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quarta-feira, 17 de março de 2010

SOU UMA PERGUNTA... SOU UMA RESPOSTA


 
Clarice em Berna, Suiça, 1946

:) 


SOU UMA PERGUNTA, é um texto de Clarice Lispector, como um questionário do livro de crônicas Aprendendo a Viver; Clarice Lispector, Editora Rocco Ltda.
 Aqui, resolvi brincar um pouco respondendo suas perguntas. Um texto interativo... As perguntas são de Clarice, as respostas são minhas... Espero que apreciem (e aprovem) a brincadeira.  Um formspring às avessas...




<3 



Quem fez a primeira pergunta?
Sabe Deus, ou melhor, o primeiro ser insatisfeito, neste caso, a serpente: "por que eles e não eu?"
Quem fez o mundo?
Deus?
Se foi Deus, quem fez Deus?
Os homens que ele criou
Por que dois e dois são quatro?
Quem disse? Dois mais dois até podem ser quatro, mas dois e dois são 22
Quem disse a primeira palavra?
A primeira besta metida a homem
Quem chorou pela primeira vez?
A primeira mulher, por terem-na chamado de Eva... Eva é a mãe...
Por que o sol está quente?
Porque não é frio
Por que a lua é fria?
Porque não é quente
Por que o pulmão respira?
Oras, porque é o pulmão, não o coração
Por que se morre?
Porque não se pode viver para sempre
Por que se ama?
Porque não se odeia
Por que se odeia?
Porque não se ama
Quem fez a primeira cadeira?
O primeiro homem cansado de esperar em pé
Por que se lava roupa?
Pra não deixá-la suja
Por que se tem seios?
Porque existem mulheres e a troca de sexo
Por que se tem leite?
Porque se fazem bebês
Por que há o som?
Porque há o silêncio
Por que há o silêncio?
Porque há o som
Por que há o tempo?
Porque aprendemos a contar
Por que há o espaço?
Porque precisamos viajar
Por que há o infinito?
Porque não nos conformamos com o fim
Por que eu existo?
Você existe, Clarice, pra nos fazer pensar... e chorar
Por que você existe?
Porque meu pai e mãe existem e antes deles os meu avós
Por que há o esperma?
Porque há o óvulo
Por que há o óvulo?
Porque há o esperma
Por que a pantera tem olhos?
Pelos quase mesmos motivos que você e eu
Por que há o erro?
Porque há o acerto
Por que se lê?
Pra se tentar entender
Porque há a raiz quadrada?
Bom... sou muito ruim em matemática... existe a raiz cúbica... alguma redonda?
Por que há flores?
Porque há jardineiros
Por que há o elemento terra?
Porque existe ar
Por que a gente quer dormir?
Porque a gente precisa de descanso
Por que acendi o cigarro?
Você... não sei. Eu não fumo
Por que há o elemento fogo?
Porque existe a água
Por que há o rio?
Porque existe a nascente
Por que há gravidade?
Porque existe força de atração
Porque existem leis
Depende do ponto de vista. As leis existem para serem acatadas, burladas, infringidas, rompidas, re-partidas...
Por que e quem inventou os óculos?
Talvez o jacaré de óculos, que, praticamente, fóssil pré-histórico não deve lá enxergar muito bem..
Por que há doenças?
Porque há saúde
Por que há saúde?
Porque há doenças
Por que faço perguntas?
Porque gostarias de entender tudo
Por que não há respostas?
Porque precisamos nos enganar dizendo que há
Por que quem me lê está perplexo?
Porque é bobo
Por que a língua sueca é tão macia?
Isso já não sei te dizer. Nunca experimentei uma
Por que fui a um coquetel na casa do Embaixador da Suécia?
Porque, talvez, estivesses curiosa
Por que a adida cultural tem como primeiro nome Si?
Porque deve ser muito indecisa e  ainda não Si encontrou
Por que estou viva?
Porque deixaste nome e memória
Por que quem me lê está vivo?
Tens certeza? Vai ver ninguém tem a exatidão desse fato
Por que estou com sono?
Porque, noite passada, não deves ter dormido bem ou então tens tido muita conversa chata (
bocejando de novo?!)
Por que se dão prêmios aos homens?
Agora também se dão às mulheres. Agora ela está quase lá, sendo tratada como igual e elevando tanta ou mais porrada como antes
Por que a mulher quer o homem?
Porque ela também precisa de sexo e poder
