Um corvo, um cobre

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quarta-feira, 14 de maio de 2008

UMA VELHA SENHORA


Hoje, por uns breves momentos, me esqueci de ti!
Encontrei pela manhã uma velha senhora, antiga vizinha de meus tempos de infância. Perguntou como eu estava, iniciando, deste modo, uma conversação que me provocou alívio, ternura e compaixão.
Ela é uma mulher forte e sábia, tornou-se assim por causa das dificuldades que teve de enfrentar ao longo da vida, para muitas pessoas a vida é realmente difícil, mas, segue em frente, contente de si e do mundo. Possuí uma grande família, porém, sabe que é só, sabe ser só.
Falamos da brevidade da vida, de como ela se apaga num abrir e fechar de olhos.
Foi uma linda manhã, e por uns breves momentos, me esqueci de ti, esqueci de mim!
Alguém que conheço está à morte. Ela sofre nesta linda manhã, ela sofre na beleza da tarde, ela sofre ao cair da noite; está tão magra e não tem mais forças para lidar com a doença que lhe consome, entretanto, ainda se apega a um resto de vida, que aos poucos se esvai, tal qual um relógio de areia que verte seus últimos grãos.
Estava começando a ficar deprimida, quando hoje, logo pela manhã, esta velha senhora me devolveu a irmandade das coisas.
Falamos da vida, da morte, falamos de seu filho morto, de meu pai morto, e de como eles continuam vivos na lembrança; sabemos que estão bem, sabemos com o coração, e por uns breves momentos, me esqueci de ti, esqueci de mim!
Olhei para o céu e pensei que talvez não fosse tão triste morrer num dia lindo tão lindo assim.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O SAMBISTA


O sambista e suas roupas coloridas.Cor de céu, cor de mar, cor de melancia partida.A pele negra, retinta, brilha como o sol! Sol negro,
negro sol que a todos aquece com seu calor.
Girando, girando, em passos cadenciados.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

HISTÓRIA ALEGÓRICA-AMOR DE MÃE, AMOR DIVINO [1]


Lá vem Maria, remando em sua canoa para lavar a roupa às margens murmurantes do rio.
Maria não vem só. Traz ao colo o seu bebê, que adormece no doce balanço.
Todo o dia é assim, pois Maria, mãe amorosa, não descuida do menininho.
Chegando à margem, atraca a canoa num velho tronco de árvore, e com paciência começa a labuta.
Por um instante, ela sai da canoa e não percebe que o laço, dado com tanto cuidado no velho tronco, desfaz-se, e aos poucos a canoa se afasta, levando o menino.
Na canoa, o pequeno acorda e olha curioso para o espelho de água escura e ao ver de dentro dela saltar um peixe de escamas brilhantes, tenta pegá-lo com as mãozinhas rechonchudas. Porém, o peixe mágico mergulha de volta para a água e o pequeno, fazendo beiço, mergulha atrás do “brinquedo”.
O menino ainda não sabe nadar e em seu desespero bate os braços e as pernas.
Maria está paralisada!
''Depressa, Maria, acode. A água é forte e para longe leva o teu rebento''.
A canoa, cada vez mais distante, e a criança bem-amada rolando, rolando pela superfície da água. Como ela desejava estar naquela canoa...
''Anda Maria, o tempo passa...''
E Maria, angustiada, se atira dentro d'água; nada, nada, nada! Finalmente, alcança o seu bebê, trazendo-o são e salvo de volta às margens do rio, e então, sentindo-se segura, descobre o seio e o alimenta com seu leite, apertando-o com amor e alívio de encontro ao peito.

***
[1] Inspirado em História Alegórica, Farid ud-Din Attar; O Parlamento dos Pássaros, Attar Editorial .

sábado, 10 de maio de 2008

MÃE


Mãe! Em teu regaço deito minha cabeça, descansando das tarefas de um árduo dia de trabalho. Sim, árduo, pois cada dia é uma batalha travada no campo íntimo de nosso ser e nas ruas da cidade.
Procuro esquecer das dores do mundo, quando ao teu lado me sento para conversar amenidades, saber se vovó passa bem, ou mesmo ainda no ato infantil de apanhar as goiabas maduras, naquele velho pé de goiabeira no fundo do quintal. É! É um velho pé de goiaba que teima em manter-se vivo apesar dos maus tratos do tempo.
Queixo-me muitas vezes de teu mau humor, das preocupações excessivas, e dos resmungos de impaciência quando encontras as coisas fora de lugar, ao falar das incompreensões de teus filhos e do quanto gostarias que fossem diferentes.
Mas, logo tudo passa e aquela mágoa, antes tão doída, transmuda-se numa sensação de paz diante de teu sorriso, e com calma, retomo meu processo de libertação, no qual me ajudas sem saber, talvez até o saibas e finges que não sabes para não me amedrontar e assim eu poder firmar meus passos.
Sou novamente um bebê aprendendo a andar e sinto muito medo, mas quando isso acontece, corro de volta para casa e em teu regaço deito minha cabeça, descansando das tarefas de um árduo dia de trabalho, procurando esquecer das dores do mundo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

