Um corvo, um cobre

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terça-feira, 5 de setembro de 2023

A FOLHA E O RIO


Foto by Bob Medina

Assim como a folha levada pelo rio, assim vai a minha dor, assim vai o meu amor... Vai, feito folha leve e velha que nem essa, para onde o rio levar...  A descansar nas margens ou quiçá, nas profundezas de uma vida imperfeita.

A folha, leve e velha surpreende o mundo por onde passa pela graça, beleza e estranheza com que se deixa levar, pacientemente, sem se queixar, para onde e como o rio quer, para onde e como o rio quiser.

Segue em silencio, sem queixa, a velha folha, para juntar-se a outras folhas, tão velhas quanto ela, contadoras de histórias, que sabem que, antes, precisam primeiro apodrecer para depois, voltar a viver...  A voltar, a prosseguir, a percorrer, a insistir em novos ciclos, outros caminhos.

A folha, em essência, se encontra presente em todos eles... Tal qual a água do rio que a levou para longe.

 


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

"ADEUS TAMBÉM FOI FEITO PRA SE DIZER"




Em nota breve, venho dizer que Dylan não resistiu a maldita cinomose. Morreu no sábado à noite e tudo foi muito triste assim como foi sua curta existência. Não houve chances. Eu ainda tenho 5 cães. Três cadelas e dois machos e 3 gatos fêmeas. Nem consigo imaginar minha vida sem eles, embora muitos dos gatos eu tenha perdido de vários modos pela minha vida afora. Minha relação com os gatos é mais complicada, mesmo amando-os muito, os cães, porém, ocupam um lugar especial em meu coração e se eles sofrem ou são maltratados, sofro com eles, amaldiçoando as almas condenadas que em vez de cuidá-los os fazem sofrer ao extremo.

Schopenhauer caminhando com seu poodle Atma”, feito pelo poeta e caricaturista alemão Wilhelm Busch.

Para o filósofo alemão Schopenhauer, grande amante dos cães, a dor seria o vínculo mais importante entre os humanos e os animais, aquele que os une como seres consoladores um do outro. 


A autora Olga Tokarczuk diz em seu livro Escrever é muito perigoso: “Para mim, é mais fácil suportar o sofrimento de um ser humano do que o sofrimento de um animal. O ser humano tem uma posição ontológica própria, elaborada e anunciada aos quatro ventos, e assim constitui uma espécie privilegiada. Tem cultura e religião para o apoiarem no sofrimento. Tem suas racionalizações e sublimações. Tem Deus que, enfim, o salvará. O sofrimento humano tem sentido. Para o animal, não há nem consolo nem alívio, porque não existe salvação que o espere. Não há sentido. O corpo do animal não lhe pertence. Ele não tem alma. O sofrimento do animal é absoluto, total. Se procurarmos vislumbrar esse estado com nossa capacidade humana de reflexão e compaixão, desvenda-se todo o horror do sofrimento animal e, em consequência, o terrível e insuportável horror do mundo” (2023, p. 39)." 

Dylan morreu no sábado e tivemos que chamar um crematório particular, dado que a Prefeitura não disponibiliza, mas deveria, esse tipo de atendimento, já que por ter morrido de cinomose, não se pode enterrar. Estou com saudades e sempre que penso nele, meus olhos se enchem de lágrimas, porque, de certa maneira, eu não sei o quanto ajudei, o quanto contribui em seu sofrer, pois ao pensarmos estar a fazer o bem, muitas vezes, fazemos é o mal. Não há mais muito o que eu tenha a dizer. Não é o primeiro cachorro que perco, mas, com cada um que se vai, um pouco da minha alma vai junto, são anjos na terra, eles guardam mundos em si, segredos e mistérios e se você quiser aprender mais da vida, tenha um cão e o trate com todo o amor no coração… é como dizia Kafka: "Todo o conhecimento, a totalidade das perguntas e respostas, se encontra nos cães”. 



quinta-feira, 31 de agosto de 2023

#PAREM DE NOS MATAR!