Por que o homem tem força de querer a mulher?
Porque é um prepotente
Por que há o cálculo integral?
Matemática outra vez...
Por que escrevo?
Porque insistes em obter respostas
Por que Cristo morreu na cruz?
Porque ele tinha mania de Perfeição
Por que minto?
Porque dizer sempre a verdade não é tão comum assim
Por que digo a verdade?
Porque mentir dá muito trabalho...
Por que existe a galinha?
Porque existe o ovo
Por que existem editoras?
Pra fazer todo mundo achar que só eles entendem do assunto
Por que há o dinheiro?
Porque precisamos viver de trocas
Por que pintei um vaso de vidro de preto opaco?
O coração tem razoes que a própria razão desconhece
Por que há o ato sexual?
Porque, acho que posso dizer assim, existe a lei da gravidade
Por que procuro as coisas e não encontro?
Porque, certamente, ou perdeste ou não sabes onde deixaste... o que não vem a dar no mesmo
Por que existe o anonimato?
Porque existe a fama
Por que existem os santos?
Porque existem os santos pecadores
Por que se reza?
Pra se ter a ilusão de proteção
Por que se envelhece?
Porque não há como deter o tempo
Por que existe câncer?
Porque há o desequilíbrio
Por que as pessoas se reúnem para jantar?
Porque precisamos de companhia pra falar a mesa
Por que a língua italiana é tão amorosa?
Não sei... nunca namorei um italiano. Bem que gostaria
Por que a pessoa canta?
Quem canta seus males espanta
Por que existe a raça negra?
Porque existe a raça branca
Por que é que eu não sou negra?
Porque seus pais não eram negros
Por que um homem mata o outro?
Porque não sabe o que fazer, não sabe conter a ira,  porque é mau, porque é doente, porque mente
Por que nesse mesmo instante está nascendo uma criança?
Pra humanidade sobreviver
Por que o judeu é a raça eleita?
Eles se acham...
Por que Cristo era judeu?
Porque ele não teve pra onde correr, quero dizer, não teve escolha... era um predestinado (por opção?)
Por que meu segundo nome parece duro como um diamante?
Porque tem luz... LIS-PECTOR
Por que hoje é sábado?
Hoje não é sábado
Por que tenho dois filhos?
Porque dois é bom...
Por que eu poderia perguntar indefinidamente por quê?
Porque achas que toda pergunta tem uma resposta e não é bem assim
Por que o fígado tem gosto de fígado?
Hummm... esta Fernando Sabino poderia te responder
Por que a minha empregada tem um namorado?
Porque ela também é filha de Deus...
Por que a Parapsicologia é ciência?
Porque o homem gosta de fazer confusão juntando objetividade e subjetividade... quer explicar o que não consegue aceitar
Porque vou estudar Matemática?
Outraaa vez... ai, meu Deus...
Porque há coisas moles e coisas duras?
Porque existe a natureza das coisas
Porque tenho fome?
Dependendo do tamanho e o tipo de fome, ela pode ou não ser saciada. Tens fome de quê?
Por que no Nordeste há fome?
Esta pergunta exige uma resposta mais complexa, porque esta é uma fome sem dimensão e de dois tipos: A fome dos que querem comer comida de verdade e a fome dos mesquinhos que roubam dos que nada tem, até mesmo a ultima migalha de pão.
Por que uma palavra puxa a outra?
Porque, por mal ou por bem, precisamos nos fazer entender...
Por que os políticos fazem discurso?
Porque eles têm o dom de farsantes e precisam se exercitar
Por que a máquina está ficando tão importante?
Sinto dizer-te, Clarice, que a máquina já é tão ou mais importante que um ser humano. O homem pensa que governa a máquina, mas é a maquina que governa a si mesma e também ao homem... Ossos do ofício
Por que tenho de parar de fazer perguntas?
Achas que deve? Eu não...
Por que existe a cor verde-escuro?
Por que há varias tonalidades de verde
Por quê?
Porque sim, oras... porque sim também é uma resposta
Sim, porque é porque, oras como dizes... e nem tudo tem um...
Mas por que não me disseram antes?
Porque não havia porque dizer
Por que adeus?
Porque adeus é a tradução de meu nome em japonês (Sayonara)
Por que até o outro sábado?
Já te disse que hoje não é sábado
Por quê?
 

