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domingo, 23 de março de 2025

DEMÔNIOS... OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

 


Sempre indaguei da vida, se ela presta mesmo, apesar de, lá no fundo de mim, acreditar que sim, “a vida presta”, apesar de tantas barbaridades cometidas debaixo do sol. Contudo, uma tristeza me invade ao deparar-me com tantas coisas ruins que aconteceram e continuam a acontecer, dado ao espírito que tem se apossado das pessoas de um modo estranho e até surreal. Elas têm deixado seus demônios tomarem conta de suas mentes e de seus corpos; temos estado à mercê de pessoas degradadas, que se entregaram ao mal total. Somos todos, uma espécie de monstros ou melhor, trazemos todos, dentro de nós, algum tipo de monstro, que só espera um deslize grave de nossa idoneidade, para tomar conta de vez de tudo o que um dia, teve a intenção de ser algo bom. É a velha história do aforismo Nietzchiano, “se você olhar demasiado para o abismo, pode ter certeza, que o abismo também estará olhando para você”, então, quem é presa de quem? Os monstros estão à solta, vagando por aí, feito pessoas boas e bem comportadas, até apresentarem o primeiro sinal de contrariedade na realização de seus desejos, desde os mais simples até os mais contraditórios, afinal, o Universo lhes deve e portanto, deve pagar para continuar a ser agraciado com sua soberana presença… penso no quanto somos indefesos, diante dessas forças malignas, que nós mesmos liberamos para fora de nós, feito lança-chamas infernais, contaminados por presenças demoníacas. Não falo de demônios da forma mística ou supersticiosa, falo de demônios como coisas que carregamos por dentro, como problemas mal resolvidos, humores mal tratados, transtornos mentais não diagnosticados, os demônios são metáforas que criam vida e nos destroem, é impressionante como eles nos deixam despidos de inteligência, bondade e empatia… tem como se proteger dos demônios? Não sei… não sei… deve ter uma fórmula, um exorcismo, mas, a verdade, é que são de difícil combate, pois eles estão por todos os lados, em legiões, que nos tiram a vontade de lutar. Falta força, energia, falta luz… a escuridão avançou tanto, que nos subjuga, nos suga e nos mata. Não é uma batalha entre o bem e o mal, é uma batalha sobre quem somos, o que somos e quem queremos ser… no entanto, o que somos, tem levado vantagem sobre quem queremos ser, isso se se levar em conta, se queremos mesmo ser seres bons, no sentido de sermos melhores, para que a humanidade sobreviva a si mesma, pois o que parece é que a entrega a maldade tem obtido resultados avassaladores, assustadores. Acordar todo dia, nos sentindo no umbral, nos dá a sensação de batalha perdida, mesmo que a guerra em si, não tenha terminado ainda. A barbárie sempre existirá, é fato, mas, talvez, um dia, possa ser que amenize e nos deixe ao menos, algum poder de escolha.                   


domingo, 9 de março de 2025

UM TREM PRAS ESTRELAS COM TRÊS PASSAGEIROS



A morte do ator Gene Hackman, atinge, para mim, um alto grau de insensibilidade humana, principalmente, na esfera familiar; não dá pra entender certas situações e ainda mais à distância. Quero dizer, com isso, que Hackman e sua esposa, Betsy Arakawa, viviam independentes e isolados, talvez por vontade própria? Não se sabe; só acho estranho que o casal procurasse fazer tudo sozinho, com uma casa daquele tamanho e mais alguns cachorros. Claro que, o trabalho todo, recaia nas costas de Betsy, pois o marido Gene, a padecer de Alzheimer, não teria a menor condição de ajudá-la em nada, ele é, que, enfim, dependia dela para tudo. 

Acho a vida, na maior parte das vezes, muito triste; o casal morto, dizem que de causas naturais, mais Zina, a cadelinha de estimação de Betsy, também encontrada morta dentro de sua caixa, ainda fechada. Contudo, as "causas naturais", não as considero tão naturais assim, pois Betsy, 65 anos, padecia do hantavírus, e no dia de sua morte, nada levava a crer, que seria, enfim, o dia fatal, o ponto final de uma vida glamourosa. No dia 11 de Fevereiro, Betsy saiu... foi pegar Zina no veterinário, parou em uma casa de ração e em uma farmácia, após isso, nunca mais foi vista. Gene morreu uns cinco dias depois, (talvez de inanição?!) uma vez, que, por sofrer de Alzheimer, nem teria se dado conta do passamento de Betsy; o que comeu, bebeu, como ficou em suas últimas horas, é um mistério que, espero, possa logo ser desvendado. Que repousem em paz, Gene, Betsy e Zina e onde quer que estejam, que possam desfrutar da presença um do outro, assim como foi nesse mundo e Zina, esteja livre e feliz, a correr por algum campo estrelado, atrás de um agrado. Gene é uma estrela, uma lenda e assim como as lendas, não morrem nunca ou se acontece de morrer, através do esquecimento, será como as estrelas, que mesmo apagadas a milhares de anos, continuam a emitir sua luz.



