Sob o sol da manhã, o papagaio grita na casa da vizinha, a cigarra canta, o cachorro late, a criança chora.... A rua tranqüila do bairro tranqüilo se inquieta com essa cantoria sem sentido que lhe perturbam os ouvidos, a mente e o coração... o poeta não consegue pensar e parado em frente à tela do computador, ficará, emburrado, o resto do dia. A felicidade hoje não lhe será possível...
Um corvo, um cobre
Se quiser jogar um cobre a um corvo pobre, será muito bem vindo: chave pix: virginiallan@hotmail.com
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sábado, 12 de julho de 2008
sexta-feira, 11 de julho de 2008
CONTRÁRIOS/SEMELHANTES
Seguem adiante, de mãos dadas na mesma estrada, em equilibrada quantidade espalhada pela humanidade. A mesma porção de paciência / impaciência; saúde / doença; sabedoria / ignorância; felicidade / infelicidade / tristeza / alegria / melancolia... dor; desgraça / harmonia... lembrar / esquecer; eu / você; tormento / alento / desalento / calma / silêncio... cara / coroa; "as duas faces da mesma moeda" ou "as duas faces do mesmo espelho"; “as duas metades da laranja”; sorte / azar; crença / descrença; presença / ausência; sucesso / fracasso; branco / negro; doce / amargo; doce / azedo; direita / esquerda; longe / perto; céu / inferno; feio / belo; guerra / paz; fogo / água; yin / yang; dia / noite; luz / escuridão / solidão; perigo / salvação; sanidade / insanidade; sol / lua; sol / chuva; amor / ódio; tragédia / comédia; como as máscaras (as minhas, as suas, as nossas) que simbolizam o teatro e enfeitam o meu anel... riso / pranto; cedo/ tarde; verdade / mentira; ilusão / desilusão; Deus / diabo; vida / morte / ressurreição...
sim / não...
sim / não...
quinta-feira, 10 de julho de 2008
FOLHAS DE OUTONO
Na fria cama de mármore, jaz o gentil cavaleiro.
O escudo e a espada partida repousam em seu peito.
Após a última batalha, o jovem senhor já não sonha.
O cavaleiro desolado parou à borda do precipício. Lançar-se nele seria a sua salvação, talvez a única possível. Fora, finalmente, subjugado pela terrível força negra contra a qual lutara durante muito tempo.
Seu cavalo estava morto; sua espada quebrada e sua alma despedaçada. Doía saber que não mais poderia voltar atrás. Teria de deixar, para sempre, os verdes campos de sua terra natal; abandonar sua casa; a amada esposa e duas lindas filhas e partir em direção à desesperança. Embora inesquecíveis foram-se os dias felizes ao som da sinfonia do vento espalhando as delicadas folhas de outono quando ainda podia acreditar que saíra vencedor de uma cruel batalha. Mas, a força negra se manifestou com toda a sua força e novamente tomou conta de seu ser. Então, a mente adoeceu; o corpo enfraqueceu e ele percebeu que havia perdido a guerra.
A armadura lhe pesava mortalmente. Com o coração partido, a morte lhe beijava a face enquanto lhe sussurrava doces palavras. Sim, seria bom não poder pensar em mais nada e aceitar de bom-grado o desejado final.
A escuridão cresceu a sua volta e ele não conseguia mais ver ou sequer raciocinar, sentia apenas o torpor do aroma embriagador que subia das profundezas do abismo. Era tarde; muito tarde. Não havia mais a canção do vento por sobre as folhas de outono; nem o cálido pôr de sol; nem o lamento da chuva; não havia mais a lembrança do colo quente e dos beijos carinhosos de sua mulher; não havia mais a candura de rostos infantis, nem o aconchego da casa. Era tarde; muito tarde e não havia mais a sinfonia do vento por sobre as folhas de outono e o abismo não podia mais esperar.
Assim, o jovem cavaleiro; derrotado em sua última aventura, lançou-se como um pássaro do alto do precipício e de repente, por um breve instante, sentiu-se imensamente feliz; enfim, livre, para todo o sempre.
Após a última batalha, o jovem senhor já não sonha.
O cavaleiro desolado parou à borda do precipício. Lançar-se nele seria a sua salvação, talvez a única possível. Fora, finalmente, subjugado pela terrível força negra contra a qual lutara durante muito tempo.