terça-feira, 16 de março de 2010

A LUA DE TABRIZ


 


Jalal ud-Din Rumi; Poemas Místicos; Divan de Shams de Tabriz;
Seleção, Trad. Introd.: José Jorge de Carvalho; Attar editorial 



Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua
De lá desceu e fitou-me

Como o falcão que arrebata o pássaro,
essa lua agarrou-me e cruzou o céu
Quando olhei para mim, já não me vi;
naquela lua meu corpo se tornara,
por graça, sutil como a alma

Viajei então em estado de alma
e nada mais vi senão a lua,
até que o segredo do saber divino
me foi por inteiro revelado:
as nove esferas celestes fundiram-se na lua
e o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar

Quando o mar quebrou-se em ondas,
a sabedoria divina lançou sua voz ao longe
Assim tudo ocorreu, assim tudo foi feito

Logo o mar inundou-se de espumas,
e cada gota de espuma
tomou forma e corpo

Ao receber o chamado do mar,
Cada corpo de espuma se desfez
e tornou-se espírito no oceano

Sem a majestade de Shams de Tabriz
Não se poderia contemplar a lua
nem tornar-se mar

domingo, 14 de março de 2010

O HÓSPEDE


(Retrato_Jalaludin Rumi)

Agora
O hospede se foi
Mal se despediu
Não deixou uma carta
Nem um bilhete
Não disse adeus
Não levou nada
Apenas partiu
Saiu de madrugada
Porta afora
Deixou o quarto arrumado
As luzes apagadas
Portas e janelas destrancadas
E ainda um sol paciente
À esperar pelo amigo ausente
Mas a demora era tanta...
O hóspede saiu
E não mais voltou
E assim passaram-se as horas
E assim passaram-se os dias
E assim passaram-se os anos
Dele; nem sombra se via
Por fim, quem ficou acostumou-se
À tristeza de sua ausência
E na conformação do tempo
Sobre a velha hospedaria
Voltou a cair a chuva
Voltou a brilhar o sol
Voltou a despontar a lua

<3


Nota: O poeta Jalaludin Rumi possui um poema intitulado A HOSPEDARIA, uma vez já publicado neste blog. Para evitar qualquer confusão, este  poema, O HÓSPEDE, é de minha autoria, Virgínia Allan, e por ele deixo claro de onde tiro minha inspiração para certos temas. 

sábado, 13 de março de 2010

CRÔNICA CHUVOSA DE UMA MELANCÓLICA MANHÃ DE MARÇO


 

Uma crônicazinha bêsta, chorosa/chuvosa. Poderão vocês, amigos leitores, ponderarem e dizerem: "Iiiihhh... lá vem ela nos encher os ouvidos outra vez sobre as  melancolias de um dia de chuva". Talvez tenham razão, mas por mais que eu me repita, gosto de falar sobre o que me rodeia... mesmo que  provoque  em alguns a sensação de "deja-vu" ou até mesmo soe banal.  Banais são todas as coisas, raras fogem dessa constatação. Falar da chuva, para mim, é falar de um pranto entrecortado de tristezas e alegrias. O céu chora, a humanidade chora. A chuva é  o pranto da natureza e da humanidade, ainda tão perdida de si. Choram ambos, juntos, por  vários motivos,  a chuva é "uma crônica" de mortes e ressurreições anunciadas e andar sob ela nos dá uma incrível sensação de bem-estar... (outra vez, não vou generalizar, tem quem não goste) entretanto, falando do meu ponto  de vista, é um prazer caminhar debaixo de um céu acinzentado,  sob uma chuva torrencial, sem pensar em nada, sem o perigo de raios ou barulho de trovão pra nos assustar. Somente a chuva, grossa e benfazeja, lavando... levando tudo... desde alma (no caso, a minha) às mazelas físicas da cidade, o vento ventando, vergando os galhos das pouquissmas árvores que ainda resistem de pé, desafiando o tempo. Alguns inconvenientes porém, fazem-nos muitas vezes, desistir desse privilégio pois as ruas, mal pavimentadas com as calçadas quebradas, e sem um sistema de escoamento adequado, tornam-se verdadeiras piscinas rasas de águas sujas (em minha opinião creio sermos um pouco assim, que nem essas ruas inundadas quanto as nossas questões intimas que costumamos chamar de problemas...) Assim, os carros passam, os ônibus passam e alguns, de forma proposital, ou te atropelam (eu quase fui) ou te dão outro banho, desta vez com a água da rua/piscina contaminada por toda espécie de detritos. Ao sair de casa, peguei um guarda-chuva, objeto execrável, mas necessário nesse momento, já que estava a caminho da escola pra buscar minha filha, a proteção era para ela, não para mim... mas, meu guarda-chuva, o bendito guarda-chuva, não nos guardou de nada... Mal sai e com a força do vento, virou do avesso e o vento era tão forte que entortou-lhe o esqueleto... humm... não se fazem mais guarda-chuvas como antigamente. Hoje em dia, são objetos como tantos outros, sem cabo de madeira trabalhada ou marfim, são totalmente descartáveis... basta sair na chuva uma vez, no máximo três... pronto... era uma vez... Bom, não faz mal... “ossos do oficio”, “quem está na chuva é pra se molhar” e eu praticamente, devido às circunstâncias, fui “obrigada” a isso, mas a verdade, é preciso dizer, que, andar na chuva requer todo um preparo, um despojamento físico, espiritual e mental. Andar na chuva, não é mesmo pra qualquer um, fiquem, portanto, aqueles que tremem/temem molhar a roupa, borrar a maquiagem, atrasar em seus compromissos, que se quedem a perder o tempo, ilusoriamente protegidos debaixo de marquises ou dentro de prédios e casas, esperando pela hora da chuva passar... Minha filha e eu vamos prosseguindo, livres, leves e soltas em nosso caminho, pela manhã chuvosa, sem  nos deter nos contratempos, pois sabemos muito bem que temos muita sorte e tempo de sobra; nossa única preocupação é chegarmos logo em casa e “quem vai pra casa”, como bem diz o ditado, “não se molha”.     