Eu não me conformo com pessoas que se acham donas das outras. Todo dia, um "homem" comete feminicídio e em muitos comentários sobre assassinatos de mulheres, vem os misóginos dizerem que a vítima procurou seu destino fatal ou que "teve o que mereceu". Isso é de uma desumanidade… todo dia assassinatos, espancamentos, cárceres privados, motivados pelos motivos mais banais, como ciúme, inveja ou "honra ferida de macho", matam as mulheres, matam seus filhos também e muitas vezes, os filhos são do próprio assassino. Mulheres fortes, lindíssimas, de todos os níveis sociais e profissões, com carreira, com sucesso, e mesmo as mais trabalhadoras, simples donas de casa, que tantas vezes, possuem vida independente e de repente se ligam ao sujeito mais abjeto, o mais vagabundo e cruel possível. Por que isso acontece? Não sei se são apenas problemas de carência como tantos dizem. Medo da solidão? Não sei também… por que se dedicar a relacionamentos ruins, apenas por medo de estar só? Os "homens" enganam, mas fingem tão mal… Temos que parar de fazer péssimas escolhas, não sei como, mas temos que tentar. 

Ao tentar se afastar de relacionamentos abusivos, essas mulheres se vêem acuadas, ameaçadas e mortas. A chacina na Bahia, é mais um desses exemplos terríveis, dessa cultura patriarcal e nojenta, de despersonalizar a figura feminina, sempre com o intuito de que a violência gerada contra ela é, e sempre será, culpa dela; apenas dela. 

A chacina na Bahia é só mais uma tragédia que vem se somar a tantas outras mais, do que um ser trevoso, com minhocas na cabeça, é capaz de engendrar só por imaginar que a namorada ainda se relacionava com o ex; pensem… isso é de uma estupidez sem limites; aí, munido dessa ideia superficial, subjetiva, incerta, o sujeito vai lá, todo cheio das armas, certezas e "machezas", na casa da companheira, ladeado por mais três marginais para matar um só, um seu igual, tão tosco e bruto quanto ele mesmo, atolados ambos, até o pescoço na mesma lama, e acabam matando quase toda a família inteira, culminando a tragédia, no atear fogo na casa e assassinando mais duas pessoas, que não tinham nada a ver com a situação, duas mulheres, claro, como "cereja do bolo" da barbárie cotidiana; duas mulheres corajosas, que resolveram ajudar uma das crianças que lhes fora bater à porta, já que a família da moça visada, naquele momento, era composta apenas por crianças e adolescentes, jovens entre os 12, 16, 18 anos e um bebê, de apenas 1 ano, que foi poupado.

A criança de 12 anos, que, a princípio, escondeu-se embaixo da cama, a fim de escapar da execução, foi a que fugiu, ao ver a casa com o fogo ateado. Com parte do corpo queimado, imaginem a dor, ele correu e foi pedir ajuda às vizinhas, lhes selando assim, sem intenção, o trágico fim. Poucas pessoas, no luģar dessas duas mulheres, teriam ajudado o garoto, posto que o preço a pagar, foi alto demais, e no fim, pra quê tudo isso meu Deus? A pessoa é movida por tanto ódio, que mesmo sabendo que ao fazer mal ao outro fará mal a si mesmo, prossegue nesta autodestruição. É tudo tão insano e incompreensível. 

PAREM DE NOS MATAR! Simplesmente, PAREM!

Não somos propriedades, não somos objetos, somos pessoas, com livre arbítrio, alma e coração. Há na brutalidade desses homens, o resquício da besta-fera, que ressurge toda vez que um deles se sente enganado, espoliado em sua essência… na verdade, um "homem" assim é amaldiçoado. 

Mulheres, parem de se iludir. Não há amor no ciúme, não há romance na relação forçada, no estupro, no espancamento, na profanação dos corpos femininos, no abuso psicológico, mas há inveja, desamor e muito desequilibrio mental por parte deles.

