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segunda-feira, 30 de março de 2009

DIAS FRIOS E NUBLADOS








E há cores nos dia frios e nublados
E há risos de crianças
Mesmo dentro de casas fechadas
E ruas silenciosas

E há doces com mil sabores
E gente com mil amores
Mesmo em dias frios e nublados

Há sonho em forma de pão
Pão em forma de sonho
Para quem tem fome
No forno quente da padaria ou na cama
aconchegante do fim de mais um dia

No casebre ou na mansão, porque não?   

É que em dias frios e nublados
Tudo fica meio escondido
Complicado fado
E a tristeza pensa-se infinita

Mas nos cantinhos acomodados
Estão os enamorados
E o pássaro encolhido no fio
Solta um assobio

Mesmo em dias frios e nublados
Há felicidade por todos os lados
E embora tímida, indecisa
Ela também sorri...



 
 
 


sexta-feira, 20 de março de 2009

BORGES E EU


Jorge Luis Borges


Vou manter a minha paz em algum lugar distante de você. Assim deve ser. Vou procurar no sossego do jardim, o bucólico cheiro de jasmim... Engano-me, bem sei, mas, por alguns instantes, jaz em mim a saudade antiga e dominante, que me abarca e me leva pra longe, vagando por outros céus, além dos cumes de inalcançáveis montes. Sentar-me-ei à sombra convidativa de um salgueiro e lerei nos compridos versos de Borges sobre a solidão ampliada nos espelhos e desse jeito tranqüilo aquietarei o tigre em minha mente... Penso em um tigre ao modo de Borges, tal como penso nas adagas, nas Bibliotecas, no Aleph e num velho poeta cego que um dia andou pelo campo de Castela... Perdida, na vastidão de seu mundo multiplicado, o dia correrá mansamente por dentro de mim...

sexta-feira, 13 de março de 2009

RECORDAÇÕES DA CASA DA COBRA-CINZENTO ENTARDECER











CINZENTO ENTARDECER


Era uma tarde viúva, de véu cinza e escuro manto
De feio semblante
Não havia o brilho, nem a quentura do sol
Não havia o frio, nem as gotas de chuva

Pensei num poema
Olhei em volta
Mas, a tarde viúva não me comoveu
Era um sonho, uma quimera...
Desfez-se... com o escuro da noite que logo desceu


sábado, 7 de março de 2009

O GIGANTE EGOISTA




Um conto de
 Oscar Wilde
Tradução de Oscar Mendes


Todas as tardes, ao regressar da escola, costumavam as crianças ir brincar no jardim do Gigante.
Era um jardim amplo e belo, com um macio e verde gramado. Aqui e ali, por sobre a relva erguiam-se lindas flores como estrelas e havia doze pessegueiros que na primavera floresciam em delicados botões cor-de-rosa e pérola, e no outono davam saborosos frutos. Os pássaros pousavam nas árvores e cantavam tão suavemente que as crianças costumavam parar seus brinquedos, a fim de ouvi-los.
 “Como somos felizes aqui!”, gritavam uns para os outros.
Um dia o Gigante voltou. Tinha ido visitar seu amigo o Ogre de Cornualha e ali vivera com ele durante sete anos. Passados os sete anos, dissera tudo quanto tinha a dizer, pois sua conversa era limitada, e decidiu voltar para seu castelo. Ao chegar, viu as crianças brincando no jardim.
— Que estão vocês fazendo aqui? — gritou ele, com voz bastante ríspida e as crianças puseram-se em fuga.
— Meu jardim é meu jardim — disse o Gigante — Todos devem entender isto e não consentirei que nenhuma outra pessoa, senão eu, brinque nele.
Construiu um alto muro cercando-o e pôs nele um cartaz:


É PROIBIDA A ENTRADA

OS TRANSGRESSORES SERÃO PROCESSADOS


Era um Gigante muito egoísta. As pobres crianças não tinham agora lugar onde brincar. Tentaram brincar na estrada, mas a estrada tinha muita poeira e estava cheia de pedras duras, e isto não lhes agradou. Tomaram o costume de vaguear, terminadas as lições, em redor dos altos muros, conversando a respeito do belo jardim por eles cercados. “Como éramos felizes ali!” diziam uns aos outros.
Depois chegou a primavera e por todo o país havia passarinhos e florinhas. Somente no jardim do Gigante Egoísta reinava ainda o inverno. Os pássaros, uma vez que não havia meninos, não cuidavam de cantar nele e as árvores esqueciam-se de florescer.
Somente uma bela flor apontou a cabeça dentre a relva, mas quando viu o cartaz, ficou tão triste por causa das crianças que se deixou cair de novo no chão, voltando a dormir. Os únicos que se alegraram foram a Neve e a Geada.
— A primavera esqueceu-se deste jardim — exclamaram — de modo que viveremos aqui durante o ano inteiro.
A Neve cobriu a relva com seu grande manto branco e o Gelo pintou todas as árvores de prata. Então convidaram o Vento Norte para ficar com eles e o vento veio. Estava envolto em peles e bramava o dia inteiro no jardim, derrubando chaminés.
— Este lugar é delicioso — dizia ele — Devemos convidar o Granizo a fazer-nos uma visita.
De modo que o Granizo veio. Todos os dias; durante três horas, rufava no telhado do castelo, até que quebrou a maior parte das ardósias e depois punha-se a dar voltas loucas no jardim, o mais depressa que podia. Trajava de cinzento e seu hálito era frio como gelo.
— Não posso compreender por que a Primavera está demorando tanto a chegar — disse o Gigante Egoísta, ao sentar-se à janela e olhar para fora, para seu jardim frio e branco.
— Espero que haja uma mudança de tempo –
Mas a Primavera nunca chegou, nem tampouco o Verão. O Outono deu frutos áureos a todos os jardins, mas ao jardim do Gigante não deu nenhum.
— É demasiado egoísta — disse ele.
De modo que havia sempre Inverno ali e o Vento Norte, e o Granizo, e a Geada e a Neve dançavam por entre as árvores.
Uma manhã jazia o Gigante acordado em sua casa, quando ouviu uma música deliciosa. Soava tão docemente a seus ouvidos que pensou que deviam ser os músicos do Rei que iam passando. Era na realidade apenas um pequeno pintarroxo que cantava do lado de fora de sua janela, mas já fazia tanto tempo que não ouvia ele um pássaro cantar em seu jardim que lhe pareceu aquela a mais bela música do mundo. Então o Granizo parou de bailar por cima da cabeça dele, o Vento Norte cessou seu rugido e delicioso perfume chegou até ele pela janela aberta.
— Creio que chegou por fim a Primavera — disse o Gigante, saltando da cama e olhando para fora. Que viu ele?
Viu um espetáculo maravilhoso. Por um buraco feito no muro, as crianças tinham-se introduzido no jardim, encarapitando-se nas árvores. Em todas as árvores que conseguia ver achava-se uma criancinha. E as árvores sentiam-se tão contentes por ver as crianças de volta que se haviam coberto de botões e agitavam seus galhos gentilmente por cima das cabeças das crianças. Os pássaros revoluteavam e chilreavam, com deleite, e as flores riam, apontando as cabeças por entre a relva. Era um belo quadro. Apenas em um canto ainda havia inverno. Era o canto mais afastado do jardim e nele se encontrava um menininho. Era tão pequeno que não podia alcançar os galhos da árvore e vagava em redor, chorando amargamente. A pobre árvore estava ainda coberta de geada e neve e o Vento Norte soprava e rugia por cima dela.
— Sobe, menino! — dizia a Árvore, inclinando seus ramos o mais baixo que podia. Mas o menino era demasiado pequenino.
E ao contemplar o Gigante aquela cena seu coração enterneceu-se.
— Como tenho sido egoísta — disse. Agora estou sabendo por que a Primavera não vinha cá. Vou colocar aquele pobre menininho no alto da árvore e depois derrubarei o muro e meu jardim será para todo o sempre o lugar de brinquedo para os meninos.
Sentia-se deveras muito triste pelo que tinha feito. De modo que desceu as escadas e abriu a porta de entrada bem devagarinho, saindo para o jardim. Mas quando as crianças o viram, ficaram tão atemorizadas que saíram todas a correr e o jardim voltou a ser como no inverno. Somente o menininho não correu, pois seus olhos estavam tão cheios de lágrimas que não viram o Gigante chegar. E o Gigante deslizou por trás dele, apanhou-o delicadamente com a mão e colocou-o no alto da árvore. E a árvore imediatamente abriu-se em flor e os pássaros chegaram e cantaram nela pousados e o menininho estendeu seus dois braços, cercou com eles o pescoço do Gigante e beijou-o. E as outras crianças, quando viram que o Gigante já não era mau, voltaram correndo e com eles veio também a Primavera.
— O jardim agora é de vocês, criancinhas — disse o Gigante, que pegou um grande machado e derrubou o muro. E quando as pessoas iam passando para a feira ao meio-dia, encontraram o Gigante a brincar com as crianças no mais belo jardim que jamais haviam visto. Brincaram o dia inteiro e à noitinha dirigiram-se ao Gigante para despedir-se.
— Mas onde está o companheirinho de vocês? — perguntou — O menino que eu pus na árvore?
O Gigante gostava mais dele porque o havia beijado.
— Não sabemos — responderam as crianças.
 — Foi-se embora — Devem dizer-lhe que não deixe de vir amanhã — disse o Gigante. Mas as crianças responderam-lhe que não sabiam onde ele morava e nunca o tinham visto antes. E o Gigante sentiu-se muito triste.
Todas as tardes, quando as aulas terminavam, as crianças chegavam para brincar com o Gigante. Mas o menininho de quem o Gigante gostava nunca mais foi visto de novo. O Gigante mostrava-se muito bondoso para com todas as crianças, contudo tinha saudades do seu primeiro amiguinho e muitas vezes a ele se referia.
— Como gostaria de vê-lo! — costumava dizer.
Os anos se passaram e o Gigante foi ficando muito velho e fraco. Não podia mais tomar parte nos brinquedos, de modo que se sentava numa grande cadeira de braços e contemplava o brinquedo das crianças e admirava seu jardim.
— Tenho belas flores em quantidade — dizia ele, mas as crianças são as mais belas flores de todas.
Numa manhã de inverno, olhou de sua janela, enquanto se vestia. Não odiava o Inverno agora, pois sabia que era apenas a Primavera adormecida e que as flores estavam descansando. De repente, esfregou os olhos, maravilhado, e olhou e tornou a olhar. Era realmente uma visão maravilhosa. No canto mais afastado do jardim via-se uma arvore toda coberta de alvas e belas flores. Seus ramos eram cor de ouro e frutos prateados pendiam deles e por baixo estava o menininho que ele amara.
O Gigante desceu as escadas a correr, com grande alegria, e saiu para o jardim. Atravessou correndo o gramado e aproximou-se da criança. E quando chegou bem perto dela, seu rosto ficou vermelho de cólera e perguntou.
— Quem ousou ferir-te? Pois nas palmas das mãos da criança viam-se as marcas de dois cravos e as marcas de dois cravos nos pequeninos pés.
— Quem ousou ferir-te? — gritou o Gigante — Dize-me, para que eu possa tirar minha grande espada e matá-lo.
— Não — respondeu o menino — São estas as feridas do Amor.
— Quem és? — perguntou o Gigante, sentindo-se tomado dum grande respeito e ajoelhando-se diante do menininho.
E o menino sorriu para o Gigante e disse: — Tu me deixaste brincar uma vez em teu jardim, hoje virás comigo para o meu jardim, que é o Paraíso. E quando as crianças chegaram correndo naquela tarde, encontraram o Gigante morto sob a árvore toda coberta de alvas flores.