segunda-feira, 8 de março de 2010

MULHER


(Quadro_Maternidade _ Pablo Picasso)



Não vou dizer-te mulher,
O que és e tão pouco dizer-te o que deves ser,
o que fazer, ou sequer por onde ir
São teus todos os caminhos 

Onde é teu lugar?

Não há véus a te cobrirem...
Não há grilhões a te prenderem os pés
E visíveis estão tua cabeça e teus olhos
És livre de corpo, alma e coração

Novas te são sempre as estações
Repletas de surpresas e indagações
O futuro é sempre um sonho a se alcançar
Não importa!

Mulher, rainha de tudo e de nada
Dona de tudo e de todos
Não és criança, nem jovem, nem velha,
Nem morres em morna, imprecisa espera
Não há frio ou calor, não há dor

Há somente amor a pavimentar a estrada
Por onde passas a plantar flores perfumadas, nunca solitárias
A serem colhidas em tempo in/certo 
É fato jurado, sacramentado determinado pelos fados

quinta-feira, 4 de março de 2010


 
Generalife, Alhambra_ Espanha 

<3

 No meu jardim há céus, luas e sóis, pacientes estrelas...
Nele não há segredos nem pecados ou secretas passagens, 
apenas suaves, belas paisagens...

terça-feira, 2 de março de 2010

WILLIAM BLAKE


 William Blake
(Quadro by Thomas Phillips)


###


Ao ver Deus pela janela
pensou ter enlouquecido ou mesmo se
nas ruas escuras e frias de Londres
encontrava os profetas bíblicos
Deus livrou-o da pena de sua mente
em trevas mergulhar
Sonhos e visões, desde então,
em poesia se traduziram 
Os véus rasgados, em trapos transformados
nada restando enfim há não ser a certeza
de Deus ter encontrado
Se era louco ou visionário,
pouco importa, os homens julgam de maneira torta
e sofrem com seus ais!
Subindo, almejando a beleza eterna
Aos mortais deixou em suas celas
Quando ao eterno uniu-se, 
ao despertar de um sono intranqüilo,
restou-lhe somente a vaga sensação
de que um dia, como homem, lançado ao abismo
criou asas e voando a alturas nunca d’antes imaginadas
viu a face de Deus e dos anjos

<3







Dante e Vigílio nos portões do Inferno
Gravura para A Divina Comédia (Dante Alighieri)
Por: William Blake
***

[2]


ARGUMENTO

As Núpcias do Céu e do Inferno, William Blake, Tradução: Oswaldino Marques; Editora Francisco Alves

Rintrah ruge & brande seus fogos no ar carregado;
Nuvens famintas aluem-se sobre o abismo.

