Um corvo, um cobre

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010




Há um peso a segurar a porta
É para o vento não empurrá-la com força
E não acordar a quem está adormecido!
Quieto, até o gato parece adivinhar meus pensamentos
Então, fecha os olhinhos e encolhe as patinhas
Comodamente deitado na almofada da cadeira de balanço
Uma saudade antiga se me insinua no coração
Tristeza infinda, indefinida
Nas minhas letras, nas minhas frases
Estende-se um sol dourado
Mas, nuvens escuras logo se formam
E grossas gotas de água caem do alto dos olhos
Avexa-se minh’alma
Com tantos tormentos
A aparente calma
É desânimo constante
Abrem-se as cortinas
Mais um dia!

sábado, 23 de outubro de 2010

MANAÓS



Manaus de muitas cores 
Manaus de mil amores
Icamiaba
Valente
Amazona
Guerreira 
Onça pintada
Moleque Saci
Mapinguari
Jurupari
Curupira 
Makuna-imã
Trapalhão atrapalhado pajé 
Muiraquitã talismã
Des-corado boto cor de rosa paixão
Tucuxi
Coração
Garantido
Caprichoso
Toada
Vermelha
Azulada
Cidade
Céu verde
Esmeralda
Adormecida
Contida
Esperança
Dança
Dança
No bojo da Caninana
Cobra malvada
Indiscreta Senhora das Águas
Mãe da cidade sagrada
Guardada pela Yara
Nas profundezas do rio
Escondem-se mistérios
Espelho secreto
Onde
Serena surge
A lua Jaci
Menina/moça/mulher
Cabocla morena
Vistosa
Cunhãporanga
Nua  
Cheirosa
Brejeira
Perdida na feira
Casas de palafitas
Amantes do velho Cais do Porto
Seguro
Rodway flutuante
Pr’além do rio
Uirapuru verde oliva
Se disfarça
Em meio à fumaça,
Em meio à tinta
Em meio à resina
Em meio ao quase
Esquecido passado
Uma Manaus moderna
Quase psicodélica
Teima em se sobressair
E pra sempre existir
Mas, no coletivo in-consciente
Persistem os temas
Renovam-se os poemas  
Recontam-se as lendas
Histórias inventadas
Desconhecidas
Descabidas  
Nunca contadas
Nunca sabidas
Ecoam
No silencio
Cantigas
Perdidas
Luzes cintilantes de fogo-fátuo
Olhos mágicos e medonhos de M’boy tatá
Um pedaço do teatro trazido da Europa
Papagaios
Verdes
Azuis
Araras
Vermelhas
Amarelas
Se projetam na tela
Salve, salve ela...
Mon amour, tres joli
A Paris das Selvas
Ainda é aqui!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

GATITO MIO











Gatito pula da cadeira
Senhora dona acabou de chegar
Grande pátio à espera lá fora
Correr é sempre hora
Brincar até cansar

Lua não apareceu no céu, bela preguiçosa
Noite escura, venta sem parar
Ora, ora senão é a chuva
Que já, já vai despencar

sábado, 16 de outubro de 2010

O MESTRE


O Mestre

 


Naqueles tempos, em que a escuridão dominava a terra, José de Arimateia, acendeu uma tocha feita de pinho e desceu das colinas até ao vale. Tinha algo que fazer na sua própria casa.
E viu, ajoelhando-se sobre as duras pedras do Vale da Desolação, um jovem nu que se lamentava. Os seus cabelos eram da cor do mel e o seu corpo como uma flor branca, mas tinha-se ferido e colocado cinzas no cabelo, como se de uma coroa se tratasse.
Ele, o que tanto possuía, disse para o jovem que estava nu, a chorar: «Não me surpreendo que o teu desgosto seja tão imenso, pois Ele era certamente um homem justo».
Nesse instante, o rapaz respondeu: «Não é por Ele que choro, mas por mim próprio. Eu também transformei a água em vinho e curei o leproso e dei vista ao cego. Caminhei sobre as águas, e dos túmulos que tinham por esconderijos, expulsei demónios. Alimentei esfomeados em desertos onde nada existia que se pudesse comer, e ressuscitei mortos das suas estreitas habitações, e à minha ordem, diante de uma grande multidão, uma figueira estéril frutificou. Todas as coisas que esse homem fez, também eu as fiz. E, contudo, ninguém me crucificou.»