REFLEXÕES DE UMA ALIENIGENA SOBRE O INTRIGANTE COMPORTAMENTO DOS SERES HUMANOS PARTE IV



Bom... me desculpem, mas a velha depressão voltou. As férias na lua não foram o sossego esperado, como antes... Há muito lixo à deriva no espaço (tive que me desviar de uma porção)e há terráqueo e máquinas demais indo para lá e para cá Universo afora, afim de descobrir os seus "mistérios insondáveis". Assim, estou novamente no “olho do furacão”, de volta à Terra, solidária em espírito, já que não posso estar lá, em carne e osso, ao povo de Mianmar, antiga Birmânia, no Sudeste Asiático, conhecida também como “terra dos templos”, que, além da recente devastação provocada pela natureza, sofre ainda o descaso das autoridades, uma junta militar ditatorial desumana, que governa o país e impede que a ajuda das nações estrangeiras chegue ao povo mais rápido, bloqueando o acesso, inclusive de funcionários da ONU - Organizações das Nações Unidas.
Há uma loucura generalizada tomando conta da Terra... pervertendo as mentes, deixando o mundo de pernas para o ar... e a banalidade toma conta de tudo. Por todos os quatro cantos, perigo, guerra, destruição, violência, morte e dor... nem as crianças são poupadas, em nenhum sentido... lágrimas incessantes que descem dos olhos de quem fita o ar, o rio ou o mar... lágrimas incessantes de quem não tem a proteção, nem o consolo dos seus, e que vive inseguro e infeliz dentro de seu próprio lar... realmente algo não vai bem por sobre a superfície do planeta, já disse isso antes, estou sendo repetitiva... Os monstros dizem que não são monstros, pois, aparentemente, sob a aparência humana, invertem situações e expressões, querendo, tentando enganar aos que ainda possuem alguma sanidade e bom senso (como podem ver, nós, os E.Ts, não somos os únicos a recorrerem a este estratagema). Portanto, cuidando com o que você pensa, cuidado com o que você diz, cuidado com quem você anda e principalmente, cuidado, mas muito cuidado mesmo com o que você deseja. Desejos costumam se realizarem das formas mais inesperadas e muitas vezes, de um jeito tão surpreendente, que chegam a deixarem arrependidos aqueles que o desejaram tão ardentemente,pois acabam soando como um castigo, um “karma” a ser pago... um favor a ser cobrado...
Aqui, no lugar onde moro, na vasta e cobiçada, região Amazônica, “celeiro do mundo”, chove muito, chove sem parar... Agora mesmo, por exemplo, está chovendo. De vez em sempre, as casas são arrasadas pelas chuvas torrenciais e as pessoas perdem tudo, até a vida. Embarcações lotadas que navegam pelos rios caudalosos, vão a pique com uma facilidade inacreditável. De uns anos para cá, tais “acidentes” têm sido bastante comuns, o que não deveriam ser. Das noticias do dia a dia, de dez, nove são pura tragédia, sobra uma para te dar algum conforto, assim como a sensação de que nem tudo está perdido, e o sentimento de que o que é bom existe, o “normal” acontece, e o impossível é possível.Como a tocante história do taxista que devolveu a um músico distraído,o seu instrumento, um Stradivarius avaliado em seis milhões de reais, esquecido no assento de seu carro. Infelizmente, estou numa fase em que não consigo apreciar o romantismo das coisas... não vejo graça nem beleza no tamborilar da chuva, não me enche de paz e leveza o pôr do sol, não me enchem de esperanças as boas atitudes... Não pensem que, apesar de mim e desse meu pessimimo, nada está sendo feito a respeito dos problemas humanos... Não... os sábios guardiões, zeladores incansáveis do bem e da evolução consciente que é oferecida ao seres, estão sempre atentos a cada detalhe... Há um chamado para que os humanos olhem e busquem a si mesmo, um chamado que quase sempre é ouvido, mas, propositalmente ignorado pela mioria, seja por descuido, seja por excesso de orgulho ou ignorância. Eu, embora sofra em meu mal-estar costumeiro,ainda assim procuro fazer algo a respeito... Talvez eu deva trocar meus óculos ou então mudar a posição usual pela qual vigio/avisto o planeta. Acho que uma cibercadeira giratória, na verdade, me cairia muito bem...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DESOLAÇÃO



Guardarei o amor. Guardarei a saudade. Guardarei a dor...
No silêncio da noite, procuro me recompor e diante da tv esqueço-me de você.
O tempo vai passando. As crianças vão crescendo. E eu, aos poucos, vou morrendo...
É necessário que assim seja. Para que o pranto não perdure e o encanto não desvaneça.