sábado, 8 de março de 2025

DIA DA MULHER




MULHER

Não vou dizer-te mulher,
O que és e tão pouco dizer-te o que deves ser,
o que fazer, ou sequer por onde ir
São teus todos os caminhos
Onde é teu lugar?
Não há véus a te cobrirem...
Não há grilhões a te prenderem os pés
E visíveis estão tua cabeça e teus olhos
És livre de corpo, alma e coração
Novas te são sempre as estações
Repletas de surpresas e indagações
O futuro é sempre um sonho a se alcançar
Não importa!
Mulher, rainha de tudo e de nada
Dona de tudo e de todos
Não és criança, nem jovem, nem velha,
Nem morres em morna, imprecisa espera
Não há frio ou calor, não há dor
Há somente amor a pavimentar a estrada
Por onde passas a plantar flores perfumadas, nunca solitárias
A serem colhidas em tempo in/certo
É fato jurado, sacramentado determinado pelos fados

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

CONSUMMATUM EST (Lançamento)



Natal chegando e meu livrinho de true crime, aí, só te esperando... Escrevi um livro sobre histórias de vidas com fins trágicos, terríveis, mas, que são enfim, histórias do cotidiano, que nos levam a pensar sobre nós, seres humanos... que nos levam a repensar sobre nossa humanidade e brevidade da existência e também por que também nós vivemos na selva de pedra, e não diferente de outros animais, somos caças e caçadores de nós mesmos... o lobo é o lobo do homem? Sim... o lobisomem.


PRÈ-VENDA


Consummatum Est é um livro de contos policiais, sendo que a maior parte deles é inspirado em fatos reais. Unindo filosofia e um pouco de didática, uso argumentos sobre Vitimologia, tentando entender o por quê de muitas vezes, nos transformarmos em vítimas de predadores de nossa própria espécie; por quê, tantas vezes, fazemos opções por situações claramente perigosas, alarmantes e mesmo assim não nos detemos para avaliarmos o potencial mortal da situação, pois, parece que estamos sempre à espera da sorte benfazeja que nos protege na hora H. É tentando levantar e discutir questões que já aconteceram a outros, para que possamos retirar dessas trágicas histórias de vida, alguma espécie de conhecimento sobre nós mesmos, para que, enfim, possamos evitar a escuridão que tanto tenta nos alcançar.






ATENÇÃO PARA OS PRAZOS


A pré-venda ocorrerá até o dia 19 de dezembro de 2024.
A previsão de envio dos livros para quem comprou na pré-venda é a partir do dia 20 de dezembro.
A editora fará o envio do código de rastreamento do livro no e-mail fornecido na hora da compra.
A editora não se responsabiliza por endereços preenchidos com erros, portanto, preencha seus dados com atenção para que o produto chegue até você.
O cliente deverá acompanhar o código de rastreamento, para evitar que seu produto retorne, em caso de não haver ninguém para receber o pedido.
• Código do produto: 974ED7
• Quantidade mínima: 1
• Disponibilidade: produto feito sob encomenda
• Pagamento no momento do pedido: 100% de sinal
• Frete: grátis

https://www.editorafolheando.com.br/pd-974ed7-consummatum-est.html?ct=&p=1&s=1 

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

EE-SE BLUE HAVEN


Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pai para mais um dia de trabalho. Jornada dura, de 10 horas por dia pra uma criança de 10 anos. 

Ahemed era um dos que trabalhavam na fábrica de armas dos revolucionários rebelados. Seguia ele com seu pai, cedinho pela manhã, caminhando pela semi-iluminada rua da cidade de Mooujir, uma das poucas jóias que ainda restavam da humanidade, comunidade cristã, onde ainda se podia ouvir a língua de Jesus, o aramaico, mas, cuja maioria da população, por apoiar o ditador Bayad al-Bayouth, sofria, por isso, graves retaliações. Mooujir, agora, está em mãos de rebeldes descontrolados, e atacaram o vilarejo do alto da montanha, em que estavam aquartelados. O vilarejo virou mais uma de suas bases. Não apenas Mooujir, sua população e seus tesouros estão semi-destruídos, todo o povo e todos os tesouros de Hus, que encerram em si, todo um patrimônio histórico-humano, estão sob o jugo ou soterrados pela ignorância e intolerância. 

Ee-se estava deixando Hus, para se acomodar em um dos acampamentos para os refugiados. Verdadeiras cidades, a aumentarem em tamanho e problemas. Mais de um terço da população de Hus, já deixou para trás seu pais, seu lugar, suas memórias. Vivem à mercê de improvisações e indagações, sujeitos a todo tipo de infortúnio, enquanto esperam... O sol já despontou de vez, ó, Osíris, tu que possuis tantos olhos, ao menos repousa sobre nós a tua calma, a tua paz, e ao lado de Ee-se, além de outros médicos, se encontram outras crianças, outros Ahemeds e Mohameds, Aminas, Semiras sem futuro, sem esperanças .. sem sonhos.. crianças de colo sem canções de ninar, crianças a crescer sem ouvir os conselhos das velhas historias. Tão triste conviver com o desencanto.