 

in Poemas em Prosa, Oscar Wilde
Traduzido por Possidónio Cachapa


terça-feira, 12 de outubro de 2010

UM MUNDO DO LADO DE FORA... UM MUNDO DO LADO DE DENTRO...


 Griot 

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         Era uma vez numa velha aldeia africana, um menino pequeno, franzino, miúdinho, miúdinho...

         Todo dia ele se levantava junto com o sol e ficava à espera... Lentamente o sol ia abrindo caminho, clareando tudo na silenciosa manhã. Mas o silêncio não tardava a desaparecer, perturbado que era por toda espécie de sons, ruídos e cheiros, tanto de homens quanto de animais... Êheheh!

         Logo a velha aldeia acordava e enchia-se de cores e num segundo, o menino, ao sentir no rosto a caricia amiga do vento, saia a correr desabalado, atravessando a aldeia, as campinas, as savanas, as florestas e as montanhas... até um deserto ele atravessou e chegou em casa antes que a mãe o chamasse para o almoço.

         Corajoso, passava perto das feras, pois, sabia que elas não o podiam deter; nada o podia deter. Era mais rápido que a chuva, mais veloz que o rio, mais ligeiro que o pensamento... o menino era um pé de vento... Pé de Vento seu apelido, Pé de Vento seu nome, Pé de Vento por todos na aldeia (e além da aldeia, conhecido)... Pé de Vento... só Pé de Vento.

         Muitas crianças da aldeia queriam ser como Pé de Vento, porém como não podiam alcançá-lo punham a culpa em qualquer parte do corpo, por exemplo: Os braços podiam ser maiores ou então bem que podiam ter um par de asas, que nem os pássaros, a cabeça devia ser mais redonda ou menos achatada, maior, menor, mais leve, nada pesada ou o nariz devia ser mais fino ou mais largo, mas, as pernas... não havia problemas com as pernas, não viam defeitos nelas... as pernas, não... as pernas nunca eram curtas demais...

         Pé de Vento tinha um mundo do lado de fora e um muno do lado de dentro. Via e ouvia o mundo pelo lado de fora... Via e ouvia o mundo pelo lado de dentro... percorria, nos dois, léguas e léguas, sem se cansar.

         Quem o visse quieto, já se punha a imaginar... Se não estava a voar pelo lado de fora, com certeza, estava a voar pelo lado de dentro... Pé de vento era assim, um menino muito sábio!

         No mundo do lado de fora Pé de vento espera o sol nascer e se deitar; no mundo do lado de dentro é o sol uma grande bola para brincar, mas também pode ser uma barcarola que percorre rio e o mar...
         No mundo do lado de fora, é a lua um disco de prata, dividido em quatro partes, no mundo do lado de dentro é a lua uma amável senhora que lhe conta histórias...

         Pé de Vento tem uma música dentro de si que começa na batida de seu coração e segue mundo afora... e se completa no ritmo da chuva e no silente passar da nuvens... no sorriso dos velhos e das crianças e nos suspiros dos enamorados...

         Pé de vento entende tudo; entende a linguagem cifrada do mundo... o de dentro e o de fora... pensa e dá-se conta de sua existência e saboreia com prazer o segredo de se andar em dois mundos... ah, se eles soubessem de quantos mistérios Pé de Vento é o único senhor e guardião... nem o xamã da tribo entende o menino Pé de Vento, sabe apenas que ele sábio... ah, como é sábio este menino...

         E o melhor de tudo é que Pé de Vento, mesmo sendo veloz como um raio, rápido como um tigre, ligeiro como um furacão, nunca tem pressa... Pé de Vento sabe esperar... Pé de Vento sabe aceitar... Pé de Vento sabe, sobretudo, amar... Ah, como é sábio este menino!

         Será, um dia, um belo homem com a força e a agilidade de um leão; um rei valente cuja grandeza nenhuma jaula será capaz de conter; será um homem com um eu de ouro, um homem que não esquecerá... Pé de Vento será, sobretudo, um homem que sabe amar.

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...