Seu cavalo estava morto; sua espada quebrada e sua alma despedaçada. Doía saber que não mais poderia voltar atrás. Teria de deixar, para sempre, os verdes campos de sua terra natal; abandonar sua casa; a amada esposa e duas lindas filhas e partir em direção à desesperança. Embora inesquecíveis foram-se os dias felizes ao som da sinfonia do vento espalhando as delicadas folhas de outono quando ainda podia acreditar que saíra vencedor de uma cruel batalha. Mas, a força negra se manifestou com toda a sua força e novamente tomou conta de seu ser. Então, a mente adoeceu; o corpo enfraqueceu e ele percebeu que havia perdido a guerra.
A armadura lhe pesava mortalmente. Com o coração partido, a morte lhe beijava a face enquanto lhe sussurrava doces palavras. Sim, seria bom não poder pensar em mais nada e aceitar de bom-grado o desejado final.
A escuridão cresceu a sua volta e ele não conseguia mais ver ou sequer raciocinar, sentia apenas o torpor do aroma embriagador que subia das profundezas do abismo. Era tarde; muito tarde. Não havia mais a canção do vento por sobre as folhas de outono; nem o cálido pôr de sol; nem o lamento da chuva; não havia mais a lembrança do colo quente e dos beijos carinhosos de sua mulher; não havia mais a candura de rostos infantis, nem o aconchego da casa. Era tarde; muito tarde e não havia mais a sinfonia do vento por sobre as folhas de outono e o abismo não podia mais esperar.
Assim, o jovem cavaleiro; derrotado em sua última aventura, lançou-se como um pássaro do alto do precipício e de repente, por um breve instante, sentiu-se imensamente feliz; enfim, livre, para todo o sempre.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
TULIPA NEGRA
Graciosa rainha da noite, que a lua enche de graças e
infindáveis carinhos.
Nenhuma canção, jamais, fará jus a tua beleza, pois
nenhum bardo, por mais sábio que seja, conseguirá apreender
o teu real significado.
Por mais que ele cante o amor, as lágrimas teimarão em
rolar por seu rosto descontente, já que o negror da tulipa é incognoscível, e descrevê-la não é possível.
infindáveis carinhos.
Nenhuma canção, jamais, fará jus a tua beleza, pois
nenhum bardo, por mais sábio que seja, conseguirá apreender
o teu real significado.
Por mais que ele cante o amor, as lágrimas teimarão em
rolar por seu rosto descontente, já que o negror da tulipa é incognoscível, e descrevê-la não é possível.
*****
Misteriosa e fascinante é a flor Tulipa. Originária da Turquia, tulipan (que quer dizer, turbante) pertence a família dos lírios (liliáceas) e costuma florescer no fim da primavera. Reza uma lenda persa que, certa moça, Ferhad, apaixonou-se perdidamente por um rapaz, Shirin, que, entretanto, não correspondeu a essa louca paixão. Rejeitada, Ferhad fugiu para o deserto, onde ninguém a visse chorar e Ferhad chorava constantemente, dia e noite, de saudade, tristeza e solidão e cada lágrima vertida, caída ao chão, mal tocavam a areia, transformava-se em uma linda flor, a tulipa.
A tulipa negra, que na verdade possui a tonalidade marrom-escuro, é conhecida como “rainha da noite”. Assim como diz o poema, descrever a beleza com exatidão, não é possível. Motivo de inspiração a poetas e escritores, a exaltada beleza maravilhosa desta flor, perde-se no imaginário da humanidade na vã tentativa em decifrar os seus mistérios. Símbolo de perfeição, oculta, dentro de nossas almas, está a sua essência, misturada a nossa, em um casamento feliz e possível. Entretanto, poucos são aqueles que se dão conta deste milagre interior, pois a busca eterna por nós mesmos está, muitas vezes, centralizada apenas nos aspectos externos, deixando-se de lado o retorno positivo proporcionado pela natureza das coisas. Dentro e fora de nós, está a verdade, revestida de vários modos, em variadas formas, seja na imagem de uma criança; de um quadro, de um poema ou na forma de uma flor, portanto, descobri-la não é algo tão distante, e é isto que nos diz a preciosa tulipa, de negras pétalas aveludadas, cuja criação o homem, ainda, não foi capaz sequer de igualar.