O governo de Bayad al-Bayouth, ainda sob as ameaças de Brack Ormul, finalmente concordou em entregar as armas químicas e o Conselho dos Anciões Permanentes conseguiu, enfim, concluir sua inspeção e relatório e agora todos sabem que tanto o governo frio, sem alma de Bayad al-Bayouth quanto os rebeldes revolucionários, atacam, maltratam, pressionam, chocam, sufocam, intimidam matam seu povo em nome de suas próprias convicções equivocadas. O único interesse tanto de um lado quanto de outro é tornar o povo servil, maleável e sem vontade, para que possam espoliar, escravizar e tomar para si os bens que possuem, os mais preciosos. São crápulas predadores, não libertadores ou mantenedores. 

As pessoas, em seu mundinho tão confortável e distante, nem imaginam, a dor de um êxodo forçado, com crianças doentes e feridas; mulheres a se lamentar de sua sorte e velhos inconformados, que, com toda razão, depois de longo tempo de vivência e trabalho, apenas queriam um descanso merecido. Ee-se pensa que existem coisas que é melhor você não ver; existem coisas que é melhor você não saber! Ee-se se recosta à janela do carro, à busca de um afago do sol ... às vezes pensa que não dá mesmo pra salvar o mundo, pensa assim no sentido figurado, claro... do seu lado, o escuro também se faz intenso e Ee-se pensa, pensa ... você se omite?! você se esconde? você encara?! dá a cara à tapa?! Tudo isso é muito lindo e admirável, mas, há os limites a saber e respeitar, quando o cansaço da luta renhida se apresentar e se fizer mais intenso, mas, Ee-se não é humana, é uma deusa que abriga em si todo principio da vida, da existência então, sabe que não pode parar, cansar ou descansar no esquecimento.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Dylan Thomas: Dois Poemas




1. No meu ofício ou arte sombria

(do livro Deaths and entrances, 1946)

Tradução: Gilmar Leal Santos


No meu ofício ou arte sombria

Exercida na calada da noite

Quando somente a lua se enfurece

E os amantes estiram-se na cama

Com todos os pesares em seus braços,

Eu trabalho sob uma luz que canta

Não por ambição ou pedaço de pão

Ou a ostentação e encantamento

Dos palcos de marfim

Mas pela pequena paga vinda

Do fundo de seus corações.


Não é para o homem orgulhoso despegado

Da lua furiosa que eu escrevo

Nestas páginas úmidas

Nem pelo monumental cânon morto

Com seus rouxinóis e salmos

Mas para os amantes, seus braços

Enlaçam as dores eternas,

Que não louvam ou remuneram

Nem dão atenção ao meu ofício ou arte.


2. Não entre sereno naquela noite boa que cai

(do livro In country sleep, 1952)


Não entre sereno naquela noite boa que cai,

A velhice deve arder e celebrar no limiar do dia;

Rebele-se, rebele-se contra a luz que se esvai.


Os luminares sabem que ao fim, precisa, a treva recai,

Eles, suas frases não dividiram nenhum raio que luzia,

Não entram serenos naquela noite boa que cai.


Os bons, no último aceno, sofrendo pelo brilho que vai

Luzir de suas parcas ações a dançar na verde baía,

Rebelam-se, rebelam-se contra a luz que se esvai.


Os loucos, após colher e exaltar o sol em seu voo solais,

Aprenderam, tarde, que o magoaram nessa travessia,

Não entram serenos naquela noite boa que cai.


Homens soturnos, à morte, que veem feito débeis visuais

Olhos cegos podem brilhar como meteoros e ter euforia,

Rebelam-se, rebelam-se contra a luz que se esvai.


E você, desde lá da angustiante altura, meu pai,

Amaldiçoe-me, benza-me, com pranto feroz, eu pediria.

Não entre sereno naquela noite boa que cai.

Rebele-se, rebele-se contra a luz que se esvai. 


***

Dylan Thomas nasceu em Swansea (País de Gales) em 1914 e morreu em Nova York (EUA) em 1953. Foi um dos poetas líricos mais influentes do século XX. Escreveu os livros de poemas Eighteen poems (1934) e The map of love (1939) e os contos de Retrato de um artista quando jovem cão (1940) e Adventures in the skin trade (1955). Além de poeta e dramaturgo, Thomas foi locutor de rádio da BBC entre 1937 e 1953. Esses programas e o modo de vida boêmio lhe renderam fama e notoriedade em sua época. 

   P.S: Gilmar Leal Santos nasceu em Apucarana (PR) e vive em Maringá (PR). É poeta e tradutor. Publicou os livros de poesia Trapezista, Carmesim, Cartas poéticas e A Terra Árida — tradução do clássico poema The waste land, de T. S. Eliot. 

Cantilena do Corvo

DEMÔNIOS... OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

  Sempre indaguei da vida, se ela presta mesmo, apesar de, lá no fundo de mim, acreditar que sim, “a vida presta”, apesar de tantas barbarid...