Um corvo, um cobre

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domingo, 31 de janeiro de 2010

CHOVE... E COMO CHOVE...

Foto by Raphael Alves 


A chuva tamborila no chão
Uma canção
A chuva sempre canta e cantando
Vai molhando, vai molhando...
Cantando vai enchendo, vai enchendo o rio que transborda
E vira enchente que mata gente

Às vezes faz-se acompanhar
do ribombo do trovão e dos coriscos que cortam o céu
Parece cantiga de cordel
Mas a canção da chuva é um slow blues
Que põe aperto e desacerto no coração

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

EMOÇÕES À PARTE...



Emoções à parte, violetas em flor me aliviam o sentimento... Das nuvens, caem gotas coloridas de chuva que desaparecem no ar prontamente, antes mesmo de tocarem o chão. A terra consome rapidamente essa água, pois agora parece estar sempre com sede. Depois deste pensamento ecologicamente equilibrado e correto, penso em algo sem importância... Sem importância? Pra quem? Pra mim, pra você, meu bem... o que é que tem? Sem importância são todos os meus pensamentos neste dado/exato momento, até aquele da terra sempre com sede... Emoções à parte, violetas em flor me aliviam o sentimento... As nuvens se foram, mas o sol não voltou. Será meu coração, se pesado na balança de Maat mais leve que a sua pena? Creio que não... é meu coração, com certeza, um vil traidor. O gato me espreita. Um aviso da deusa? Quem sabe... Emoções à parte...




quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O AMOR



A partir de uma lenda árabe


Allah possuía o amor por inteiro,
mas um dia, dividiu-o em vários pedaços
e nos corações humanos guardou-o
para que o procurassemos
como se fosse o amor um tesouro enterrado

Foi através do amor que Ele escolheu ser conhecido;
e a alma gêmea que buscamos, nada mais é que um reflexo
do amor divino, a uinão real pela qual ansiamos

Porém, tal como o tesouro escondido,
nem todos conseguem encontrá-lo, apesar de estar
num lugar acessível, são muitas as trilhas, os caminhos,
atravessando montanhas, vales e mares!

Assim, escuta o teu coração, ele será o guia nesta viagem...
Mas, se te cansares de tanto andar, sem nada encontrar, 
vai então e consulta-o novamente...


E ouvirás por resposta, que nem precisavas teres te afastado, 
nem terras sem fim visitado, bastava dentro de ti teres buscado e,
Tu, o único caminho terias encontrado 

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

VERSOS INQUIETOS





 Paris pela janela, Chagall, 1913


Faço versos inquietos
Como surgem em minha alma
Faço versos de agonia
Se me surgem na tristeza ou na alegria


A promessa de um céu ignoro
O temor de um inferno não me sustenta
Não temo fechar os olhos
Não carrego cruz ou água benta


Mas não ouso desafiar os fados
E nem descuido de meu cavalo
E acomodado ao tronco da palmeira
Ouço a promessa das estrelas




 

 




domingo, 24 de janeiro de 2010

O AMOR É UM DEMÔNIO





Hoje sonhei contigo
Vi em detalhes o teu rosto querido
E de tão nítido, nem sonho parecia
Estavas vivo

Senti tua mão na minha
Teu corpo de encontro ao meu
Ai, tanta saudade sentia
Queria mesmo tudo outra vez

Mas logo rompeu a alba
E desfez-se em fumaça
A doce lembrança...
Vi-me, na cama fria, triste, cansada e só

Não foi um sonho bom afinal, consolo divino vigiado pelos anjos
Nem atroz, infernal pesadelo preparado por mil djins
Foi peça cruel, armadilha fatal e silenciosa,
maquinada pelo vil demônio do amor sem fim

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SEM PESAR...


 Hero_by_Sidkwa
 















E a chuva caiu sem pesar...
Encheu a cidade que quase se afoga
Em meio aos detritos da natureza morta

Em meu coração um aparte de toda essa tristeza

Ver a chuva cair dessa forma
Afasta dos meus pensamentos
As sombras que se estendem, soberanas,
como se o sol estivesse a pino


Lava a chuva a dor, a tormenta de minh’alma
Leva de mim o desabor
Leva também o desencanto
E a saudade de um amor que não passou

Passa a chuva, passa o tempo...







quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

BAD TIMES...