A tulipa negra, que na verdade possui a tonalidade marrom-escuro, é conhecida como “rainha da noite”. Assim como diz o poema, descrever a beleza com exatidão, não é possível. Motivo de inspiração a poetas e escritores, a exaltada beleza maravilhosa desta flor, perde-se no imaginário da humanidade na vã tentativa em decifrar os seus mistérios. Símbolo de perfeição, oculta, dentro de nossas almas, está a sua essência, misturada a nossa, em um casamento feliz e possível. Entretanto, poucos são aqueles que se dão conta deste milagre interior, pois a busca eterna por nós mesmos está, muitas vezes, centralizada apenas nos aspectos externos, deixando-se de lado o retorno positivo proporcionado pela natureza das coisas. Dentro e fora de nós, está a verdade, revestida de vários modos, em variadas formas, seja na imagem de uma criança; de um quadro, de um poema ou na forma de uma flor, portanto, descobri-la não é algo tão distante, e é isto que nos diz a preciosa tulipa, de negras pétalas aveludadas, cuja criação o homem, ainda, não foi capaz sequer de igualar.
sábado, 5 de julho de 2008
O PIRILAMPO
Revoluteava um gentil pirilampo num jardim florido, em bela noite de lua... e tão feliz estava que a luz que de si emanava, dissipava as sombras noturnas.
Porém, alguém que em tal jardim também se encontrava e além das flores observava o nobre pirilampo, não mais se contendo, perguntou-lhe: “Oh, luminoso pirilampo que bailas alegremente neste jardim florido, a competir com a própria lua o clarear da noite escura, por que não achas por bem, surgir à luz do dia também? És tão belo e gracioso que certamente serias notado e devidamente apreciado”.
Então, disse o pirilampo em resposta a quem o indagava: “Meu caro, à luz do dia eu simplesmente desapareceria... A beleza tão admirada em noite escura sob o esplendor do sol nem seria notada. Não ouso desafiá-lo... Tolo, não sou. Além de belo, sou sábio!”
***[1] Inspirado em um conto de Saadi de Shiraz; História de uma luciérrnaga, do livro EL BUSTAN; Ediciones DERVISH INTERNACIONAL
Porém, alguém que em tal jardim também se encontrava e além das flores observava o nobre pirilampo, não mais se contendo, perguntou-lhe: “Oh, luminoso pirilampo que bailas alegremente neste jardim florido, a competir com a própria lua o clarear da noite escura, por que não achas por bem, surgir à luz do dia também? És tão belo e gracioso que certamente serias notado e devidamente apreciado”.
Então, disse o pirilampo em resposta a quem o indagava: “Meu caro, à luz do dia eu simplesmente desapareceria... A beleza tão admirada em noite escura sob o esplendor do sol nem seria notada. Não ouso desafiá-lo... Tolo, não sou. Além de belo, sou sábio!”
***[1] Inspirado em um conto de Saadi de Shiraz; História de uma luciérrnaga, do livro EL BUSTAN; Ediciones DERVISH INTERNACIONAL
sexta-feira, 4 de julho de 2008
VIVER
Ele teve a sensação de ser. Não poderia explicar, tão profundo, nítido e largo que era. A sensação de ser era uma visão aguda, calma e instantânea de ser o próprio representante da vida e da morte. Então, ele não quis dormir, para não perder a sensação da vida.
***
A FOME: Meus Deus, até que ponto vou na miséria da necessidade: eu trocaria uma eternidade de depois da morte pela eternidade enquanto estou viva.
***
A REVOLTA: Quando tiraram os pontos de minha mão operada, por entre os dedos, gritei. Dei gritos de dor, e de cólera, pois a dor parece uma ofensa à nossa integridade física. Mas não fui tola. Aproveitei a dor e dei gritos pelo passado e pelo presente. Até pelo futuro gritei, meu Deus.
(Do livro Aprendendo a Viver, Crônicas reunidas de Clarice Lispector, 2004,Editora Rocco)
quinta-feira, 3 de julho de 2008
O MALDITO
A música vinha das sombras, tocada por mãos invisíveis.Talvez a tocasse um demônio solitário que sussurrasse consigo a letra de alguma perdida canção.
Será que a solidão também habitasse o inferno?
Será que a tristeza doía no peito de demoníacos corações?
Ou será que no inferno, a paz, por vezes, descia, transmutando em alegria as eternas aflições?
De tanto olhar para a escuridão, quase que o vi sentado, debruçado sobre um negro piano.
Será que a solidão também habitasse o inferno?
Será que a tristeza doía no peito de demoníacos corações?
Ou será que no inferno, a paz, por vezes, descia, transmutando em alegria as eternas aflições?
De tanto olhar para a escuridão, quase que o vi sentado, debruçado sobre um negro piano.
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