda, de cabelos negríssimos custava-se a entender porque agüentava aquela vida. Ela sorria, brincava, cantava, mas de uma coisa todos tinham certeza; ela não era feliz... não poderia ou então não sabia o que era felicidade... E o que vem a ser essa tal felicidade? De uma forma ou de outra, fato é que essa mulher que se dizia feliz, apaixonada por seu marido, sua casa e seus filhos, resignada, católica praticante, temente a Deus e submissa à Sua vontade, adoeceu gravemente e nenhum médico conseguiu fazer um diagnóstico correto. Sofria de uma doença degenerativa que a fazia arrastar-se, dependendo da caridade dos filhos ou dos vizinhos para poder se alimentar... O marido já nem se dava ao trabalho, agora mais do que nunca, não parava em casa, e, nem assim, acreditem ou não, se ouviu ela o maldizer, ou levantar a voz para reclamar como injusta sua difícil situação. . . Foi-se D. Lidia, foi-se o marido, foi-se uma das filhas, que, matou-se num domingo de sol... foi-se o tempo desta história? Dona Lídia morreu jovem, se foi mártir, santa, acomodada, condicionada, feliz ou infeliz, eu não o sei dizer e ouso pensar que talvez nem a própria Dona Lídia o soubesse... De-lhe o céu a desejada recompensa, seja ele o seu mais justo e fiel juiz.

sábado, 13 de junho de 2009

SERENA


Serena
Alegrou o olhar
Reviu o mar
Roubou um beijo da lua
Sossegou o desespero
Acalmou o cansaço
Dobrou a compensação
De acordar da ilusão
Rumou em silencio
Para a rua de cima
Olhou com distancia
Para o rio do tempo
Sorriu com desembaraço
E juntou novamente os cacos
Não de um coração partido
Mas de um dia dolorido
Gesto de adeus, hora de partida
Momento de despedida
Pedaços de vida
Grãos de areia colorida levados pelo vento

   

sexta-feira, 12 de junho de 2009

PRINCESA PROMETIDA





Há um trovador que canta em meus ouvidos
A triste história de um amor perdido
Vai, assim, em turbilhão as batidas de meu coração
Por quanto tempo mais serei errante por esta terra?
Cavaleiro intrépido, escondido pelas trevas
Longe de tudo o que sempre almejei... Deprimido, inconstante...
Buscando somente um sossegado adormecer
Mas, ainda sinto as amarras invisíveis que me prendem...
Vou por este mundo com passos indolentes e vacilantes
E com pesar, analiso as horas e o tempo dissonante...
O suor me escorre pela testa... Árduo destino... Árdua tarefa...
Pois, na torre mais alta de um velho castelo
Na fabulosa montanha de um lugar distante
Se encontra a beleza que tudo encerra, promessa de vida, a paz na guerra
A donzela querida, princesa dos meus sonhos...
Guiado pela lua vigilante
Alcançarei o impossível antes de nascer o sol...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

LUTO COTIDIANO




Nascer, viver, morrer fazem parte do cotidiano
Do mesmo modo, as alegrias, os pesares e os enganos
Nunca saberemos quando será a nossa vez. 

Lembremos, que, todo dia, a todo momento, estamos por um fio...
Mas, nem por isso esqueçamos que, viver é bom
e fazer o impossível a meta a qual nos disponibilizamos
Compromisso com nós mesmos na não desistência da existência,
por mais angustiosa, sufocante, entristecida que nos pareça

Enfrentemos, com força e coragem
o que nos suceda, exercitando o desapego, amenizando o sofrimento, ouvindo o silêncio
Estando no mundo sem ser exatamente dele
Buscando, no mistério da vida que nos cerca, o equilíbrio, a paz,
a fonte do sossego...

Assim, quando a morte, em qualquer lugar, por fim nos alcance,
seja antes, bem-vinda senhora ou doce criança, estejamos prontos...
Não partamos daqui chorando, pois, é nosso destino humano
sempre partir...


    

terça-feira, 26 de maio de 2009

UMA HISTÓRIA SEM FIM












Era uma vez um menino que saiu a passear... Sem olhar para trás, nem percebeu a longa fila de patos que lentamente subia a ladeira...

"Sim... vai daí..."
"Humm... Espera os patos subirem a ladeira...

"Sim... vai daí.."
"Espera os patos subirem a ladeira..."

"Sim... vai daí.." 
"Espera os patos subirem a ladeira.." 




Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...