Lembram da história A BELA E A FERA? pois é… por ser um clássico, mas possuir inúmeras versões, faz com que você geralmente, comumente, pense em Bela, apenas como uma boa moça, que para proteger a família, arrisca-se a viver em um castelo abandonado à mercê de uma besta-fera, que no final da história, se redime diante do amor e da bondade passiva mostrada pela protagonista. Claro, podemos dar inúmeras interpretações para esse conto de fadas, desde a concepção mais ingênua até o terror básico e clássico de ver a história toda psicanalisada, passando por dramas familiares, que vão do Complexo de Electra, incesto, narcisismo, inveja e manipulação. 

Bela, em minha interpretação da história, vive uma relação abusiva tanto com a família quanto depois, com a Fera. A Fera a mantém prisioneira, sem poder nem visitar a família, subornando a moça, enquanto faz toda espécie de chantagens emocionais e sentimentais. 

Mas, não apenas a família de Bela ou a Fera, que tem problemas. Bela também os tem, uma vez que ela faz parte do círculo problemático, vicioso, defeituoso, tempestuoso. Penso que sua submissão proposital para com a Fera, algo tipo "Síndrome de Estocolmo"; o apego exagerado ao pai e a relação unilateral e "compreensiva" que mantém com as irmãs, faz de Bela não uma pessoa boa, mas sim, narcisista, superior e um pouco manipuladora, contudo, não má. É apenas uma pessoa em busca de si mesma e como pessoa humana, com defeitos, quem não os tem? Todo mundo tem, por isso mesmo, devemos aprender a identificar os homens problemáticos. Tarefa fácil não é, porém, impossível, também não. Saibamos também identificar os nossos próprios defeitos, porque, ao conhecermos nossas falhas, poderemos fazer, com suavidade e sabedoria, nossas próprias boas e produtivas escolhas, enquanto estamos a pavimentar a estrada de nosso destino. Ter um parceiro de vida é bom, porém não é tudo. Aprender a conviver com nós mesmos e com nossa solidão, nossos problemas ajudar-nos-á a seguir em frente, sem depender emocionalmente de tantos ogros, alguns disfarçados de príncipes, mas tendo em comum entre si, o fracasso como ser humano; seres fracassados, libidinosos, invejosos, dispostos a nos mandar pro inferno, seja sozinhas (a preferência deles) ou junto com eles.






 

domingo, 27 de agosto de 2023

O CORVO


Assisti ontem, ao filme O Corvo, na HBO, estrelado por John Cusack. A produção é de 2012, mas, só agora lembrei de ver, graças a uma postagem que vi no Facebook. Eu amo Edgar Allan Poe e leio e vejo tudo que lhe diz respeito. 

O filme trata dos últimos cinco dias da vida de Poe, em Baltimore, em meados do século XIX, em pleno período de eleições. Ninguém sabe o que aconteceu com Poe nesse meio tempo, pois foi encontrado praticamente desacordado, largado em um parque. Sozinho, sujo e completamente fora da realidade. Muitos acharam até que estava bêbado ou que estivesse sob efeito de outros tipos de drogas e há inclusive, a suspeita de que foi usado, sendo levado para votar várias vezes em diversos distritos. 

Bom… no filme, Poe, a essa altura, já viúvo, como sempre, está apaixonado perdidamente por uma bela mulher, de onde tira inspiração para seus poemas; no filme, é sugerido que o poema Annabel Lee foi dedicado a ela, a jovem branca e loira Emily Hamilton (Alice Eve), mas, claro, tudo é obra de ficção, Poe nunca teve essa namorada e o poema, provavelmente, foi escrito para sua jovem e finada esposa, Virgínia Clemm Poe. Enquanto vive essa paixão avassaladora, um assassino resolve recriar na vida real os contos assombrosos e sanguinolentos do mestre. Há uma corrida contra o tempo, quando Emily é sequestrada e em cinco dias, com a ajuda do chefe de Polícia, o detetive Emmett (Luke Evans), e sua equipe, Poe tenta descobrir quem é o autor de tantos crimes e o sequestro de sua amada. Um filme muito bom, com John Cusack, inteiro, na pele do maior escritor de todos os tempos.