— Fim —


Fonte: WILDE, Oscar. Obra Completa. Organização, tradução e notas de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.

sexta-feira, 6 de março de 2009

LUAR PELA FRESTA






É noite! Há uma fresta em meu telhado por onde a lua me espia 

Demoro-me um tanto a espiá-la também Ligo a TV. 

Leio um pouco. 

Repouso. 

Desacelero o coração 

Rabisco palavras no papel, linhas ilegíveis de um pretenso poema, mas sou surpreendido com a queda de uma estrela, que, suavemente, passa pela fresta e inunda de luz o meu pensar.

Bom sinal! 

Quem sabe meu sonho se torne real? 

Assim como a lua e a estrela, o sol e a chuva entram pela fresta também 

E me acalentam e me dão de beber. 

Alimentam-me com novas palavras, muitas idéias... 

E com elas construo um castelo, um novo universo 

Renovo o discurso 

Refaço o verso.

segunda-feira, 2 de março de 2009

DESENHO DE GIZ








A chuva cai e apaga da calçada o desenho de giz que eu fiz, parece-me que há muito tempo, em uma outra vida, quando ainda era feliz.

Era um desenho de giz tão bonito, alegre, colorido... que, quem o via não pensava em o apagar e até mesmo as crianças ficavam encantadas e, em outra calçada, iam brincar.

Mas a chuva, que de nada se compadece, veio e borrou minhas esperanças, levando embora na enxurrada o desenho de giz, desfeito em água...

E minhas lágrimas foram tantas que competiram com a chuva...


domingo, 1 de março de 2009

SERENATA SELVAGEM








Os gatos debaixo do meu telhado
Os gatos em cima de minha janela
Os gatos em cima de meu telhado
Os gatos debaixo de minha janela
Oh cantoria maluca
Que não me deixa dormir
Lá fora
Os gatos no cio
Os gatos vadios
A noite escura é o seu cobertor, o manto protetor, a cama macia para o aconchego do amor
Nos longos gemidos emitidos por necessário capricho
O sossego humano perturbar
O bicho vai pegar
É hora de acasalar
A serenata selvagem corta o silêncio da noite
E não há água, pedrada ou sapatada que os espantem rua afora, se por perto houver uma gatinha manhosa e formosa, toda prosa
Cheia de amor pra dar
O bicho vai pegar
Os gatos debaixo do meu telhado
Os gatos em cima de minha janela
Os gatos em cima de meu telhado
Os gatos debaixo de minha janela
Alta madrugada
Lá fora
Os gatos no cio
Os gatos vadios
O sossego humano perturbar o bicho vai pegar
E hora de acasalar

Cantilena do Corvo

EE-SE BLUE HAVEN

Ee-se encontrou Ahemed na saída de Hus. Dirigia-se ela aos campos de refugiados, nos arredores de Palmira, enquanto Ahemed seguia com seu pa...