Outrora cheio de cordura, numa trilha arriscada,
O justo não se desviou do seu curso                  5
Ao longo do vale da morte.
Onde crescem espinhos são plantadas as rosas,
E na charneca maninha
Cantam as abelhas inventoras do mel.

Depois, a vereda perigosa foi semeada
E fluiu um rio, uma fonte,                                  10
Em cada penhasco e sepultura;
E sobre os ossos alvacentos
Vingou a argila vermelha;

Até que o iníquo abandonou as vias da bonança,
Para palmilhar sendas inseguras                         15
E tanger o justo a áridas plagas.

Agora a furtiva serpente caminha
Em suave humildade,



E o justo exaspera-se nos desertos
Onde vagueiam leões.                                           20

Rintrah ruge & brande seus fogos no ar carregado;
Nuvens famintas aluem-se sobre o abismo.           22

[3] Pois que um novo céu há começado, e faz agora trinta e três anos do seu advento, o inferno Perpétuo revive. E, olhai! Swedenborg é o Anjo sentado na tumba; seus escritos são a roupa branca bem dobrada. Agora é a dominação do Edon & o regresso de Adão ao Paraíso: vede Isaías, caps. XXXIV & XXXV.
Sem Contrários não há qualquer progresso. A Atração e a Repulsão, a Razão e a Energia, o Amor e o Ódio são necessários à existência Humana.
Destes contrários deriva o que os religiosos chamam de Bem & Mal. O Bem, segundo eles, é o ente passivo que obedece a Razão. O Mal é o ativo que brota da Energia.
O Bem é o Céu. O Mal é o Inferno. 
  



 

domingo, 28 de fevereiro de 2010

ABSINTO




Subversivo é o meu pensar...
Suspiro/respiro
Concentro sonhos em uma garrafa de absinto
Açúcar e láudano pra refrear a dor

Treme em meu rosto um sorriso furtivo
Viva o absinto!
Agora, apenas a “fada verde” me consola
e mais que qualquer droga ajuda-me a des/afogar a solidão

A noite é suave e melancólica...
A lua se esconde na nuvem mais próxima...
Sob o efeito do absinto
Só tu e eu existimos
E entre uma e outra dose do licor
Vou me perdendo/enganando de amor

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MINHA NOITE NA TAVERNA



Tenho sono!
Procuro descanso no contorno crescente da lua
O cântaro está vazio
O vinho derramado, desperdiçado sobre a mesa
escorreu e misturou-se a água esparramada no chão
Esquecido de mim, te procuro... um rosto por trás do véu...

Mas, meus amigos já se foram ou adormeceram
A taverna está solitária
E a rua deserta

Nem o jovem servente resistiu ao cansaço
Acobertado pela escuridão
Agarrou-se a noite sem estrelas
E por uns instantes pediu...
Silencio!




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS



 Cabeça de velho 
(Candido Portinari)


Dizem que o lar de um homem é onde está seu coração. Mas onde está meu coração? Já não sei... Porém, de onde estou posso ver o céu... melancólico, tristonho... Nenhum vestígio de sol, nenhuma prece a se estender sobre o veludo azul celeste, agora acinzentado, em que passam nuvens arrastadas, carregadas d’água...Tudo me parece velado, distante, estranho... quase um sonho e sinto a tristeza a pairar no espaço feito grande pássaro agoniado de asas largas, abertas, medonhas, infinitas... tão sombrias... a acolher ao seio os contos desfeitos e as agruras comprimidas de mais um dia. "Dois pesos, duas medidas"... lida cotidiana... leviana. Impressiona-me o silencio! Não mais ouço a tua voz... E longe vai a ânsia de te encontrar, sobrevoar o porto, cruzar o mar e descansar no cimo do monte bem perto de teu olhar. Deixar na curva do rio o cansaço, também o rosário e a oração que desfiava em horas de aflição. Absorto em meu pensar, procuro ar... um relâmpago corta devagar a amplidão do céu, entorpece-me a escuridão... sinto olhos a me observarem no escuro, tenho estranhas sensações, fantasmagóricas visões... Porém, imperturbável, deito minha cabeça no travesseiro e durmo o sono dos justos. Meus pecados vão ficando pelo caminho minhas faltas, aceito-as, como prerrogativa de redenção.

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...