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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Porquê eu sou... sincero?!


É cansativo esse pessoal que pratica o "sincericídio"; com a desculpa de ser sincero, verdadeiro, comete erros impensáveis como humilhações, racismo, ódio, confunde "alhos com bugalhos" em nome de uma verdade que só cabe a eles mesmos, à sua realidade distorcida e muitas vezes horrorosa. 

Eu já disse tantas vezes que sou sincera, pois existem os sinceros e os "sincericidas"; eu sou sincera mas a medida do possível, sincera até onde me manda o bom-senso, porque ser sincero não requer confissões despudoradas, de foro íntimo ou de conceitos e preconceitos que atingirão outras pessoas de forma malévola e ignorante. 

A era Bolsonaro, inaugurou esse tipo de "sinceridade" maligna, posto que ser sincero não requer falta de educação ou frases disparatadas sem a menor compostura. O "sincericida", traz à tona a maldade subjacente que há dentro dele e com isso se passa por "autêntico", quando simplesmente está mesmo é a ser um hipócrita, um sádico, distorcendo algum tipo de verdade (como se existisse apenas uma verdade, a dele, claro), ou algo do tipo verosimile; um hipócrita que usa de uma pseudo-verdade que, como já disse acima, só lhe diz respeito. Um "sincericida" é autodestrutivo e destruidor da ordem social pelo qual as pessoas se relacionam.

Hoje em dia, tenho pavor de quem se diz "sincero", "autêntico"; o "sincero", o "autêntico" ou o "sincericida", é, no fundo, um fascista, um bolsonarista, um extremista. É cruel sem a menor necessidade e gosta de ser assim. Sinceridade é uma faca de dois gumes; para se fazer uso da sinceridade, é preciso ter empatia, bondade, arcabouço moral. Um "sincero" atual, de nossos dias, é um alguém destituído de humanidade, um amoral, é um debilitado emocional que desconhece a ética. Deus me livre de "sincericídios"; "autenticidade", em nossos dias, não tem nada a ver com autenticidade, de fato. Prefiro concordar com Cazuza, quando dizia: "Mentiras sinceras me interessam"... sim, mentiras sinceras me interessam de verdade.



quinta-feira, 24 de agosto de 2023

O Lagarto e a Aranha


 
Reflexões de Idries Shah

'Um lagarto e uma aranha se encontraram. O lagarto disse: 'O que você come?' e a aranha respondeu: 'Moscas.'

'Eu também', disse o lagarto, 'parece que somos companheiros adequados.'

Eles montaram casa juntos.

Uma noite, eles estavam caçando moscas. Um gato se aproximou. Um instante antes de se lançar sobre ele, o lagarto gritou para a aranha:

'Um gato vai me pegar, o que devo fazer?'

A aranha respondeu: 'Apenas teça um pouco de teia e escape para este pequeno buraco onde estou.'

Enquanto o lagarto tentava entender isso, o gato o pegou.'



VAN GOGH'S ROOM



Foto_Krzysztof Buchowicz, Poland

VAN GOGH'S ROOM

O quarto solitário, pobre, desfeito
Não é triste, nem sombrio
Sequer vazio
Em verdade, é um quarto modesto, de baixo teto
Todo amadeirado, em tom ocre, alaranjado, onde o chão segue no mesmo riscado, do mesmo jeito e cor, a por calor, amor ...
Ali, duas cadeiras “feias” e uma mesa quadrada, pequena, compõem poemas...
Quadros nas paredes, simples persianas verdes
Na cama, acomodados, dois travesseiros brancos, pálidos e mais o colchão duro e magro... trastes carcomidos, amor/tecidos...
Porém, ao fim de tudo, a emprestar-lhes graça, leveza, nobreza e beleza, singela tinta acesa, eis uma colcha vermelha... 
Perfeita moldura a finalizar o quadro/quarto/retrato pós-impressionista do pintor inspirador de sonhos.

 

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...