Minha alma triste socorre-se de pequenos prazeres e doces sorrisos pra não se atormentar
Fragmentos de felicidades que, no calmo cotidiano, ajudam-me a sentar-me à mesa  e ouvir as mesmas notícias, as mesmas velhas histórias que só parecem novas porque um novo dia despontou
Arranco de dentro de mim a vontade de prosseguir e não penso nos perigos
e infortúnios que aguardam a cada um
Como enquanto alguém é esmagado, extirpado da vida
Como enquanto mil desgraças acontecem
Como enquanto as boas notícias não são notícias

Como ouso dar de ombros?
Não é comigo toda esta agonia
Se eu estivesse lá talvez me importasse mais
Se eu estivesse lá talvez nem dormisse
Notícias boas ou ruins são apenas notícias
Por enquanto não faço parte de nenhuma delas

A minha casa é uma ilha no oceano, um oásis num deserto
Já me importei tanto... outrora julgava-me a palmatória do mundo
Hoje, o que faço? Dou de ombros...
E dou de ombros não por indiferença e sim com certa pena

E como, tomo café e brinco com minhas filhas
"Conformada" ao destino do mundo
E aguardo, traçando com fios de ouro em tecido de sonhos o meu caminho
À espera de uma resposta mais clara ao sentido da vida
Meu eu caótico, destrutivo
Requer uma pausa das belas palavras

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E.A.P

Minha singela homenagem aquele que mais influenciou meus escritos e minha vida, tomou-me pela mão e levou-me por bom caminho.


E.A.P

Virgínia Allan


O poeta louco chorou ao ver seus versos escarnecidos
e que na fria solidão ninguém lhe seguia os passos
Somente a negra ave, que, numa noite sombria
apenas repetia  "ai, nunca mais"...
Sim! Nunca mais lhe deixaria a sensação de noite vazia 
que jamais, nada, ninguém preencheria, 
ai, nunca, nunca mais...!





<3

 


A Cidade do Mar


Allan Poe



Olhai! a Morte edificou seu trono
numa estranha cidade solitária
por entre as sombras do longínquo oeste.
Lá, os bons, os maus, os piores e os melhores,
foram todos buscar repouso eterno.
Seus monumentos, catedrais e torres
(torres que o tempo rói e não vacilam!)
em nada se parecem com os humanos.
E em volta, pelos ventos olvidadas,
olhando o firmamento, silenciosas
e calmas, dormem águas melancólicas.

Ah! luz nenhuma cai do céu sagrado
sobre a cidade, em sua imensa noite.
Mas um clarão que vem do oceano lívido
invade dos torreões, silentemente,
e sobe, iluminando capitéis,
pórticos régios, cúpulas e cimos,
templos e babilônicas muralhas;
sobe aos arcos templos magníficos, sem conta,
onde os frios se enroscam e entretecem
de vinhedos, violetas, sempre-vivas.

Olhando o firmamento, silenciosas,
calmas, dormem as águias melancólicas.
Torreões e sombras tanto se confundem
que é tudo como solto nos espaços.
E a Morte, do alto de soberba torre,
contempla, gigantesca, o panorama.
Lá, os sepulcros e os templos se escancaram
mesmo ao nível das águas luminosas;
mas não pode a riqueza portenhosa
dos ídolos com olhos de diamante,
nem das jóias que riem sobre os mortos,
tirar as vagas de seu leito imóvel;
pois, ai! nem leve movimento ondula
esse imenso deserto cristalino!
Nem ondas falam de possíveis ventos
sobre mares distantes, mais felizes;
ondas não contam que existiram ventos
em mar de menos espantosa calma.

Mas, vede! Um frêmito percorre os ares.
Uma onda... Fez-se ali um movimento!
e dir-se-ia que as torres vacilaram
e afundaram de leve na água turva,
abrindo com seus cumes, debilmente,
um vazio nos céus enevoados.
As ondas têm, agora, luz mais rubra,
as horas fluem, lânguidas e fracas.
E quando, entre gemidos sobre-humanos,
a cidade submersa for fixar-se no fundo,
o Inferno, erguido de mil tronos,
curvar-se-á, reverente.


Allan Poe

SABEDORIA DE JARRO



Idries Shah, mestre da Tradição Sufi nascido em  16/06/1924 e morto em 23/11/1996) 


Do livro EL MONÁSTERIO MAGICO; Idries Shah; Traduç. Virgínia Allan


Já ouviste falar da tragédia que sucedeu ao pobre jarro?
Tratava-se de um pequeno jarro que ouviu um homem sedento pedir água aos gritos do seu leito de enfermo.
O jarrinho sentiu tal compaixão pelo homem que, fazendo um supremo esforço de vontade, conseguiu arrastar-se até bem perto, cerca de uma polegada, da mão do doente.
Ao abrir os olhos o homem viu o jarro ao seu lado e sentiu-se perplexo e aliviado. Alcançou o jarrinho e levou-o aos lábios, então, comprovou que o jarro estava vazio.
Com o que ainda lhe restava de força, o moribundo atirou o jarro contra a parede, donde, ao quebrar-se, fragmentou-se em numerosos e inúteis pedaços de barro.   