***

Na ponta de uma caneta um pálido sentido; do impossível que insiste em ser dito.
Na televisão, as notícias de todo dia. Cansaço. Há no cotidiano um quê de desengano.
A chuva miúda cai lentamente e meus pensamentos se dispersam na estranha quietude de um tedioso fim de tarde.
O silêncio é o morador constante desta casa. Indisponho-me com a vida, mergulhando num louco sentimento de saudade de momentos não vividos.

***

Mas um dia se passa e eu aqui, de pé, à janela do meu quarto. Não há cantos de pássaros; nem de cigarras; não há murmúrio de vento em meio às árvores.
Desolação!
O silêncio que paira sobre a tarde só é cortado pelos arrufos de impaciência do homem que chega e se deita, inconsolável.
Logo a noite cai e então, o simples gesto de fechar a janela, pesa-me imensamente. Por fim a fecho e ela se fecha sobre mim como a tampa de um túmulo e tal qual um moribundo, dirijo-me à cama e deito-me também.

DECISÃO ADIADA


Francisco era um desses homens em cuja mente os bons pensamentos nem sempre fincavam raízes. Possuía um espírito débil, fragilizado por uma infância protegida e ao mesmo tempo, carente do carinho e amor tão necessários que só os pais conseguem dar nessa etapa da vida.
Já homem feito, uma loucura contida, quase imperceptível, se instalara em sua mente, adoecendo-lhe a alma e o coração, cobra enrodilhada, serpente malfazeja... Às vezes, lembrava-se do que dizia seu amigo Gaston sobre a mente: “O processo de funcionamento de nossa mente é ainda um mistério, mas, ouso compará-la a um castelo, devidamente projetado e arranjado para que dele possamos fazer o melhor uso, entretanto, o que fazemos? Ao não entendermos o processo de funcionamento e toda a sua vasta potencialidade; deixamos o castelo desprotegido, à mercê de toda espécie de invasores e sob as mais diversas influências, que acabam por dele se apoderarem, tornando-se então senhores absolutos”.
Bem, Francisco registrou esse modo de pensar, mas decididamente não o entendia. Processos mentais... Gaston e suas metáforas... Francamente, ele, Francisco, estava mais para prisioneiro do castelo do que o único senhor...
E foi assim que um dia, enfrentando a fila quilométrica do supermercado; irritado com a voz anasalada da esnobe atrás dele, teve um pensamento amalucado, para ele e talvez para muitos nem tanto assim, pois pensou naquilo com a naturalidade de quem diz que vai tomar banho ou preparar o jantar.
“Vou acabar com tudo... melhor assim, de hoje não passa... não agüento mais.... todo santo dia é a mesma coisa; as mesmas chateações... a mesma droga de vida... será que existe algo mais além de um dia atrás do outro? Pronto, está decidido, vou fazer isso assim que chegar em casa”....
Quem conhece Francisco (Chico para os íntimos) sabe de sua propensão para o drama... num instante, pronto... para ele uma situação boba vira um caos... um dramalhão...
Tá... conta paga, mercadorias embaladas, dirige-se ao carro. Pra sair do estacionamento... uma novela; pra escapar do trânsito.... uma vida... vida que logo deixaria... “iam ver”... era só chegar em casa... “ia chutar o balde de uma vez”... “mandar tudo pelos ares... pros quintos dos infernos...”
Mau-humorado estaciona o carro; passa pelo porteiro, sussurrando “boa noite” de forma não muito amigável.
Em frente ao apartamento procura a chave da porta no bolso da calça. Por pura falta de praticidade (ou seria preguiça mesmo), ele não a põe no chaveiro do carro, junto às outras... mas, “ah... está aqui... finalmente”.
Uma vez no conforto do lar pensa em como dar cabo de sua existência... “Bem, de qualquer modo, será melhor decidir isso de barriga cheia... é melhor preparar o jantar... daqui a pouco Ana Lúcia chega com as crianças... estarão famintas... mas, o que era mesmo que eu ia fazer?”
Pensando, vai à cozinha, abre o armário e tira uma taça de cristal onde serve o vinho francês, presente de Gaston, em seguida vai à geladeira e tira de lá o peixe que havia deixado de um dia pro outro, descansando em um molho com ervas, sal, limão e azeite de oliva, Francisco adora bancar o gourmet, para um preparo especial, afinal, esta será sua última refeição e “depois Ana Lúcia e as crianças vão adorar”... Quando todos estiverem dormindo, ele porá seu plano em ação... se existir vida após a morte vai sentir tantas saudades.... infelizmente, a vida é assim... eles ficarão bem...