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

VALE PENSAMENTO




Dentro do vale pensamento
Escondi os meus tormentos
Lá também guardei as pequenas/grandes alegrias
E naveguei em mar de plena calmaria

Arrendei meu coração
A quem me desse mais
Inventei minhas razões
Pra que pudesse viver em paz

Calei a conversa das estrelas
Com meus estranhos sentimentos
Desfiz os sonhos, as fábulas, as quimeras
E acomodei-me a uma longa espera

Mas, cobriu-me o desassossego
Na desarrazoada razão de um dia
Que deixei, a pairar, perdido, silencioso,
por sobre as dobras azuis de minha solidão infinda


sábado, 16 de janeiro de 2010

MÓNOLOGO "A VIDA É SONHO"



Foto da peça A Vida é Sonho/Texto: Calderón de la Barca/Adaptação e Direção: Edson Bueno
http://aldicelopes.blogspot.com/2008/11/vida-sonho.html

por Calderón de la Barca



"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga.
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"



***



Texto retirado do filme Tempos de Paz, filme brasileiro baseado em teatro, parte do monólogo espanhol, A Vida é Sonho, de Calderón de la Barca, página 39, fala de Segismundo para Rosaura.






sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Martin Luther King último discurso



Um dia antes de ser assassinado, Martin Luther King faz um discurso profético, mas cheio de positividade e incentivo.

***
Dizeres de Martin Luther King:

"Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos."

***

"Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero."

***
"Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: 'O que fiz hoje pelos outros?'"

***

"Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização."



POEMA INACABADO






Surge o sol
Clareia a terra
A vida volta cresce se regenera
Acaba começa se transforma
Nunca pára, está sempre
em linha reta
Li certa vez que
“O sol não guarda luto*”
Sensatez que a lua e o  mar não possuem




"O sol não guarda luto" (Némer Ibn el Barud)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-CINZA OPACO



CINZA OPACO

Manhã
De um cinza opaco
Te vejo no retrato
E pedaços de uma vida

“Flash backs” em branco e preto

Cubro o rosto com o véu cinza
Dessa manhã
Divagando em mágico pensar

Espanto o gato preto
Tranco as portas e janelas
Bato três vezes na madeira

Invoco teu nome
Em frente o espelho
Mas tua presença iluminada
Não surge diante de mim

Vou ao jardim e pela palmeira mais alta subo até o céu
Afasto as nuvens e roubo então um raio de sol
Pra espantar a solidão




terça-feira, 12 de janeiro de 2010

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-MEU BAIRRO ERA ASSIM...



MEU BAIRRO ERA ASSIM... 




Era assim o meu bairro... Um bairro imperfeito, meio sem jeito... 
Lembro-me bem de seus moradores e suas conversas de calçadas, em frente das casas, com flores nas janelas e portas abertas, escancaradas... 

“Ciranda, ó ciranda”... 
Foram todos cirandar?
“Roda, roda, roda criança mas, quem te ensinou a nadar?...” 
No igarapé de águas rasas, que passava lá embaixo,  
acompanhando a cantiga do peixe miúdo, que nadava muito seguro, 
nas mãos em forma de concha do moleque festeiro... 
Eheeê...caboclinho maroto, perdeu-se por este mundo?



Do livro Bairro de São Geraldo, Uma História em Duas Conjugações; Passado e Presente; Virgínia Allan; Edições Muiraquitã. 








sábado, 9 de janeiro de 2010

QUAL A DIREÇÃO CORRETA?

Um homem sábio tinha a reputação, amplamente difundida, de ter-se tornado irracional em sua apresentação de fatos e argumentos. Asssim, decidiu-se fazer um teste para que as autoridades do lugar decidissem enfim, se era uma ameaça para a ordem pública ou não.
No dia do teste, passou montado no lombo de um burro diante de todos. Ia montado de tal forma: com o rosto voltado para a parte traseira do burro. Ao chegar o momento de defender-se, ele perguntou a corte.
- Ao verem-me há um momento atrás, para onde olhava eu?
Os juízes, apostos, disseram- lhe então: - O senhor estava a olhar para o lado errado.
- Pois bem, isto exemplifica exatamente o que quero demontrar - respondeu o homem sábio - já que eu, segundo um ponto de vista, estava a olhar para o lado certo. O burro é que olhava na direção contrária.








As pessoas insistem em ver as coisas somente do modo em que se acostumaram a vê-las. Tomam-na como a maneira "correta". Ao isolar esta tendência em uma simples demonstração, o homem sábio ilustra o fato de que todos nós, todo dia, vemos uma quantidade de coisas de uma forma habitual, o que causa uma enorme limitação em nosso possível pensar, como se fossemos completos idiotas.


(Do livro SUFISMO NO OCIDENTE; Edições Dervish)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

PALIMPSESTO





Escrevo novamente sobre o mesmo papel amassado
Velhas/novas palavras que dizem muito ou quase nada
Desisti do poema em grego antigo que um dia pensei em escrever
Intraduzível seria, talvez até para mim

Porém, o poema em grego antigo, embora apagado, sobrevive no papel amassado
Onde velhas/novas palavras escritas não o conseguem esconder
Mas, não há confusão entre os textos, na verdade, parecem bem conviver

Somente eu, em minha inércia, não vejo pontes a ligar o espírito e o ser
Não há paixão ou entendimento nesse momento...
Quem sou eu agora... ? Pedaço de névoa, a pairar em obscuro pântano!  

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...