Nisso, o telefone toca (é o Gaston). Ana Lúcia chega com as crianças; o almoço fica pronto e depois de assistirem, todos juntos, um pouco de televisão se preparam pra dormir... Isto feito, Francisco, já de madrugada, resolve fazer o que pensou o dia inteiro... então se levanta e vai até a cozinha beber água; abre a porta do banheiro... espera aí, ainda não havia decidido... “como ia ser? Se enforcar; cortar os pulsos? Enfiar uma faca no peito? Brrrr.... melhor se jogar pela janela...mas eles moram no primeiro andar, subir para o alto do prédio despertaria desconfianças do porteiro ou de qualquer outro que estivesse por ali, fosse chegando de uma farra ou fosse porque estivesse com insônia e Santo Deus... suicida que se preze, não pode ser interrompido... mas, pular?... ele ficaria todo amassado, irreconhecível... não... deve existir uma forma mais elegante”.
Sai do banheiro; vai para sala e espia pela janela... acende um cigarro e pensa... “o dia está quase amanhecendo... Há... já sei... veneno... veneno sim... é a solução ideal, mas qual? Tem que ser um que não provoque dor; quero estar bonito dentro do caixão. Assim que chegar ao escritório, vou fazer uma pesquisa na Internet. É... acho que vai fazer um belo dia... é melhor descansar um pouco antes de sair”.
Não demora muito, toca o despertador. Francisco acorda, vai para o banheiro, faz a barba, toma banho... sai do banheiro; entra no quarto, troca de roupa e segue para a cozinha... mesa do café posta; família reunida... que belo quadro!... Pensa Francisco, que então sorri; Francisco é feliz e ele sabe disso, nesses instantes de plena harmonia, então reconhece que há, na vida, algo mais além de um dia atrás do outro, nem sabe porque havia pensado em suicídio ...
Saem todos. À porta do prédio, Ana Lúcia e as crianças seguem juntas enquanto ele dirige-se só ao seu carro. Naquela bela manhã, fresca e luzidia, o sentimento gratificante é logo substituído pela irritação de um trânsito que não anda...; pedintes nos sinais... e o perigo de ser assaltado ou seqüestrado a qualquer hora, ou pior... assassinado... O inferno e as preocupações que permeiam uma grande cidade recomeçam e elas tomam conta da cabeça de Francisco “Será que Ana Lúcia e as crianças estão bem?”
Pega o celular e tenta ligar, mas logo é perturbado pelo estressado de trás... haja paciência e Francisco, diante do caos nosso de cada dia, é novamente assaltado pela vontade de desistir...
No escritório, atrasado, sobre a mesa, uma pilha de papéis... A pesquisa sobre venenos ficará para mais tarde, porém está decidido de hoje não passa... ainda hoje ele manda tudo pro inferno, inclusive a ele mesmo...
Saiu tarde do escritório... ainda bem que não precisava passar no supermercado... que trânsito caótico... tinha que chegar logo em casa e pesquisar sobre os venenos na Internet ou seria melhor comprar um livro sobre o assunto? Será que preparo frango ou carne? Devia ter perguntado a Ana Lúcia.
Francisco chega a casa pensando em sua pesquisa e no que fazer para o jantar. Irritado, estaciona o carro, dá um “boa noite” arrastado ao porteiro e sobe para o apartamento. Demora a encontrar a chave (estava no bolso de detrás da calça) mal entra, o telefone toca (não era o Gaston) era Ana Lúcia avisando que ia jantar com as crianças na casa da mãe... Pronto... Francisco tem muito tempo para se dedicar à sua pesquisa e fazer o que está há muito querendo fazer... mas é tão bom estar em casa... e agora que tem tempo de sobra, vai, antes, tirar uma soneca... dormiu tão pouco a noite passada... descansado poderá pensar melhor... “vou descansar aqui mesmo no sofá... quando acordar, entro na Internete... não... não .... de qualquer jeito, vou ter que preparar o jantar... acho que será mais fácil dar um pulo na livraria...”

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...